domingo, 8 de maio de 2016

“Terrorismo gospel” é tema de debates nas redes


Postagem “provocativa” pede que jovens invadam as igrejas


“Terrorismo gospel” é tema de debates nas redes"Terrorismo gospel" é tema de debates nas redes
Podia ser apenas mais uma postagem no Facebook, como outras centenas de milhares que são divulgadas na rede social todos os dias. Podia, mas não foi. Quando o evangélico Ronilson Pacheco, que afirma ser um “interlocutor social”,sugeriu que as igrejas evangélicas fossem invadidas, logo as reações refletiram o quadro político que o país atravessa.
Compartilhada e comentada durante vários dias, a ideia tomou corpo. Logo surgiram posts em blogs de evangélicos e vídeoquestionando as intenções do autor e o temor que pudesse se tornar realidade.
Estudantes em São Paulo, ligados a movimentos sociais de esquerda, invadiram escolas da rede pública em diferentes ocasiões. O objetivo era “forçar” as autoridades a debater questões relacionadas com a educação e protestar contra a “máfia da merenda”.
Contudo, logo ficou claro que é um movimento mais político que cívico. Logo, eles passaram a ocupar outros prédios públicos. Em alguns casos, o único resultado das invasões foram depredações e saques nos locais, além de furtos de equipamentos.
Ainda assim, a ideia ganhou força e logo movimentos parecidos surgiram em vários outros estados. O maior é o “Ocupa Escola”, segundo a Secretaria Estadual de Educação, entrou em 67 escolas da rede pública do Rio de Janeiro nos últimos meses.
Ronilson, que é ligado a ONG “Viva Rio”, tentou aplicar a mesma lógica, sugerindo que igrejas fossem invadidas para forçar os pastores a dialogar e assim modificar suas atitudes como pretensamente têm feito as autoridades em São Paulo e no Rio.
Parte do texto diz que a iniciativa seria justificável “porque a maioria delas trai o chamamento de Jesus, quando o que ele nos convida a viver como uma comunidade aberta, coletiva e acolhedora, cuja força está na fragilidade da sensibilidade que evoca o amor, é transformado em uma espécie de comunidade segura e exclusivista, pesadamente institucionalizada, que quer decidir quem tem acesso a Deus e quem não tem, controlando comportamentos e fomentando a superioridade dissimulada de ‘certeza da salvação’”.
Por mais falaciosa que seja, a argumentação de Ronilson parece ter ganhado respaldo daqueles que se intitulam evangélicos progressistas. Gerando reações e apoios, foi debatida e até elogiada por algumas páginas no Facebook.
A retórica é a mesma de sempre, tratam indiscriminadamente todos os pastores como “vendilhões”, os templos como “desnecessários”, além de usarem vários versículos bíblicos para dar suporte ao um discurso que claramente ecoa a retórica esquerdista de que assim se resolverão os problemas.
Rapidamente começaram a dizer que Jesus foi um “ocupador de sinagogas”, num exercício de contextualização que desafia a narrativa do Novo Testamento. Não por acaso, movimentos como MST usam argumentos similares para invadir e saquear fazendas e terras produtivas. Em alguns casos, com apoio de líderes religiosos.
Podia ser apenas mais uma ideia maluca no Facebook, como outras centenas de milhares que são divulgadas na rede social todos os dias. Podia, mas não foi.
A página da Mídia Ninja, grupo pseudojornalístico que presta serviços ao Partido dos Trabalhadores, foi uma das primeiras a lançar a campanha #ocupatudo, como forma de “resistência” e de protesto contra o “golpe” contra Dilma, alardeado dioturnamente pelos partidos de esquerda, como PT, PSOL, Rede e PCdoB.
Algumas postagens de grupos afinados ideologicamente com esse discurso, já começaram a incluir as igrejas na “lista” de locais que deveriam ser alvo desse tipo de protesto.
Assinada pelo pastor Yago Martins, no site Teologia Política, a resposta foi assertiva: “O argumento de que o que importa na fala de Ronilso é a denúncia ao abuso da dominação das igrejas por pastores que não guiam a comunidade para o serviço social também não cola… Para Ronilso, isso se dará através de invasão de prédios de culto, e ignorá-lo é fazer vista grossa a apologia de terrorismo gospel”.
Já o filósofo e teólogo Guilherme de Carvalho também não poupou críticas “o indivíduo, que gostaria de ser um radical pela justiça e pela fé mas prega, efetivamente, a baderna e, agora, a intolerância religiosa. E choca-me ainda mais a aprovação que recebe por uma penca de ovelhas desvairadas”.
Até o momento, não há notícias de que igrejas tenham sido invadidas. Entretanto, é preocupante que grupos se utilizem a mesma retórica de tons socialistas da década de 1970 para tentar “redefinir” a força quais são as funções das igrejas.
Por mais equívocos que líderes religiosos possam cometer em suas igrejas e ainda que o conteúdo das pregações não esteja em harmonia com os ensinamentos bíblicos, basta lembrar que quem vem ocupando igrejas por acreditar que elas não estão sendo um espaço útil à sociedade são os soldados do Estado Islâmico

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