quarta-feira, 12 de junho de 2013

VALDEMIRO SANTIAGO NA CAPA DA REVISTA ISTOÉ: O HOMEM QUE MULTIPLICA FIÉIS



VALDEMIRO SANTIAGO NA CAPA DA REVISTA ISTOÉ: O HOMEM QUE MULTIPLICA FIÉIS



Com discurso de homem do povo, carisma inato e um aparato de comunicação competente, Valdemiro Santiago faz sua Mundial ascender ao topo das igrejas neopentecostais do Brasil
Por Rodrigo Cardoso e João Loes
Fotos Pedro Dias/Agência ISTOÉ
Com microfone em punho, Valdemiro Santiago de Oliveira, todo-poderoso líder da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), caminha bambeando de um lado para outro do altar fincado bem no centro de um galpão de 18 mil metros quadrados, localizado no Brás, bairro da região central de São Paulo. Dez mil pessoas se aglomeram ao redor do autointitulado apóstolo, em estado de atenção e êxtase, à espera de uma palavra, um toque, um abraço. Com o rebanho em suas mãos, e um timing digno de showman, ele chora, gargalha, transpira. Está entregue à multidão. A voz rouca sai carregada de ironia e ornamentada por um sorriso de canto de boca. “Está um congestionamento aqui fora. Ouvi dizer que acontece uma feira na redondeza!”, diz. Mas não há feira nenhuma. O movimento na região é provocado pelos concorridos cultos desse mineiro de 47 anos, natural de Cisneiros, distrito de Palma, a 400 quilômetros de Belo Horizonte. E Santiago sabe muito bem disso. Há 30 anos no movimento neopentecostal brasileiro, segmento que mais cresce no Brasil (deve chegar a 40 milhões de adeptos no novo Censo), o homem forte da Mundial é o mais fulgurante fenômeno religioso do Brasil atualmente. Sua identificação direta com a massa – é negro, tem sotaque caipira e português falho, trabalhou na roça e passou fome – o coloca nos braços humildes e carentes daqueles que procuram uma solução espiritual para as mazelas da vida.
“Quem me viu na tevê? Quem foi a Interlagos?”, questiona Santiago, enquanto os fiéis, contidos por obreiros, se debatem e gritam em sua direção. No primeiro dia de 2011, o religioso ganhou minutos preciosos em rede nacional por causa da massa impressionante de discípulos que conseguiu arregimentar em pleno 1º de janeiro, vinda de todos os cantos do Brasil para celebrar com ele no autódromo de Interlagos. Segundo os organizadores do evento, havia lá 2,3 milhões de pessoas. Nos dias 9 e 11 de janeiro, quando a reportagem de ISTOÉ acompanhou os cultos na sede mundial da IMPD, no Brás, uma antiga fábrica comprada por R$ 60 milhões em 60 parcelas de R$ 1 milhão, o apóstolo faturou sobre essa exposição em horário nobre. “Ninguém pode dizer que sou um sujeito dotado de uma inteligência, uma sabedoria”, disse Santiago à ISTOÉ, currículo escolar findo no quinto ano do ensino fundamental, mas alinhado em um terno bem cortado, gravata, camisa com abotoaduras douradas e sapatos tamanho 44 impecáveis. “Quem olha a minha vida e faz uma análise não tem como não glorificar Deus.”
Glória: O ex-roceiro, que cuidava de marrecos e foi viciado em drogas, é ovacionado por 2,3 milhões de pessoas, em Interlagos, no primeiro dia de 2011
De fato, o garoto que perdeu a mãe aos 12 anos e caminhava oito quilômetros por dia para levar marmita para os familiares na roça lidera, hoje, um império religioso que conta com três mil igrejas espalhadas pela América do Sul e do Norte, Europa, Ásia e África e 4,5 milhões de fiéis, de acordo com dados da própria IMPD (leia ao lado quadro comparativo com outras denominações evangélicas). Treze anos depois de fundar a Mundial, o homem que gosta de cultivar a fama de matuto mora em um condomínio de luxo em Barueri, na Grande São Paulo, e tem na garagem três carros importados blindados – uma Land Rover, um Toyota e um Peugeot. Motoristas e seguranças particulares estão sempre à sua disposição. Helicópteros e um jato particular também. A Igreja Mundial, por sua vez, tem inaugurado um novo templo por semana e honra, mensalmente, uma despesa em torno de R$ 40 milhões. O dinheiro da igreja vem, principalmente, do dízimo arrecadado. Membros da IMPD estimam receber de doação em seus cultos uma média de R$ 10 por fiel. Há, ainda, envelopes nas cores ouro, prata e bronze. Pastores afirmam que a diferenciação não está diretamente ligada ao valor a ser dado à igreja. Segundo eles, cada tipo de envelope contém uma mensagem diferente. Nesse primeiro mês de 2011, o apóstolo reforçou o pedido por doações argumentando despesas com emissoras de tevê e rádio. “Ano novo, contratos novos e reajustados… Essa semana preciso muito de sua ajuda. Quem pode trazer até terça-feira R$ 100?”, perguntou Santiago. A quantia foi diminuindo à medida que o tempo ia passando. “E uma oferta mínima de R$ 30? Quem puder, fique de pé que o obreiro irá dar o envelope.”
Cura: O milagre é o carro-chefe da Igreja Mundial. Pessoas com câncer e até cadeirantes testemunham ter se curado com a intervenção de Santiago e seus pastores
É a mística de milagreiro de Santiago a chave de seu sucesso e a responsável pelo fenômeno da multiplicação de fiéis à sua volta. E a televisão amplifica em doses continentais esse poder de comunicação inato do líder evangélico. Atualmente ele ocupa 22 horas diárias na programação da Rede 21, que pertence ao grupo Bandeirantes, ao custo de R$ 6 milhões mensais. Com mais R$ 101 mil por mês, pagos à Multichoice, empresa sul-africana distribuidora de sinal, também está no ar em Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Líbia, Zimbábue e Botswana. Na telinha, o que se vê são os cultos de Santiago em seus templos. Para isso, a performance do pastor é acompanhada, minuto a minuto, por fotógrafo e uma equipe de cinegrafistas, que registram tudo para ser divulgado, além da tevê, no jornal, na revista e na rádio da igreja. Na África do Sul, a Mundial possui uma hora de programação na TV Soweto, ao custo de R$ 59 mil mensais. Em Maputo, a capital de Moçambique, uma tevê e uma rádio já estão sob o domínio da corrente evangélica do ex-roceiro, fissurado, segundo palavras dos próprios membros da igreja, por se comunicar com os súditos via tevê. Afinal, se em um templo como o do Brás o apóstolo consegue falar para 30 mil pessoas, no ar, citando apenas os que possuem antena parabólica no Brasil, ele chega a 25 milhões de lares via Rede 21.
Não e à toa que, anunciados pela telinha, seus eventos estão sempre lotados. “Aquela máxima da publicidade de que uma imagem vale mais do que mil palavras se aplica muito bem a Valdemiro”, afirma Ronaldo Didini, ex-membro da cúpula da Universal e braço-direito de Santiago, que responde pela estratégia de mídia da igreja. Além dele, são dirigentes da Mundial um consultor financeiro, também ex-Universal, e três deputados eleitos no último pleito – dois federais (José Olímpio, PP/SP e Francisco Floriano, PR/RJ) e um estadual (Rodrigo Moraes, PSC/SP). “As coisas são cada vez mais rápidas e profissionalizadas na Mundial”, diz o pesquisador Ricardo Bitun, autor da tese “Igreja Mundial do Poder de Deus: Rupturas e Continuidades no Campo Religioso Neopentecostal”, defendida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Isso ocorre, em grande parte, por conta de um fenômeno conhecido como nomadismo religioso. Se durante muito tempo a Igreja Católica era a maior fornecedora de ovelhas ao rebanho pentecostal, agora esses últimos trocam de fiéis entre si. “Meu trabalho é o altar; meu negócio é multiplicar as almas”, diz Santiago, que também fatura com a crise de igrejas como a Renascer em Cristo, por exemplo, que perdeu em 2010 seus discípulos mais ilustres, o jogador de futebol Kaká e sua mulher, Caroline Celico.
A ascensão de Santiago ao olimpo dos líderes religiosos do Brasil começou a ser moldada em 1976, quando, aos 16 anos, ele se converteu ao protestantismo. Naquela época, o garoto revoltado e de difícil trato, que em Cisneiros cuidava de marrecos, arava a terra e colhia ovos de anu para fazer omelete, morava com um dos 12 irmãos na mineira Juiz de Fora. Nessa cidade, trabalhava como pedreiro e levava uma vida desregrada. Dormia muitas noites na calçada e era viciado em drogas – ele se limita a dizer que consumia “álcool e substâncias sintéticas em forma de comprimidos”. Até que um pastor lhe estendeu a mão e Santiago passou a pregar. Foi obreiro, pastor, bispo e membro da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Nos templos de Edir Macedo, atuou por 18 anos e se desligou em 1997, depois de um suposto desentendimento com o líder evangélico. Já havia, porém, decorado a cartilha de seu mentor. Pesquisador da área da sociologia da religião, Ricardo Mariano afirma que as crenças e práticas mágico-religiosas da Mundial são uma cópia da Universal. Tanto que até o nome da igreja de Santiago, Igreja Mundial do Poder de Deus, é uma evidente inspiração na primeira casa: Igreja Universal de Reino de Deus. Perspicaz, o religioso caipira foi beber da fonte que já havia sido aprovada pelo público. Tanto que, além de convidar parte da cúpula da IURD, atraiu também dezenas de pastores, prática que adotou até um ano atrás, quando membros da Mundial começaram a temer que houvesse “universais” infiltrados em suas fileiras.
No altar da igreja que fundou em 1998 Valdemiro passou a receber portadores do vírus da Aids, doentes de câncer e até cadeirantes desenganados pela medicina. As pessoas em cadeira de roda são, até hoje, um dos campeões de audiência. É comum encontrar no templo fiéis carregando para o alto cadeiras de roda, num gesto explícito de libertação. Em um programa no início de janeiro, o apóstolo protagonizou, via tevê, uma situação do tipo. Ao seu lado, caminhando, um ex-paralítico afirmava ter permanecido imóvel por 15 anos. A reportagem de ISTOÉ tentou contato com esse homem, mas membros da cúpula da Mundial disseram ser impossível localizá-lo, pois as fichas de identificação ainda não estão informatizadas e há muitos casos como o dele.
“Meu trabalho é o altar; meu negócio é multiplicar as almas” Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus
O pastor mineiro usa como nenhuma outra liderança pentecostal os depoimentos de enfermos e a evocação da cura divina. Juntos, eles provocam uma catarse espiritual. Os fiéis da IMPD fazem fila para testemunhar, no altar ao lado do apóstolo e com exames médicos em punho, que a medicina já os havia desenganado, mas que a intervenção milagrosa os salvou. “Na Igreja Mundial, o toque no corpo de Santiago é muito valorizado”, diz o sociólogo da religião Flávio Pierucci, da Universidade de São Paulo (USP). Aos 61 anos, a católica catarinense Aledir Lachewtz, 61 anos, levou fotos e roupas de sua tia octogenária que sofria com um edema pulmonar para serem abençoadas em um culto na IMPD. “Os médicos diziam que não tinha mais jeito”, conta Aledir. “Mas, depois das bênçãos, novos exames não apontaram mais nada. O apóstolo tem muito poder de cura.” Essa espécie de pronto-socorro espiritual, como define o teólogo Edin Abumansur, da PUC-SP, floresce de modo particular na Mundial. Enquanto Santiago prega, dezenas de placas com os dizeres “Aqui tem milagre” são levantadas por obreiros para auxiliá-lo. Selecionado previamente e de posse de exames médicos que revelariam primeiro a enfermidade e, em seguida, o desaparecimento dela – chamado na IMPD de “o antes e o depois” –, o fiel é alçado ao microfone ao lado do pastor. E é nessa hora que o líder da Igreja Mundial vira astro.
Do alto de seu 1,90 e 103 quilos (chegou a ter 153, mas emagreceu após uma cirurgia bariátrica, há oito anos), o apóstolo grampeia o rosto da pessoa contra o seu peito. Abraça, chora e grita, como fez com a mãe que atribuiu a cura de sua filha de 6 anos, que voltou a andar e a falar contrariando prognósticos médicos, segundo ela, à fé e às orações feitas na IMPD. “Esse Deus é poderoooso! Isso é para sacudir o barraco do cramunhão e botar pra baixo!”, berra o religioso. Ricardo Mariano, professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e um dos maiores especialistas do Brasil em movimento neopentecostal, contextualiza: “A ênfase pentecostal na cura divina já tem mais de 60 anos e foi uma das principais responsáveis pelo crescimento desse movimento religioso na América Latina e na África. Desde então, constitui uma das iscas mais atraentes de potenciais adeptos aos templos.”
Antes e depois: Os fiéis choram e se emocionam, muitos apresentando exames médicos que revelam o desaparecimento de uma doença
Além da eloquência com que evangeliza, Santiago ficou conhecido por usar chapéus típicos de quem se criou no meio do mato. Assim também é visto em seus finais de semana, que acontecem, como ele diz, às quartas-feiras. Nesses dias, ele se tranca em um sítio, em Santa Isabel, a 50 quilômetros de São Paulo. Lá, desfruta de um pesqueiro, da piscina e do campo de futebol, onde organiza e disputa campeonatos entre times formados por membros de seu ministério. “Mas o que gosto mesmo é de sentar na beira do rio, com minha varinha de pescar”, diz. “Sou um sujeito de pouca educação. É uma coisa de chucro, de caipira”, completa ele, uma espécie de Tim Maia do altar, que passa boa parte do culto distribuindo broncas em obreiros, cinegrafistas e músicos que o acompanham. “Ô, oreiúdo (orelhudo), abre passagem para a mulher chegar até aqui”, disse o chefe da IMPD a um pastor, no culto do domingo 9, provocando gargalhadas nos súditos.
Nem mesmo a esposa, a bispa Franciléia, com quem vive há 26 anos, e as duas filhas do casal, Rachel, 25, e Juliana, 23, que também trabalham em prol do ministério, escapam de seus pitos. O apóstolo também é conhecido por ser incansável na rotina de sua Mundial. Há dias em que nem volta para casa. “Tenho um quarto na igreja”, conta Santiago, referindo-se ao templo do Brás. “Em casa, tenho dormido três, quatro vezes no mês”, completa ele, que diz desfrutar, por noite, de apenas quatro horas de sono. Membro da IMPD, Fernando Trizi reforça o fato. “Antigamente, muitos fiéis dormiam aqui na igreja. E, algumas vezes, o apóstolo acordava de madrugada, descia do quarto e, de pijama, orava com eles.” Ao valorizar a ingenuidade e a simplicidade, o religioso prosperou. “O que chama mais a atenção é a emergência de uma autoridade religiosa pentecostal de expressão nacional negra, tal como o restante da cúpula da igreja”, diz Mariano, autor de “Neopentecostais: Sociologia do Novo Pentecostalismo no Brasil” (Edições Loyola, 1999). Ao contrário de outras neopentecostais de peso, como a Renascer e a Universal, que ficaram mais requintadas em relação ao público que as frequenta, prometendo prosperidade àqueles que também desejam ascensão material, a Mundial tem acolhido a classe menos favorecida, um aglomerado de gente humilde que não se identifica mais com as outras denominações.
Na IMPD, porém, essas pessoas enxergam em seu líder uma figura que, mesmo de terno e gravata e sob os holofotes, fala a língua delas. Foi por meio dessa habilidade inata que muitas personalidades deixaram para trás o passado sofrido e se tornaram notórias. “O Valdemiro é como o Silvio Santos ou o Lula. O camelô que deu certo, mas nunca deixou de ser camelô. O metalúrgico que virou presidente da República, mas não deixou de ser metalúrgico”, compara Bitun. Os astro evangélico promete milagres como se contasse um causo. Apelo irresistível aos corações aflitos.
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Fonte: IstoÉ / Púlpito Cristão

segunda-feira, 10 de junho de 2013





Imprensa faz papel vergonhoso cerceando a voz dos evangélicos

70 mil pessoas lotaram a Esplanada dos ministérios no dia 5 de Maio























Na última quarta-feira (5) mais de 70 mil pessoas lotaram a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para declarar sua posição em favor da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da família tradicional e da vida. Porém, o evento, coordenado pelo pastor Silas Malafaia e lideranças evangélicas (clique aqui e veja como foi a programação), teve uma cobertura tímida por parte dos veículos de comunicação, que ignoraram ou minimizaram o peso e o valor do protesto.

 Em sua coluna no site da Veja, o jornalista Reinaldo Azevedo, sempre muito lúcido e sincero em suas colocações, como lhe é de costume, ousou pontuar e destacar o que a grande mídia não fez por simplesmente não ser a favor dos temas proposto “Para mostrar que é isenta e não tem preconceitos, até os ataques de Dirceu à liberdade de expressão são… livremente expressos! 

Mas os 70 mil da praça, que falaram EM DEFESA da liberdade de expressão, ah, esses foram tratados com menoscabo ou com desrespeito mesmo: ‘Afinal, não pensam o que pensamos; têm uma pauta reacionária…’”, descascou o jornalista.

 “A liberdade é e será sempre o direito de divergir. Infelizmente, amplos setores da imprensa tentaram cassar dos evangélicos esse direito. Para estes, a agressão foi irrelevante porque, reitero, não dependem dessa visibilidade para existir. 

Para o jornalismo, no entanto, a coisa é séria: há o risco de que o paradigma da pluralidade esteja se perdendo. Os cristãos, sempre que julgarem necessário, voltarão às praças. Espero que essa imprensa de agenda tenha como voltar a seus leitores”, concluiu Reinaldo Azevedo

Na íntegra: Pr. Silas Malafaia no programa do Ratinho; assista!




Nesta quinta-feira (30), o pastor Silas Malafaia foi o entrevistado do quadro “Dois dedos de prosa”, no programa do Ratinho, do SBT.

Na oportunidade, o pastor falou sobre diversos temas polêmicos, dentre eles, a prisão do pastor Marcos 

Pereira, homossexualidade e a manifestação dos cristãos em frente ao Congresso Nacional, no dia 5 de junho, em Brasília.

O programa está imperdível! Assista!










Fonte: Verdade Gospel  

sábado, 8 de junho de 2013

ARQUEOLOGIA DE ACÉLDAMA – CAMPO DO OLEIRO






ARQUEOLOGIA DE ACÉLDAMA – CAMPO DO OLEIRO


Acéldema também chamado de campo do oleiro, traz a nossa memória a ocasião trágica quando Judas vendeu o Senhor por trinta moedas de prata, e em seguida, já em desespero, devolveu o dinheiro e se enforcou. “E os principais dos sacerdotes... compraram com elas o campo do oleiro, para sepultura dos estrangeiros. Por isso aquele campo até o dia de hoje tem sido chamado Campo de Sangue”. (Mt 27:6-8).

No extremo leste da ladeira sul do vale de Hinom existe uma área desértica e pedregosa, de quase um hectare, conhecida como o campo do oleiro desde os tempos de Jerônimo (400 d.C.). Ali, em uma cova natural e extensa tem sido sepultados os estrangeiros e indigentes através dos séculos.

A tradição insiste que este é o mesmo local da “casa do oleiro” que Jeremias visitou (Jr 18:1-4), e que tempos depois os sacerdotes compraram com o dinheiro da traição, para servir de cemitérios aos estrangeiros. A atual localização desse lugar pode estar certa, pois satisfaz os requisitos bíblicos e é aceita por muitas autoridades.


CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA SAGRADA




CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA SAGRADA

DEFINIÇÃO
Crítica de um documento é o exercício de julgamento de uma pessoa sobre todas as questões envolvidas na compreensão de seu significado, verificação de sua verdade e apreciação de seu valor. A crítica é essencialmente uma disciplina de apreciação, não um compromisso de encontrar falhas, e não necessariamente destrutivas. As questões que o estudo crítico levanta relacionam-se com as fontes delineadas e o uso que se faz delas, a identidade do escritor, credenciais, propósito e o estilo e estrutura literária do próprio documento.

O dialogo entre alguém que aceita a leitura crítica da Bíblia e outro que crê na inspiração e na integridade da Bíblia é difícil, porque cada um parte de concepções diferentes. O crítico radical da Bíblia pressupõe que a Bíblia é apenas uma obra literária como qualquer outra, como tal devendo ser julgada pelos padrões da crítica histórica e literária; ademais, segundo esses críticos, existe uma evolução religiosa, pelo que as explicações naturais de fenômeno bíblico devem substituir as sobrenaturais. Esses críticos veem a Bíblia como um livro escrito por autores humanos, ignorando, portanto a função do Espírito Santo na inspiração dos autores da Bíblia.

AS BASES FILOSÓFICAS E TEOLÓGICAS DA CRÍTICA BÍBLICA
A filosofia idealista de Immanuel Kant (1724-1808), combinada com as ideias de Schleiermacher, Hegel e Ritschl, formou um respaldo filosófico favorável a uma abordagem critica da Bíblia. Kant fez dos ensinos de Locke sobre a sensação e de Descartes sobre a razão as chaves do reconhecimento de fenômenos da natureza mas propôs em sua Crítica da Razão Pura (1781) que o homem não poderia conhecer a Deus ou a alma, classificados por ele como dados do mundo do “noumena”, pelo sentido ou pela razão. Sua formação pietista levou-o a afirmar o sentido do dever ou consciência moral do homem, chamados por ele de “imperativo categórico”, como base da religião Kant concluiu em Crítica da Razão Prática (1788) que, como o homem tem um juízo moral, há um Deus que produz esse juízo. Os postulados da alma e da vida imortal são essenciais para que os homens que obedecem aos ditames da consciência sejam recompensados, uma vez que geralmente os bons não recebem galardão nessa vida.

Kant nega que o homem possa conhecer o mundo dos “noumena”. Não há portanto, lugar em seu sistema para uma revelação histórica e objetiva de Deus na Bíblia, considerada por ele um livro de história, escrito pelo homem, devendo como tal ser analisado pela crítica histórica como qualquer outro livro. Não há lugar para Cristo, o homem-Deus, no sistema kantiano. O homem em seu livre arbítrio e sua noção imanente daquilo que é certo, torna-se criador de uma religião pela qual desenvolve a moralidade nele inerente. Há uma linha lógica de continuidade entre o idealismo kantiano e o liberalismo moderno, para o qual cada um tem dentro de si a “centelha do divino” que precisa cultivar para alcançar uma boa conduta moral e a consequente imortalidade. Com essas ideias, Kant ajudou na formação de uma estrutura filosófica para a crítica bíblica e a moderna teologia liberal.

A CRÍTICA BÍBLICA
O racionalismo do Iluminismo e a filosofia idealista da era romântica foram, pois, os pais de uma crítica da Bíblia que visa destruir a natureza sobrenatural da Bíblia como revelação e que transforma a Bíblia num relato da evolução subjetiva da religião na consciência humana.

A alta crítica, ou crítica histórica ou literária, ou, como também é conhecida, a introdução bíblica, geralmente associada a essas ideias destrutivas, é simplesmente o cuidadoso estudo do pano de fundo histórico de cada livro da Bíblia; a baixa crítica, ou crítica textual, é uma tentativa de determinar se o texto que temos é aquele que saiu das mãos do autor. A baixa crítica tem conseguido assegurar ao texto da Bíblia um alto grau de fidelidade a fim de que estejamos seguros de ter os escritos dos autores originários da Bíblia. Por isso nenhuma doutrina ou ensino ético da Bíblia pode ser questionado nem pelo crítico mais radical. É a alta crítica, e não a baixa, que tem destruído a confiança de muitas pessoas na revelação divina da Bíblia.

A popularização da alta crítica é associada ao nome de Jean Astruc (1684-1766), médico francês do século XVIII, que em 1753 dividiu o livro de Gênesis em duas partes. Ele propôs o uso de dois documentos como fontes, por ter encontrado o nome Elohim (Deus) empregado em vários lugares e Javé (Senhor) em outros. Johann G. Eichhorn (1752-1827), outro crítico, responsável pela afirmação de que ao Bíblia deveria ser lida como um livro humano e analisado com recursos humanos, deu a tais estudos o nome de alta crítica.

Eichhorn notou outras características literárias; o uso dos nomes de Deus levou-o a crer que não somente o Gênesis mas o Hexateuco (Gênesis a Josué) eram documentos compostos. Em 1853, Hupfield foi o primeiro a sugerir que o Pentateuco era obra de ao menos dois autores, em vez de uma narrativa composta de muitas fontes por Moisés.

A “Alta Crítica” ou “Crítica Histórica”, estando ligado ao exame dos vários livros da Bíblia do ponto de vista de sua história. Por exemplo, trata da idade, autoria, formas literárias, estágios de composição e autenticidade canônica. Traça sua origem, preservação e integridade, mostrando seu conteúdo, caráter geral e valor. É uma disciplina que vem ajudando muito na comprovação de um cânon genuíno da Escritura. Algumas vezes a expressão “Alta Crítica” tem sido considerada extremamente prejudicial para uma atitude adequada e reverente para as Sagradas Escrituras. Isso se aplica quando o erudito perdeu de vista a inspiração da Palavra e a substituiu por sua própria atitude de ceticismo e incredulidade.

A Alta Crítica, no uso popular, designou um grupo particular de teorias que supõem que vários livros bíblicos não são o que parecem. As duas teorias mais frequentes são:

1)
 A Hipótese de Desenvolvimento relacionada ao Pentateuco. Esta é uma hipótese de trabalho, desenvolvida pelos eruditos alemães Graf e Wellhausen, que é hoje comumente ensinada como o ponto de partida para o estudo bíblico acadêmico.

Esse estudo começa com a suposição de que os cinco livros de Moisés são uma composição de quatro fontes distintas: duas narrativas históricas (J e E); Deuteronômio (D); e um documento relacionado principalmente com adoração e ritual (P, que teria sido composto por sacerdotes). Wellhausen acreditava que o padrão de adoração de Israel se desenvolveu de santuários e locais para um único templo em Jerusalém, que se tornou o único lugar onde os sacrifícios poderiam ser oferecidos. Dessa forma, Pforam escritos, pelo menos em parte, para reivindicar a aprovação de Moisés para essa organização. Wellhausen datou J e E na antiga monarquia, uma vez que eles refletem a aceitação inquestionável de santuários locais. Ele identificou Deuteronômio como o livro da Lei encontrado no templo durante as reformas de Josias (621 a.C.; 2Rs 22.8-20) e o descreveu como um tratado pseudomosaico do século VII impondo a centralização da adoração. O documento P ele situou após o exílio, durante o tempo em que, segundo sua teoria a compilação final estava sendo feita à mão e conduzida sob a direção de Esdras.

De acordo com essa visão, nenhum material dos cinco livros foi escrito por Moisés; D e P foram posteriores a Moisés e expressavam ideias de que Moisés (uma figura muito obscura, na mente de Wellhausen) podia jamais ter tido. De modo não surpreendente, a negação especulativa da autoria mosaica e sua afirmação de que a figura de Moisés foi usada enganosamente para promover uma posição não mosaica foram sustentadas para levantar graves questões sobre autoridade da Bíblia. Pode a autoridade divina ligar-se à ficção mascarando fatos?

2)
 Data do Século II Proposta para o Livro de Daniel. Esta segunda teoria pode ser datada por um escritor anticristão de século III chamado Porfírio. Ele sustentava que Daniel foi escrito quando Antíoco Epifânio estava perseguindo os judeus e que seu propósito era encorajar os perseguidos. Não aceitando que Daniel seja profecia de predição, a teoria trata dos panoramas dos impérios terrenos nos capítulos 2, 7, 8 e 11 como sendo escritos após o evento para manter a confiança de que Deus esteve o tempo todo no controle, e logo traria aflição a Antíoco e levantaria seu próprio reino de forma visível. Para o livro ter esse efeito, entretanto, ele teria de ser aceito como uma produção do século VI na qual os capítulos sobre visões foram escritos pelo próprio Daniel. Aqui novamente estava uma teoria envolvendo mentira e falsidade em questões de fato que nega a uma parte da Bíblia a autoridade da verdade.

Outras teorias, que são às vezes citadas como exemplos da mais alta crítica são igualmente problemáticas.

REFUTAÇÃO A CRÍTICA BÍBLICA
Os escritores bíblicos sempre assumem que, porque Deus é verdadeiro e as Escrituras são sua Palavra para nós, todas as afirmações bíblicas são verdadeiras. Os adeptos da Alta Crítica que acham que há boas razões para concluir que, por exemplo, as cartas que usam o nome de Paulo e reivindicam sua autoridade apostólica não foram escritos por ele ou que outros capítulos incluídos nos livros que usam os nomes dos profetas não foram escritos ou conhecidos por aqueles profetas, ou que narrativas que dão a entender serem fatos (p.ex., Adão e Eva, os patriarcas, o Êxodo, as histórias de milagres dos Evangelhos) são realmente ficção, devem defender a retirada deles do cânone bíblico. O fato de eles pensarem assim demonstra não só irreverência para com as Escrituras, mas também falta de entendimento quanto à sua natureza.

Há clara evidência no mundo da erudição de que as teorias da Alta Crítica já escritas são desnecessárias e, na verdade, artificiais. Elas foram criadas com um fundo de preconceito contra a soberania divina, os milagres e desejo por explicação naturalísticas do aparentemente sobrenatural. Atualmente essas correntes teológicas são menos fortes. Embora a hipótese de Wellhausen ainda seja frequentemente ensinada aos iniciantes como se fosse uma certeza, profissionais do todas as escolas de pensamento a estão presentemente questionando de todos os ângulos. A autenticidade de todas as cartas de Paulo, todos os livros proféticos do Antigo Testamento, toda a história do Gênesis e dos Evangelhos e, na verdade, todos os fatos da Bíblia que foram questionados em qualquer época do passado são atualmente defendidos pelos eruditos com pelo menos tanta convicção quando pareciam no ceticismo para os céticos.

Mas isso não quer dizer que o apropriado trabalho de crítica bíblica, tanto a Alta quanto a Baixa, está encerrada ou que algum dia será. A forma da mente revelada de Deus está presente nas expressões de seus escritores humanos, e, portanto, o trabalho de exploração em todos os ângulos do que eles escreveram deve continuar. As técnicas da crítica são as ferramentas para essa tarefa. Até a metade do século XX, os eruditos bíblicos eram vistos pelos críticos principalmente como coletores, guardiões e servos de tradições, e o interesse critico centralizava-se nas suas fontes e nas formas literárias de seus materiais. Mas recentemente, o interesse centralizou-se nos escritores como pensadores e comunicadores por seu próprio direito, e as técnicas principalmente cultivadas foram aquelas relacionadas com a crítica literária e social, investigando como o conhecimento dos assuntos sobre os quais os escritores estavam escrevendo condicionou o que eles diziam.

Todas estas são linhas adequadas e necessárias de investigação, e não devemos nos desencorajar na sua procura pelo fato de que, às vezes, surgem respostas erradas. As teorias que formamos, contudo devem sempre ter em vista aquilo que os teóricos da “Alta Crítica” esquecem que as Escrituras Sagradas são a verdadeira e fidedigna Palavra de Deus.

EVIDENCIAS PARA TEXTOS BÍBLICOS
O crítico bíblico sincero utiliza-se de três fontes principais de evidência para determinação das palavras exatas, as mais próximas dos manuscritos originais. Além de examinar os manuscritos e versões, o crítico também deve usar outra fonte valiosa, os escritos dos Primeiros Pais da Igreja.

OS PAIS DA IGREJA
Esses homens foram grandes líderes, teólogos, professores e eruditos dos primeiros séculos depois de Cristo. Eram cristãos dedicados que escreveram sermões, comentários e harmonias. Eles defendiam ardentemente a fé contra as incursões pagãs e heresias.

Estes homens citaram livremente a Bíblia, não só mencionando todos os 27 livros do Novo Testamento, mas virtualmente cada versículo destes 27 livros. Geisler e Nix, no livro “Introdução Geral à Bíblia”, afirmam: “Cinco pais apenas, de Irineu a Eusébio, possuem quase 36 citações do Novo Testamento”.

Há alguns anos, Sir David Dalrymple estava jantando com um grupo de letrados, quando alguém perguntou se, caso todo o Novo Testamento fosse destruído no século IV, seria possível formá-lo de novo a partir dos escritos dos Pais da Igreja dos séculos II e III. Dois meses depois ele disse a um dos participantes: “A pergunta despertou minha curiosidade e como possuía todas as obras existentes dos Pais da Igreja dos séculos II e III, comecei uma pesquisa. Até agora encontrei o Novo Testamento inteiro, exceto 11 versículos”.

O testemunho dos escritos dos Pais da Igreja quanto à autenticidade do texto é de suma importância. Primeiro, por causa de sua devoção a Deus e à sua Palavra, eles foram extremamente cuidadosos ao copiar as Escrituras. E segundo, por terem vivido tão perto dos dias apostólicos. É provável que tivessem tido acesso a manuscritos que não existem mais hoje. Há possibilidade de que alguns tivessem acesso aos próprios originais.

OS ROLOS DO MAR MORTO
Os Rolos do Mar Morto, descobertos, provavelmente, em 1947 por beduínos árabes chegaram às mãos dos estudiosos no fim daquele ano e no começo de 1948. As descobertas se realizaram nas cavernas nos penhascos margosos que distam entre um e dois km ao oeste da extremidade nordeste do Mar Morto, localidade esta que é conhecida pelo nome árabe de Cunrã (Qumran), perto de uma fonte copiosa de água doce chamada Ain Fexca (Feshkha). Esta localização à margem do deserto de Judá faz com que às vezes haja a expressão “Rolos de Ain Fexca”, ou “Rolos do Deserto de Judá”.

Os rolos foram vistos por vários estudiosos na parte posterior do ano 1947, e alguns deles confessam que na época, menosprezaram-nos como sendo falsificações. Um dos professores que reconheceram a verdadeira anti­guidade dos rolos foi o falecido Professor Eleazar L. Sukenik da Universidade Hebraica, e ele conseguiu mais tarde comprar alguns deles. Outros rolos foram levados para a Escola Americana de Pesquisas Orientais em Jerusalém, onde o Diretor interino, Dr. John C. Trever, percebendo seu grande valor, mandou fotografar os pedaços que foram levados a ele. Uma das suas foto­grafias foi enviada ao Professor William F. Albright, que imediatamente declarou que esta foi “a descoberta a mais importante que já tinha sido feita no assunto de manuscritos do Antigo Testamento”.

Escritos pelos essênios, entre o primeiro século antes e o primeiro século depois de Cristo, as partes bíblicas deste rolo nos fornecem manuscritos centenas de anos mais antigos que quaisquer outros. Partes de cada livro do Antigo Testamento foram encontradas, com exceção de Ester. De especial interesse são os rolos do livro do Profeta Isaías, porque um dentre os dois documentos é o livro completo do grande profeta. Trata-se de um manuscrito hebraico de Isaías Mil anos mais antigo do que qualquer outro já descoberto. De maneira notável, os rolos confirmam a exatidão do texto mossorético do Antigo Testamento.

OS PAPIROS DAS TUMBAS DO EGITO
De grande interesse para os eruditos bíblicos é uma certa quantidade de papiros descobertos recentemente (1931) nas tumbas do Egito. Estes têm sido frequentemente considerados os de benefício mais importantes para a crítica textual do Novo Testamento, desde que Tischendorf anunciou a descobertas dos Códices Sinaíticos. Esses papiros foram adquiridos por um colecionador de manuscritos, A. Chester Beatty. Outros se encontram na Universidade de Michigan e nas mãos de particulares. Eles contêm partes do Antigo Testamento em grego: trechos consideráveis de Gênesis, Números e Deuteronômio, e trechos de Ester, Ezequiel e Daniel. Três manuscritos do grupo são livros do Novo Testamento: porções de trinta folhas dos Evangelhos e Atos, oitenta e seis folhas das Epístolas Paulinas e dez folhas da parte do meio do livro de Apocalipse. Esse material é de maior importância, pois data do século III, ou antes. O texto é de tão alta qualidade que se compara aos Códices Vaticano e Sinaítico.

O fragmento de John Rylands é um pequeno pedaço de papiro com apenas 38,96 cm por 6,4 cm. Embora tão pequeno, é reconhecido como o manuscrito mais antigo de qualquer parte do Novo Testamento. Está escrito de ambos os lados e contém uma parte do Evangelho de João: 1.31-33,37,38. Foi obtido em 1920.

Em 1956, Victor Martin, professor de filologia clássica na Universidade de Genebra, publicou um códice de papiro do Evangelho de João: o Papiro Bodmer II. Este incluía os capítulos 1.1 até 14.26, sendo datado de 200 d.C. Trata-se provavelmente do livro mais antigo do Novo Testamento.

CONCLUSÃO
Qualquer que seja a variante das leituras descobertas pelos críticos textuais, é um fato reconhecido que nenhuma delas de maneira alguma altera a doutrina cristã.
Os críticos Wescott e Hort, Erza Abbot, Philip Scraff e A. T. Robertson avaliaram cuidadosamente as evidencias e concluíram que o texto do Novo Testamento é mais de 99% puro.

CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA SAGRADA




CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA SAGRADA

DEFINIÇÃO
Crítica de um documento é o exercício de julgamento de uma pessoa sobre todas as questões envolvidas na compreensão de seu significado, verificação de sua verdade e apreciação de seu valor. A crítica é essencialmente uma disciplina de apreciação, não um compromisso de encontrar falhas, e não necessariamente destrutivas. As questões que o estudo crítico levanta relacionam-se com as fontes delineadas e o uso que se faz delas, a identidade do escritor, credenciais, propósito e o estilo e estrutura literária do próprio documento.

O dialogo entre alguém que aceita a leitura crítica da Bíblia e outro que crê na inspiração e na integridade da Bíblia é difícil, porque cada um parte de concepções diferentes. O crítico radical da Bíblia pressupõe que a Bíblia é apenas uma obra literária como qualquer outra, como tal devendo ser julgada pelos padrões da crítica histórica e literária; ademais, segundo esses críticos, existe uma evolução religiosa, pelo que as explicações naturais de fenômeno bíblico devem substituir as sobrenaturais. Esses críticos veem a Bíblia como um livro escrito por autores humanos, ignorando, portanto a função do Espírito Santo na inspiração dos autores da Bíblia.

AS BASES FILOSÓFICAS E TEOLÓGICAS DA CRÍTICA BÍBLICA
A filosofia idealista de Immanuel Kant (1724-1808), combinada com as ideias de Schleiermacher, Hegel e Ritschl, formou um respaldo filosófico favorável a uma abordagem critica da Bíblia. Kant fez dos ensinos de Locke sobre a sensação e de Descartes sobre a razão as chaves do reconhecimento de fenômenos da natureza mas propôs em sua Crítica da Razão Pura (1781) que o homem não poderia conhecer a Deus ou a alma, classificados por ele como dados do mundo do “noumena”, pelo sentido ou pela razão. Sua formação pietista levou-o a afirmar o sentido do dever ou consciência moral do homem, chamados por ele de “imperativo categórico”, como base da religião Kant concluiu em Crítica da Razão Prática (1788) que, como o homem tem um juízo moral, há um Deus que produz esse juízo. Os postulados da alma e da vida imortal são essenciais para que os homens que obedecem aos ditames da consciência sejam recompensados, uma vez que geralmente os bons não recebem galardão nessa vida.

Kant nega que o homem possa conhecer o mundo dos “noumena”. Não há portanto, lugar em seu sistema para uma revelação histórica e objetiva de Deus na Bíblia, considerada por ele um livro de história, escrito pelo homem, devendo como tal ser analisado pela crítica histórica como qualquer outro livro. Não há lugar para Cristo, o homem-Deus, no sistema kantiano. O homem em seu livre arbítrio e sua noção imanente daquilo que é certo, torna-se criador de uma religião pela qual desenvolve a moralidade nele inerente. Há uma linha lógica de continuidade entre o idealismo kantiano e o liberalismo moderno, para o qual cada um tem dentro de si a “centelha do divino” que precisa cultivar para alcançar uma boa conduta moral e a consequente imortalidade. Com essas ideias, Kant ajudou na formação de uma estrutura filosófica para a crítica bíblica e a moderna teologia liberal.

A CRÍTICA BÍBLICA
O racionalismo do Iluminismo e a filosofia idealista da era romântica foram, pois, os pais de uma crítica da Bíblia que visa destruir a natureza sobrenatural da Bíblia como revelação e que transforma a Bíblia num relato da evolução subjetiva da religião na consciência humana.

A alta crítica, ou crítica histórica ou literária, ou, como também é conhecida, a introdução bíblica, geralmente associada a essas ideias destrutivas, é simplesmente o cuidadoso estudo do pano de fundo histórico de cada livro da Bíblia; a baixa crítica, ou crítica textual, é uma tentativa de determinar se o texto que temos é aquele que saiu das mãos do autor. A baixa crítica tem conseguido assegurar ao texto da Bíblia um alto grau de fidelidade a fim de que estejamos seguros de ter os escritos dos autores originários da Bíblia. Por isso nenhuma doutrina ou ensino ético da Bíblia pode ser questionado nem pelo crítico mais radical. É a alta crítica, e não a baixa, que tem destruído a confiança de muitas pessoas na revelação divina da Bíblia.

A popularização da alta crítica é associada ao nome de Jean Astruc (1684-1766), médico francês do século XVIII, que em 1753 dividiu o livro de Gênesis em duas partes. Ele propôs o uso de dois documentos como fontes, por ter encontrado o nome Elohim (Deus) empregado em vários lugares e Javé (Senhor) em outros. Johann G. Eichhorn (1752-1827), outro crítico, responsável pela afirmação de que ao Bíblia deveria ser lida como um livro humano e analisado com recursos humanos, deu a tais estudos o nome de alta crítica.

Eichhorn notou outras características literárias; o uso dos nomes de Deus levou-o a crer que não somente o Gênesis mas o Hexateuco (Gênesis a Josué) eram documentos compostos. Em 1853, Hupfield foi o primeiro a sugerir que o Pentateuco era obra de ao menos dois autores, em vez de uma narrativa composta de muitas fontes por Moisés.

A “Alta Crítica” ou “Crítica Histórica”, estando ligado ao exame dos vários livros da Bíblia do ponto de vista de sua história. Por exemplo, trata da idade, autoria, formas literárias, estágios de composição e autenticidade canônica. Traça sua origem, preservação e integridade, mostrando seu conteúdo, caráter geral e valor. É uma disciplina que vem ajudando muito na comprovação de um cânon genuíno da Escritura. Algumas vezes a expressão “Alta Crítica” tem sido considerada extremamente prejudicial para uma atitude adequada e reverente para as Sagradas Escrituras. Isso se aplica quando o erudito perdeu de vista a inspiração da Palavra e a substituiu por sua própria atitude de ceticismo e incredulidade.

A Alta Crítica, no uso popular, designou um grupo particular de teorias que supõem que vários livros bíblicos não são o que parecem. As duas teorias mais frequentes são:

1)
 A Hipótese de Desenvolvimento relacionada ao Pentateuco. Esta é uma hipótese de trabalho, desenvolvida pelos eruditos alemães Graf e Wellhausen, que é hoje comumente ensinada como o ponto de partida para o estudo bíblico acadêmico.

Esse estudo começa com a suposição de que os cinco livros de Moisés são uma composição de quatro fontes distintas: duas narrativas históricas (J e E); Deuteronômio (D); e um documento relacionado principalmente com adoração e ritual (P, que teria sido composto por sacerdotes). Wellhausen acreditava que o padrão de adoração de Israel se desenvolveu de santuários e locais para um único templo em Jerusalém, que se tornou o único lugar onde os sacrifícios poderiam ser oferecidos. Dessa forma, Pforam escritos, pelo menos em parte, para reivindicar a aprovação de Moisés para essa organização. Wellhausen datou J e E na antiga monarquia, uma vez que eles refletem a aceitação inquestionável de santuários locais. Ele identificou Deuteronômio como o livro da Lei encontrado no templo durante as reformas de Josias (621 a.C.; 2Rs 22.8-20) e o descreveu como um tratado pseudomosaico do século VII impondo a centralização da adoração. O documento P ele situou após o exílio, durante o tempo em que, segundo sua teoria a compilação final estava sendo feita à mão e conduzida sob a direção de Esdras.

De acordo com essa visão, nenhum material dos cinco livros foi escrito por Moisés; D e P foram posteriores a Moisés e expressavam ideias de que Moisés (uma figura muito obscura, na mente de Wellhausen) podia jamais ter tido. De modo não surpreendente, a negação especulativa da autoria mosaica e sua afirmação de que a figura de Moisés foi usada enganosamente para promover uma posição não mosaica foram sustentadas para levantar graves questões sobre autoridade da Bíblia. Pode a autoridade divina ligar-se à ficção mascarando fatos?

2)
 Data do Século II Proposta para o Livro de Daniel. Esta segunda teoria pode ser datada por um escritor anticristão de século III chamado Porfírio. Ele sustentava que Daniel foi escrito quando Antíoco Epifânio estava perseguindo os judeus e que seu propósito era encorajar os perseguidos. Não aceitando que Daniel seja profecia de predição, a teoria trata dos panoramas dos impérios terrenos nos capítulos 2, 7, 8 e 11 como sendo escritos após o evento para manter a confiança de que Deus esteve o tempo todo no controle, e logo traria aflição a Antíoco e levantaria seu próprio reino de forma visível. Para o livro ter esse efeito, entretanto, ele teria de ser aceito como uma produção do século VI na qual os capítulos sobre visões foram escritos pelo próprio Daniel. Aqui novamente estava uma teoria envolvendo mentira e falsidade em questões de fato que nega a uma parte da Bíblia a autoridade da verdade.

Outras teorias, que são às vezes citadas como exemplos da mais alta crítica são igualmente problemáticas.

REFUTAÇÃO A CRÍTICA BÍBLICA
Os escritores bíblicos sempre assumem que, porque Deus é verdadeiro e as Escrituras são sua Palavra para nós, todas as afirmações bíblicas são verdadeiras. Os adeptos da Alta Crítica que acham que há boas razões para concluir que, por exemplo, as cartas que usam o nome de Paulo e reivindicam sua autoridade apostólica não foram escritos por ele ou que outros capítulos incluídos nos livros que usam os nomes dos profetas não foram escritos ou conhecidos por aqueles profetas, ou que narrativas que dão a entender serem fatos (p.ex., Adão e Eva, os patriarcas, o Êxodo, as histórias de milagres dos Evangelhos) são realmente ficção, devem defender a retirada deles do cânone bíblico. O fato de eles pensarem assim demonstra não só irreverência para com as Escrituras, mas também falta de entendimento quanto à sua natureza.

Há clara evidência no mundo da erudição de que as teorias da Alta Crítica já escritas são desnecessárias e, na verdade, artificiais. Elas foram criadas com um fundo de preconceito contra a soberania divina, os milagres e desejo por explicação naturalísticas do aparentemente sobrenatural. Atualmente essas correntes teológicas são menos fortes. Embora a hipótese de Wellhausen ainda seja frequentemente ensinada aos iniciantes como se fosse uma certeza, profissionais do todas as escolas de pensamento a estão presentemente questionando de todos os ângulos. A autenticidade de todas as cartas de Paulo, todos os livros proféticos do Antigo Testamento, toda a história do Gênesis e dos Evangelhos e, na verdade, todos os fatos da Bíblia que foram questionados em qualquer época do passado são atualmente defendidos pelos eruditos com pelo menos tanta convicção quando pareciam no ceticismo para os céticos.

Mas isso não quer dizer que o apropriado trabalho de crítica bíblica, tanto a Alta quanto a Baixa, está encerrada ou que algum dia será. A forma da mente revelada de Deus está presente nas expressões de seus escritores humanos, e, portanto, o trabalho de exploração em todos os ângulos do que eles escreveram deve continuar. As técnicas da crítica são as ferramentas para essa tarefa. Até a metade do século XX, os eruditos bíblicos eram vistos pelos críticos principalmente como coletores, guardiões e servos de tradições, e o interesse critico centralizava-se nas suas fontes e nas formas literárias de seus materiais. Mas recentemente, o interesse centralizou-se nos escritores como pensadores e comunicadores por seu próprio direito, e as técnicas principalmente cultivadas foram aquelas relacionadas com a crítica literária e social, investigando como o conhecimento dos assuntos sobre os quais os escritores estavam escrevendo condicionou o que eles diziam.

Todas estas são linhas adequadas e necessárias de investigação, e não devemos nos desencorajar na sua procura pelo fato de que, às vezes, surgem respostas erradas. As teorias que formamos, contudo devem sempre ter em vista aquilo que os teóricos da “Alta Crítica” esquecem que as Escrituras Sagradas são a verdadeira e fidedigna Palavra de Deus.

EVIDENCIAS PARA TEXTOS BÍBLICOS
O crítico bíblico sincero utiliza-se de três fontes principais de evidência para determinação das palavras exatas, as mais próximas dos manuscritos originais. Além de examinar os manuscritos e versões, o crítico também deve usar outra fonte valiosa, os escritos dos Primeiros Pais da Igreja.

OS PAIS DA IGREJA
Esses homens foram grandes líderes, teólogos, professores e eruditos dos primeiros séculos depois de Cristo. Eram cristãos dedicados que escreveram sermões, comentários e harmonias. Eles defendiam ardentemente a fé contra as incursões pagãs e heresias.

Estes homens citaram livremente a Bíblia, não só mencionando todos os 27 livros do Novo Testamento, mas virtualmente cada versículo destes 27 livros. Geisler e Nix, no livro “Introdução Geral à Bíblia”, afirmam: “Cinco pais apenas, de Irineu a Eusébio, possuem quase 36 citações do Novo Testamento”.

Há alguns anos, Sir David Dalrymple estava jantando com um grupo de letrados, quando alguém perguntou se, caso todo o Novo Testamento fosse destruído no século IV, seria possível formá-lo de novo a partir dos escritos dos Pais da Igreja dos séculos II e III. Dois meses depois ele disse a um dos participantes: “A pergunta despertou minha curiosidade e como possuía todas as obras existentes dos Pais da Igreja dos séculos II e III, comecei uma pesquisa. Até agora encontrei o Novo Testamento inteiro, exceto 11 versículos”.

O testemunho dos escritos dos Pais da Igreja quanto à autenticidade do texto é de suma importância. Primeiro, por causa de sua devoção a Deus e à sua Palavra, eles foram extremamente cuidadosos ao copiar as Escrituras. E segundo, por terem vivido tão perto dos dias apostólicos. É provável que tivessem tido acesso a manuscritos que não existem mais hoje. Há possibilidade de que alguns tivessem acesso aos próprios originais.

OS ROLOS DO MAR MORTO
Os Rolos do Mar Morto, descobertos, provavelmente, em 1947 por beduínos árabes chegaram às mãos dos estudiosos no fim daquele ano e no começo de 1948. As descobertas se realizaram nas cavernas nos penhascos margosos que distam entre um e dois km ao oeste da extremidade nordeste do Mar Morto, localidade esta que é conhecida pelo nome árabe de Cunrã (Qumran), perto de uma fonte copiosa de água doce chamada Ain Fexca (Feshkha). Esta localização à margem do deserto de Judá faz com que às vezes haja a expressão “Rolos de Ain Fexca”, ou “Rolos do Deserto de Judá”.

Os rolos foram vistos por vários estudiosos na parte posterior do ano 1947, e alguns deles confessam que na época, menosprezaram-nos como sendo falsificações. Um dos professores que reconheceram a verdadeira anti­guidade dos rolos foi o falecido Professor Eleazar L. Sukenik da Universidade Hebraica, e ele conseguiu mais tarde comprar alguns deles. Outros rolos foram levados para a Escola Americana de Pesquisas Orientais em Jerusalém, onde o Diretor interino, Dr. John C. Trever, percebendo seu grande valor, mandou fotografar os pedaços que foram levados a ele. Uma das suas foto­grafias foi enviada ao Professor William F. Albright, que imediatamente declarou que esta foi “a descoberta a mais importante que já tinha sido feita no assunto de manuscritos do Antigo Testamento”.

Escritos pelos essênios, entre o primeiro século antes e o primeiro século depois de Cristo, as partes bíblicas deste rolo nos fornecem manuscritos centenas de anos mais antigos que quaisquer outros. Partes de cada livro do Antigo Testamento foram encontradas, com exceção de Ester. De especial interesse são os rolos do livro do Profeta Isaías, porque um dentre os dois documentos é o livro completo do grande profeta. Trata-se de um manuscrito hebraico de Isaías Mil anos mais antigo do que qualquer outro já descoberto. De maneira notável, os rolos confirmam a exatidão do texto mossorético do Antigo Testamento.

OS PAPIROS DAS TUMBAS DO EGITO
De grande interesse para os eruditos bíblicos é uma certa quantidade de papiros descobertos recentemente (1931) nas tumbas do Egito. Estes têm sido frequentemente considerados os de benefício mais importantes para a crítica textual do Novo Testamento, desde que Tischendorf anunciou a descobertas dos Códices Sinaíticos. Esses papiros foram adquiridos por um colecionador de manuscritos, A. Chester Beatty. Outros se encontram na Universidade de Michigan e nas mãos de particulares. Eles contêm partes do Antigo Testamento em grego: trechos consideráveis de Gênesis, Números e Deuteronômio, e trechos de Ester, Ezequiel e Daniel. Três manuscritos do grupo são livros do Novo Testamento: porções de trinta folhas dos Evangelhos e Atos, oitenta e seis folhas das Epístolas Paulinas e dez folhas da parte do meio do livro de Apocalipse. Esse material é de maior importância, pois data do século III, ou antes. O texto é de tão alta qualidade que se compara aos Códices Vaticano e Sinaítico.

O fragmento de John Rylands é um pequeno pedaço de papiro com apenas 38,96 cm por 6,4 cm. Embora tão pequeno, é reconhecido como o manuscrito mais antigo de qualquer parte do Novo Testamento. Está escrito de ambos os lados e contém uma parte do Evangelho de João: 1.31-33,37,38. Foi obtido em 1920.

Em 1956, Victor Martin, professor de filologia clássica na Universidade de Genebra, publicou um códice de papiro do Evangelho de João: o Papiro Bodmer II. Este incluía os capítulos 1.1 até 14.26, sendo datado de 200 d.C. Trata-se provavelmente do livro mais antigo do Novo Testamento.

CONCLUSÃO
Qualquer que seja a variante das leituras descobertas pelos críticos textuais, é um fato reconhecido que nenhuma delas de maneira alguma altera a doutrina cristã.
Os críticos Wescott e Hort, Erza Abbot, Philip Scraff e A. T. Robertson avaliaram cuidadosamente as evidencias e concluíram que o texto do Novo Testamento é mais de 99% puro.