Religião
Origem:
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Símbolos que representam
diferentes religiões do mundo, da esquerda para a direita:
Linha 1: Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo
Linha 2: Islamismo, Budismo, Xintoísmo
Linha 3: Sikhismo, Bahai, Jainismo
Linha 1: Cristianismo, Judaísmo, Hinduísmo
Linha 2: Islamismo, Budismo, Xintoísmo
Linha 3: Sikhismo, Bahai, Jainismo
Religião (especula-se várias origens.[1] Detalhes na seção etimologia) é um conjunto de sistemas culturais e de
crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com
a espiritualidade e
seu próprios valores
morais.[2]Muitas
religiões têm narrativas, símbolos, tradições e
histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou
explicar a sua origem e
do universo.
As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética,
as leis religiosas ou
um estilo de vida preferido
de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana.
A palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença,
mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um
aspecto público. A maioria das religiões têm comportamentos organizados,
incluindo hierarquias clericais,
uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos,
reuniões regulares ou serviços para fins de veneraçãoou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas
para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões,
comemoração das atividades de um deus ou deuses,sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços
funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança,
ou outros aspectos religiosos da cultura humana.
O desenvolvimento da religião assumiu diferentes formas em
diferentes culturas. Algumas religiões colocam a tônica na crença, enquanto
outras enfatizam a prática. Algumas religiões focam na experiência religiosa
subjetiva do indivíduo, enquanto outras consideram as atividades da comunidade
religiosa como mais importantes. Algumas religiões afirmam serem universais,
acreditando que suas leis e cosmologia são
válidas ou obrigatórias para todas as pessoas, enquanto outras se destinam a
serem praticada apenas por um grupo bem definido ou localizado. Em muitos
lugares, a religião tem sido associada com instituições públicas, como educação, hospitais, família, governo e hierarquias políticas.
Alguns acadêmicos que estudam o assunto têm dividido as religiões em três
categorias amplas: religiões mundiais,
um termo que se refere à crenças transculturais e internacionais; religiões indígenas,
que se refere a grupos religiosos menores, oriundos de uma cultura ou nação
específica; e o novo movimento religioso,
que refere-se a crenças recentemente desenvolvidas.[3] Uma teoria acadêmica moderna sobre a
religião, o construtivismo social,
diz que a religião é um conceito moderno que sugere que toda a prática
espiritual e adoração segue um modelo semelhante ao das religiões abraâmicas,
como um sistema de orientação que ajuda a interpretar a realidade e definir os seres humanos[4]e,
assim, a religião, como um conceito, tem sido aplicado de forma inadequada para
culturas não-ocidentais que não são baseadas em tais sistemas
ou em que estes sistemas são uma construção substancialmente mais simples.
Índice
|
[editar]Etimologia
América do Sul[Expandir]
Oriente Médio[Expandir]
Oceania[Expandir]
|
A palavra portuguesa religião deriva da palavra latina religionem (religio no nominativo), mas desconhece-se ao certo que relações
estabelece religionem com outros vocábulos. Aparentemente no
mundo latino anterior ao surgimento do cristianismo, religionem referia-se a um estilo de
comportamento marcado pela rigidez e pela precisão.
A raiz da palavra Religião tem ligações com o -lig- de diligente
ou inteligente ou com le-, lec-, -lei, -leg- de "ler",
"lecionar", "eleitor" e "eleger" respectivamente.
o re- iniciar é um prefixo que vem de red(i) "vir",
"voltar" como em "reditivo" ou "relíquia" [5]
Historicamente foram propostas várias etimologias para a origem de religio. Cícero,
na sua obra De natura deorum,
(45 a.C.) afirma que o termo se refere a relegere, reler, sendo
característico das pessoas religiosas prestarem muita atenção a tudo o que se
relacionava com os deuses, relendo as escrituras. Esta proposta etimológica
sublinha o carácter repetitivo do fenómeno religioso, bem como o aspecto
intelectual. Mais tarde, Lactâncio (século III e IV d.C.)
rejeita a interpretação de Cícero e afirma que o termo vem de religare, religar, argumentando
que a religião é um laço de piedade que serve para religar os seres humanos a
Deus.
No livro "A Cidade de Deus" Agostinho de Hipona (século IV d.C.)
afirma que religio deriva de religere, "reeleger".
Através da religião a humanidade reelegia de novo a Deus,
do qual se tinha separado. Mais tarde, na obra De vera religione Agostinho retoma a interpretação de
Lactâncio, que via em religio uma relação com "religar".
Macróbio (século V d.C.)
considera que religio deriva de relinquere, algo que nos foi
deixado pelos antepassados.
A palavra "religião" foi usada durante séculos no contexto
cultural da Europa,
marcado pela presença do cristianismo que se apropriou do termo latino religio. Em outras civilizações
não existe uma palavra equivalente. O hinduísmo antigo utilizava a palavra rita que apontava para a ordem cósmica do
mundo, com a qual todos os seres deveriam estar harmonizados e que também se
referia à correcta execução dos ritos pelos brâmanes. Mais tarde, o termo foi substituído por dharma, termo que atualmente é
também usado pelo budismo e que exprime a ideia de uma lei divina e eterna. Rita relaciona-se também com a primeira
manifestação humana de um sentimento religioso, a qual surgiu nos períodos Paleolítico e Neolítico, e que se expressava por um vínculo com a Terra e com a Natureza,
os ciclos e a fertilidade. Nesse sentido, a adoração à Deusa mãe, à Mãe
Terra ou Mãe Cósmica estabeleceu-se como a primeira
religião humana. Em torno desse sentimento formaram-se sociedades matriarcais centradas na figura feminina e suas
manifestações.[6] Ainda entre os hindus destaca-se a
deusa Kali ou A
negra como símbolo desta Mãe cósmica. Cada uma das
civilizações antigas representaria a Deusa,
com denominações variadas: Têmis (Gregos), Nu Kua (China), Tiamat (Babilônia) e Abismo ,(Bíblia).
Segundo o mitologista Joseph Campbell a
mudança de uma ideia original da Deusa
mãe identificada com a
Natureza para um conceito de Deus deve-se aos hebreus e à organização patriarcal desta
sociedade. O patriarcalismo formou-se a partir de dois eventos fundamentais: a
atividade belicosa de pastoreio de gado bovino e caprino [7] e às constantes perseguições
religiosas que desencadeavam o nomadismo e a perda de identidade territorial.[8] Herdado da cultura hebraica, patriarcado é
uma palavra derivada do grego pater,
e se refere a um território ou
jurisdição governado por um patriarca;
de onde a palavra pátria.
Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário
do latim pagus, aldeia,
donde também vem pagão.
País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz.
Independente da origem, o termo é adotado para designar qualquer conjunto
de crenças e valores que compõem a fé de determinada pessoa ou conjunto de
pessoas. Cada religião inspira certas normas e motiva certas práticas.
[editar]Conceitos
Existem termos que são ditos/escritos frequentemente no discurso religioso
grego, romano, judeu e cristão. Entre eles estão: sacro e seus derivados (sacrar, sagrar,
sacralizar, sacramentar, execrar), profano (profanar) e deus(es).[9] O
conceito desses termos varia bastante conforme a época e a religião de quem os
emprega. Contudo, é possível ressaltar um mínimo comum à grande parte dos
conceitos atribuídos aos termos.[10]
Os religiosos gregos e romanos criam na existência de vários deuses; os
judeus, muçulmanos e cristãos acreditam que há apenas uma divindade, um ser
impossível de ser sentido pelos sensores humanos e que é capaz de provocar
acontecimentos improváveis/impossíveis que podem favorecer ou prejudicar os
homens.[10] Para
grande parte das religiões,[9] as
coisas e as ações se dividem entre sacras e profanas. Sacro é aquilo que mantém uma
ligação/relação com o(s) deus(es). Frequentemente está relacionado ao conceito
de moralidade.[9] Profano é aquilo que não mantém nenhuma
ligação com o(s) deus(es). Da mesma forma, para grande parte das religiões a
imoralidade e o profano são correspondentes. Já o verbo "profanar"
(tornar algo profano) é sempre tido como uma ação má pelos religiosos.[10]
[editar]Definição
Este
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Por favor, melhore este artigo providenciando mais fontes fiáveis e independentes, inserindo-as em notas de rodapé ou no corpo do texto, nos locais indicados. Encontre fontes: Google — notícias, livros, acadêmico — Scirus — Bing. Veja como referenciar e citar as fontes. |
Dentro do que se define como religião podem-se encontrar muitas crenças e
filosofias diferentes. As diversas religiões do mundo são de facto muito
diferentes entre si. Porém ainda assim é possível estabelecer uma
característica em comum entre todas elas. É facto que toda religião possui um sistema
de crenças no sobrenatural, geralmente envolvendo divindades, deuses e demónios.[11] As
religiões costumam também possuir relatos sobre a origem do Universo,
da Terra e do Homem,
e o que acontece após a morte.
A maior parte crê na vida após a morte.[11]
A religião não é apenas um fenômeno individual, mas também um fenômeno
social. Exemplos de doutrinas que exigem não só uma fé individual, mas também
adesão a um certo grupo social, são as doutrinas da Igreja,
do judaísmo, dos amish.
A ideia de religião com muita frequência contempla a
existência de seres superiores que teriam influência ou poder de determinação
no destino humano. Esses seres são principalmente deuses, que ficam no topo de
um sistema que pode incluir várias
categorias: anjos, demônios, elementais, semideuses, etc.
Outras definições mais amplas de religião dispensam a ideia de divindades e
focalizam os papéis de desenvolvimento de valores morais, códigos de conduta e
senso cooperativo em uma comunidade.[11]
Ateísmo é
a ausência de crença em qualquer tipo de deus, muitas vezes se contrapondo às
religiões teístas. Agnosticismo é
a postura filosófica que afirma ser impossível saber racionalmente sobre a
existência ou inexistência de deuses e sobre a veracidade de qualquer religião
teísta, por falta de provas favoráveis ou contrárias.[9] Deísmo é a crença na existência de um Deus
criador, mas questiona a ideia de revelação divina.
Algumas religiões não consideram deidades, e podem ser consideradas como
ateístas (apesar do ateísmo não ser uma religião, ele pode ser uma característica de uma religião). É o caso do budismo,
do confucionismo e
do taoísmo. Recentemente surgiram movimentos
especificamente voltados para uma prática religiosa (ou similar) da parte de
deístas, agnósticos e ateus - como exemplo podem ser citados o Humanismo Laico e
o Unitário-Universalismo. Outros criaram sistemas filosóficos alternativos como August Comte, fundador da Religião da Humanidade.
As religiões que afirmam a existência de deuses podem ser classificadas em dois tipos:
monoteísta ou politeísta. As religiões monoteístas (monoteísmo) admitem somente a existência de um único
deus, um ser supremo. As religiões politeístas (politeísmo) admitem a existência de mais de um deus.
Atualmente, as religiões monoteístas são dominantes no mundo: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo juntos agregam mais da metade dos
seres humanos e quase a totalidade do mundo ocidental. Além destas, o Zoroastrismo, a Fé Bahá'í, o Espiritismo e Bnei Noah são
religiões monoteístas.
[editar]Movimentos
religiosos
Ver artigo principal: Principais
grupos religiosos
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Mapa das maiores religiões do
planeta.
Esta classificação procura agrupar as religiões com base em critérios
geográficos, como a concentração numa determinada região ou o facto de certas
religiões terem nascido na mesma região do mundo. As categorias mais empregues
são as seguintes:
·
Religiões da Oceania:
religiões dos povos das ilhas do Pacífico, da Austrália e
da Nova Zelândia;
Esta classificação não se refere à forma como tais religiões estão
distribuídas hoje pela Terra, mas às regiões onde elas surgiram. Fundamenta-se
no fato de que as religiões paridas em regiões próximas mantém também
proximidades em relação aos seus credos, por exemplo: as religiões nascidas no Oriente
Médio em geral são monoteístas e submetem seus crédulos a forte regime de
proibições e obrigações, sempre se utilizando de ameaças pós-mortem como a do
inferno cristão. Já as religiões nascidas no Oriente Distante são ou
politeístas ou espiritualistas (não pregam a existência de nenhum deus, mas
acreditam em forças espirituais) e são mais flexíveis quanto suas normas
morais.
A distribuição atual das religiões não corresponde às suas origens, já que
algumas perderam força em suas regiões nativas e ganharam participação em
outras partes do planeta, um exemplo básico é o cristianismo, que é minoritário
no Oriente Médio (onde surgiu) e majoritário em todo o Ocidente e na Oceania
(para onde migrou).
[editar]Mundo contemporâneo
Este mapa mostra as religiões
predominantes que caracterizam cada país no mundo. Em muitos casos, duas
religiões com extensões de difusão semelhante, na mesma área, são representados
por uma textura listrada que alterna tanto as cores associadas com os dois
sistemas religiosos (em inglês).
Percentagem de cidadãos por país
que consideram a religião "muito
importante" (em inglês).
Desde os finais do século XIX, e em particular desde a segunda metade do século XX, o papel da religião, bem como seu número
de aderentes, se tem alterado profundamente.
Alguns países cuja tradição religiosa esteve historicamente ligada ao
cristianismo, em concreto os países da Europa, experimentaram um significativo
declínio da religião. Este declínio manifestou-se na diminuição do número de
pessoas que frequenta serviços religiosos ou do número de pessoas que desejam
abraçar uma vidamonástica ou ligada ao sacerdócio.
Em contraste, nos Estados Unidos, na América Latina e
na África subsariana,
o cristianismo cresce significativamente; para alguns estudiosos[quem?] estes locais serão num futuro próximo
os novos centros desta religião. O islão é actualmente a religião que mais
cresce em número de adeptos, que não se circunscrevem ao mundo árabe, mas
também ao sudeste asiático, e a comunidades na Europa e no continente
americano. O hinduísmo, o budismo e o xintoísmo tem a sua grande área de
influência no Extremo Oriente, embora as duas primeiras tradições
influenciem cada vez mais a espiritualidade dos habitantes do mundo ocidental.
A Índia,
onde cerca de 80% da população é hindu, é um dos países mais religiosos do
mundo, ficando em segundo lugar após os Estados Unidos. As explicações para o
crescimento das religiões nestas regiões incluem a desilusão com as grandes
ideologias do século XIX e XX, como o nacionalismo e
o socialismo.
Por outro lado, o mundo ocidental é
marcado por práticas religiosas sincréticas, ligadas a uma "religião
individual" de cada um faz para si e ao surgimento dos chamados
"novos movimentos religiosos". Embora nem todos esses movimentos
sejam assim tão recentes, o termo é usado para se referir a movimentos
neocristãos (Movimento de Jesus), judaico-cristãos (Judeus por Jesus),
movimentos de inspiração oriental (Movimento Hare Krishna)
e a grupos que apelam ao desenvolvimento do potencial humano através por
exemplo de técnicas de meditação (Meditação Transcendental).
Também presente na Europa e nos Estados Unidos da América é aquilo que os
investigadores designam como uma "nebulosa místico-esotérica", que
apela a práticas como o xamanismo,
o tarot,
a astrologia, os mistérios e cuja actividades giram em
torno da organização de conferências, estágios, revistas e livros. Algumas das
características desta nebulosa místico-esotérica são as centralidades do
indivíduo que deve percorrer um caminho pessoal de aperfeiçoamento através da
utilização de práticas como o ioga,
a meditação, a ideia de que todas as religiões podem
convergir , o desejo de paz mundial e do surgimento de uma nova era marcada por
um nível superior de consciência.
Quatro maiores
religiões
|
% da população
mundial
|
Artigo
|
|
População mundial
|
Dados extraídos de
artigos individuais:
|
||
1,9 bilhão – 2,1 bilhões[13]
|
29% – 32%
|
||
1,3 bilhão – 1,57 bilhão[14]
|
19% – 21%
|
||
7% – 21%
|
|||
950 milhões – 1 bilhão[17]
|
14% – 20%
|
||
Total
|
4,65 bilhões – 6,17
bilhões
|
68,38% – 90,73%
|
[editar]Mídia
Em 23 de dezembro de 1999 em seu número especial por ocasião da
mudança do milênio, a revista The Economist publicou
uma nota necrológica de Deus,[18] e
afirmou mais tarde ter agido precipitadamente. Num longo noticiário de 3 de novembro de 2007,
reconhece que apesar do prognóstico laicista ou secularista, a fé sobrevive. O
noticiário concluiu que para um político ou estadista seria um erro muito
perigoso ignorar ou legar a um segundo plano a religião.[19] A
temática em torno de religião e sobre Deus também tomou conta do debate político
nos Africa em 2010 e ganhou espaço na campanha eleitoral,
candidatos são obrigados a responder perguntas sobre religião e se veem
compelidos a participar de cultos.[20]
[editar]Características
Embora cada religião apresente elementos próprios, é também possível
estabelecer uma série de elementos comuns às várias religiões e que podem
permitir uma melhor compreensão do fenómeno religioso.
As religiões possuem grandes narrativas, que explicam o começo do mundo ou
que legitimam a sua existência. O exemplo mais conhecido é talvez a narrativa
do Génesis na
tradição judaica e cristã. Quanto à legitimação da existência e da validade de
um sistema religioso, este costuma apelar a uma revelação ou à obtenção de uma
sabedoria por parte de um fundador, como sucede no budismo,
onde o Buda alcançou a iluminação enquanto
meditava debaixo de uma figueira ou no Islão,
em que Muhammad recebeu a revelação do Corão de Deus.
As religiões tendem igualmente a sacralizar determinados locais. Os motivos
para essa sacralização são variados, podendo estar relacionados com determinado
evento na história da religião (por exemplo, a importância do Muro das Lamentações no judaísmo) ou porque a esses locais
são associados acontecimentos miraculosos (santuários católicos de Fátima ou de
Lourdes) ou porque são marcos de eventos religiosos relacionados à mitologia da
própria religião (monumentos megalíticos, como Stonehenge, no caso das religiões pagãs). Na antiga
religião grega, os templos não eram locais para a prática religiosa, mas sim
locais onde se acreditava que habitava a divindade, sendo por isso sagrados.
As religiões estabelecem que certos períodos temporais são especiais e
dedicados a uma interacção com o divino. Esses períodos podem ser anuais,
mensais, semanais ou podem mesmo se desenrolar ao longo de um dia. Algumas
religiões consideram que certos dias da semana são sagrados (Shabat no judaísmo ou o Domingo no cristianismo), outras marcam esses dias sagrados de
acordo com fenômenos da natureza, como as fases da lua, na religião Wicca, em
que todo primeiro dia de lua cheia esbat é considerado sagrado. As religiões
propõem festas ou períodos de jejum e meditação que se desenvolvem ao longo do
ano.
[editar]O
estudo da religião
[editar]História do
estudo da religião
Ver artigo principal: História das
religiões
Vênus de
Willendorf, do Paleolítico
As primeiras reflexões sobre a religião foram feitas pelos antigos Gregos e
Romanos. Xenofonte relativizou o fenómeno religioso,
argumentando que cada cultura criava deuses à sua semelhança. O historiador
grego Heródoto descreveu
nas suas Histórias as várias práticas religiosas dos
povos que encontrou durante as viagens que efectuou. Confrontado com as
diferenças existentes entre a religião grega e a religião dos outros povos,
tentou identificar alguns deuses das culturas estrangeiras com os deuses gregos.
O sofista Protágoras declarou desconhecer se os
deuses existiam ou não, posição que teve como consequências a sua expulsão de Atenas e o queimar de toda a sua obra. Crítias defendeu
que a religião servia para disciplinar os seres humanos e fazer com que estes
aderissem aos ideais da virtude e da justiça. Júlio César e
o historiadorTácito descreveram nas suas obras as práticas
religiosas dos povos que encontraram durante as suas conquistas militares.
Nos primeiros séculos da era actual, os autores cristãos produziram
reflexões em torno da religião fruto dos ataques que experimentaram por parte
dos autores pagãos. Estes criticavam o facto desta religião ser recente quando
comparada com a antiguidade dos cultos pagãos. Como resposta a esta alegação, Eusébio de Cesareia e Agostinho de Hipona mostraram que o
cristianismo se inseria na tradição das escrituras hebraicas, que relatavam a
origem do mundo. Para os primeiros autores cristãos, a humanidade era de início
monoteísta, mas tinha sido corrompida pelos cultos politeístas que identificavam
como obra de Satanás.
Durante a Idade Média, os pensadores do mundo muçulmano
revelaram um conhecimento mais profundo das religiões que os autores cristãos.
Na Europa, as viagens de Marco Polo permitiram conhecer alguns aspectos das
religiões da Ásia,
porém a visão sobre as outras religiões era limitada: o judaísmo era condenado
pelo facto dos judeus terem rejeitado Jesus como messias e o islão era visto como uma heresia.
O Renascimento foi
um movimento cultural e artístico que procurava reviver os moldes da
Antiguidade. Assim sendo, os antigos deuses dos gregos e dos romanos deixaram de
ser vistos pela elite intelectual e artística como demónios, sendo
representados e estudados pelos artistas que os representavam. Nicolau de Cusa realizou
um estudo comparado entre o cristianismo e o islão em obras como De pace fidei e Cribatio
Alcorani. Em Marsílio Ficino encontra-se
um interesse em estudar as fontes das diferentes religiões; este autor via
também uma continuidade no pensamento religioso. Giovanni Pico della
Mirandola interessou-se
pela tradição mística do judaísmo, a Cabala.
As descobertas e a expansão européia pelos continentes, tiveram como
consequência a exposição dos europeus a culturas e religiões que eram muito
diferentes das suas. Os missionários cristãos realizaram descrições das várias
religiões, entre as quais se encontram as de Roberto de Nobili e Matteo Ricci, jesuítas que conheceram bem as culturas
daÍndia e
da China,
onde viveram durante anos.
Em 1724 Joseph
François Lafitau, um padre jesuíta, publicou a obra Moeurs des sauvages amériquains
comparées aux moeurs des premiers temps na
qual comparava as religiões dos índios, a religião da Antiguidade Clássica e o
catolicismo, tendo chegado à conclusão de que estas religiões derivavam de uma
religião primordial.
Nos finais do século XVIII e
no início do século XIX parte
importante dos textos sagrados das religiões tinham já sido traduzidos nas
principais línguas européias. No século XIXocorre também a estruturação da antropologia como
ciência, tendo vários antropólogos se dedicado ao estudo das religiões dos
povos tribais. Nesta época os investigadores reflectiram sobre as origens da
religião, tendo alguns defendido um esquema evolutivo, no qual o animismo era a forma religiosa primordial, que
depois evoluía para o politeísmo e
mais tarde para o monoteísmo.
[editar]Abordagens disciplinares
O estudo científico da religião é actualmente realizado por várias
disciplinas das ciências sociais e humanas. A história das religiões,
nascida na segunda metade do século XIX, estuda a religião recorrendo aos
métodos da investigação histórica. Ela estuda o contexto cultural e político em
que determinada tradição religiosa emergiu.
A Sociologia da Religião analisa as religiões como fenómenos sociais,
procurando desvendar a influência dela na vida do indivíduo e da comunidade. A
Sociologia da Religião tem como principais nomes Emile Durkheim, Karl Marx,Ernst Troeltsch, Max Weber e Peter Berger.
A Antropologia, tradicionalmente centrada no estudo dos
povos sem escrita (embora os seus campos de estudo possam ser também as
modernas sociedades capitalistas), desenvolveu igualmente uma área de estudo da
religião, na qual se especulou sobre as origens e funções da religião. John Lubbock, no livro The Origin of Civilization and the
Primitive Condition of Man apresentou
um esquema evolutivo da religião: do ateísmo (entendido como ausência de ideias
religiosas), passa-se para o xamanismo, o antropomorfismo, o monoteísmo e
finalmente para o monoteísmo ético. Esta visão evolucionista foi colocada em
questão por outros investigadores, como E.B. Taylor que considerava o animismo como a primitiva forma de religião.
A Fenomenologia
da Religião, que deriva da filosofia fenomenológica de Edmund Husserl, tenta captar o lado único da
experiência religiosa. Utiliza como principal método científico a observação,
explicando os mitos,
os símbolos e
os rituais. Ela procura compreender a religião do ponto de vista do crente, bem
como o valor dessas crenças na vida do mesmo. Por estas razões evita os juízos
de valores (conceito de epoje ou abandono de qualquer juízo de
valor). Os principais nomes ligados à Fenomenologia da Religião são Nathan Soderblom, Garardus
van der Leeuw, Rudolf Otto, Friedrich Heiler e Mircea Eliade.
[editar]Ver também
A Wikipédia possui o:
Portal de Religião |
·
Ateísmo
·
Templo
Referências
1.
↑ religion etymology (em inglês). Online Etymology Dictionary. Página visitada em 02 de
outubro de 2012.
2.
↑ Embora a religião seja difícil de
definir, um modelo padrão de religião, usado em cursos de estudos
religiosos, foi proposto por Clifford Geertz, que simplesmente a
considerara um "sistema cultural" (Clifford Geertz,
""Religião como Sistema Cultural, 1973). A crítica do modelo de
Geertz por Talal Asad categorizou a religião como
"uma categoria antropológica" (Talal Asad,A Construção da Religião como umacategoria antropológica, 1982.)
3.
↑ Harvey, Graham (2000). Indigenous Religions: A Companion. (Ed: Graham Harvey). London and New York: Cassell. Page 06.
4.
↑ Vergote, Antoine, Religion, belief and unbelief: a
psychological study, Leuven University Press, 1997,
p. 89
9.
↑ a b c d Ana Lucia Santana (8 de março de
2009). Filosofia da Religião (emportuguês). InfoEscola. Página visitada em 6 de agosto de 2012.
10.
↑ a b c Conceito
de Religião (em português). Conceito.de. Página visitada em 6 de setembro de 2012.
11.
↑ a b c O que é religião (em português). Grupo Escolar (25 de junho de 2008). Página visitada em 6 de setembro de
2012.
18.
↑ After a lengthy career, the Almighty recently
passed into history. Or did he? The Economist (23 de Dezembro de 1999).
Página visitada em 21 de novembro de 2008.
19.
↑ In God's name The Economist (1 de Novembro de 2007).
Página visitada em 21 de novembro de 2008.
20.
↑ Deus domina o debate político Le Monde (26 de Dezembro de 2007).
Página visitada em 21 de novembro de 2008.
[editar]Bibliografia
·
FILORAMO,
Giovanni; PRANDI, Carlo. As
Ciências das Religiões. São Paulo: Paulus, 1999. ISBN 85-349-1460-5
·
DELUMEAU,
Jean (dir.). As Grandes
Religiões do Mundo. Lisboa: Editorial Presença, 1997. ISBN 972-23-2241-9