por Jarbas Aragão
A tensão segue crescendo em Jerusalém, especialmente na área perto do Monte do Templo. Recentemente, o rabino Yehuda Glick foi baleado enquanto fazia uma campanha para que os judeus voltassem a orar no local, algo que não é permitido pelos muçulmanos.
A polícia fechou o acesso ao Monte, chamado pelos islâmicos de Esplanada das Mesquitas. O homem que atirou no rabino foi identificado como o palestino Moataz Hejazi, que morreu em confronto com contra policiais israelenses que cercavam sua casa.
No início da manhã de hoje, mais um incidente aumenta o clima de hostilidade. Quatro rabinos foram mortos e oito judeus ficaram feridos após dois palestinos atacarem uma sinagoga no bairro de Har Nof. Armados com facas, machados e revólveres, invadiram o local onde os judeus estavam orando.
Har Nof é uma comunidade de judeus ortodoxos. Até o momento não foram divulgados detalhes sobre os homens nem sua motivação. Micky Rosenfeld, porta-voz da polícia, explica que o ataque é considerado um “ataque terrorista”. Contou ainda que os responsáveis foram mortos a tiros quando a polícia chegou ao local. Os feridos (seis fiéis e dois policiais) foram conduzidos a hospitais e medicados.
A cobertura pela imprensa tem sido confusa. O site do jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem sobre o atentado ignorando que os suspeitos eram palestinos. As primeiras notícias divulgadas pela rede americana CNN davam conta que o ataque ocorrera numa mesquita. A maior parte ignorou o fato de, no momento do ataque, os mortos serem rabinos que estavam realizando o Shaharit, o serviço matinal de orações.
O gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu que o país “vai responder com pulso firme ao assassinato brutal de judeus que foram surpreendidos por assassinos condenáveis”.
Responsabilizou ainda o Hamas e a “campanha de incitamento” liderada por Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que “a comunidade internacional está ignorando de forma irresponsável”.
Segundo agências de notícias, o Hamas e grupo militante palestino Jihad Islâmico elogiaram o ataque. Os palestinos mortos foram identificados como os primos Odai Abed Abu Jamal, 22, e Ghassan Muhammad Abu Jamal, 32. Abu Salah, que se identificou como parente deles explicou que sua motivação foi exatamente “garantir a segurança” da Esplanada das Mesquitas e que era parte da “guerra religiosa” contra os judeus pela posse do Monte do Templo.
Entre os rabinos mortos, um nasceu na Inglaterra e outros três nos Estados Unidos, incluindo o conhecido líder hassídico Moshe Twersky, 59. Por causa disso, o presidente Obama exigiu que Abbas condenasse os ataques. Contudo, manifestações em Gaza e as entrevistas de líderes do Hamas e da Organização pela Libertação da Palestina indicam o contrário. Todos estão tratando os primos como heróis e mártires da jihad.
A segurança será reforçada e o gabinete político de Israel vai anunciar medidas para restringir o movimento na parte oriental da capital do país. Isso certamente levará a manifestações e ondas de violência da população árabe. O diferencial desta vez é a tentativa de ressaltar a separação entre árabes e judeus.
Os assassinatos ocorrem pouco mais de uma semana após Federica Mogherini, chefe da diplomacia da União Europeia ter visitado Israel e os territórios palestinos. Ela afirmou veementemente: “Precisamos de um Estado palestino. Este é o objetivo e esta posição é compartilhada por toda a União Europeia”. Alertou ainda que “o mundo não suportará uma nova guerra na região”.
Para os especialistas, os eventos recentes remetem diretamente ao conflito deste ano entre Israel e o Hamas, que terminou em menos de três meses atrás e vitimou 2.230 pessoas, incluindo 541 crianças, 250 mulheres e 95 idosos. Foi o maior número de mortos desde a guerra contra o Líbano em 2006.
Tudo teve início com a morte de 3 seminaristas judeus na Cisjordânia, dia 12 de junho. O Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza, assumiu a responsabilidade e quando Israel retaliou, a guerra explodiu. Teme-se que um novo ciclo de violência tenha início ainda este ano. Com informações de Jerusalém Post,New York Times e Jewish News
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