terça-feira, 30 de agosto de 2016

Usos e Costumes nas ADs

Usos e costumes nas Assembleias de Deus. Eis um assunto controverso e polêmico. Acreditou-se por muito tempo na preservação dos costumes por longo período. Segundo Isael de Araújo noDicionário do Movimento Pentecostal os "usos e costumes estiveram profundamente arraigados à própria imagem que os pentecostais faziam de si mesmos". Para o autor "os usos e costumes formam [ou formavam] a identidade estética" dos pentecostais brasileiros.

As novas gerações de assembleianos desconhecem praticamente a lista de restrições dadas e cobradas dos crentes antigos. Alguns até fantasiam a igreja antiga como uma comunidade mais "santa", onde servir a Deus "era melhor". Mas antigamente as coisas eram melhores? Não há uma resposta exata. Cada geração de crentes experimenta coisas boas e ruins, vantagens e desvantagens em seu tempo. Mas vale lembrar que, a sociedade em si também era mais conservadora e despojada de luxos e consumismo. Ou seja, muitos dos costumes foram herdados da própria sociedade na qual estava inserida a igreja, e conservados na instituição enquanto o "mundo" exterior se transformava.

Crentes de Madureira em 1953: usos e costumes em alta

Memórias das Assembleias de Deus selecionou alguns relatos sobre os costumes antigos. Lógico que os usos e costumes dependiam da região e ministério no qual o crente estava localizado. Mas vamos a uma pequena amostra das "doutrinas ferozes" como dizia o pastor Epaminondas.

Ela [a igreja] exigia, por exemplo que os homens usassem chapéu e as mulheres usassem meia. Eles colocavam um porteiro na porta: 'Dá licença, irmã'. Se a irmã não tivesse meia, podia voltar (...) Isso criou muito embaraço para a igreja".(Pastor Ducler de Oliveira em entrevista a Ricardo Mariano) 
A Assembleia de Deus do Brás, por exemplo, na época tinham uma doutrina rigorosa. Tinham que usar chapéu, usar gravata. A mulher não podia andar de sapato aberto, tinha que usar fechado, manga no braço até embaixo... (Kalil Luta membro da AD do Belezinho e político em entrevista a Ricardo Mariano) 
Algumas características  acentuadas do Ministério de Madureira que divergiam das igrejas da Missão é que eles iam longe demais na questão de usos e costumes bem mais do que a Missão. Eles faziam restrições até absurdas como, por exemplo, não tomar banho de sabonete para não ficar cheirando perfume, que isso era vaidade, desodorante nem pensar. Você não podia usar roupa que tivesse qualquer traço vermelho ou gravata vermelha também. Era absurdo, porque estava brincando com o sangue de Jesus. (Pastor Valter Brunelli em entrevista a Ricardo Mariano)
Se algum crente bebesse guaraná ou qualquer outro refrigerante, eu o excluía. Para mim, as mulheres deveriam andar com as mangas dos vestidos fechadas até o punho, e as saias bem abaixo dos joelhos. Os cabelos até podiam ser trançados, mas sem qualquer enfeite. Sapatos, só de salto baixo, e não podiam usar cinto. Os homens deviam vir ao culto de terno e gravata(Epaminondas José das Neves em entrevista ao jornal O Assembleiano - out/nov de 1991) 

Ainda segundo o pastor Epaminondas, um dia na cidade paranaense de Ibiporã encontrou os pastores Artur Montanha, Satyro Loureiro e João Ungur tomando refrigerante num bar. Ficou escandalizado e pensou "Esses catarinas não são crentes, não têm doutrina".

Segundo depoimento de crentes do Rio de Janeiro, Paulo Macalão não permitia os membros de Madureira tomar refrigerante. Quando havia algum aniversário ou confraternização, os irmãos saboreavam suco de caju.

Acã e a Maldição do Pecado

et-Tell, identificada pela arqueologia bíblica como a antiga cidade de Ai. Crédito da imagemhttp://www.biblearchaeology.org



Introdução
Nesta lição, estudaremos o capítulo 7 do livro de Josué. Nos cinco capítulos precedentes (1.5-5.15), analisamos a preparação e a entrada do povo em Canaã. Já, dos capítulos seis a oito (6.1-8.35 [9]), o livro ocupa-se da conquista da parte central de Canaã. O capítulo sete, portanto, trata de um grave e incômodo estorvo à conquista de Canaã. O tema principal desta seção é: O Pecado e Castigo de Acã.

Comparação entre o capítulo 7 e 8 de Josué
Os capítulos sete e oito formam uma unidade. O capítulo 8 está relacionado ao sete, não apenas pelo uso do advérbio “então” (ARC), mas pelo paralelismo de eventos e idéias que contrastam com o capítulo sete. Vejamos.

1. No capítulo 7 os israelitas fracassam em função do pecado de Acã: A cidade de Ai triunfa. 
No capítulo 8 os judeus triunfam em função da eliminação do pecado: A cidade de Ai é destruída.

2. O capítulo 7 trata das causas do fracasso na conquista. 
O capítulo 8 da restauração do ciclo de vitórias do povo.

3. No capítulo 7 o pecado é banido. 
No capítulo 8 segue-se à confirmação do mal extirpado.

4. No capítulo 7 a comunidade sofre. 
No capítulo 8 a comunidade regozija.


Notas Expositivas da Leitura Bíblica
Josué 7.1,5-7, 11,12.

1 – E prevaricaram os filhos de Israel no anátemaporque Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema, e aira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.

a) “Prevaricaram”. O número gramatical do verbo “prevaricar”, expressa o conceito e senso comunitário das tribos de Israel. Toda congregação tornou-se culpada pelo pecado de um só homem, Acã.

Em nossa obra, A Família no Antigo Testamento: história e sociologia, explicamos que o modelo social pelo qual as tribos de Israel viviam chama-sesolidariedade mecânica, conforme proposta pelo teórico social Durkheim. 

Neste tipo de solidariedade, os indivíduos possuem sua identidade e unidade tribal, mediante a família, a religião, a tradição e costumes vividos pela totalidade das tribos. Todos, igualmente, vivem os mesmos valores, seguindo a tradição ancestral da qual a coletividade procede. Uma “família-tronco” perpetua-se em torno do chefe de família pela instituição de um “herdeiro associado”.

Por conseguinte, o fato de um pecado pessoal transtornar toda uma comunidade deve-se, em grande parte, à estrutura deste tipo de sociedade. As famílias, separadas por clãs patronímicos, mas unidas pela identidade coletiva, normalmente, não agiam sozinhas, mas em grupo. Aidentidade de um indivíduo confundia-se com o grupo a que pertencia. 

O povo de Israel, portanto, valorizava a integração e a interdependência, entre as tribos e as pessoas, como valoresquando um israelita pecava, todo o povo assumia a responsabilidade pela transgressão cometida. Por isso, todo o Israel foi castigado em conseqüência do pecado de Acã (vv. 11,12). 

Israel, a totalidade do povo, era um corpo composto por vários membros (cada uma das tribos). O texto de Números 1.2, apresente adequadamente esse conceito: “Levantai o censo de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, contando todos os homens, nominalmente, cabeça por cabeça” (ARA). 

Essa perícope apresenta: “congregação” (‘ēdâ) – todo o povo de Israel; “famílias” (mishpāchâ) – o clã, como principal unidade social; e “casa” (bayît) – a unidade consangüínea menor do que a tribo, onde vivem os indivíduos. [1] 

Um pecado praticado por um membro da “casa” (bayît) afetava a totalidade da ‘ēdâ (congregação). Os versículos 13-19 têm como fundamento sociológico estas divisões: “santifica o povo” (v.13); “vossas tribos” (v.14); “segundo as famílias” (v.14); “chegará por casas” (v.14); “chegará homem por homem” (v.14). imprescindíveis à unidade do povo. De acordo com esses princípios, o pecado de um afeta a todos. Esse mesmo princípio afeta também a igreja. Atente, por exemplo, aos textos paulinos em 1 Co 5; 12; 14. Ou ainda Rm 5.12-21, onde encontramos as conseqüências da transgressão de Adão e os efeitos da obediência de Cristo disseminados a toda humanidade.

b) “Anátema”. O termo já foi esclarecido na lição. Trata-se do termo hebraico chērem, [2] literalmente, “maldição”. Esse vocábulo procede dechāram, cujo significado básico é “consagrado”, ou “coisa consagrada”. 

De acordo com a raiz, hrm (חרם), os tradutores da Septuaginta (LXX) verteram o vocábulo para anathématos (αναθέματος), traduzido em nossas Bíblias por “anátema”. Pesquisas, não muito recentes, afirmam que o “anátema”, como o conhecemos por meio das Escrituras Hebraicas, também era difundido em Mari e nas regiões da Mesopotâmia com o nome deasakkumAsakkun era como se denominava os bens de uma divindade, de um rei, ou de um comandante militar. [3] 

Um caso significativo para entendermos o conceito de chērem, está em Números 21.2,3, quando os israelitas prometem “destruir totalmente” as cidades da região sul de Canaã [4]. Isto quer dizer que essas cidades seriam “consagradas ao Senhor para destruição”, constituindo-se, portanto, em cidades anátemas ou consagradas para a ruína. 

Um dos objetivos primários para que o exército de Israel assim procedesse, encontra-se em Deuteronômio 13.12-17. Especificamente, o versículo 16 afirma: “E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o Senhor, teu Deus, e será montão perpétuo, nunca mais se edificará”

Desejava-se com isto, evitar que o povo se corrompesse, espiritual e moralmente, com as riquezas sacrificadas aos demônios-ídolos (Dt 32.16,17; Lv 17.7; 2 Cr 11.15). Jericó estava, portanto, debaixo dessa lei. O versículo 17 confirma: “Também nada se pegará à tua mão do anátema, para que o Senhor se aparte do ardor de sua ira, e te faça misericórdia, e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais”

Ora, a apódase [5] é condicional. Caso alguém dentre o povo desobedecesse a esta lei irrevogável e inexorável, o oposto à promessa seria o juízo sobre o povo: inclemência e crueldade no lugar da misericórdia; impiedade ou “desumanidade” no lugar de piedade; divisão e extermínio da raça em vez de multiplicação da descendência

Foi justamente o antônimo desses léxicos beatíficos (misericórdia, piedade e multiplicação) que se deu inicio na conquista de Ai. Os versículos 11 e 12 da Leitura Bíblica confirmam essa assertiva: “Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também, furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos; viraram as costas diante dos seus inimigos, porquanto estão amaldiçoados; não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.” 

Este castigo é a resposta da “ira de Deus” contra o pecado. Naquele fatídico dia, “os homens de Ai feriram deles algunsseis, e seguiram-nos desde a portaaté Sebarim, e feriram-nos na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água” (v.5 cf. v.13,15). 
Somente a expiação da culpa, isto é, a eliminação do pecador, interromperia o processo iniciado em Ai (vv.24,25-8.1ss). A transgressão de Acã, segue-se imediatamente à identificação da linhagem do “perturbador” de Israel. Interessante é o fato de os ascendentes de Acã possuírem nomes nobres: Carmi, “vinha” e, Zerá, “brilho do sol”, enquanto o nome do personagem principal, Acã, quer dizer “perturbação”, “perturbador”, “turbar”. No versículo 25 a aliteração [6] entre os nomes Acã e Acor é digno de nota. Ambos procedem da mesma raiz e correspondem em significado: “provocar calamidade” ou “perturbação”.

c) “A ira do Senhor”. Esta é uma expressão antropopática [7], isto é, ao Senhor são atribuídos afetos ou sentimentos humanos. 

Uma outra forma de os hagiógrafos descreverem a ira de Deus é através do antropomorfismo nariz ou narinas (Êx 15.8; Sl 18.8-16). Neste aspecto há uma estreita relação entre o termo nariz e ira. Nariz, no hebraico, ’ap, uma vez dilatado representa a ira, pois na mentalidade semítica, o furor, a ira e a cólera se expressam por respiração mais veemente, ou exalação nasal mais intensa. No versículo 26, a expressão “ardor da sua ira” é chārôn ’ap, em sentido antropomórfico, “o furor das suas narinas”. Daí os autores usarem a figura do “nariz fumegante do Senhor”, para expressar a ira divina. 

A ira do Senhor designa tanto a justiça de Deus que pune os homens maus, como também ao seu descontentamento com aquilo que é malévolo ou injusto. A ira do Senhor é contra o pecado, a fim de extirpá-lo da congregação santa. Assim sendo, encerra o versículo 26: “Assim o Senhor se tornou do ardor da sua ira; pelo que se chamou o nome daquele lugar o vale de Acor”, isto é, o “vale da perturbação”. No profetismo tardio, “vale de Acor", tornar-se-ia “lugar de esperança” (Os 2.14,15).

Lições Práticas

Observe o efeito deletério do pecado e a autoconfiança desprovida da bênção de Deus. A cidade de Ai estava em menor número: “Não suba todo o povo; subam uns dois mil ou três mil homens, a ferir Ai; não fatigueis ali todo povo, porque são poucos os inimigos” (7.3). Consideravam-se vitoriosos pela pequenez do exército de Ai, entretanto, foram derrotados e humilhados. 

Neste episódio, Josué ouve os espias e fracassa (7.2,3). Depois ouve a Deus e triunfa (7.7-15). Por que não fez o inverso? Por que não consultou a Deus? Deste fato podemos extrair sete preciosas lições para nossas vidas e também para nossos alunos, quais sejam:

(1) Uma poderosa vitória ontem, não garante uma pequena vitória amanhã;

(2) Apesar de os fatos estarem a nosso favor, é melhor consultar e confiar em Deus. Orar, mesmo por aquilo que parece óbvio, é uma demonstração de submissão irrestrita ao Senhor. 

(3) É sempre melhor ouvir a Deus do que os homens, até mesmo quando os fatos e as coisas estão evidentes. Como afirma o Salmo 118.8: "É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem". 

(4) Depender de Deus significa dar prioridade a Deus em tudo. 

(5) A santificação é indispensável à vitória. A santificação de ontem garante a vitória de hoje. Todavia, para vencermos depois de amanhã é necessário continuar o processo iniciado anteontem (7.13). 

(6) Muitos cristãos fracassam mesmo quando a batalha é pequena, mesmo quando o inimigo, seja ele qual for, não se apresenta renhido, tudo isso porque prefere confiar na própria força, méritos, inteligência e justiça.


(7) O justo confia e consulta o Senhor e não se aparta Dele! Sabe que, grande ou pequeno o problema, quem o faz triunfar é Cristo.

A Prosperidade no Antigo Testamento - Subsídio Lexicográfico

"Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para os que o temem" (Sl 103.11)



Cinco termos hebraicos que descrevem a prosperidade no Antigo Testamento

1. Tsālēach: a prosperidade como fruto de uma vida bem-sucedida. No Antigo Testamento a palavra hebraica mais comum para descrever a prosperidade é tsālēach, isto é,"ter sucesso", "dar bom resultado", "experimentar abundância" e "fecundidade". Esse termo é usado em relação ao sucesso que o Eterno deu a José (Gn 39.2,3,33) e a Uzias (2 Cr 26.5). No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual é resultado da obediência, temor e reverência do homem a Deus. A Escritura afirma que Uzias "buscou o SENHOR, e Deus o fez prosperar". A prosperidade de Uzias nesse período foi extraordinária. Como rei desfrutou de um sucesso e progresso imensurável (2 Cr 26.7-15). Deus deu-lhe sabedoria para desenvolver poderosas máquinas de guerra para proteger Jerusalém (vv.14,15). A prosperidade de Uzias era subordinada à sua obediência a Deus. O profeta Zacarias o instruía no temor do Senhor, razão pela qual o monarca prosperou abundantemente. O homem verdadeiramente próspero é como a "árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará" (Sl 1.3). Porém, a soberba destronou o rei de seu palácio e prosperidade (confira shālâ).

2. Chāyâ: a prosperidade de uma vida longeva. Um outro termo hebraico que descreve a vida próspera é chāyâ. Literalmente a palavra significa "viver" ou "permanecer vivo", entretanto, em certos contextos significa "viver prosperamente": "Até que eu venha e vos leve para uma terra como a vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras, de azeite e de mel; e assim vivereis e não morrereis" (2 Rs 18.32). Em 1 Samuel 10.24, a frase "Viva o rei!", quer dizer "Viva prosperamente o rei!"; "Viva o rei em prosperidade". Nesses dois contextos, chāyâ se refere à "fartura de dias", "longevidade", "livrar-se da morte" e, consequentemente, "prosperidade". O termo também relaciona-se à saúde física e a cura de enfermidades. Em Js 5.8, o termo é traduzido por "sarar", "recuperar a saúde".

3. Śākal: a sabedoria que traz prosperidade. Um outro termo muito significativo no Antigo Testamento é śākal. Textualmente significa "ser sábio", "agir sabiamente" e, por extensão, "ter sucesso". Esta palavra está relacionada à vida prudente, ao agir cautelosa e sabiamente em todos os momentos e circunstâncias. Um exemplo negativo que serve para ilustrar a importância do que estamos afirmando é o marido de Abigail. Nabal, do hebraico nābāl, ipsis litteris, "louco", "imprudende", "tolo", demonstrou imprudência, tolice e loucura ao negar socorrer a Davi em suas necessidades. Embora rico, não era sábio e prudente (1 Sm 25.10-17); sua estultice quase o leva à morte pelas mãos de Davi, mas não impediu que o mesmo fosse morto pelo Senhor (1 Sm 25.37,38). Nabal não agiu com śēkel, isto é, "sabedoria", "prudência"; não procedeu prudentemente, portanto, "não teve sucesso", "não foi próspero". Davi, por outro lado, viveu sabiamente diante de Saul, dos exércitos de Israel, do povo e diante do próprio Senhor: "E Davi se conduzia com prudência [śākal] em todos os seus caminhos, e o Senhor era com ele" (1 Sm 18.14 ler vv.12,15). Nesses versículos temos a relação mútua entre dois conceitos: O Senhor era com Davi, razão pela qual o filho de Jessé foi prudente em suas ações; Davi era sábio, justo e prudente, motivo pelo qual o Senhor era com ele. Em alguns textos śākal diz respeito à prosperidade que advém do comportamento sábio e prudente.

4. Shālâ: o estado de impertubabilidade da prosperidade. O vocábulo procede de uma raiz da qual se deriva as palavras "tranquilidade" e "sossego". O termo significa "estar descansado", "estar próspero", "prosperidade". O termo também diz respeito à prosperidade do ímpio (Jr 12.1). Porém, o foco que pretendo destacar é o flagrante estado de "impertubabilidade" que pode levar ao orgulho. No Salmo 30. 6 o poeta afirma: "Eu dizia na minha prosperidade [shālâ]: Não vacilarei jamais". Derek Kidner (1981, p.148) afirma que a raiz hebraica que dá origem a palavra prosperidade nesse versículo refere-se às "circunstâncias fáceis, ao ponto de vista despreocupado, ao descuido e à complacência fatal" (Jr 22.21; Pv 1.32). Provérbios 1.32 revela com muita propriedade que "a prosperidade dos loucos os destruirá". O Salmo 30 descreve o louvor pelo recebimento da cura divina e pelo livramento da morte: "Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-e a vida para que não descesse ao abismo" (v.3). A salmodia foi composta logo após o restabelecimento da saúde física do salmista. Neste poema, o rapsodo fala a respeito de sua prosperidade e de como sentia-se seguro, tranquilo e impertubável até que a calamidade adentrou nos umbrais de sua frágil vida e seu orgulho e confiança na riqueza foram abatidos. A confiança na estabilidade da prosperidade cede lugar à confiança inabalável na bondade divina: "Ouve, Senhor, e tem piedade de mim; Senhor, sê o meu auxílio" (v.10). O patriarca Jó também alude ao "descanso" e "tranquilidade" advindas da prosperidade e como de súbito foi apanhado pelas adversidades: "Descansado [shālâ] estava eu, porém ele me quebrantou" (Jó 16.12a). Paulo, muito tempo depois orienta ao jovem pastor Timóteo para que exorte os ricos a não porem a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente dá todas as coisas (1 Tm 1.17). A prosperidade anunciada por meio do vocábulo shālâ pode produzir, como afirma o teólogo Victor Hamilton, "despreocupação" (Ez 23.41; Pv 1.32). Portanto, esse termo afirma o perigo que subjaz na prosperidade. Esta não deve substituir a confiança em Deus e nas santas promessas das Escrituras.

5. Dāshēm: a prosperidade abundante. Este termo é mais frequente nos textos poéticos do que nos prosaicos. Logo, trata-se de um vocábulo poético e idiomático hebreu. Literamente significa "engordar", "ser gordo" e, consequentemente, "ser próspero". Em nossa obra,Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD) explicarmos detalhadamente o hebraísmo "gordura" nas páginas 212, 213, 214 e 215. O Salmo 63.5, por exemplo, diz: "A minha alma se farta, como de tutano e de gordura [dāshēm]; e a minha boca te louva com alegres lábios". O hebraísmo dāshēm, isto é, gordura, descreve duas verdades concernentes à prosperidade: suficiência e sentimento de bem-estar advindo da prosperidade. Em Gênesis 41 aprendemos que as vacas gordas representam prosperidade, suficiência, abundância e felicidade (vv.26,29), enquanto as magras, necessidade, escassez, fome e tristeza (vv.27,30). Imagens como essas eram frequentes no Crescente Fértil. Nos períodos áureos, o gado, sempre gordo, refletia a prosperidade da terra, trazendo alegria a seus proprietários, enquanto o rebanho magro refletia a miséria e infortúneo. Desde então, os judeus, nada afeitos a termos abstratos, preferiram designar a prosperidade utilizando-se de imagens como gordura, vacas gordas e tutanos (gordura do interior dos ossos). Veja, por exemplo, a bênção de Isaque sobre o seu filho: "Assim, pois Deus te dê do orvalho do céu, da gordura da terra, e da abundância de trigo e mosto" (Gn 27.28 Edição Contemporânea de Almeida). Na tradução, a ARA (Almeida Revista e Atualizada) omite o hebraísmo "gordura da terra", mas traduz por "exuberância da terra". Embora o termo hebraico em Gênesis seja outro, participa do mesmo campo semântico de dāshēm, gordura, assim como o vocábulo chādal, isto é, ser gordo ou próspero. Este termo, por sua vez, diz respeito a prosperidade abundande, que salta aos olhos e traz extrema felicidade e contentamento (Pv 11.25; 13.4)

José e Uzias: Paradigmas da prosperidade

José e Uzias: Paradigmas da prosperidade

A prosperidade no Antigo e Novo Testamento. No Antigo Testamento a palavra hebraica para prosperidade é tsälëach. O vocábulo significa "ter sucesso", "dar bom resultado", "experimentar abundância" e "fecundidade". Já em o Novo Testamento, o vocábulo usado é euodóö, que significa "ir bem", "prosperar", "ter sucesso". Na Almeida Atualizada, a palavra "prosperidade" aparece vinte e três vezes, enquanto na Corrigida onze (Sl 30.6; 35.27; 73.3; 122.7; Pv 1.32; Ec 7.14; Jr 22.21; At 19.25; 1 Co 16.2). Se acrescentarmos as palavras "próspero" e "próspera" teremos muitas outras ocorrências nas duas versões. Portanto, a Bíblia tem muito a ensinar a respeito da prosperidade.
A prosperidade exemplificada na vida de José. No Antigo Testamento, o termo é usado para referir-se ao sucesso que Deus deu a José no Egito (Gn 39.2,3,33). Se tomarmos a vida de José como exemplo, poucos diriam que a trajetória do menino sonhador foi de sucesso: odiado pelos irmãos, vendido aos ismaelitas, escravo e encarcerado no Egito. Quem afirmaria que José foi um homem próspero? A Bíblia. No conceito da teologia da prosperidade e triunfalista, José somente foi bem-sucedido no final da carreira. Mas, anteriormente ele não era abençoado por Deus? Era. Mas apenas os que compreendem o que de fato é a verdadeira prosperidade são capazes de compreender o sucesso em meio ao ódio, castigos e prisões (Gn 45.5,7-9). O plano dos irmãos de José era matá-lo, porém Deus interveio conservando-lhe a vida (Gn 37.20-22). Os mercadores ismaelitas poderiam vendê-lo para qualquer outra tribo ou povo, mas por que o Egito? Porque Deus o estava conduzindo até a terra dos faraós. No Egito, poderia ser vendido a qualquer nobre, mas por que a Potifar? Porque era na casa de Potifar que ele enfrentaria a mais dura prova até ser levado ao governo do Egito. Deus estava em todas as circunstâncias guiando os passos de José (Sl 37.23). A prosperidade na vida de José não é medida pelo grau de privilégios que ele desfrutou até ser governador, mas em cumprir a vontade de Deus em todas circunstâncias e vicissitudes.
A prosperidade exemplificada na vida de Uzias. A Escritura afirma que Uzias "buscou o SENHOR, e Deus o fez prosperar"(2 Cr 26.5). No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual é resultado da obediência, temor e reverência do homem a Deus. Uzias fez o que era justo aos olhos do Senhor e, como recompensa, Deus lhe deu sucesso em tudo o que fazia. José era justo, mas a sua retidão não lhe trouxe prosperidade imediata. Uzias, no entanto, enquanto permaneceu fiel ao Senhor prosperou em tudo o que fez. Porém, a Escritura afirma que o coração de Uzias se exaltou e transgrediu este contra o Senhor, perdendo toda honra que o Eterno houvera concedido (2 Cr 26.16-23).
Na vida de Uzias observamos a prosperidade condicionada à obediência, temor e reverência a Deus (2 Cr 26). O rei era próspero enquanto permanecia fiel ao Senhor. Na vida de José, observamos justamente o contrário. Ele permaneceu fiel por toda a vida, mas esta fidelidade não se traduziu em bênçãos e sucesso material imediatos. Uzias começou bem e terminou mal. José começou odiado e como escravo e terminou como governador do Egito. O equilíbrio entre os dois exemplos é a fidelidade a Deus. Seja fiel a Deus em todas as circunstâncias!

Soberba e Humildade: Lições que Aprendi com meus Mestres




Os leitores do Teologia & Graça estão cônscios que o editor deste blog não tem por hábito incensar a si mesmo com verbos que endossam os seus feitos, como se não existisse na blogosfera paladinos muito melhores do que ele. Primeiro, por que não sou ufanista e muito menos sofro da síndrome de Narciso. A Bíblia afirma que o soberbo atrai sobre si a afronta (Pv 11.2). Soberba (ARC), no referido texto, é a tradução do hebraico zadhôn (arrogância, presunção), termo empregado pelos irmãos de Davi a respeito de seu desejo de enfrentar o gigante Golias (1Sm 17.28). A lição prática extraída dessa perícope é que falar de seus atos e de suas intenções heróicas pode suscitar desconfiança, quer de pessoas boas, quer de pessoas más.

Espera-se do sábio uma atitude modesta, sóbria e humilde – virtudes que adornam a vida do cidadão da pólis, como afirmava Aristóteles em sua Ética a Nicômaco. A Bíblia enfatiza categoricamente: “melhor é ser humilde de espírito com os mansos” (Pv 16.19a); e que “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).
Incensar a si mesmo é uma atitude desaconselhável pelas Escrituras, pelos sábios e pelo bom siso. Homens como Pastor Antonio Gilberto, o mais notável mestre das Assembleias de Deus do Brasil, jamais atraiu atenção para si, mas colocou todo seu prestígio e conhecimento a favor da Escola Bíblica Dominical, missão que lhe rendeu impropérios, como por exemplo, ser chamado de “a besta de Apocalipse”, além de, sem sucesso, tentarem excluí-lo em certa Convenção. Com esse humilde servo do Senhor aprendi a não esmorecer diante dos desafios da educação cristã. Lembro-me quando, na Conferência da Escola Dominical em Fortaleza, o Pr. Antonio Gilberto, ministrando a respeito da interpretação bíblica, em um gesto humilde, carregado de amor pedagógico, no meio da palestra, pediu-me para que eu me pusesse em pé e apresentou-me como autor de uma obra de interpretação. Jamais pensei que alguém seria capaz de compartilhar seu crédito, confiança e brio com um autor novato. Eis aí um homem desapegado à glória que lhe atribuem.
Assim como ele, muitos obreiros das Assembleias de Deus teem mais cicatrizes do que medalhas; mais vitupérios do que honras, mais escárnios do que “sucesso”. E, se nós perguntássemos a esses verdadeiros paladinos da fé se todo sofrimento a favor da salvação e aperfeiçoamento dos santos valeu a pena, ouviremos desses lábios eruditos que, se pudessem, fariam tudo outra vez! O verdadeiro servo do Senhor leva a Bandeira do Reino, em vez de conduzir sua própria bandeira pelo Reino; ele busca a expansão do Evangelho de Cristo em vez do sucesso pessoal. Por isso, não atrai atenção para si, mas para Cristo e o Reino de Deus.
Quando eu era da idade de 28 anos, isso em 1998, fui fazer um curso de especialização em Hermenêutica Bíblica, no CETEOL, em SC. Aos pés do Dr. Estevan F. Kirschner, estudava com afinco as regras e manhas da exegese e hermenêutica bíblica. Observando a piedade daquele erudito, do respeito com que falava das teorias e pressupostos de outros mestres, e de sua notável sapiência, disse-lhe que gostaria de me dedicar ao estudo do grego para ajudar a minha denominação. Depois de explicar o árduo aprendizado da língua até o completo domínio do idioma helênico, deu-me um conselho mais precioso do que todas as regras e teorias hermenêuticas que aprendi durante um mês de ensino intensivo: “Esdras, não busque o sucesso e a fama!” O calor dos seus olhos fazia agudo contraste com o hálito gélido daquele inverno, e suas palavras pareciam ter saído dos lábios de um serafim. Nunca esqueci o conselho recebido, o gosto amargo do chimarrão e a doçura do ensino do professor Kirschner.
Hoje, apenas para ilustrar que Deus honra nossos propósitos, embora ainda tenha o que aprender, já fiz revisão e adaptação técnica do livro de grego da FAETAD, Campinas – incluindo a gravação do áudio – , revisei a obra de Dobson, Aprenda o Grego do Novo Testamento, digitei todo texto grego da obra Comentário de Mateus e Marcos, de A.T. Robertson, e digitei, transliterei e revisei todo Dicionário Grego de Strong e, agora, estou fazendo o mesmo no Comentário de Marvin Vincent, todas obras com o selo da CPAD. Apesar desse árduo trabalho, costumo ouvir aqui e acolá indiretas e provocações de blogueiros criticando-me, nalgumas vezes, debochando, de meu interesse pela língua com a qual o Novo Testamento foi escrito.
Esse sentimento e atitude de não buscar atenção demasiada para si é uma das razões pelas quais não costumo divulgar minha agenda e convites pelo Brasil, e muito menos fazer alarde a respeito dos prêmios e reconhecimentos adquiridos pelo fruto de nosso trabalho. Quando sou perguntado a respeito do motivo pelo qual não divulgo minha agenda em meu blog, informo àqueles que de boa vontade me perguntam, que temo ser tido como arrogante, “palestrante do momento”, “preletor requisitadíssimo” ou ainda não ser bem interpretado.

Entendo que
 muitos desejam ter conhecimento de nossa agenda para nos conhecer pessoalmente, nos seminários que ministramos pelo país. Todavia, considero que a pessoa que assim deseja saberá o local em que estarei pelo fato de a própria instituição teológica ou eclesiástica divulgar o evento. Sei que muitos divulgam a badalada agenda como estratégia de marketing pessoal, entretanto, mantendo-me fiel aos princípios ministeriais que fui formado, recuso esse expediente.

Lembro-me muito bem dos ensinos e atitude humilde do Pastor Claudionor de Andrade, em minha opinião, um dos maiores eruditos das Assembleias de Deus. Tenho aprendido muito com esse homem santo. Certa feita, ele recebeu um convite da igreja da Turquia para ministrar um seminário naquele país. Pensei que o Pr. Claudionor aceitaria imediatamente a oportunidade de ministrar no local das Sete Igrejas da Ásia, no entanto, com a mansidão e doçura que são próprias à sua personalidade e formação, recusou educadamente. Esse homem de Deus teme os holofotes terrenais. Nunca cantou os seus feitos e jamais declamou suas realizações, mas em todo tempo, como o imortal Homero, entoa as vitórias de seus amigos, sem qualquer ressentimento.

Tais atitudes me incentivam a seguir sem alarde no Reino de Deus. Apenas para ilustrar, poucas pessoas sabem que fui convidado três vezes para palestrar na Vinacc (Visão Nacional para Consciência Cristã), mas rejeitei por motivos estritamente familiares, isto é, pelo simples fato de escolher ficar com minha esposa e dois filhos. Respeito os meus amigos que divulgam com boas intenções suas agendas, mas escolhi não usar esse recurso, seja por estratégia, seja por falta dela.
Essa postura ministerial e de vida, no entanto, traz rupturas. As regras que procuro seguir são oito. A primeira delas é não se unir a pessoas que buscam fama e sucesso ministerial a todo e qualquer custo, nem que para isso tenham que infamar publicamente os supostos concorrentes. A segunda é não aceitar todo convite para não sacrificar a família, o trabalho, e o estudo acadêmico. A terceira é não fazer do ministério um “pé de meia” para o futuro, quando tudo o mais der errado. A quarta é não buscar o sucesso, a fama e honra para si, fazendo da piedade uma autoafirmação da minha personalidade e talentos naturais. A quinta é jamais usar a simplicidade e acriticidade do povo de Deus como esteio para popularidade e sucesso pessoal. A sexta é não ficar teologicamente em cima do muro para agradar gregos e troianos, mas expressar o que a Bíblia diz sem vacilação. A sétima é não usar a linguagem da piedade e teologal para incensar os próprios feitos. A oitava é ser amigo daqueles que compartilham da mesma visão.

Minhas memórias

O ano de 1986, foi um ano inesquecível e agitado: Plano Cruzado, Copa do Mundo no México e eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Hegemonia do PMDB na política nacional. Também era, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Ano Internacional da Paz.

Neste ano, no dia 31 de agosto, tomei minha decisão de servir a Cristo na Assembleia de Deus (AD). Minha conversão se deu na pequena congregação do bairro Espinheiros em Itajaí. Visitava meus tios e avós, que há anos congregavam na AD e sempre evangelizavam à família. Contava com apenas 14 anos. Era um adolescente despertando para a vida.

Voltando a minha cidade natal, Joinville, comecei a frequentar a AD no bairro Costa e Silva. A congregação se reunia em um pequeno templo de madeira situado em cima de um pequeno morro, muito próxima à Igreja Católica.

Congregação do Costa e Silva na década de 1980

A igreja, na época, era liderada pelo pastor Satyro Loureiro. Satyro, aos 64 anos presidia a AD joinvilense pela segunda vez (a primeira entre 1953-57). Baixo, roliço, voz rouca, o veterano obreiro era um dos principais pastores da AD no Brasil. Suas mensagens, carregavam o peso das suas incontáveis experiências ministeriais. 

A AD ainda era muito conservadora em usos e costumes. Mas já estava vivenciando transformações. Nas congregações a doutrina era rígida, mas na sede havia uma elite social e teológica aspirando mudanças. Não demorou muito e as tensões cresceram, até que um grupo saiu da denominação para abrir seu próprio trabalho. Não precisa dizer que foram tachados de "rebeldes" e "mundanos".

Nacionalmente, as ADs mergulhavam de corpo e alma na política partidária. A justificativa: defender a liberdade de culto e a pregação do evangelho. Havia ainda o temor do perigo comunista a rondar a nação. Eleger irmãos escolhidos por Deus e pela igreja, era necessário para garantir nossos direitos na nova constituição.

Minha formação básica como assembleiano foi na Escola Bíblica Dominical (EBD). Ainda lembro da primeira lição que falava sobre o livro de Gênesis, escrita pelo pastor Geziel Gomes. Lia oMensageiro da Paz com avidez, pois queria aprender. Nomes como Geremias do Couto, Elienai Cabral, Miguel Vaz, Claudionor de Andrade, Nemuel Kessler, Abraão de Almeida entre outros, logo se tornariam familiares.

Acompanhei alguns estudos bíblicos na sede. Obreiros e irmãos participantes anotavam as referências bíblicas em cadernos e apostilas. Os congressos de jovens eram antecedidos por grandes expectativas de avivamento.

O espaço do púlpito tinha uma espécie de cerca isolando os obreiros da congregação. Usava-se a sineta para administrar os cultos, e o presbitério ainda possuía força sendo consultado para questões administrativas.

Uma das lembranças mais marcantes, eram as visitas ao templo sede aos sábados para o culto de doutrina. Membros disciplinados ou excluídos tinham seus nomes lidos com o motivo do desligamento exposto publicamente.

Já se passaram três décadas. Muita coisa mudou, e nem poderia ser diferente. Não penso que os dias passados eram melhores, e nem que dias atuais são esplêndidos. Mas uma coisa é certa: as ADs absorveram muito dos valores seculares e dos modismos de outras denominações chamadas de neopentecostais. O pragmatismo religioso impera em muitos ministérios.

A visão de ministério, ao meu ver, também mudou. O nepotismo, que era exceção virou regra. Uma nova geração de obreiros, que vê a denominação como simples meio de vida e status social se apoderou dos cargos e das igrejas, trazendo incontáveis desvios morais e espirituais.

Lembro-me, que certa vez li no Mensageiro da Paz de 1989, um texto do saudoso pastor Estevam Ângelo de Souza do Maranhão. No artigo, ele previa como seria a AD no futuro. Pesava ele na balança os prós e contras do crescimento e como a igreja estaria caso se mantivesse fiel ou absorvesse a cultura secular. 

Quem sabe será tema de uma futura postagem...

Pastor resolve se tornar católico e diz: “fazemos teologia da mesma forma”

Pastor resolve se tornar católico e diz: “fazemos teologia da mesma forma”

Pastor luterano resolve se tornar católico






Fazendo o caminho oposto de Martinho Lutero, um pastor da Igreja Luterana dos Estados Unidos resolveu se tornar católico.
Russell E. Saltzman foi pastor luterano por 30 anos, sendo reitor do distrito da American Lutheran Church North até que resolveu, juntamente com sua esposa, se tornar membro da Igreja Católica Apostólica Romana.
Em artigo ele relata que sua esposa nasceu católica, se tornou luterana e voltou a se aproximar do catolicismo nos últimos dias de seu pai, católico fervoroso que faleceu por conta da esclerose lateral amiotrófica.
Enquanto sua esposa ia para missas, o até então pastor luterano, resolveu acompanhá-la e passou a se sentir atraído pela mensagem. “Na verdade, não era uma surpresa para mim. Desde o seminário, quando me envolvi nos documentos confessionais Luteranos do século XVI, fui me tornando progressivamente mais católico em meu pensamento”, escreveu Saltzman.
Ele deu ainda três razões que servem como explicações para essa mudança de religião. A primeira delas é por ver uma certa ligação entre luteranos e católicos em suas doutrinas básicas e formulações teológicas.
“Nós – romanos e luteranos – fazemos teologia da mesma forma, e, possivelmente, de uma maneira que ninguém mais faz”, afirmou ele.
Outro fator que interferiu na decisão de Russell foi a influência que o padre Richard John Neuhaus, já falecido, teve em sua formação pastoral como luterano.
“Em seus anos como padre católico, ele costumava me cutucar, ‘volte para casa. A última correspondência que trocamos foi sobre o assunto. Após sua morte, fiquei várias noites sonhando que ele me perguntava por que eu não tinha feito isso”, relembra.
O ex-luterano passou a pensar sobre esta troca de religião, lembrando que muitos dos clérigos luteranos que ele admirava trocaram a Igreja Luterana pela Igreja Católica.
“Parecia que eu conhecia muitos padres como pastores, e depois de um tempo, não poucos desses pastores se tornaram padres”, disse ele que até chegou a editar uma publicação considerada católica.
“Durante os últimos seis anos, está chegando no sétimo, eu tenho sido um colunista regular no website First Things; eu era um escritor luterano; agora eu sou um escritor católico”.
O último tópico apresentado por ele para justificar essa troca de igreja foram suas convicções pessoais. “Passei a acreditar que a essência, mais como plenitude, da Igreja de Cristo é encontrada em igrejas em comunhão com a Igreja de Roma”, diz.
Ele não chama essa decisão de “conversão”, mas sim de transição.
“Estou indo, mas a fé cristã que marcou a minha vida está vindo comigo. Eu aprendi minhas orações como luterano, memorizei o catecismo, e quando eu estava lutando contra o agnosticismo, tendendo ao ateísmo, Deus colocou em minha vida alguns apaixonados e autênticos pastores luteranos que me ensinaram bem.”