quinta-feira, 28 de março de 2013

Desautorizando "o Código da Vinci"




"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11).
Quando minha esposa me deu de presente de aniversário o livro "O Código Da Vinci" (Editora Sextante) em maio de 2004, eu sabia que estava diante de um best-seller americano de 2003 que continuaria vendendo milhões de exemplares nos próximos anos. Não tinha ignorado as revisões e resenhas desse livro na internet e estava consciente de que se tratava de um daqueles livros que dizem que o cristianismo está todo errado e a adoração à deusa é o caminho.
Dan Brown.
Dan Brown, autor do romance, não nos revela, no decorrer de suas quase 500 páginas, um novo evangelho, mas apenas antigas colocações gnósticas e nova-erenses sobre a vida de Jesus Cristo e os primórdios da igreja cristã.
Eis suas fontes principais: O Evangelho de Filipe e O Evangelho de Maria(ambos são textos gnósticos descobertos em Nag Hammadi, no Alto Egito, em 1945); o livro Holy Blood and Holy Grail e sua linhagem de sangue, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, publicado inicialmente em 1981; o livroThe Templar Revelation: Secret Guardians of the True Identity of Christ, de Lynn Picknett e Clive Prince. Um outro livro do gênero pesquisado por Brown foi: The Woman with The Alabaster Jar: Mary Magdalene and the Holy Grail, de Margaret Starbird. Estudiosos respeitáveis encontraram defeitos insuperáveis em todos esses livros. Todos eles têm um forte teor especulativo e um alto apelo a favor das doutrinas da Nova Era.
O fato é que o livro é um sucesso de vendas em todo o mundo. A Columbia Pictures adquiriu os direitos para transformá-lo em filme e contratou o famoso diretor Ron Howard (o mesmo de Uma Mente Brilhante) para dirigir essa película.
A propósito, o autor Dan Brown está sendo judicialmente processado de plagiar o livro Daughter of God (Filha de Deus), de Lewis Perdue. Segundo Perdue, existem "trinta elementos" de semelhanças significativas entre Daughter of God e "O Código Da Vinci". Bem, se Dan Brown plagiou ou não as idéias de outros autores é problema dele.
Um livro alicerçado nas doutrinas da Nova Era
Antes de passarmos para uma análise mais detalhada do romance, é muito importante o querido leitor entender que o autor está imbuído em passar doutrinas da Nova Era e que acredita piamente no que escreve como se fosse verdade.
Dan Brown é muito vivo ou muito covarde. Ele não responde às acusações dos vários padres, teólogos, historiadores, jornalistas e artistas que literalmente descredenciaram "O Código Da Vinci".Brown dá entrevistas em redes nacionais, faz palestras, mas não participa de debates. Vive sossegado escrevendo outros romances, em sua casa no estado de New Hampshire, enquanto escuta músicas da Nova Era, dos CDs da cantora Enya.
Segundo o romance, "as verdades" sobre Maria Madalena deveriam ter vindo à tona na virada do milênio, entre "o final da era de Peixes e o início da era de Aquário" (p.423).
Veja esse relato sobre a importância da revelação da "verdade" durante a era de Aquário: "Estamos entrando na era de Aquário, cujos ideais rezam que o homem irá conhecer a verdade e ser capaz de pensar por si mesmo" (p.285). O que Dan Brown não diz é que a suposta verdade da Nova Era é a velha mentira proclamada pela serpente no Éden. Aquela farsa de que o homem descobriria que ele próprio é Deus: "sereis iguais a Deus" (Gênesis 3.5).
O repórter Charlie Gibson, em entrevista no programa Good Morning America, da Rede de Televisão ABC, em novembro de 2003, perguntou a Brown: se escrevesse um outro livro só contendo os fatos sobre "O Código Da Vinci", ele seria muito diferente? O autor respondeu: "Não iria ser diferente [...] Fiz muitas pesquisas para esse livro. A teoria descrita no meu livro é muito antiga e hoje sou um crente dessa teoria [...] Essa teoria faz muito mais sentido para mim do que o que me foi ensinado quando era criança".[1]
Em outras palavras, Dan Brown acredita que os personagens do seu romance são fictícios, mas a mensagem contida nele é verdadeira.
O romance
A história começa em uma noite no Museu do Louvre, em Paris.
A história começa em uma noite no Museu do Louvre, em Paris, onde Silas, um monge albino vestido com um manto, atira no estômago do curador Jacques Saunière. Silas é um membro numerário da ultra-conservadora seitaOpus Dei da igreja católica. Ele trabalha para um homem que conhece apenas como o "mestre" (mais tarde ficamos sabendo que se trata de Sir Leigh Teabing, um bretão ultra-rico e obcecado em encontrar o Santo Graal). AOpus Dei, a igreja católica, e Sir Leigh Teabing fazem parte do grupo do mal no romance, são os bandidos da história.
Jacques Saunière é um especialista em adoração à deusa e é o grão-mestre do Priorado de Sião, uma organização secreta que esconde e protege o "Santo Graal" (das lendas arthurianas) e os manuscritos que provam que Maria Madalena era mulher de Jesus Cristo e juntos tiveram uma filha chamada Sarah. Na seqüência, Madalena e seus seguidores fugiram para a França e talvez até para a Inglaterra, evitando assim a perseguição que lhe foi imposta pelos apóstolos, especialmente por Pedro.
Jacques Saunière, baleado, só pensou em uma coisa antes de morrer no Louvre: passar em forma de enigmas e anagramas as informações secretas do Priorado de Sião para a sua neta Sophie Neveu, uma agente do Departamento de Criptologia da Polícia Judiciária francesa e especialista em decodificação.
De alguma maneira, Jacques Saunière consegue ficar despido, faz um círculo no chão e se posiciona dentro do círculo de forma semelhante ao desenho "O Homem Vitruviano", de Leonardo da Vinci. Saunière ainda conseguiu escrever com o seu próprio sangue e com tintas visíveis e invisíveis ao olho humano alguns símbolos e mensagens para a sua neta. Em uma dessas mensagens, pede a Sophie Neveu que encontre Robert Langdon, um professor de simbologia religiosa da universidade de Harvard que se encontra palestrando em Paris naqueles dias.
O desenho "O Homem Vitruviano", de Leonardo da Vinci.
Juntos, Sophie e Robert, conseguem resolver o assassinato e posteriormente o mistério do Santo Graal. Nesse romance, o Santo Graal é Maria Madalena, mais especificamente o seu útero, e seus restos mortais encontram-se sepultados na pequena pirâmide, sob a pirâmide invertida, dentro do Museu do Louvre.
Jacques Saunière, Sophie Neveu e Robert Langdon são os mocinhos do romance, a turma boa da história.
Quase todas as colocações contrárias ao cristianismo, à história e às artes, conforme conhecemos hoje, nos são passadas nessa saga através das bocas dos dois personagens mais cultos e estudiosos, a saber: Professor Robert Langdon e Sir Leigh Teabing.
Resumindo, o romance nos leva por toda uma noite e um dia a pontos turísticos de Paris e de Londres só para tentar nos ensinar que a igreja cristã (especialmente a católica) tem reprimido o conhecimento acerca do casamento de Jesus com Maria Madalena e que isso, caso fosse descoberto, destruiria o cristianismo (pp. 261-267).
O que incomoda é o cinismo do autor em relatar na página preliminar algumas falsas considerações como se fossem fatos. Brown proclama como se fosse verdade: "Todas as descrições de obras de arte, arquitetura, documentos e rituais secretos neste romance correspondem rigorosamente à realidade". Então, meu prezado Dan Brown, passarei deste ponto em diante a checar o seu romance para ter a certeza se o mesmo corresponde "rigorosamente à realidade".
Dan Brown: historicamente desautorizado
a) No romance: Pierre Plantard, o Priorado de Sião e os dossiês secretos são autênticos (página preliminar, pp. 221 e 345-346):
Segundo o romance: "O Priorado de Sião – sociedade secreta européia fundada em 1099 – existe de fato. Em 1975, a Biblioteca Nacional de Paris descobriu pergaminhos conhecidos como Os Dossiês Secretos, que identificavam inúmeros membros do Priorado de Sião, inclusive Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Leonardo da Vinci" (página preliminar).
Ops! O autor confundiu o "Priorado de Sião" com a "Ordem ou Abadia de Sião". O "Priorado de Sião" é um movimento religioso mais recente, que surgiu após a II Guerra Mundial. Sua existência foi anunciada em 1962 após ter sido formalmente estabelecido em 1956. O "Priorado de Sião" não tem qualquer conexão com a "Ordem ou Abadia de Sião" da Idade Média, como o livro reivindicou ser um "fato" na sua página preliminar. O grupo da Abadia foi dissolvido pelo rei Luís XIII da França em 1619.
Pierre Plantard confessou à justiça francesa em 1992 ter sido o criador de todas as peças do Priorado de Sião com o intuito de pô-lo no trono da França como um suposto descendente merovíngeo e de Jesus Cristo.
Mais um erro: Dan Brown acredita na autenticidade dos "Dossiês Secretos" que contêm os nomes de todos os supostos grão-mestres do priorado e se encontram arquivados na Biblioteca Nacional de Paris, quando, na verdade, não passam de uma fraude. O fato que Brown não menciona é que o líder do priorado, Pierre Plantard (1920-2000), conhecido como um mascate, anti-semita, católico e fraudulento foi quem criou os falsos "Dossiês Secretos" e quem os depositou na Biblioteca. Os ditos "pergaminhos conhecidos como os Dossiês Secretos" foram uma invenção de Pierre Plantard, conforme desmascarado no programa The History of a Mystery (A História de um Mistério) levado ao ar pela Time Watch BBC em 1996.
E mais, o próprio Pierre Plantard confessou à justiça francesa em 1992 ter sido o criador de todas as peças do Priorado de Sião com o intuito de pô-lo no trono da França como um suposto descendente merovíngeo e de Jesus Cristo. Há na França três locais onde qualquer pessoa pode obter documentação judicial e criminal sobre Pierre Plantard, a saber: a Prefeitura de Polícia de Paris, a Sub-Prefeitura de St. Julien em Geneveis e o Tribunal de Grande Instância de Thonon les Bains.
Então o Priorado de Sião, do qual o autor nos transmite a imagem de ser uma sociedade secreta séria, não passa de uma farsa armada pelo senhor Pierre Plantard.
b) "Os Manuscritos do Mar Morto foram encontrados na década de 50" (página 251):
Brown errou na década! Os manuscritos do Mar Morto que confirmam a autenticidade de vários textos do Velho Testamento foram descobertos a partir da segunda metade da década de 40, em onze cavernas na região de Qumram.
c) "Mais de 80 evangelhos foram estudados para compor o Novo Testamento" (página 248):
Puxa! O autor é ruim em números! Dos 52 textos gnósticos e filosóficos descobertos em Nag Hammadi, no Alto Egito, apenas cinco eram evangelhos, a saber: Verdade, Tomé, Filipe, Egípcios e Maria.
E mais: os evangelhos de Tomé, Filipe e Maria não foram escritos pelos respectivos personagens bíblicos. Foram escritos mais de um século após a morte de Cristo e só Deus sabe quem eram esses autores que se passaram por Tomé, Felipe e Maria. O próprio apóstolo Paulo nos alertou sobre autores fraudulentos: "epístolas (cartas) supostamente vindas de nós" (2 Tessalonicenses 2.1-2).
d) "Jesus só se tornou divino a partir do Concílio de Nicéia", em 325 d.C., convocado pelo imperador romano Constantino (p.248-252):
Com essa afirmação, Brown revela o seu profundo desconhecimento histórico. Na verdade o Concílio de Nicéia apenas reafirmou a divindade de Jesus Cristo, que já era aceita em textos e testemunhos pessoais desde o século I. Vejamos:
O testemunho do próprio Jesus Cristo: "Eu e o Pai somos um" (João 10.30).
O testemunho dos evangelhos e epístolas: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1.1 e 14). Dos israelitas "são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!" (Romanos 9.5). "Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino" (Hebreus 1.8).
O testemunho de vida e morte dos apóstolos: todos os apóstolos de Jesus foram presos e/ou mortos sustentando a verdade de que Jesus Cristo era o Messias e ressuscitou. Caro leitor, ninguém sustenta uma mentira sabendo que aquela mentira vai condená-lo à morte. Os apóstolos morreram pelo que acreditavam ser verdade.
Flávio Josefo conhecia algo sobre Jesus, Suas reivindicações e Seus seguidores.
O testemunho do historiador judeu Flávio Josefo, que viveu algumas décadas após a crucificação de Jesus: no Testimonium Flavianum (Ant. 18:63-64) Jesus é chamado de "um homem sábio". Essa afirmação é seguida por uma breve explicação de que Jesus foi "aquele que realizou feitos surpreendentes"; que era um professor e o Messias que foi condenado por Pilatos para ser crucificado e ao terceiro dia aparentemente recuperou a sua vida; e que "a tribo de cristãos, como seus seguidores são chamados, até o presente momento não desapareceram" (18:63-64). Parece claro que Josefo pelo menos conhecia algo sobre Jesus, Suas reivindicações e Seus seguidores. Ele não era um seguidor de Jesus, mas apenas relatou o que tinha ouvido.
O testemunho dos pais da igreja: bem antes do Concílio de Nicéia, muitos foram aqueles que morreram confessando que Jesus Cristo é Deus: Policarpo de Esmirna era discípulo do apóstolo João, enviou carta à igreja de Filipos entre 112 e 118 e foi martirizado em 160 d.C.[2] Justino, o Mártir, nasceu em Israel, ficou impressionado com a capacidade dos cristãos de enfrentarem a morte de forma heróica, converteu-se ao cristianismo e testemunhou acerca de Jesus até o seu martírio em 165 d.C.[3] Vários outros líderes da igreja de Cristo consideraram Jesus divino muito antes do Concílio de Nicéia, a saber: Inácio (105 d.C.), Clemente (150 d.C.), Irineu (180 d.C.), Tertuliano (200 d.C.), Orígenes (235 d.C.), Novatian (235 d.C.), Cipriano (250 d.C.), entre outros.[4]
O testemunho dos cristãos que passavam pelo Panteão, em Roma: esse templo aos deuses foi concluído em 126 d.C. (cerca de dois séculos antes do Concílio de Nicéia). Cristãos eram levados para o Panteão e aqueles que não se curvavam diante da estátua de César e não confessavam César como "Senhor", eram mortos. Não foram poucos os cristãos que confessaram que só Jesus Cristo é o Senhor e preferiram morrer em vez de negar a Sua divindade.
e) No Concílio de Nicéia, o resultado da votação a favor da divindade de Jesus Cristo foi "meio apertado" (página 250):
Que conversa mole de Brown! O resultado foi uma lavagem a favor da divindade total de Jesus! Dos 318 participantes, 16 se abstiveram de assinar o "Credo de Nicéia". O resultado: 300 votos a favor da divindade total e irrestrita de Cristo (posição já existente na igreja cristã) e 2 votos a favor da divindade parcial e inferior de Cristo (posição defendida pelo padre Ário).
f) "Os descendentes de Cristo geraram a dinastia que hoje é conhecida como merovíngia e fundaram Paris" (página 274):
Nossa! Que besteira! Paris não foi fundada pelos supostos descendentes de Jesus Cristo, ela já existia séculos antes do nascimento de Jesus Cristo! Em meados do século III a.C., a parisii, uma tribo gaulesa, colonizou a ilha Seine Île de la Cite e fundou a colônia de Lutuhezi, que depois também passou a ser chamada de Lutetia Parisorum. Os merovíngeos apenas tornaram Paris a capital da França em 508 d.C.
Cada igreja redonda construída pelos templários na Europa é, na verdade, uma referência à Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém.
g) A "Temple Church, em Londres, é redonda em honra ao sol" (pp. 359 e 364):
Ao associar a forma redonda da Temple Church com o deus pagão do sol, Brown comete um estrondoso erro arquitetônico. Cada igreja redonda construída pelos templários na Europa é, na verdade, uma referência à Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. A Temple Church consagrada em 1185 não foge a essa regra. A redonda Igreja do Santo Sepulcro contém um túmulo que os católicos acreditam ter sido o local onde Jesus foi sepultado. Ela era considerada o lugar mais santo na época das cruzadas.[5]
h) "Durante 300 anos de caça às bruxas, a igreja queimou na fogueira a quantidade impressionante de cinco milhões de mulheres" (página 135):
Que hipérbole! Brown está se baseando em pesquisas desatualizadas e desacreditadas. Na verdade, na melhor estimativa, foram mortos 30 a 50 mil homens e mulheres, acusados de feitiçaria durante quatro séculos (1400 a 1800). Calcula-se que 25% dessas execuções eram de homens. Sem dúvida, um número muito significante, mas nada em comparação com 6 milhões de judeus mortos durante o Holocausto, nem com os 50 milhões eliminados pelo regime de Mao Tse Tung e muito menos com os 60 milhões dos expurgos de Josef Stalin.
Bem, quem acreditar nas colocações históricas de Dan Brown como verdadeiras, corre um sério risco de ficar burro.
Alguns outros erros históricos foram cometidos no livro, mas não irei salientá-los. Acredito que os que foram relatados já são suficientes para afirmar que os fatos históricos não estão do lado de Dan Brown e que esse romancista não passa de um sofrível professor de história.
Dan Brown: artisticamente desautorizado
Leonardo da Vinci (1452-1519) viveu durante a Renascença, mas foi um homem à frente de sua época. Foi pintor, inventor, visionário, matemático, filósofo e engenheiro. Dan Brown acrescenta a essa lista que Leonardo era também "homossexual" (pp.54 e 130). As biografias de Leonardo salientam que, em abril de 1476, ele foi anonimamente acusado de sodomia com o assistente de pintura Saltarelli (conhecido homossexual) e que em 7 de julho do mesmo ano o caso foi arquivado por falta de provas.[6, 7] Portanto, não se pode afirmar que era ou não homossexual. Do que temos certeza mesmo são os erros grosseiros cometidos por Brown quando analisou algumas pinturas de Leonardo tentando nos fazer crer que há um código oculto nelas.
A "Virgem dos Rochedos".
a) A Madona das Rochas (também conhecida como "A Virgem dos Rochedos"):
Quando a personagem Sophie Neveu retira esse quadro dos cabos de sustentação e o põe em sua frente, o autor narra: "Com um metro e cinqüenta, a tela quase escondia o corpo da moça" (p.143). Bem, basta entrar no site oficial do Museu do Louvre para identificarmos logo de cara que o quadro mede 199 x 122 cm e não "um metro e cinqüenta".[8]
Na seqüência, Dan descreve que foram "as freiras" da Confraria da Imaculada Conceição que encomendaram a pintura para Leonardo (p.148). Na verdade, a encomenda foi feita pelos padres da Confraria, já que não existia "freira" nessa instituição.
Em seguida, Brown relata: "A tela mostrava a Virgem Maria de túnica azul, sentada com o braço em torno de um bebê, presumivelmente o Menino Jesus. Diante dela se encontrava sentado Uriel, também com um menininho, presumivelmente o pequeno João Batista. O estranho, porém, era que, em vez da cena que costumeiramente se vê, de Jesus abençoando João Batista, era João que estava abençoando Jesus... E Jesus mostrava-se submisso à sua autoridade!" (p.148). O autor inverteu a identidade de João Batista e de Jesus Cristo. Na verdade, Maria está com o braço em torno do bebê João Batista. Já o bebê Jesus Cristo está à esquerda de Maria, abençoando João Batista.[9]
Logo após, o autor começa a ver o invisível, e diz: "O mais preocupante, porém, era que Maria estava com uma das mãos sobre a cabeça do pequeno João e em um gesto decididamente ameaçador – os dedos pareciam garras de águia agarrando uma cabeça invisível. Por fim, a imagem mais amedrontadora e clara: logo abaixo dos dedos curvos de Maria, Uriel fazia com a mão o gesto de quem corta uma cabeça – como se cortasse o pescoço da cabeça invisível que a mão de Maria, em forma de garra, segurava" (pp. 148-149).
Se você estudar o que os historiadores das artes descrevem sobre esse quadro, vai descobrir que não existe nada do que é narrado por Dan Brown. Essa conversa da "cabeça invisível" de João Batista é mera esquizofrenia artística do autor do romance. O que sabemos de fato é que a mão esquerda de Maria sobre a cabeça de Jesus (e não de João) simboliza proteção. O anjo Uriel seria o "anjo da guarda de João Batista" e aponta em direção a ele.
O autor acertou quando disse que há duas versões de "A Virgem dos Rochedos" (até que enfim acertou uma), mas errou logo em seguida quando tentou explicar o motivo dos dois quadros: "Da Vinci acabou convencendo a confraria a ficar com uma segunda pintura, versão "açucarada" da Madona das Rochas, em que todos se encontravam em posições mais ortodoxas" (p.149). Na verdade, a primeira versão produzida durante os anos de 1483-1486 encontra-se hoje no Museu do Louvre, já a segunda, feita cerca de 20 anos mais tarde (1503-1506) encontra-se na National Gallery,em Londres. Mas, por que duas versões? "Ocorreu uma complicada e amarga discordância em relação ao pagamento: o artista ameaçou vender a obra a um amante de arte que lhe oferecera obviamente muito mais que aquilo que a Irmandade estava preparada para pagar. Esta disputa foi provavelmente a razão de uma segunda versão da Virgem dos Rochedos – a versão que é possível observar presentemente em Londres e que na verdade decorou a capela dos monges em S. Francesco Grande em Milão no século XVI". A versão mais antiga foi provavelmente adquirida com rapidez pelo amante de arte, possivelmente Ludovico Sforza".[10] Posteriormente, Sforza ofereceu o quadro ao Rei da França ou ao Imperador Maximiliano.
A pintura foi intitulada ‘Monna’ Lisa, sendo Monna uma contração da Madonna (mia donna, minha senhora).
b) A Mona Lisa:
Dan Brown não deixou incólume a mais famosa e mais visitada pintura do mundo. Conhecida na França como La Joconde, na Itália, como La Gioconda, e em todos os demais lugares como Mona Lisa, é o quadro número 779 do Louvre.
Quando o professor Robert Langdon, personagem criado por Dan Brown, é questionado se "é verdade que a Mona Lisa é o retrato do próprio Da Vinci, só que travestido?", responde: "É bem possível [...] Mona Lisa não é homem, nem mulher. Traz uma mensagem sutil de androginia. É uma fusão de ambos" (p.130).
Na seqüência, Langdon ensina que as palavras "Mona Lisa" são uma junção do deus egípcio Amon com a deusa egípcia Ísis, "cujo pictograma antigo era L’ISA [...] Amon L’isa" (p.131). E conclui suas considerações com a afirmação: "E esse, meus amigos, é o segredo de Da Vinci, o motivo do sorriso zombeteiro da Mona Lisa" (p.131).
Bem, vamos por etapas, pois é muito devaneio para uma pessoa só.
Primeiro, quem é a modelo na pintura? Algumas hipóteses foram levantadas, mas com certeza, não é Leonardo da Vinci travestido. A alegação mais consistente é de que seja Lisa Gherardim.
"O registro do Battistero di San Giovanni confirma que ela nasceu em Florença, numa terça-feira, em 15 de junho de 1479. [...] Aos 16 anos, Lisa casou-se com um homem dezenove anos mais velho e duas vezes viúvo: Francesco di Bartolomeo di Zanobi Del Giocondo, um dignitário florentino. [...] Na época em que Leonardo começou a pintá-la, ela já tinha tido três filhos, e um deles, uma menina, havia morrido em 1499. [...] E até onde se pode verificar, Lisa não fez nada de excepcional durante sua vida inteira, exceto sentar-se imóvel enquanto Leonardo a desenhava".[11]
Segundo, de onde vem o nome Mona Lisa? Com certeza não é a contração de nomes de divindades egípcias. "A pintura foi intitulada ‘Monna’ Lisa, sendo Monna uma contração da Madonna (mia donna,minha senhora). A grafia "Mona" é incorreta, de origem incerta, mas é a que ficou estabelecida na Inglaterra".[12]
Terceiro, por que o sorriso comedido da Mona Lisa? Não tem nada de "sorriso zombeteiro". Qualquer estudioso ou curioso sobre os quadros de Leonardo vai perceber que aquele sorriso discreto da Mona Lisa não é exclusivo dela. Leonardo pintou outros quadros onde os modelos exibem sorrisos semelhantes, a saber: "São João Batista" (1513-1516); "João Batista com atributos de Baco" (1513-1516); "A Virgem com o menino de Santa Ana" (1510); "Dama com Arminho" (1483-1490). De acordo com Donald Sasson, pesquisador e escritor sobre a Mona Lisa, esse tipo de sorriso discreto fazia parte da etiqueta dos quadros do Renascimento: "Risos – em oposição a sorrisos – são raros nos quadros do Renascimento, e nunca são usados quando a aristocracia e as classes mais altas são representadas. Mona Lisa não ri; ela mostra comedimento e decoro. Um sorriso pode ser considerado como um riso atenuado, como a palavra francesa, sou-rire – "sub-riso" – e a raiz etimológica do latim,subridere, sugerem. No mundo altamente codificado da vida da corte italiana do século XV, sorrisos não são deixados por conta da iniciativa pessoal. Havia numerosos livros à disposição daqueles que desejassem ser introduzidos no código apropriado de comportamento.[13]
Já Giorgio Vasari, biógrafo de artistas e comentarista sobre a Mona Lisa, citou em 1550: "músicos, palhaços e outros artistas ficaram entretendo a modelo, enquanto Leonardo a pintava".[14] Vasari alega ser esse o motivo do discreto sorriso.
O fato é que o sorriso chamava pouca atenção e ninguém o considerava misterioso, mas a partir do século XIX várias teorias conspiratórias surgiram e o marketing do sorriso da Mona Lisa cresceu.
"A Última Ceia" - essa pintura mural de 460 X 880cm, com técnica de óleo e têmpera sobre gesso, na parede do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão.
c) A Última Ceia:
Essa pintura mural de 460 X 880 cm, com técnica de óleo e têmpera sobre gesso, na parede do refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, é uma das obras-primas de Leonardo da Vinci. Hoje bastante deteriorada, está em processo de restauração.
E lá vai Dan Brown outra vez: na página 252, o autor chama "A Última Ceia" de "afresco" quatro vezes. Brown desconhece que o artista, quando optou por pintá-la, renunciara à técnica conhecida por "afresco" e escolheu a técnica de óleo e têmpera sobre gesso.[15]
Na seqüência, o "culto" Sir Leigh Teabing insinua que na pintura deveria haver, mas não há, um cálice de vinho sobre a mesa. Ele conclui que a ausência do cálice demonstra que o Santo Graal não é o cálice: "O Santo Graal não é um objeto. Na verdade... trata-se de uma pessoa" (p.253).
Tudo bem, vamos explicar porque não existe o cálice na "A Última Ceia", já que os personagens do livro de Dan Brown desconhecem a história dessa pintura. Os três primeiros evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas), relatam que Jesus após cear, tomou um cálice e tendo dado graças, o deu a Seus discípulos. Já o texto de João 13.21-24, apenas revela Jesus indicando que entre eles há um traidor e não mostra Cristo ceando ou bebendo com os discípulos. Foi baseado nesse texto joanino que Leonardo da Vinci pintou esse quadro e, por esse motivo, não aparece o cálice. A ênfase tanto do texto bíblico quanto da pintura não é no pão e no vinho, mas, sim, na surpresa dos apóstolos ao tomarem conhecimento de que entre eles havia um traidor.
Na seqüência, Teabing fala à deslumbrada Sophie que a pessoa à direita de Jesus é uma mulher – "Maria Madalena!" (p.260). E mais: que Pedro, com sua mão esquerda próxima ao pescoço de Maria Madalena, é um sinal de ameaça caso ela passe a ser a líder da igreja (p.265).
Puxa! Dan Brown sofre de alucinações. Primeiro: todos os esboços dessa pintura mural revelam que nela não existe mulher alguma e que a pessoa ao lado direito de Jesus Cristo é João, o amado. Se não for João, onde este estaria na pintura? Segundo: era típico do Renascimento retratar as pessoas supostamente "mais puras e mais santas" com um aspecto efeminado, motivo porque Leonardo o retratou assim (apesar de sabermos que João, o amado, não tinha nada de tão santo assim). Terceiro: se João parece uma mulher, o que dizer de Filipe (o terceiro à esquerda de Jesus)? Quarto: o texto de João 13.24 diz que Simão Pedro fez um sinal a João, "dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere". Essa falácia de Pedro ameaçando uma suposta Maria Madalena não tem nenhum fundamento.
As considerações de Brown sobre as pinturas de Leonardo são um desprezo solene ao conhecimento dos fatos.
Bem, meu conselho é que se algum dia Dan Brown quiser ser seu professor de artes, dê um pinote e saia correndo para não se tornar inculto.
Brown comete ainda outros erros artísticos, mas os relatados já são suficientes.
O hilariante é que nos agradecimentos do livro, Brown revela a profissão da sua esposa: "E minha esposa, Blythe – historiadora de arte, pintora, editora de primeira linha e, sem dúvida, a mulher mais incrivelmente talentosa que jamais conheci". Mesmo?? Pare de me fazer cócegas, Dan Brown!
Dan Brown: teologicamente desautorizado
a) "O tetragrama judaico YHWH – o nome sagrado de Deus – na verdade derivava de Jeová, uma união física andrógina entre o masculino, Jah, e o nome feminino pré-hebraico de Eva, Havah" (pp. 328-329):
Está tudo troncho! YHWH não deriva de Jeová. Pelo contrário, Jeová é que é uma adaptação da palavra YHWH. O tetragrama hebraico YHWH, sem qualquer vogal, era impronunciável. A sua provável vocalização era "YAHWEH". Foram os escritores cristãos, no século 16, que "introduziram Jeová sob a noção errônea de que as vogais que usavam eram as corretas. Jeová é um substantivo artificial criado a menos de 500 anos, e certamente não é um substantivo antigo e andrógino do qual YHWH deriva".[16]
No Santo dos Santos só entrava o Sumo Sacerdote, uma vez ao ano, para derramar sangue de animal no propiciatório como remissão dos pecados do povo de Israel.
b) "O Santo dos Santos do Templo de Salomão abrigava não só Deus como também sua poderosa consorte feminina, Shekinah". Homens vinham ao Templo fazer amor com as sacerdotisas e assim experimentavam o divino (p. 328):
O que o autor está afirmando é que Deus tinha relação sexual com sua consorte feminina (Shekinah) dentro do Santo dos Santos. Mais: que os judeus faziam sexo ritualístico com sacerdotisas no mesmo templo. Isso é terrivelmente estranho! E não tem o respaldo de nenhum texto hebraico sério!
Bem, no Santo dos Santos só entrava o Sumo Sacerdote, uma vez ao ano, para derramar sangue de animal no propiciatório como remissão dos pecados do povo de Israel. Qualquer pessoa que ousasse entrar no Santo dos Santos, além do Sumo Sacerdote, era prontamente eliminada por Deus. Deus se manifestava como uma nuvem que cobria o tabernáculo (Êxodo 40.34-38; Números 9.15-23; 1 Reis 8.10-11). Apesar da palavra Shekinah não aparecer na Bíblia Sagrada, é a palavra hebraica para designar "a manifestação da presença de Deus" sobre a arca da aliança. Os israelitas chamam a nuvem sobre o Santo dos Santos de "Shekinah" (a manifestação da presença de Deus). Shekinah não é um dos nomes de Deus e muito menos de sua "consorte feminina". A propósito, essa história de divindade com sua consorte feminina é doutrina hindu e não acha guarida na teologia judaico-cristã.
Na verdade, Dan Brown tentou transformar o local mais santo do Velho Testamento (o Santo dos Santos) em um quarto de motel.
c) "Maria Madalena é o Santo Graal [...] a esposa de Jesus [...] e não era prostituta (pp. 260-267):
Na verdade, há séculos, quando se fala sobre Maria Madalena, três hipóteses são logo levantadas:
A primeira: Maria da cidade de Magdala (Madalena), foi exorcizada por Cristo (Lucas 8.2) e passou a seguí-lO desde então. Não existe evidência para afirmar que era uma ex-prostituta. Eu acredito que ela não era.
A segunda: Maria da cidade de Magdala (Madalena), foi exorcizada por Cristo (Lucas 8.2) e era uma ex-prostituta. Esse ponto de vista só é possível quando se faz a fusão (costumo chamar de confusão) entre Lucas 7.36-50 (fala de uma prostituta, seu nome não é mencionado, que ungiu os pés de Jesus), Lucas 8.2 (fala sobre a ex-endemoninhada Maria Madalena) e João 12.1-8 (fala sobre Maria, provavelmente a irmã de Marta, que ungiu os pés de Jesus). Acredita-se que as mulheres mencionadas em Lucas 7 e em João 12 são Maria Madalena. A associação da mulher de Lucas 7 com Maria Madalena foi feita pelo papa Gregório I em um sermão em 591 d.C. Essa hipótese errônea é defendida pela igreja católica e por alguns pastores evangélicos.
A terceira: Maria da cidade de Magdala (Madalena), era amante de Jesus, teve uma filha dele e tornou-se a líder da igreja. Essa hipótese é baseada em alguns textos gnósticos, a saber: Evangelho de Filipe, Evangelho de Tomé e Evangelho de Maria. É essa calúnia que nos é ensinada no "O Código Da Vinci".
No romance, orientada pelo erudito Sir Teabing, Sophie leu um trecho do Evangelho de Filipe: "E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com freqüência na boca" (p.263).
Acerca dessa passagem que descreve o beijo de Jesus em Maria Madalena (Evangelho de Filipe63:32-64:10), o pesquisador e professor cristão Darrell L. Bock relata:
Este texto foi composto na segunda metade do século III, cerca de 200 anos após a época de Jesus. Descreve Maria como ‘companheira’ de Jesus. Dentre todas as passagens que podem sugerir que Jesus tenha sido casado, esta é a mais importante.
Porém, o ponto central do texto está fragmentado em 63:33-36 e diz: ‘E a companheira de [...] Maria Madalena. [... amou] a ela mais que a [todos] os discípulos e [costumava] beijá-la [sempre] na [...]’. Os colchetes indicam lacunas no texto, pontos em que a leitura não é possível devido a estragos no manuscrito. Aqui temos um mistério para desvendar![17]
Elaine Pagels, pesquisadora não-cristã dos evangelhos gnósticos, também confirma as lacunas no texto: "a que acompanhava o [Salvador é] Maria Madalena. [Mas Cristo a amava] mais que [todos] os discípulos, e costumava beijá-la [freqüentemente] nos [lábios]. Os outros [discípulos se ofenderam com isso...]".[18] Releia agora esse texto do Evangelho de Filipe sem as palavras em colchetes e veja quão especulativo ele realmente é. Por essas e outras é que os evangelhos gnósticos são descredenciados.
Os textos gnósticos têm autoria espúria (por exemplo, ninguém sabe quem é o autor do Evangelho de Filipe).[19] Suas datas são tardias (nenhum texto gnóstico se situa antes de 150 d.C. e, conseqüentemente, não foram escritos por testemunhas oculares).[20] Mais: seus conteúdos são fraudulentos, sem senso cronológico, sem qualquer pesquisa geográfica ou contexto histórico e cheios de discrepâncias com os textos do Novo Testamento que são confirmados historicamente.[21] Os evangelhos gnósticos são desconexos e indicam aversão aos fatos. Uma constelação de disparates.
Querido leitor, permita-me ser mais sincero: Dan Brown como aspirante a teólogo é um calhorda e seu romance parece mais um daqueles tablóides londrinos, mexeriqueiro, anticristão e tosco. Entre esse suposto teólogo e sua obra, não sei qual é o pior.
d) Sobre a adoração à "Mãe Terra" (pp. 135-136):
No que diz respeito à adoração à "Mãe Terra" versus ecologia cristã, sugiro a leitura do artigo "Ecologia Esotérica".
Conclusão: quase tudo que nos ensinaram sobre Jesus é mentira?
Ao término do romance, constatei que Dan Brown nos entregou um cruel chiqueiro com o rótulo de uma pesquisa séria e erudita. Então, por que teria de me preocupar com um romance sem valor histórico, artístico e teológico? A resposta é simples: "O Código Da Vinci" nos ensina uma linhagem gnóstica-esotérica. Até arriscaria dizer que esse romance e o filme popularizarão a aceitação do gnosticismo com a mesma intensidade que o livro e o filme "As Brumas de Avalon" fizeram a favor do paganismo.
A esmagadora maioria dos seus leitores aceitou suas mentiras cadavéricas como sendo verdades preciosas. Poucos são aqueles que o questionaram. A maioria pratica uma leitura anestesiada. Por esse motivo, quando minha esposa me presenteou "O Código Da Vinci" no dia do meu aniversário, colocou em um trecho do oferecimento: "Que o conteúdo nele tratado possa ser desautorizado pelas verdades bíblicas". Saber desautorizar esse livro é dever do cristão para que cada vez menos pessoas sejam enganadas por essa fraude!
O romance de Brown é desprovido da verdade, mas muito ousado, ao ponto de colocar a seguinte afirmação na boca do seu respeitável historiador Sir Teabing: "Quase tudo o que nossos pais nos ensinaram sobre Jesus Cristo é mentira" (p.252). Baseado em que prova sólida ele faz tal afirmação? Quais são as credenciais desse autor para que possamos aferi-las?
Vejam bem, Brown escreveu um livro acerca de Jesus Cristo, citou várias fontes e interpretou-as do jeito que lhe aprouve. No entanto, em nenhum momento mencionou qualquer trecho dos evangelhos neo-testamentários que são a principal fonte fidedigna sobre a vida do nosso Senhor e Salvador.
Assim como não é possível ganhar a final olímpica dos 100 metros rasos com um medíocre condicionamento físico, de igual modo, não é racional aprender sobre a boa história, as refinadas artes e a teologia equilibrada com um romance pífio!
O Dr. Tony Carnes, jornalista evangélico e professor da Columbia University, nos adverte: "Brown leva o leitor por caminhos traiçoeiros com um estilo de ‘ficção dominadora’. Ele tenta atropelar as faculdades mentais do leitor com falsificações grosseiras proferidas por autoridades fictícias de prestigiosas universidades como Harvard e Oxford. Cita fontes incorretamente ou refere-se a outras de que ninguém jamais ouviu falar, apresenta fatos não comprováveis e insulta com apelações como ‘todas as pessoas inteligentes sabem sobre isso"’.[22]
Invente outra, Dan Brown! Pois essa sua farsa não deu certo! Assim como não é possível ganhar a final olímpica dos 100 metros rasos com um medíocre condicionamento físico, de igual modo, não é racional aprender sobre a boa história, as refinadas artes e a teologia equilibrada com um romance pífio!
Aos cristãos que lerem o livro ou assistirem ao filme e ficarem em dúvida sobre a divindade de Jesus Cristo: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gálatas 1.6-8).
Que seja assim. Amém! (Dr. Samuel Fernades Magalhães Costa - http://www.chamada.com.br)
Notas:
  1. The official web site of bestselling author Dan Brown. Video: Good Morning America (Host: Charlie Gibson). http://www.danbrown.com/novels/davinci–code/breakingnews.html
  2. Lutzer, Erwin, A Fraude do Código Da Vinci. Editora Vida. São Paulo, SP, 2004, páginas 34-35.
  3. Id.
  4. Garlow, James L.& Peter Jones, Desmascarando o Código Da Vinci. A. D. Santos Editora. Curitiba, PR, 2004, página 78.
  5. The History of The Temple Church. http://www.templechurch.com/pages/history/church/churchhistory8.htm
  6. Frère, Jean-Claude. Pintor, Inventor, Visionário, Matemático, Filósofo, Engenheiro Leonardo da Vinci. Editions Pierre Terrail. Paris, França, 2001, página 204.
  7. Zöllner, Frank, Leonardo. Benedikt Tashen Verlag GmbH. Koln, Alemanha, 2000, página 92.
  8. The Louvre Museum Official Website – Paintings. http://www.louvre.fr/anglais/collec/peint/inv0777/peint–f.htm
  9. Zöllner, Frank, Leonardo. Página 30.
  10. Id., página 33.
  11. Sasson, Donald, Mona Lisa – A história da pintura mais famosa do mundo. Editora Record. Rio de Janeiro, RJ, 2004, páginas 34 e 35.
  12. Id., página 14.
  13. Ibid., página 25.
  14. Ibid., página 23.
  15. Frère, Jean-Claude. Pintor, Inventor, Visionário, Matemático, Filósofo, Engenheiro Leonardo da Vinci. Página 9.
  16. Welborn, Amy, Decodificando Da Vinci. Editora Cultrix. São Paulo, SP, 2004,
  17. Bock, Darrell L., Quebrando o Código Da Vinci. Novo Século Editora Ltda. Osasco, SP, 2004, páginas 35-36.
  18. Pagels, Elaine, Os Evangelhos Gnósticos. Editora Cultrix. São Paulo, SP, 1990, página 91.
  19. Lutzer, Erwin, A Fraude do Código Da Vinci. Páginas 51-53.
  20. Id., páginas 53-54.
  21. Ibid., páginas 54-58.
  22. Artigo "The Wiccan Holy Grail", by Tony Carnes. SCP Newsletter. SCP Inc., Berdeley, CA, USA, Fall 2003, volume 28:1, páginas 8-9

O local mais inspirador da terra



O Local Mais Inspirador da Terra

Recentemente, o Dr. Ed Hindson e eu conduzimos cinqüenta pessoas a Israel, sempre mencionado como “A Terra Santa”. Ela foi dada por Deus aos filhos de Israel para sempre, e somente os pecados de idolatria e a desobediência deles fizeram com que o Senhor permitisse que Satanás e muitas nações os perseguissem durante dois mil anos. Essa perseguição não acabou nem mesmo com o Holocausto na Alemanha, pois ainda está em andamento em muitos países. Gradativamente, durante os últimos cem anos, Deus tem direcionado os judeus de volta a sua terra, como Ele havia prometido em Ezequiel capítulos 36 e 37. (Ver especificamente 37.11-12; a terra é inequivocamente identificada como “toda a casa de Israel”). Estima-se que um terço dos judeus viva hoje naquela terra, cuja área corresponde aproximadamente à do pequeno estado de Sergipe. (Os judeus afirmam que há 7,2 milhões de habitantes na terra de Israel).
A presença deles, o incrível crescimento e a infraestrutrura naquela terra (apenas cinco anos após nossa última estada lá) são mais do que um milagre. São o cumprimento de uma profecia. É fácil ver que todas as ameaças, as bombas e mesmo quatro guerras não somente os levaram a plantar suas raízes profundamente naquele solo abençoado, mas também toda a nação está dizendo ao mundo: “Nunca mais! Nunca mais seremos tirados de nossa terra natal que nos foi dada por Deus!”
Qualquer estudante de profecias que entenda Ezequiel 38-39 sabe que o Deus Todo-Poderoso intervirá sobrenaturalmente para mantê-los lá até que o Senhor Jesus volte para levar Sua Igreja para os céus (Jo 14.1-3). Pois, embora tentem, todos os vizinhos inimigos de Israel não conseguem tirá-los daquela terra. Apenas o Anticristo fará isso durante a Tribulação, e por somente três anos e meio.
Nem mesmo isso tudo, embora seja inspirador, pode me inspirar tanto quanto o Jardim do Sepulcro. Aquele é o único sepulcro que é famoso por estar vazio! Embora aquela sepultura, bem perto do “lugar da caveira” do lado de fora da Porta Oriental e com outras características identificadoras, não seja aceita universalmente, para mim ela possui identificadores bíblicos suficientes para ser a sepultura de José de Arimatéia, onde Jesus foi sepultado. É aquele sepulcro que ele emprestou ao Salvador por três dias e noites, o que parece ser de maior credibilidade do que qualquer outro local na terra. Todas as vezes que minha esposa e eu estivemos ali, ficamos incrivelmente inspirados a rededicar nossas vidas, nossa família e nosso ministério ao Senhor.
Nada proporcionou uma mudança mais monumental para a humanidade, tanto nesta vida quanto na que está por vir, do que a morte de Jesus Cristo pelos nossos pecados e Sua subseqüente ressurreição.
Desta vez, nosso grupo estava lá para orar pela nação de Israel na última noite de 2010. Ficamos todos maravilhosamente inspirados. Ao longo dos anos, várias das orações que fizemos ali foram respondidas no tempo dEle: nossa família, da qual são todos cristãos com suas respectivas famílias cristãs; nosso ministério, que se tornou mais do que jamais havíamos imaginado; e nosso trabalho de publicações, que excede em muito nossos mais lindos sonhos (inclusive livros traduzidos em trinta e cinco idiomas). Isso é verdadeiramente um milagre de Deus, que foi solicitado no sepulcro, naquele lugar, em 1978, quando pedimos “um ministério internacional por meio da literatura”. E nenhum de nós fez qualquer coisa para promover aquela fase de nosso ministério, razão porque apenas Deus pode receber o crédito por tudo. (Nota: Se você tiver a oportunidade de ir a Jerusalém e visitar aquele sepulcro vazio onde ocorreu o primeiro milagre do cristianismo, não limite a Deus orando por coisas pequenas. Expanda sua fé, leve uma lista de pedidos de oração e ore por aquilo que para o homem parece impossível. Meu lema é: “Nunca limite a Deus por meio da incredulidade”).
Mas, você não precisa estar no sepulcro... que representa o maior milagre da nossa fé cristã. Jesus não apenas ressuscitou dos mortos, Ele o fez também em cumprimento às profecias. Pelo menos seis vezes Ele prometeu que iria ressuscitar, e que isso aconteceria ao terceiro dia! Ele não ressuscitou no segundo dia após Sua morte sacrificial pelos nossos pecados, nem no quinto ou no sexto dia; mas, como disse o anjo que surgiu ali na primeira manhã do dia da ressurreição para rolar a pedra tão pesada para aquele grupo de mulheres que vieram para embalsamar o corpo: “Ele não está aqui; ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia. Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis” (Mt 28.5-7).
As mulheres obedeceram, pois elas imediatamente creram no impossível – que Jesus havia ressuscitado dos mortos ao terceiro dia, como Ele mesmo havia predito, e que os discípulos deveriam seguir rapidamente por quase 90 quilômetros até a Galiléia, onde Ele os veria. E eles foram. E eles creram. Finalmente, cada um deles levou aquele testemunho até a morte. Mesmo o jovem João, que viveu mais de 60 anos depois disso, escreveu cinco livros do Novo Testamento, inclusive o último livro das profecias de Deus. A ele foram dadas as mais detalhadas de todas as profecias sobre os tempos do fim, que estão registradas no Livro do Apocalipse. Esse livro, quando lido e entendido adequadamente, oferece a maior esperança (ou confiança) sobre o futuro eterno que foi dado à humanidade. Essa profecia incrivelmente maravilhosa sobre o futuro foi dada pelo próprio Deus a“Jesus Cristo, ...para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer” (Ap 1.1).Em todos os anais da história nunca houve uma visão mais bonita sobre o futuro eterno do que esta dada por Deus a Jesus Cristo que, por sua vez, enviou um anjo especial para notificar a Seu servo João, para passá-la a “Seus servos” e, através deles, para o mundo todo (Ap 1.1-3).
Nada proporcionou uma mudança mais monumental para a humanidade, tanto nesta vida quanto na que está por vir, do que a morte de Jesus Cristo pelos nossos pecados e Sua subseqüente ressurreição. Não é de admirar que o Espírito Santo tenha inspirado o apóstolo Paulo, por duas vezes, a apresentar a morte do Salvador por nossos pecados, seguida por Sua ressurreição, como o requisito essencial para a salvação. A respeito lemos, primeiro em 1 Tessalonicenses 4.14, e depois em 1 Coríntios 15.3-4.
Jesus não apenas ressuscitou dos mortos, Ele o fez também em cumprimento às profecias. Pelo menos seis vezes Ele prometeu que iria ressuscitar, e que isso aconteceria ao terceiro dia!
À medida que lê os sermões no livro de Atos, você percebe que esse requisito da fé foi a questão básica dos primeiros sermões da Igreja Primitiva bem ali em Jerusalém, onde ocorreu a ressurreição. Quando você encontra Paulo e os outros discípulos nas sinagogas, eles apresentavam primeiro os cumprimentos das profecias messiânicas sobre Jesus para provar quem Ele era e depois apresentavam o Evangelho de que Ele havia morrido pelos pecados deles e que ressuscitara ao terceiro dia. Paulo chamou a isso “o evangelho de Deus”.
Esse imediatamente se tornou o fundamento da fé cristã. Assim, a Igreja jovem que Jesus estava fundando através do Espírito Santo e dos discípulos destacou-se da fé judaica na qual todos haviam sido criados. Os cristãos judeus em Israel se chamam de “judeus completos”.
Tudo isso nos traz de volta à linha mestra sobre o Messias: a salvação que ele ofereceu para “os judeus primeiro, e depois também aos gentios” (o que significa o mundo todo). Qual é a evidência de que Deus aceitou a obra de Jesus na cruz pelos nossos pecados? A ressurreição de Jesus, de acordo com as profecias. Como disse o apóstolo Paulo: “[Jesus Cristo] foi designado Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de Santidade, pela [Sua] ressurreição dos mortos” (Rm 1.1-5). A prova incontestável de que Jesus é o único Filho de Deus e Salvador do Mundo é a Sua ressurreição. É como o selo divino da aprovação do Deus Todo-Poderoso de que Jesus havia pago o preço completamente. Nada além disso é necessário!
Foi isso que o Senhor quis dizer quando falou a Seus discípulos apenas algumas horas antes que se entregasse a si mesmo como o sacrifício pelos pecados de todo o mundo: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.1-3). Sua morte por nossos pecados, de acordo com as Escrituras, Sua ressurreição, de acordo com as Escrituras (inclusive Suas próprias profecias), fornecem provas incontestáveis de que Ele é único dentre os 13 bilhões de pessoas que já viveram e que vivem hoje. Ele foi o “Unigênito Filho de Deus” que deu Sua vida por nossos pecados e que depois ressuscitou para provar isso. Louvado seja Deus! (Tim LaHaye - Pre-Trib Perspectives -http://www.beth-shalom.com.br)
Tim LaHaye escreveu mais de 40 livros e é co-autor dos best-sellers da série Deixados Para Trás.Ele também é um dos editores da Bíblia de Estudo Profética e um dos fundadores do Pre-Trib Research Center (Centro de Estudos Pré-Tribulacionais)

Três Épocas da História da Igreja



"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes. As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão-se apagando. Mas as prudentes responderam: Não, para que nãos nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o. E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço" (Mateus 25.1-13).
Três Épocas da História da Igreja
Primeira época: a era dos apóstolos e os tempos pós-apostólicos (de Pentecostes até o início do século 3 d. C.)
Esse foi o tempo do primeiro amor, caracterizado por uma espera diária e viva pela volta de Jesus Cristo, que o Senhor descreve da seguinte maneira: "Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo" (Mt 25.1).
Na época dos apóstolos e nos primórdios da Igreja, a Palavra ainda era tão viva e eficaz entre os crentes, que eles esperavam constante e intensamente pelo Senhor e por Sua volta. Era costume na época, por exemplo, cumprimentar-se com a saudação "Maranata", que significa "Vem, nosso Senhor!"
Havia nesse tempo um movimento evangelístico, orientado pelo Senhor, indo em Sua direção como que com tochas acesas e brilhantes. Em quase todas as suas cartas, os apóstolos escreviam sobre a esperança viva da volta de Jesus, apresentando-a às igrejas como sendo possível a qualquer momento. Paulo, por exemplo, alegrou-se com a igreja de Tessalônica e confirmou para os cristãos dali: "pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura" (1 Ts 1.9-10). E a Timóteo ele fez saber: "já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda" (2 Tm 4.8).
Os quase 270 capítulos do Novo Testamento mencionam aproximadamente 300 vezes a volta do Senhor Jesus. Um comentário bíblico diz o seguinte:
Só alcançaremos o nível espiritual e a vida santificada que o Novo Testamento ensina, quando a espera pelo Senhor receber tanto espaço em nossos corações como o tinha nas igrejas dos tempos apostólicos. O Dr. Kaftan disse: "O maravilhoso poder da Igreja primitiva residia única e exclusivamente em sua esperança viva pela volta visível e pessoal de Cristo".
Uma afirmação de Pedro, que se ajusta muito bem à parábola das dez virgens, mostra quanto o tempo dos apóstolos ainda era impregnado pela expectativa da volta de Jesus: "Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração" (2 Pe 1.19). De que modo as dez virgens foram ao encontro do Senhor? Com suas candeias acesas. Isso simboliza a palavra profética, que deve ser colocada no velador. A exortação do Senhor Jesus é: "Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias. Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram" (Lc 12.35-37). De fato, a era da igreja primitiva era fortemente caracterizada pela espera pelo Senhor, como Jesus disse na parábola: "Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram e encontrar-se com o noivo".
Segunda época: Perda do primeiro amor e sono espiritual
Rapidamente o primeiro amor ao Senhor Jesus e à Sua Palavra foi se extinguindo. Assim, houve um bloqueio na espera por Sua volta, que adormeceu. Esse período é descrito em Mateus 25.5: "E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram".
Já nas cartas às igrejas transcritas no Apocalipse, o Senhor teve de dizer: "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas" (Ap 2.4-5).
Logo após a morte dos apóstolos, a luz em relação à volta de Jesus começou a se extinguir nas igrejas. Certamente ainda havia muita atividade, mas a espera ardente, o primeiro amor de uma noiva por seu noivo, começou a diminuir. A espera adormeceu.
As virgens prudentes tinham suas lâmpadas bem acesas e brilhantes – elas serviam para iluminar a chegada do noivo. Elas fizeram aquilo que Jesus havia exigido: deixaram suas luzes brilhar e esperavam por Ele. Elas firmaram-se na palavra profética e deram-lhe atenção "como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração".
Nesse contexto, creio que o Senhor estava tentando dizer à igreja de Éfeso aproximadamente o seguinte: "Você não é mais como uma virgem ou uma noiva, que vai ao encontro de seu noivo com a lâmpada acesa. Você abandonou o primeiro amor, mesmo possuindo a palavra profética. Mas de que ela serve, se você não a utiliza para iluminar seus passos para vir ao meu encontro? Por isso, arrependa-se, pois se você não o fizer, eu virei e tomarei de você o candelabro da palavra profética." E foi justamente isso que aconteceu: a luz da palavra profética quase perdeu-se completamente nos séculos subseqüentes.
"E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram." Na história da Igreja, as coisas desenrolaram-se exatamente como está descrito aqui de maneira figurada. O Senhor Jesus tardou em vir. Ele demorou para voltar. E aí o cristianismo foi tomado de sono espiritual, que fez adormecer todas as esperanças pela volta do Senhor. Os cristãos deixaram de vigiar, exatamente o que deveriam ter feito seguindo as repetidas e claras ordens de Jesus. E por saber dessa situação, Ele exortou Sua Igreja:
• "Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias" (Lc 12.35).
• "Sede vós semelhantes a homens que esperam pelo seu senhor, ao voltar ele das festas de casamento; para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram" (v. 36).
• "Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo" (Mc 13.35-36).
Com o desaparecimento da espera pela volta de Jesus, foi minguando também o conhecimento sobre o assunto. É assustador observar que aproximadamente a partir do ano 300 d. C. não se acham mais menções da volta de Jesus na literatura cristã da época. Praticamente nenhum hino daquele tempo e nenhum comentário bíblico, do ano 300 d. C. até o século 18, fala da espera pela volta de Jesus para buscar Sua Igreja, para arrebatar Sua noiva. Mesmo nos tempos da Reforma existem poucos registros de referências ao arrebatamento da Igreja. O retorno à Palavra de Deus nesse tempo foi maravilhoso e havia a crença na volta de Jesus, mas apenas para o fim dos dias, no dia do Juízo Final. Todo o restante a respeito da volta do Senhor desapareceu do cristianismo. A espera pela volta de Jesus foi como que encoberta, soterrada.
Gerhard Herbst escreveu:
Nas igrejas e denominações, inclusive na hinologia, a diferença entre o arrebatamento e a volta de Jesus praticamente inexiste ou é desconsiderada. Quando se chega a falar sobre a volta de Jesus, pensa-se sempre na volta visível do Senhor sobre o monte das Oliveiras. Mas essa é a esperança de Israel e não da Igreja de Jesus... O arrebatamento da Igreja de Jesus é o próximo acontecimento para a Igreja, o próximo evento pelo qual ela deve esperar. E essa volta não está condicionada a sinais prévios.
Terceira época: Despertamento espiritual
Essa última fase tem mais ou menos 150 a 200 anos. Ela coincide praticamente com a volta dos primeiros imigrantes judeus para sua pátria. Por quê?
Essa terceira época situa-se no final do tempo da graça e é o chamado "tempo do fim". Na parábola das dez virgens esse período é descrito da seguinte maneira: "Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam suas lâmpadas" (Mt 25.6-7).
A partir do início do século 19 (e mesmo um pouco antes) o cristianismo vivenciou uma forte ação do Espírito Santo. Surgiram movimentos avivalistas, sociedades missionárias floresceram. Novos hinos foram compostos, e a volta de Jesus para o arrebatamento da Sua Igreja passou a ser novamente proclamada. Um dos pregadores dessa época foi o inglês John Nelson Darby (1800 – 1882), fundador das Igrejas dos Irmãos. A luz voltou a brilhar e resplandeceu claramente, ao ser anunciada novamente a vinda de Jesus para buscar Sua Igreja – a candeia voltou a ser colocada no velador. Mas esse movimento não se restringiu apenas à Inglaterra. Também nos Estados Unidos muitos se levantaram e começaram a publicar material falando da volta de Jesus para a Igreja e tornando esse o tema central de suas pregações.
Darby era de opinião que a Igreja tinha entrado em decadência desde o tempo dos apóstolos. Ele pretendia contribuir para um renascimento dos tempos apostólicos. Uma enciclopédia teológica diz de Darby: "Extensas viagens pela Europa ocidental, à América do Norte e à Austrália contribuíram para o ajuntamento espiritual da igreja de Filadélfia nos tempos finais, preparando-a para a volta de Jesus".
No século 19 descobriu-se novamente a diferença entre o "arrebatamento" e o "Dia do Senhor". Paralelamente surgiram muitas igrejas independentes, pois havia homens e mulheres corajosos que romperam com os sistemas eclesiásticos vigentes na época, passando a pregar a mensagem clara da iminente volta do Senhor.
Como aconteceu esse despertamento, como foi redescoberta a verdade sobre o arrebatamento? Foi como se, de repente, as pessoas acordassem de um longo e profundo sono! Certamente esse foi um chamado do Espírito Santo de Deus, que repentinamente despertou a muitos por estarmos nos aproximando da volta de Jesus! Sim, realmente nos encontramos na hora da meia-noite, quando soará o chamado do Espírito: "Eis o noivo! Saí ao seu encontro!"
Certamente não foi por acaso que, paralelamente com esse reavivamento espiritual da Igreja de Jesus, tenha se iniciado também a restauração de Israel e o repentino despertar dos judeus para retornarem à sua pátria. Esses dois movimentos são dirigidos pelo Espírito Santo. Maranata! Vem, nosso Senhor! (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)
Norbert Lieth É Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional. Suas mensagens têm como tema central a Palavra Profética. Logo após sua conversão, estudou em nossa Escola Bíblica e ficou no Uruguai até concluí-la. Por alguns anos trabalhou como missionário em nossa Obra na Bolívia e depois iniciou a divulgação da nossa literatura na Venezuela, onde permaneceu até 1985. Nesse ano, voltou à Suíça e é o principal preletor em nossas conferências na Europa. É autor de vários livros publicados em alemão, português e espanhol.

OLHA PARA CIMA, DEUS ESTÁ NO CONTROLE




OLHA PARA CIMA, DEUS ESTÁ NO CONTROLE


Olha para cima, Deus está no controle
Viver é uma aventura, uma aventura perigosa. 
A estrada da vida está juncada de espinhos, armadilhas e minas prontas a explodirem. 
O inimigo nos espreita e busca uma ocasião oportuna para nos atacar. 
No caminho há perigos, ameaças, montes escarpados, ladeiras escorregadias, pinguelas estreitas, lagos
 profundos, vales escuros, desertos esbraseantes. As circunstâncias adversas, muitas vezes, conspiram 
contra nós; situações inesperadas nos deixam abalados; ventos contrários, surram com desmesurado rigor o
 barco da nossa vida. 

Somos surpreendidos por tempestades que atingem a nossa saúde, o nosso bolço, o nosso lar, a nossa paz. Somos feridos por setas pontiagudas que rasgam a nossa carne, fazem jorrar o nosso sangue e alagar o nosso leito com as nossas lágrimas. 
Somos, então, amassados debaixo do rolo compressor da angústia, gememos, choramos, sentimos nossas forças sendo minadas, o sorriso apagar-se do nosso rosto, o brilho fugir dos nossos olhos. O cenário parece sombrio, não enxergamos uma luz no fim do túnel, não divisamos solução à vista. 
O que fazer nessas horas? 
Para onde correr? 
Onde devemos buscar socorro?
Ser cristão não é ser poupado dos problemas. Cristianismo não é uma apólice de seguro contra o
 acidentes da viagem rumo à Canaã celestial. 
O sofrimento faz parte também da agenda do povo de Deus. Neste mundo sempre vamos ter aflições.
 Aqueles que andaram com Deus neste mundo não pisaram tapetes aveludados, mas cruzaram desertos inóspitos,

 entraram em cavernas escuras, atravessaram mares encapelados, desceram aos vales sombrios, foram jogados 
nas fornalhas ardentes, trancados nas prisões, empurrados para as arenas, lançados nas fogueiras. 
O próprio Filho de Deus, imaculado, impoluto e sem jaça, quando pisou nesta terra bebeu o cálice do sofrimento: 
foi perseguido, insultado, abandonado, negado, traído, esbofeteado, cuspido, pregado numa cruz. 
O nosso sofrimento não deve ser interpretado como ausência do amor de Deus por nós. Ele sofre conosco. 
Ele é compassivo. Nossa dor é a sua dor. Os nossos gemidos são os soluços de Deus. Não sofremos porque 
Deus está distante de nós ou nos castigando. Mesmo quando ele nos disciplina, sua motivação é o seu amor, 
seu propósito é a nossa santidade. O nosso sofrimento nunca é maior do que a consolação de Deus. 
Nosso vale nunca é tão profundo que a misericórdia de Deus não seja mais profunda. 
O bálsamo de Deus sempre é eficaz para curar todas as nossas feridas. 
A alegria de Deus é temperada com as nossas lágrimas e a paz que excede todo o entendimento jorra do trono de Deus ao nosso coração mesmo nas noites mais escuras do nosso sofrer.
Mesmo quando sofremos, Deus está no controle das circunstâncias, para consolar-nos, levantar-nos, 
fortalecer-nos e usar-nos como fontes de consolação. O nosso sofrimento é pedagógico: ele nos ensina a perseverar, ele nos proporciona experiência com Deus, ele abre dentro do nosso peito uma fonte de esperança no Deus vivo. 
O nosso sofrimento é leve e momentâneo se comparado com as glórias que nos estão reservadas no céu;
 ele produzirá para nós eterno peso de glória acima de toda comparação. 
Por isso, se você está sofrendo, não fique deprimido nem desanimado, mas levante a cabeça e saiba que Deus
 está no controle. Na jornada da vida, por mais estreito que seja o caminho, ele o segura pela sua mão, o guia 
com o seu conselho eterno e depois o receberá na glória!
Rev. Hernandes Dias Lopes


Professor faz alunos pisarem sobre o nome de Jesus





Professor faz alunos pisarem sobre o nome de Jesus

(Foto: WPEC-TV video)
Ryan Rotela, estudante da Universidade Florida Atlantic, mostra um exemplo do nome de Jesus escrito num papel em uma lição (2013), em que o professor pediu para pisar em cima do nome.

Professor faz alunos pisarem sobre o nome de Jesus; estudante se recusa e é suspenso.

Um professor da Universidade Florida Atlantic fez seus alunos escrever o nome “Jesus” em um pedaço de papel e depois pisar nele, como parte de uma “lição de debate,” revelou um estudante que foi suspenso por se recusar a participar do exercício.

“Eu não vou ficar sentado em uma classe e ter meus direitos religiosos profanados,” disse o estudante Ryan Rotela, um mórmon, ao WPEC. “Eu realmente vejo isso como eu estando sendo punido.”

Rotela explicou que sua turma de Comunicação Intercultural recebeu a instrução para escrever o nome de Jesus em um pedaço de papel, em seguida, reunir e pisar nele. O estudante se recusou, no entanto, e pegou o papel do chão e colocou-o de volta na mesa.

O professor, Deandre Poole, estava aparentemente tentando ensinar os alunos a “lição de debate”, mas o estudante achou a lição insultuosa e ofensiva.

“Eu disse para o professor: Com todo o respeito à sua autoridade como professor, eu não acredito que o que você nos disse para fazer foi apropriado”, disse Rotela. “Eu acredito que foi pouco profissional e eu fiquei profundamente ofendido com o que você me disse para fazer.”

O aluno foi suspenso depois pela universidade, que está defendendo o instrutor.
 
“Como em qualquer lição acadêmica, o exercício foi feito para incentivar os alunos a ver as questões a partir de muitas perspectivas, em relação direta com os objetivos do curso,” disse à Fox News, Noemi Marin, diretora da universidade da escola de comunicação e estudos de multimídia.

“Apesar de, por vezes, os temas discutidos poderem ser sensíveis, um ambiente universitário é um espaço para diálogo e debate”, acrescentou Marin.

Pisar em nome de Jesus é, na verdade, uma lição inteira, que está incluída no livro para a classe, chamada “Comunicação Intercultural: Uma Abordagem Contextual Edição 5″.

“Peça aos alunos escreverem o nome de Jesus em letras grandes em um pedaço de papel”, lê-se uma sinopse para a lição.

“Peça aos alunos para se levantarem e colocarem o papel no chão, na frente deles com o nome para cima. Peça aos alunos para pensarem sobre isso por um momento. 

Depois de um breve período de silêncio peça-os para pisarem sobre o papel. A maioria hesitará. Pergunte por que eles não podem pisar no papel. Discuta a importância dos símbolos na cultura.”

Paul Kengor, o diretor executivo do Centro para a Visão e Valores em Grove City College, disse à Fox News que essa lição é um exemplo direto da sociedade secular que tem como alvo o Cristianismo.

“Estes são os novos discípulos seculares da ‘diversidade’ e ‘tolerância’ – jargões vazios que fazem os liberais e progressistas se sentirem bem, enquanto eles muitas vezes se recusam a tolerar e às vezes até tomar de assalto crenças cristãs tradicionais e conservadoras”, disse Kengor.



 Acesso: 28/03/13