sábado, 8 de junho de 2013

CÓDICES, MANUSCRITOS BÍBLICOS




CÓDICES, MANUSCRITOS BÍBLICOS

MANUSCRITOS
Alguns escritos originais, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, se perderam ao longo dos séculos por vários motivos. Os textos que temos hoje são cópias tiradas de outras cópias até chegarem à formatação atual.

O termo manuscrito vem do latim manus, “mão”, e scriptus, “escrita”, a saber, um documento escrito a mão. Essa palavra, como é usada hoje, está restrita àquelas cópias da Bíblia feitas no mesmo idioma em que foram originalmente escritos.

Os escritos originais, autênticos, saídos das mãos de um profeta ou apóstolo, ou de um amanuense, eram chamados de autógrafos. Devido às perseguições que houve antes e depois de Cristo, os escritos sagrados originais desapareceram. Entretanto, existem várias cópias a também traduções das Escrituras que sobreviveram aos muitos ataques.

Devido ao seu zelo, os estudiosos judeus (escribas, zugot, tanaítas etc.) conseguiram preservar inacreditavelmente suas tradições textuais. Os milhares de manuscritos hebraicos, com sua confirmação pela Septuaginta e pelo Pentateuco samaritano, e as várias outras comparações de fora e de dentro do texto, dão apoio surpreendente à confiabilidade do texto do Antigo Testamento.

Da mesma maneira, a fidelidade do texto do Novo Testamento é um fato, contando com evidencias esmagadoras para apoiar sua confiabilidade.

Contando apenas as cópias gregas, o texto do Novo Testamento é preservado em aproximadamente 5.686 porções manuscritas parciais e completas que foram copiadas a mão a partir do século I até o século XV. Alem dos manuscritos gregos, há várias traduções partindo do grego. Contando com as principais traduções antigas em aramaico, copta, árabe, latim e outras línguas, há 9 mil cópias do Novo Testamento. Isso dá um total de mais de 14 mil cópias do Novo Testamento. Além disso, se compilarmos as milhares de citações dos pais da igreja primitiva dos séculos II a IV pode-se reconstruir todo o Novo Testamento com exceção de onze versículos.

CLASSIFICAÇÃO DOS MANUSCRITOS
Os manuscritos estão divididos em duas classes:

1- Unciais (do latim uncia, polegada). São assim chamados por serem escritos em grandes letras maiúsculas sobre velinho delgado. Trata-se dos manuscritos mais antigos.

2- Cursivos. Vieram mais tarde os manuscritos cursivos, que receberam esse nome por serem escritos com letras "cursivas" ou a mão. Datam do século X ou século XV d.C. Dos 4.500 manuscritos existentes, cerca de 300 são unciais e o restante, cursivos.

OS ESCRITOS EM CODEX
A partir do quarto século depois de Cristo, os livros cristãos passaram a ser escritos em codex, palavra derivada de caudex, que era uma tabuinha coberta de cera na qual se escrevia com um estilete metálico. Reunidos por um cordão que passava por orifícios feitos no alto dos exemplares, à esquerda, os códices ficavam em forma de livro, portanto bem mais práticos de serem manuseados que os antigos rolos.

OS GRANDES CÓDICES UNCIAIS
Até o século IX os manuscritos unciais eram os únicos utilizados no Novo Testamento. Foram catalogados 268 manuscritos unciais do Novo Testamento. Por serem mais antigos, são considerados as fontes mais importantes no estudo do Novo Testamento. Quanto mais antiga a cópia, mais próxima da composição original ela está e menos erros dos copistas apresentam. A maior parte do Novo Testamento é preservada em manuscritos feitos a menos de duzentos anos após o original, sendo alguns livros do Novo Testamento de pouco menos de cem anos após a sua composição.

SINAÍTICO – Códice Alef
Produzido em cerca de 325 d.C., contem todo o Antigo Testamento grego, além das epístolas de Barnabé e parte do Pastor de Hermas. Foi encontrado pelo sábio alemão Constantino Tischendorf, em 1844, no mosteiro de Santa Catarina, situado na encosta do Sinai. Tischendorf viu 129 páginas do manuscrito numa cesta de papel, para serem lançadas no fogo. Percebendo o seu enorme valor, levou-as para a Europa. Nesse mesmo ano, ele descobriu 43 folhas de velino contendo porções da Septuaginta (I Crônicas, Jeremias, Neemias e Ester). Este pesquisador descobriu que as páginas desse manuscrito eram utilizadas pelos monges para acender o fogo.

Em 1859 ele voltou ao mosteiro e encontrou as páginas restantes. Doada por seu descobridor a Alexandre II, da Rússia, essa preciosidade foi posteriormente comprada pela Inglaterra pela vultosa quantia de cem mil libras esterlinas. Está no Museu Britânico desde 1933, e é considerada a testemunha mais importante do texto bíblico por sua antiguidade, precisão e ausência de omissão.

Junto com o Vaticano, o Sinaítico é considerado um dos dois manuscritos mais importantes existentes. Ele é o único que contém o Novo Testamento completo.

ALEXANDRINO – Códice A
De meados do quarto século d.C., contem o Antigo Testamento grego e quase todo o Novo Testamento, com omissões de 24 capítulos de Mateus, cerce de quatro de João e oito de 2 Coríntios. Contém ainda a Primeira Epístola de Clemente de Roma e parte da Segunda. É o melhor testemunho existente do texto do Apocalipse. Em 1708 esse códice foi dado de presente ao patriarca de Alexandria, que lhe deu a designação que ostenta até hoje. Está no Museu Britânico.

Foi provavelmente escrito em Alexandria, no Egito. Não chega a alcançar o elevado padrão dos manuscritos Vaticano e Sinaítico.

VATICANO – Códice B
Este famoso uncial em velino, datado do inicio do século IV, está escrito em grego e contém o texto completo da Septuaginta, com exceção dos livros dos Macabeus e da Oração de Manassés. Datado do século IV (350 ou 325 d.C).

Não era conhecido pelos estudiosos textuais até 1475, quando foi catalogado na Biblioteca do Vaticano, em Roma, pertencente à Igreja Católica Romana. Contém 759 folhas, sendo 617 no Antigo Testamento e 142 no Novo Testamento.

Esse manuscrito é considerado como a melhor cópia conhecida do Novo Testamento. É interessante notar que não incluiu Marcos 16.9-20, porém o escriba deixou mais de uma coluna vazia nesse lugar, como se conhecesse esses versículos, mas estivesse indeciso quanto a incluí-los o não.

EPHRAEMI RESCRIPTUS – Códice C
Também conhecido como códice polimpsesto. Este manuscrito continha todo o Antigo e Novo Testamento. Conservam-se atualmente só os textos de Jó, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria, Eclesiástico e Cântico dos Cânticos, e do Novo Testamento ainda preservam-se parte do todos os livros, exceto 2 Tessalonicenses e 2 João. Suspeita-se que se originou em Alexandria, no Egito, e é datado do início do século V (por volta de 450).

Este manuscrito foi raspado, por isso é chamado de polimpsesto. O texto sagrado foi apagado par que nesses pergaminhos se escrevessem os sermões de Ephraem, pai da igreja do século IV, por essa razão foi chamado de Manuscrito Ephraemi Rescriptus.

Por meio de solução química, o Dr. Tischendorf foi capaz de decifrar as escritas quase invisíveis dos pergaminhos. Esse manuscrito está conservado na Biblioteca Nacional de Paris.

BEZAE – Códice D
Também chamado de Códice de Cambridge, datado por volta do século V ou VI. Este é o mais antigo manuscrito conhecido em dois idiomas; é um códice Greco-latino. A página esquerda é grego, enquanto o texto correspondente em latim fica do lado oposto, à direita. Foi descoberto em 1562, por Teodoro de Beza, teólogo francês, no mosteiro de Santo Irineu, em Lyon na França. Com algumas omissões, contêm os Evangelhos e Atos, os primeiros na ordem chamada ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos. Em 1581, Beza o entregou a Universidade de Cambridge.

Há, ainda, vários outros códices de menor importância, expostos em museus e bibliotecas de vários países do mundo. Somente de livros do Novo Testamento, completos ou em fragmentos, conhece-se hoje 156.

LECIONÁRIOS
Esses manuscritos incluem um grupo de materiais chamados "lecionários". O termo "leitura" refere-se a uma passagem escolhida na Escritura, destinada a ser lida nos serviços públicos. Assim sendo, um lecionário é um manuscrito especialmente arranjado e copiado com este propósito. Alguns eram unciais e outros cursivos. A maioria deles foi extraída dos Evangelhos, mas existem alguns de Atos e das Epístolas. Os estudos mostram que eles foram copiados com mais cuidado do que um manuscrito comum; portanto, fornecem cópias excelentes para comparações. Mais de 1800 lecionários foram enumerados.

OS ROLOS DO MAR MORTO
Em se tratando de manuscritos em rolos, o mais antigo e mais importante de todos foi encontrado casualmente em 1947 por um beduíno, numa bem dissimulada gruta nas proximidades de Jericó, junto ao Mar Morto. Examinado pelo professor Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se pertencer ao terceiro século antes de Cristo. Contém o livro completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de outras informações sobre a época em que foi escondido. É mais conhecido como o Rolo do Mar Morto.

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