O presente documento visa melhor descrever o bom caminho teológico para quem estuda. É importante a leitura e releitura deste documento, pois há no mesmo, regras para o desenvolvimento de um pensamento teológico conciso e coerente. Sem as bases da Teologia Bíblica e Sistemática torna-se quase impossível o raciocínio teológico. E, para que haja o conhecimento das referidas Teologias, é importante saber quais são as correntes de pensamento mais comum, no que se refere aos assuntos da Teologia Sistemática.
DEFINIÇÃO DO TERMO
THEO (Deus) + LOGOS (Estudo, conhecimento)
LOGOS, é o substantivo de onde se origina a palavra “lógica”. O estudo teológico, é, portanto, um estudo lógico de Deus. Quando se estuda Teologia, deve-se procurar saber, p. ex.:.:: Quem Deus é,
.:: Como Ele se revelou,
.:: O que Ele quis na sua revelação,
.:: Como posso organizar o “pensamento”de Deus na sua revelação?
Por que estudo lógico? Porque na Teologia deve haver coerência. Aquilo que na lógica não tem coerência é denominado absurdo. Um estudo prévio de lógica é fundamental para se fazer Teologia, o que poucos se atinam. É no estudo da lógica que ficamos conhecendo os princípios fundamentais do pensamento, tais como as leis básicas da lógica. Exemplo:
1 – Lei da Não Contradição. Esta é a lei fundamental do pensamento, presente em todas as esferas do pensamento. Quando chamamos alguém de intolerante, por exemplo, estamos nos colocando na posição de tolerantes. Isto é, a posição OPOSTA. Ora, toda afirmação deve ter uma posição oposta, que não se anule. Somente definimos o bem, porque conhecemos o mal. Somente definiremos o certo, se pensarmos no errado, no seu oposto. Deus é infinito (definição diferente de “imenso”), e infinitos são seus atributos, portanto Deus é infinitamente bom. Ora, se Deus é infinitamente bom, e criou o homem, que pecou, Deus pode ser visto como o autor do mal, uma vez que o pecado é algo maligno? Não, pois algo que é absoluto, infinito REALMENTE, não pode, por definição, ser limitado por um contrasenso. Seria absurdo pensar o contrário, pois violaríamos a LNC, o absoluto teria relativos.
Não é necessário ficarmos reproduzindo textos bíblicos para corroborar a idéia de inspiração. Nos deteremos à construção do pensamento teológico, e a lista de livros que podem auxiliar no processo.
ABORDAGENS TEOLÓGICA
Canônica – Visa a Bíblia como um todo, e busca saber o que a Bíblia diz sobre determinado assunto. Assim, os fatos históricos corroborados pela Arqueologia , Paleontologia e Antropologia serão importantes, mas não relevantes ao ponto de o pensamento teológico ser influenciado pelo mesmo. Por exemplo: Se a Bíblia afirma que primeiro foi a terra feita, depois o sol, a Bíblia tem razão, independentemente do que afirmam as demais ciências.
Histórico-Crítica – Observa o que dizem as Escrituras juntamente com o que foi corroborado pela história, e pode ser observado pela crítica dos textos sagrados. O texto não vai ter tanta relevância, e vai estar sujeito aos ciclos de descobertas da ciência.
Temática – Busca temas no Novo ou no Antigo Testamento. Há temas pré estabelecidos, célebres, que são trabalhados especificamente no Novo ou no Antigo. Por exemplo: Os evangelhos falam sobre o Reino de Deus. Para uma abordagem mais ampla sobre o Reino, há material no Evangelho de Mateus em abundância. Contudo, o se o tema estiver sendo abordado sob a perspectiva temática, todo o Novo Testamento deve ser consultado, para se saber o que o mesmo diz complementarmente. A abordagem temática não despreza as evidências externas, isto é, da Literatura, Arqueologia, História e Antropologia.
Elementos de crítica bíblica são importantes, pois demonstram a superioridade e inerrância das Sagradas Escrituras. Para a formulação de quaisquer assuntos teológicos, é importante basear o mesmo na forma canônica, pois o texto sagrado deve ser a autoridade final, e somos tentados a nos desvirtuarmos dele.
HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ
Uma deficiência grande em muitos estudantes é a sua teimosia em não se aplicar a aprender a história da Filosofia e Teologia. É lógico que o pensamento filosófico, e principalmente o teológico, é de suma importância para que saibamos o que já foi desenvolvido ao longo dos séculos. Os grandes períodos teológicos se dividem em:
Dos Polemistas e Apologistas – Este é o perído de homens como Irineu, Tertuliano, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Policarpo, Eusébio de Cesaréia, Orígenes, etc. Dura os quatro primeiros séculos da era Cristã, e, infelizmente é pouco, ou totalmente conhecido da maioria da cristandade hoje. O material teológico é primitivo, porém é importante que se conheça ao menos como foi este período da História
Dos Patrísticos – Como os anteriores, este período é conhecido por produzir o que muitos autores chamam de pais da cristandade. Neste período a igreja em Roma ganha a proeminência ao ponto de todo o vaticínio (revelação de dogma) ser entendido como algo que vem da parte de Deus. Embora os concílios já existissem desde os primeiros séculos, a Igreja em Roma tem proeminência nas decisões divergentes da Igreja. Tornou-se (a Igreja) em o “Vaticano”. “Pais” como Gregório, Ambrósio , Jerônimo (que traduz a Bíblia do grego para o latim, a Vulgata) são deste período. Vai do quarto século até proximamente o oitavo, quando efetivamente começa a Idade Média.
Idade Média (Escolástica) – Há quem aponte o começo da Idade Média com a queda do Império Romano, no século V depois de Cristo. Porém, no que se refere à Teologia, a “Idade Média” começa com o período escolástico, tipo de Teologia de mosteiro, cujo principal expoente é Tomaz de Aquino. A escolástica é a base do ensino acadêmico das universidades de que surgiriam na Europa. Era portanto, a forma padrão de ensino.
Reforma Protestante – No período escolástico, a razão humana fora valorizada, no que se refere à forma de percepção da existência de Deus. Tomaz de Aquino fora um admirador de Aristóteles e de sua Metafísica. A Reforma rompe com esse conceito, no que se refere à razão humana. O homem está “morto”espiritualmente, e sua razão, está irremediavelmente degenarada (pensamento calvinista). Assim, o homem carece da ação do Espírito Santo. Por esse conceito, a Reforma é execrada pelos filósofos de orientação católica, quando afirmam que, era proibida a Filosofia na Reforma. Os pontos altos da Reforma são a) A justificação pela fé; b) A autoridade final das Escrituras, portanto são a única forma de Revelação que pode conduzir o homem à salvação(Revelação essa chamada de “Especial”, enquanto que o restante da Revelação é chamado de “Geral”); c) Somente através da Graça de Deus o homem pode ser salva (em nada participando da sua salvação). Este conceito, ao contrário do que muitos pensam, não exclui o arbítrio do homem. Apenas se crê, como Calvino expôs, que a vontade do homem está tão degenerada e corrompida que torna-se impossível ao homem, por si só, chegar-se a Deus, após a deformidade da Queda. Cabe, portanto, ao próprio Deus salvar o homem caído, e isto acontece através da sua Graça. e) Só glória a Deus. Nada e ninguém é digno de glória e louvor. Isto serviria para romper com a sacralização do corpo e de objetos, o que era prática comum no catolicismo romano. A reforma protestante acontece no século XVI.
Movimentos Racionalistas e Pietistas – O denominacionalismo é característica dos séculos XVII e XVIII. Nestes séculos afloram vários movimentos de cunho filosóficos, como o Racionalismo e o Iluminismo francês (tipicamente ateísta), que geraria o Naturalismo. Em contrapartida, o Pietismo surge, gerando movimentos que se destacam, como o nome sugere, pela valorização de uma vida cristã pia, conforme os moldes da igreja primitiva. É também o período em que surge a Crítica Textual (a chamada Baixa Crítica),que vem levantar hipóteses que põem em dúvida a autenticidade das Sagradas Escrituras.
Pentecostalismo e Vários Movimentos Religiosos – O pentecostalismo surge, oficialmente, em 1834, em uma reunião nos Estados Unidos, aonde uma jovem, supostamente, teria falado em línguas, e tido revelações proféticas. Verdade ou não, o pentecostalismo como movimento surge no século XIX. É o século da Arqueologia Bíblica, que enveredaria pelo século XX. Já são várias as denominações cristãs no Ocidente. O Espiritismo surge na França, e, nos Estados Unidos, várias seitas surgem ao fim do período, como As Testemunhas de Jeová, Os Mórmons e Os Adventistas do Sétimo Dia. É neste período que surgem avivalistas como Finney e Moody.
Neo Ortodoxia – O movimento de “neo ortodoxia” surge como resposta ao aumento dos críticos nos círculos acadêmicos (seminários europeus, principalmente os alemães), e do ateísmo, no mundo. A primeira guerra mundial (1916-1918) deixara um sentimento de vazio, que crescera com as informações da crítica bíblica de que a Bíblia não tinha coesão, e que, pelas “descobertas”, o texto não poderia ter sido inspirado, haja visto terem sido encontrado elementos que comprovariam (de acordo com o pensamento dos críticos liberais) que a Bíblia seria uma junção de mitos (folclore) com estilos diferenciados, às vezes em um mesmo livro, que ao longo da História, foi sendo considerada sagrada, “canonizada”. A neo ortodoxia não vai lutar pela autenticidade histórica da Bíblia, mas vai como que tentar aliar o criticismo e os elementos que vieram com ele, com a ortodoxia tradicional. Então, “a Bíblia não era a palavra de Deus, mas continha a Palavra de Deus”, quando, SUBJETIVAMENTE, ela falasse às vidas que a lessem. Karl Barth, o principal expoente da neo ortodoxia, é o autor da frase em itálico.
Realidade Contemporânea – A Arqueologia Bíblica fez avanços extraordinários. Um dos mesmos foi a descoberta dos rolos do mar morto, logo após a segunda guerra (em 1948), em uma época na qual a Europa parecia não mais crer em Deus. O Liberalismo teológico era ensinado em profusão nas universidades teológicas européias, porém, o movimento pentecostal, oriundo dos EUA, ganha proeminência nas Américas. A partir da segunda metade do século XX, o movimento pentecostal, e conseqüentemente a sua Teologia que trazia consigo tornam-se, progressivamente, predominantes no mundo evangélico conhecido. As igrejas pentecostais oriundas dos EUA eram tradicionalmente arminianas, e, no começo do século XX, o movimento não declarado de anti intelectualismo, em resposta ao liberalismo crítico, ascende nas igrejas evangélicas. Isto em parte foi prejudicial, pois é daí vem o mau hábito dos cristãos contemporâneos em não se aplicar ao estudo teológico. Hoje há uma profusão enorme de movimentos evangélicos, extremamente diversificados. Até mesmo os grandes blocos de determinado pensamento específico divergem internamente, ficando muito difícil uma identidade unificadora. Aliado a isso não se tem um ensino teológico regular e formal no meio evangélico atual (que em sua grande maioria é pentecostal), o que dificulta ainda mais a classificação do grupo, como um todo. Algo de muito benéfico no movimento pentecostal é a sua valorização de uma vida de santidade não se adequando aos padrões do mundo.
BIBLIOGRAFIA EXPLICADA
Muitos são os livros de Teologia, porém, uma seleção cuidadosa por classificação de temas e assuntos, resultará em um maior aproveitamento no gasto de tempo com os mesmos.
1 – Livros de Teologia Sistemática: É a Teologia de acordo com a orientação denominacional do autor. É preciso que se saiba qual é a orientação denominacional para que saibamos identificar os elementos de determinada Teologia aplicada no livro. Bons escritores de TS são STRONG, GRUYDEM, BERKHOFF, ERICKSON.
2 – Dicionários Bíblicos: “O Novo Dicionário da Bíblia” é, entre os dicionários bíblicos, o que tem maior erudição. É extremamente útil. Porém, é necessário que se pesquise dicionários de Teologia. Além de serem mais concisos do que Enciclopédias, podem ser mais práticos no uso. Geralmente os dicionários teológicos vêm divididos em dois, um para o Novo e outro para o Antigo Testamento.
3 – Livros do tipo “Manual”: Os maunais bíblicos (livros que tratam livro a livro da Bíblia, com informações sobre os mesmos) estão se modernizando e perdendo a nomenclatura tradicional de “manuais”. Há muitos livros falando sobre períodos (p. ex.: período monárquico, período profético, período interbíblico, período dos juízes, período Paulino, etc.). Estes livros são extremamente úteis pois trazem informações históricas e arqueológicas atuais além de estudos sobre a teologia dos determinados períodos enfocados. São melhores do que os tradicionais manuais bíblicos, por serem mais completos.
4 – Livros de História do AT, NT e da Igreja: Encaixam-se na categoria dos livros anteriores, com a diferença de que o aspecto histórico é bem destacado. Há vários livros sobre o cristianismo, e, são tão importantes, que o estudante deve ter ao menos um. Todos trazem resumos da Teologia dos períodos divididos.
5 – Livros de Apologética, Hermenêutica e Enciclopédia: Muitos estudantes ficam “perdidos” quando pesquisam enciclopédias, por não entenderem o que as mesmas trazem. Quase todas as enciclopédias partem do pressuposto de que o leitor está familiarizado com alguma coisa de Teologia. Portanto, muitos assuntos são tratados (expostos) como se o leitor já tivesse conhecimento dos mesmos. Até mesmo a divisão das enciclopédias sugere isso, por exemplo: Muitas enciclopédias trazem, em suas divisões, o Credo Apostólico, a Kenosis, a Teologia do Reino, o Problema do Mal, expressões estas que são desconhecidas por aqueles que não estudam Teologia.
A compreensão dos artigos, portanto, também será difícil, pois as idéias dos teólogos, ao longo da História, será enfocada, bem como o próprio pensamento do organizador, que obviamente tem a sua própria orientação teológica. Os demais livros servem para auxiliar no estudo da Bíblia, nas análises de texto para sermões, nas ilustrações e aplicação pessoal que poderemos fazer ao explanar um determinado texto das Escrituras.
Esta pesquisa é FUNDAMENTAL, pois poderemos ensinar algo errado, que o autor não tinha a intenção de dizer, mas que está presente apenas em nossa concepção do texto. Com estudos suficientes, poderemos fazer Teologia Bíblica, que requer, além do que já foi falado (análise hermenêutica, escriturística, histórica, etc.) algum conhecimento do que se sabe sobre o mesmo na língua original
À medida que se espalha a consciência da debacle total das nossas universidades públicas e privadas, cresce o número de brasileiros que, valentemente, buscam estudar em casa e adquirir por esforço próprio aquilo que já compraram de um governo ladrão – ou de ladrões empresários de ensino – e jamais receberam.
O afresco ´Escola de Atenas´, de Rafael (1483-1520), no Vaticano. Veja, mais abaixo, alguns detalhes explicativos sobre a composição desta obra que é um marco da pintura mundial.
Quase dez anos atrás a Fundação Odebrecht – no mais, uma instituição admirável – me perguntou o que eu achava de uma campanha para cobrar do governo um ensino de melhor qualidade. Respondi que era inútil. De vigaristas nada se pede nem se exige. O melhor a fazer com o sistema de ensino era ignorá-lo. Se queriam prestar ao público um bom serviço, acrescentei, que tratassem de ajudar os autodidatas, aquela parcela heróica da nossa população que, de Machado de Assis a Mário Ferreira dos Santos, criou o melhor da nossa cultura superior. O meio de ajudá-los era colocar ao seu alcance os recursos essenciais para a auto-educação, que é, no fim das contas, a única educação que existe. Cheguei a conceber, para isso, uma coleção de livros e DVDs que davam, para cada domínio especializado do conhecimento, não só os elementos introdutórios indispensáveis, mas as fontes para o prosseguimento dos estudos até um nível que superava de muito o que qualquer universidade brasileira poderia não só oferecer, mas até mesmo imaginar.
Minha sugestão foi gentilmente engavetada, e, com ou sem campanha de cobrança, o ensino nacional continuou declinando até tornar-se aquilo que é hoje: abuso intelectual de menores, exploração da boa-fé popular, crime organizado ou desorganizado. (...)
Note-se a imensa diferença que existe entre adquirir pura informação, por mais erudita que seja, sobre as idéias de um filósofo, e levá-las à prática fielmente, como se fossem nossas, no exame de problemas pelos quais sentimos um interesse genuíno e urgente. A primeira alternativa mata os filósofos e os enterra num sepulcro elegante. A segunda os revive e os incorpora à nossa consciência como se fossem papéis que representamos pessoalmente no grande teatro do conhecimento. É a diferença entre museologia e tradição. Num museu pode-se conservar muitas peças estranhas, relíquias de um passado incompreensível. Tradição vem do latim traditio, que significa “trazer”, “entregar”. Tradição significa tornar o passado presente através da revivescência das experiências interiores que lhe deram sentido. A tradição filosófica é a história das lutas pela claridade do conhecimento, mas como o conhecimento é intrinsecamente temporal e histórico, não se pode avançar nessa luta senão revivenciando as batalhas anteriores e trazendo-as para os conflitos da atualidade.
Muitas pessoas, levadas por um amor exagerado à sua independência de opiniões (como se qualquer porcaria saída das suas cabeças fosse um tesouro), têm medo de deixar-se influenciar pelos filósofos, e começam a discutir com eles desde a primeira linha, isto quando já não entram na leitura armadas de uma impenetrável carapaça de prevenções. (...)
Algumas regras práticas decorrem dessas observações:
1. Quando você se defrontar com um filósofo, em pessoa ou por escrito, verifique se ele se sente à vontade para raciocinar junto com os filósofos do passado, mesmo aqueles dos quais “discorda”. A flexibilidade para incorporar mentalmente os capítulos anteriores da evolução filosófica é a marca do filósofo genuíno, herdeiro de Sócrates, Platão e Aristóteles. Quem não tem isso, mesmo que emita aqui e ali uma opinião valiosa, não é um membro do grêmio: é um amador, na melhor das hipóteses um palpiteiro de talento. Muitos se deixam aprisionar nesse estado atrofiado da inteligência por preguiça de estudar. Outros, porque na juventude aderiram a tal ou qual corrente de pensamento e se tornaram incapazes de absorver em profundidade todas as outras, até o ponto em que já nada podem compreender nem mesmo da sua própria. Uma dessas doenças, ou ambas, eis tudo o que você pode adquirir numa universidade brasileira.
2. Não estude filosofia por autores, mas por problemas. Escolha os problemas que verdadeiramente lhe interessam, que lhe parecem vitais para a sua orientação na vida, e vasculhe os dicionários e guias bibliográficos de filosofia em busca dos textos clássicos que trataram do assunto. A formulação do problema vai mudar muitas vezes no curso da pesquisa, mas isso é bom. Quando tiver selecionado uma quantidade razoável de textos pertinentes, leia-os em ordem cronológica, buscando reconstituir mentalmente a história das discussões a respeito. Se houver lacunas, volte à pesquisa e acrescente novos títulos à sua lista, até compor um desenvolvimento histórico suficientemente contínuo. Depois classifique as várias opiniões segundo seus pontos de concordância e discordância, procurando sempre averiguar onde uma discordância aparente esconde um acordo profundo quanto às categorias essenciais em discussão. Feito isso, monte tudo de novo, já não em ordem histórica, mas lógica, como se fosse uma hipótese filosófica única, ainda que insatisfatória e repleta de contradições internas. Então você estará equipado para examinar o problema tal como ele aparece na sua experiência pessoal e, confrontando-o com o legado da tradição, dar, se possível, sua própria contribuição original ao debate.
É assim que se faz, é assim que se estuda filosofia. O mais é amadorismo, beletrismo, propaganda política, vaidade organizada, exploração do consumidor ou gasto ilícito de verbas públicas.
NOTA: O mesmo pode-se dizer da Teologia. O conhecimento teológico anda de mãos dadas com a filosofia cristã. É impossível querer assenhorar-se do conteúdo de tratados teológicos sem resvalar no pensamento de célebres filósofos cristãos, que por sinal também perfilaram na história da Filosofia. E, como o Olavo citou na questão da Filosofia, na Teologia também há célebres ´problemas´ aos quais foram dadas inúmeras respostas, algumas das quais se mostraram conflitantes do ponto de vista dogmático. É por isso que é necessária a análise e a discussão com as tradições, embora estas sejam menos mutáveis, em termos ortodoxos. O teólogo da pós-modernidade, que mantém seu posicionamento dentro dos parâmetros da ortodoxia, precisa antes de qualquer outra coisa saber lidar com os numerosos e crescentes ataques à fé cristã sob a forma de heterodoxias e heteropraxias conflitantes com os dogmas fundamentais à fé, como expostos nas Sagradas Escrituras. E, mais do que nunca, o teólogo precisa dialogar com os grande filósofos do pensamento cristão
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