domingo, 4 de setembro de 2016

Irã anuncia chegada iminente do “messias islâmico” e da 3ª Guerra Mundial

O governo iraniano vê a atual instabilidade no Oriente Médio como um sinal de que a vinda do Mahdi – ou messias islâmico – é iminente. Uma de suas principais características é unir os povos e trazer a paz, algo que os cristãos geralmente atribuem ao anticristo. Mas antes ele destruirá todos os inimigos de Alá.
Desde 2012 Teerã vem produzindo material de cunho político-religioso para lembrar a população das profecias sobre o final dos tempos.
Nas últimas semanas, foi divulgado uma espécie de ‘comercial’ sobre a preparação do Irã para a terceira guerra mundial. Para um expectador ocidental, poderia parecer um trailer ruim de algum filme de super-herói muçulmano, mas reflete convicções religiosas antigas dos sunitas.
Um homem de aparência normal assume a liderança de uma espécie de exército popular, mas eles não precisam de armas. Com um poder “sobrenatural” ele derrota os inimigos do Islã, representados pela bandeira norte-americana que queima no final do vídeo.
Não importa se contra o exército de “soldados da fé” é usado o que existe de mais poderoso em armamento militar, incluindo helicópteros, caças e porta-aviões.  Sua voz de comando é suficiente.
Para quem conhece os sunas e hadiths, tradição islâmica seguida pela maioria dos muçulmanos, sabe que existem várias ‘profecias’ sobre um grande líder que se levantará nos últimos dias.
Ele terá grande poder e reinará por sete anos, quando instituirá o Islamismo como única religião mundial. Curiosamente, a tradição afirma que ele terá ao seu lado Jesus, que servirá como um promotor, que condenará judeus e cristãos por não terem entendido seus ensinamentos e rejeitado o Islã. Juntos, eles lutarão e vencerão a última guerra, que seria para o Ocidente a terceira guerra mundial.

Expectativa crescente

Mais de dois terços do um bilhão de muçulmanos que vivem no planeta esperam que o Mahdi venha logo, indica a nova pesquisa Pew Research.
No Oriente Médio, Norte da África, Sul da Ásia e Sudeste da Ásia “metade ou mais muçulmanos acreditam que vão viver para ver a vinda do Mahdi”. Esta expectativa é mais difundida no Afeganistão (83 %), Iraque (72 %), Tunísia (67 %), Turquia (68%) e Malásia (62 %).
O general Mohammad Ali Jafari, comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, afirma que o Irã jápreparou cerca de 200.000 homens em todo o Oriente Médio que estariam prontos para a chegada do Mahdi.
Para os muçulmanos, esse homem será um grande líder que dará “início a justiça antes do Dia do Juízo”.
Em entrevista ao jornal Turkish Daily Sabah, da Turquia, Jafari explica que a recente onda de violência e o que ocorre atualmente na região, incluindo a ascensão do Estado Islâmico e outros grupos extremistas, são sinais que a chegada do messias muçulmano é iminente.
“Os eventos que ocorreram nos últimos anos estão preparando o terreno para o surgimento de Imã Mahdi. Segundo o Middle East Monitor, esse “exército” reúne jovens na Síria, Iraque, Afeganistão, Paquistão e Iêmen.
Na tradição islâmica, há uma “profecia” de Maomé, feita no século sétimo sobre isso. Mas ela recebe diferentes interpretações. Os muçulmanos xiitas defendem que o mahdi se levantará após um período de violência generalizada e instabilidade.

Assista um estudo de John McArthur sobre o tema:

Após ler João 3:16, muçulmano se converte e recebe visita de anjo

Anil Gomes (nome mudado por razões de segurança) vive em Bangladesh, onde menos de 0,5% da população é cristã. Nasceu em uma família muçulmana, como a maioria da população do país asiático. Levando em conta o aumento da perseguição religiosa, ele resolveu divulgar seu testemunho pessoal para encorajar os outros cristãos.
Formado em História no seu país, em 1994 foi viver na Arábia Saudita, onde fazia estudos avançados sobre o Islã. Na capital Riad, ele teve um encontro que mudou sua vida. Ele foi a um lugar onde eram realizadas as execuções públicas. Um desconhecido se aproximou dele e lhe entregou um folheto em árabe.
Era uma mensagem simples, que destacava a conhecida passagem do Evangelho de João (3:16): “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
O texto o impressionou profundamente. “Eu nunca tinha visto nada parecido em qualquer livro islâmico”, lembra. “Naquele momento, eu fiquei intrigado. Descobri que a passagem era parte de um livro sagrado chamado Injeel Sharif [Novo Testamento], escrito muito antes do Alcorão”.
Alguns dias depois, conta, “era cerca de três horas da manhã quando vi um homem vestido de branco entrar no meu quarto. Ele veio até mim dizendo: Tome o caminho da Najat (Redenção) e receba Isa (Jesus)”. Em seguida, o homem, que ele crer ser um anjo, desapareceu. “Eu fiquei tremendo de medo”, ressalta.
Anil sabia que não poderia compartilhar o que aconteceu com ele com ninguém, pois teria sérias consequências. Enquanto se preparando para os exames de doutorado, teve a oportunidade de visitar 16 países muçulmanos em uma viagem de estudos. Quando estava no Iraque viu uma igreja. “Eu procurei o pastor e falei com ele. Ele me batizou dia 15 de maio de 1994.”
Após completar seus estudos, voltou para Bangladesh, onde começou a trabalhar como professor de literatura árabe em uma universidade islâmica. Porém, seu comportamento levantou suspeitas entre seus colegas. “Eu não lia o Alcorão, então eles começaram a suspeitar de mim. Um dia, alguém me viu lendo a Bíblia em árabe, porque eu estava comparando o texto com a versão em bengali [sua língua nativa].”
Seus colegas o denunciaram para o vice-reitor que lhe perguntou se ele havia se convertido ao cristianismo. Anil respondeu com a máxima sinceridade: “Sim, eu sou um seguidor de Jesus.” Ouviu então que um kaffir [descrente] não poderia ensinar em universidades islâmicas. Ele foi demitido.
A história se espalhou e poucos dias depois, Anil foi sequestrado por membros de um grupo islâmico radical. “Eles queriam me matar. Cortaram as veias nas pernas, me bateram em vários lugares, na frente da minha família. Ainda tenho as cicatrizes dos golpes.”
Ele conta que desmaiou por causa da perda de sangue. Acordou quatro dias depois, no Hospital Universitário da capital Daca. Foi levado para lá por um tio. Ficou 3 meses e 21 dias internado. Quando voltou para casa, foi espancado novamente por muçulmanos da mesquita local. Sua família não aceitava sua decisão de abandonar o Islã. Ele foi deserdado. Já não conseguia ser aceito pela comunidade local e perdia o emprego toda vez que descobriam que ele era cristão.
Mesmo com muito estudo, ele tem passado dificuldades financeiras e não consegue emprego. Casado e com um filho, conta que seu sustento vem das palestras que dá em igrejas, mas este trabalho não é em tempo integral.
A recente onda de assassinatos de não-muçulmanos em Bangladesh, em especial de outros convertidos ao cristianismo o faz temer pelo futuro. “Estou muito preocupado com o que acontece com meu país”, afirmou. Ele pede oração pelos cristãos do país, mas diz que, apesar das dificuldades, nunca abrirá mão de sua fé. Com informações de Asia News

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Usos e Costumes nas ADs

Usos e costumes nas Assembleias de Deus. Eis um assunto controverso e polêmico. Acreditou-se por muito tempo na preservação dos costumes por longo período. Segundo Isael de Araújo noDicionário do Movimento Pentecostal os "usos e costumes estiveram profundamente arraigados à própria imagem que os pentecostais faziam de si mesmos". Para o autor "os usos e costumes formam [ou formavam] a identidade estética" dos pentecostais brasileiros.

As novas gerações de assembleianos desconhecem praticamente a lista de restrições dadas e cobradas dos crentes antigos. Alguns até fantasiam a igreja antiga como uma comunidade mais "santa", onde servir a Deus "era melhor". Mas antigamente as coisas eram melhores? Não há uma resposta exata. Cada geração de crentes experimenta coisas boas e ruins, vantagens e desvantagens em seu tempo. Mas vale lembrar que, a sociedade em si também era mais conservadora e despojada de luxos e consumismo. Ou seja, muitos dos costumes foram herdados da própria sociedade na qual estava inserida a igreja, e conservados na instituição enquanto o "mundo" exterior se transformava.

Crentes de Madureira em 1953: usos e costumes em alta

Memórias das Assembleias de Deus selecionou alguns relatos sobre os costumes antigos. Lógico que os usos e costumes dependiam da região e ministério no qual o crente estava localizado. Mas vamos a uma pequena amostra das "doutrinas ferozes" como dizia o pastor Epaminondas.

Ela [a igreja] exigia, por exemplo que os homens usassem chapéu e as mulheres usassem meia. Eles colocavam um porteiro na porta: 'Dá licença, irmã'. Se a irmã não tivesse meia, podia voltar (...) Isso criou muito embaraço para a igreja".(Pastor Ducler de Oliveira em entrevista a Ricardo Mariano) 
A Assembleia de Deus do Brás, por exemplo, na época tinham uma doutrina rigorosa. Tinham que usar chapéu, usar gravata. A mulher não podia andar de sapato aberto, tinha que usar fechado, manga no braço até embaixo... (Kalil Luta membro da AD do Belezinho e político em entrevista a Ricardo Mariano) 
Algumas características  acentuadas do Ministério de Madureira que divergiam das igrejas da Missão é que eles iam longe demais na questão de usos e costumes bem mais do que a Missão. Eles faziam restrições até absurdas como, por exemplo, não tomar banho de sabonete para não ficar cheirando perfume, que isso era vaidade, desodorante nem pensar. Você não podia usar roupa que tivesse qualquer traço vermelho ou gravata vermelha também. Era absurdo, porque estava brincando com o sangue de Jesus. (Pastor Valter Brunelli em entrevista a Ricardo Mariano)
Se algum crente bebesse guaraná ou qualquer outro refrigerante, eu o excluía. Para mim, as mulheres deveriam andar com as mangas dos vestidos fechadas até o punho, e as saias bem abaixo dos joelhos. Os cabelos até podiam ser trançados, mas sem qualquer enfeite. Sapatos, só de salto baixo, e não podiam usar cinto. Os homens deviam vir ao culto de terno e gravata(Epaminondas José das Neves em entrevista ao jornal O Assembleiano - out/nov de 1991) 

Ainda segundo o pastor Epaminondas, um dia na cidade paranaense de Ibiporã encontrou os pastores Artur Montanha, Satyro Loureiro e João Ungur tomando refrigerante num bar. Ficou escandalizado e pensou "Esses catarinas não são crentes, não têm doutrina".

Segundo depoimento de crentes do Rio de Janeiro, Paulo Macalão não permitia os membros de Madureira tomar refrigerante. Quando havia algum aniversário ou confraternização, os irmãos saboreavam suco de caju.

Acã e a Maldição do Pecado

et-Tell, identificada pela arqueologia bíblica como a antiga cidade de Ai. Crédito da imagemhttp://www.biblearchaeology.org



Introdução
Nesta lição, estudaremos o capítulo 7 do livro de Josué. Nos cinco capítulos precedentes (1.5-5.15), analisamos a preparação e a entrada do povo em Canaã. Já, dos capítulos seis a oito (6.1-8.35 [9]), o livro ocupa-se da conquista da parte central de Canaã. O capítulo sete, portanto, trata de um grave e incômodo estorvo à conquista de Canaã. O tema principal desta seção é: O Pecado e Castigo de Acã.

Comparação entre o capítulo 7 e 8 de Josué
Os capítulos sete e oito formam uma unidade. O capítulo 8 está relacionado ao sete, não apenas pelo uso do advérbio “então” (ARC), mas pelo paralelismo de eventos e idéias que contrastam com o capítulo sete. Vejamos.

1. No capítulo 7 os israelitas fracassam em função do pecado de Acã: A cidade de Ai triunfa. 
No capítulo 8 os judeus triunfam em função da eliminação do pecado: A cidade de Ai é destruída.

2. O capítulo 7 trata das causas do fracasso na conquista. 
O capítulo 8 da restauração do ciclo de vitórias do povo.

3. No capítulo 7 o pecado é banido. 
No capítulo 8 segue-se à confirmação do mal extirpado.

4. No capítulo 7 a comunidade sofre. 
No capítulo 8 a comunidade regozija.


Notas Expositivas da Leitura Bíblica
Josué 7.1,5-7, 11,12.

1 – E prevaricaram os filhos de Israel no anátemaporque Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema, e aira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.

a) “Prevaricaram”. O número gramatical do verbo “prevaricar”, expressa o conceito e senso comunitário das tribos de Israel. Toda congregação tornou-se culpada pelo pecado de um só homem, Acã.

Em nossa obra, A Família no Antigo Testamento: história e sociologia, explicamos que o modelo social pelo qual as tribos de Israel viviam chama-sesolidariedade mecânica, conforme proposta pelo teórico social Durkheim. 

Neste tipo de solidariedade, os indivíduos possuem sua identidade e unidade tribal, mediante a família, a religião, a tradição e costumes vividos pela totalidade das tribos. Todos, igualmente, vivem os mesmos valores, seguindo a tradição ancestral da qual a coletividade procede. Uma “família-tronco” perpetua-se em torno do chefe de família pela instituição de um “herdeiro associado”.

Por conseguinte, o fato de um pecado pessoal transtornar toda uma comunidade deve-se, em grande parte, à estrutura deste tipo de sociedade. As famílias, separadas por clãs patronímicos, mas unidas pela identidade coletiva, normalmente, não agiam sozinhas, mas em grupo. Aidentidade de um indivíduo confundia-se com o grupo a que pertencia. 

O povo de Israel, portanto, valorizava a integração e a interdependência, entre as tribos e as pessoas, como valoresquando um israelita pecava, todo o povo assumia a responsabilidade pela transgressão cometida. Por isso, todo o Israel foi castigado em conseqüência do pecado de Acã (vv. 11,12). 

Israel, a totalidade do povo, era um corpo composto por vários membros (cada uma das tribos). O texto de Números 1.2, apresente adequadamente esse conceito: “Levantai o censo de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, contando todos os homens, nominalmente, cabeça por cabeça” (ARA). 

Essa perícope apresenta: “congregação” (‘ēdâ) – todo o povo de Israel; “famílias” (mishpāchâ) – o clã, como principal unidade social; e “casa” (bayît) – a unidade consangüínea menor do que a tribo, onde vivem os indivíduos. [1] 

Um pecado praticado por um membro da “casa” (bayît) afetava a totalidade da ‘ēdâ (congregação). Os versículos 13-19 têm como fundamento sociológico estas divisões: “santifica o povo” (v.13); “vossas tribos” (v.14); “segundo as famílias” (v.14); “chegará por casas” (v.14); “chegará homem por homem” (v.14). imprescindíveis à unidade do povo. De acordo com esses princípios, o pecado de um afeta a todos. Esse mesmo princípio afeta também a igreja. Atente, por exemplo, aos textos paulinos em 1 Co 5; 12; 14. Ou ainda Rm 5.12-21, onde encontramos as conseqüências da transgressão de Adão e os efeitos da obediência de Cristo disseminados a toda humanidade.

b) “Anátema”. O termo já foi esclarecido na lição. Trata-se do termo hebraico chērem, [2] literalmente, “maldição”. Esse vocábulo procede dechāram, cujo significado básico é “consagrado”, ou “coisa consagrada”. 

De acordo com a raiz, hrm (חרם), os tradutores da Septuaginta (LXX) verteram o vocábulo para anathématos (αναθέματος), traduzido em nossas Bíblias por “anátema”. Pesquisas, não muito recentes, afirmam que o “anátema”, como o conhecemos por meio das Escrituras Hebraicas, também era difundido em Mari e nas regiões da Mesopotâmia com o nome deasakkumAsakkun era como se denominava os bens de uma divindade, de um rei, ou de um comandante militar. [3] 

Um caso significativo para entendermos o conceito de chērem, está em Números 21.2,3, quando os israelitas prometem “destruir totalmente” as cidades da região sul de Canaã [4]. Isto quer dizer que essas cidades seriam “consagradas ao Senhor para destruição”, constituindo-se, portanto, em cidades anátemas ou consagradas para a ruína. 

Um dos objetivos primários para que o exército de Israel assim procedesse, encontra-se em Deuteronômio 13.12-17. Especificamente, o versículo 16 afirma: “E ajuntarás todo o seu despojo no meio da sua praça e a cidade e todo o seu despojo queimarás totalmente para o Senhor, teu Deus, e será montão perpétuo, nunca mais se edificará”

Desejava-se com isto, evitar que o povo se corrompesse, espiritual e moralmente, com as riquezas sacrificadas aos demônios-ídolos (Dt 32.16,17; Lv 17.7; 2 Cr 11.15). Jericó estava, portanto, debaixo dessa lei. O versículo 17 confirma: “Também nada se pegará à tua mão do anátema, para que o Senhor se aparte do ardor de sua ira, e te faça misericórdia, e tenha piedade de ti, e te multiplique, como jurou a teus pais”

Ora, a apódase [5] é condicional. Caso alguém dentre o povo desobedecesse a esta lei irrevogável e inexorável, o oposto à promessa seria o juízo sobre o povo: inclemência e crueldade no lugar da misericórdia; impiedade ou “desumanidade” no lugar de piedade; divisão e extermínio da raça em vez de multiplicação da descendência

Foi justamente o antônimo desses léxicos beatíficos (misericórdia, piedade e multiplicação) que se deu inicio na conquista de Ai. Os versículos 11 e 12 da Leitura Bíblica confirmam essa assertiva: “Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também, furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram. Pelo que os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos; viraram as costas diante dos seus inimigos, porquanto estão amaldiçoados; não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.” 

Este castigo é a resposta da “ira de Deus” contra o pecado. Naquele fatídico dia, “os homens de Ai feriram deles algunsseis, e seguiram-nos desde a portaaté Sebarim, e feriram-nos na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água” (v.5 cf. v.13,15). 
Somente a expiação da culpa, isto é, a eliminação do pecador, interromperia o processo iniciado em Ai (vv.24,25-8.1ss). A transgressão de Acã, segue-se imediatamente à identificação da linhagem do “perturbador” de Israel. Interessante é o fato de os ascendentes de Acã possuírem nomes nobres: Carmi, “vinha” e, Zerá, “brilho do sol”, enquanto o nome do personagem principal, Acã, quer dizer “perturbação”, “perturbador”, “turbar”. No versículo 25 a aliteração [6] entre os nomes Acã e Acor é digno de nota. Ambos procedem da mesma raiz e correspondem em significado: “provocar calamidade” ou “perturbação”.

c) “A ira do Senhor”. Esta é uma expressão antropopática [7], isto é, ao Senhor são atribuídos afetos ou sentimentos humanos. 

Uma outra forma de os hagiógrafos descreverem a ira de Deus é através do antropomorfismo nariz ou narinas (Êx 15.8; Sl 18.8-16). Neste aspecto há uma estreita relação entre o termo nariz e ira. Nariz, no hebraico, ’ap, uma vez dilatado representa a ira, pois na mentalidade semítica, o furor, a ira e a cólera se expressam por respiração mais veemente, ou exalação nasal mais intensa. No versículo 26, a expressão “ardor da sua ira” é chārôn ’ap, em sentido antropomórfico, “o furor das suas narinas”. Daí os autores usarem a figura do “nariz fumegante do Senhor”, para expressar a ira divina. 

A ira do Senhor designa tanto a justiça de Deus que pune os homens maus, como também ao seu descontentamento com aquilo que é malévolo ou injusto. A ira do Senhor é contra o pecado, a fim de extirpá-lo da congregação santa. Assim sendo, encerra o versículo 26: “Assim o Senhor se tornou do ardor da sua ira; pelo que se chamou o nome daquele lugar o vale de Acor”, isto é, o “vale da perturbação”. No profetismo tardio, “vale de Acor", tornar-se-ia “lugar de esperança” (Os 2.14,15).

Lições Práticas

Observe o efeito deletério do pecado e a autoconfiança desprovida da bênção de Deus. A cidade de Ai estava em menor número: “Não suba todo o povo; subam uns dois mil ou três mil homens, a ferir Ai; não fatigueis ali todo povo, porque são poucos os inimigos” (7.3). Consideravam-se vitoriosos pela pequenez do exército de Ai, entretanto, foram derrotados e humilhados. 

Neste episódio, Josué ouve os espias e fracassa (7.2,3). Depois ouve a Deus e triunfa (7.7-15). Por que não fez o inverso? Por que não consultou a Deus? Deste fato podemos extrair sete preciosas lições para nossas vidas e também para nossos alunos, quais sejam:

(1) Uma poderosa vitória ontem, não garante uma pequena vitória amanhã;

(2) Apesar de os fatos estarem a nosso favor, é melhor consultar e confiar em Deus. Orar, mesmo por aquilo que parece óbvio, é uma demonstração de submissão irrestrita ao Senhor. 

(3) É sempre melhor ouvir a Deus do que os homens, até mesmo quando os fatos e as coisas estão evidentes. Como afirma o Salmo 118.8: "É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem". 

(4) Depender de Deus significa dar prioridade a Deus em tudo. 

(5) A santificação é indispensável à vitória. A santificação de ontem garante a vitória de hoje. Todavia, para vencermos depois de amanhã é necessário continuar o processo iniciado anteontem (7.13). 

(6) Muitos cristãos fracassam mesmo quando a batalha é pequena, mesmo quando o inimigo, seja ele qual for, não se apresenta renhido, tudo isso porque prefere confiar na própria força, méritos, inteligência e justiça.


(7) O justo confia e consulta o Senhor e não se aparta Dele! Sabe que, grande ou pequeno o problema, quem o faz triunfar é Cristo.

A Prosperidade no Antigo Testamento - Subsídio Lexicográfico

"Pois quanto o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para os que o temem" (Sl 103.11)



Cinco termos hebraicos que descrevem a prosperidade no Antigo Testamento

1. Tsālēach: a prosperidade como fruto de uma vida bem-sucedida. No Antigo Testamento a palavra hebraica mais comum para descrever a prosperidade é tsālēach, isto é,"ter sucesso", "dar bom resultado", "experimentar abundância" e "fecundidade". Esse termo é usado em relação ao sucesso que o Eterno deu a José (Gn 39.2,3,33) e a Uzias (2 Cr 26.5). No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual é resultado da obediência, temor e reverência do homem a Deus. A Escritura afirma que Uzias "buscou o SENHOR, e Deus o fez prosperar". A prosperidade de Uzias nesse período foi extraordinária. Como rei desfrutou de um sucesso e progresso imensurável (2 Cr 26.7-15). Deus deu-lhe sabedoria para desenvolver poderosas máquinas de guerra para proteger Jerusalém (vv.14,15). A prosperidade de Uzias era subordinada à sua obediência a Deus. O profeta Zacarias o instruía no temor do Senhor, razão pela qual o monarca prosperou abundantemente. O homem verdadeiramente próspero é como a "árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem, e tudo quanto fizer prosperará" (Sl 1.3). Porém, a soberba destronou o rei de seu palácio e prosperidade (confira shālâ).

2. Chāyâ: a prosperidade de uma vida longeva. Um outro termo hebraico que descreve a vida próspera é chāyâ. Literalmente a palavra significa "viver" ou "permanecer vivo", entretanto, em certos contextos significa "viver prosperamente": "Até que eu venha e vos leve para uma terra como a vossa, terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras, de azeite e de mel; e assim vivereis e não morrereis" (2 Rs 18.32). Em 1 Samuel 10.24, a frase "Viva o rei!", quer dizer "Viva prosperamente o rei!"; "Viva o rei em prosperidade". Nesses dois contextos, chāyâ se refere à "fartura de dias", "longevidade", "livrar-se da morte" e, consequentemente, "prosperidade". O termo também relaciona-se à saúde física e a cura de enfermidades. Em Js 5.8, o termo é traduzido por "sarar", "recuperar a saúde".

3. Śākal: a sabedoria que traz prosperidade. Um outro termo muito significativo no Antigo Testamento é śākal. Textualmente significa "ser sábio", "agir sabiamente" e, por extensão, "ter sucesso". Esta palavra está relacionada à vida prudente, ao agir cautelosa e sabiamente em todos os momentos e circunstâncias. Um exemplo negativo que serve para ilustrar a importância do que estamos afirmando é o marido de Abigail. Nabal, do hebraico nābāl, ipsis litteris, "louco", "imprudende", "tolo", demonstrou imprudência, tolice e loucura ao negar socorrer a Davi em suas necessidades. Embora rico, não era sábio e prudente (1 Sm 25.10-17); sua estultice quase o leva à morte pelas mãos de Davi, mas não impediu que o mesmo fosse morto pelo Senhor (1 Sm 25.37,38). Nabal não agiu com śēkel, isto é, "sabedoria", "prudência"; não procedeu prudentemente, portanto, "não teve sucesso", "não foi próspero". Davi, por outro lado, viveu sabiamente diante de Saul, dos exércitos de Israel, do povo e diante do próprio Senhor: "E Davi se conduzia com prudência [śākal] em todos os seus caminhos, e o Senhor era com ele" (1 Sm 18.14 ler vv.12,15). Nesses versículos temos a relação mútua entre dois conceitos: O Senhor era com Davi, razão pela qual o filho de Jessé foi prudente em suas ações; Davi era sábio, justo e prudente, motivo pelo qual o Senhor era com ele. Em alguns textos śākal diz respeito à prosperidade que advém do comportamento sábio e prudente.

4. Shālâ: o estado de impertubabilidade da prosperidade. O vocábulo procede de uma raiz da qual se deriva as palavras "tranquilidade" e "sossego". O termo significa "estar descansado", "estar próspero", "prosperidade". O termo também diz respeito à prosperidade do ímpio (Jr 12.1). Porém, o foco que pretendo destacar é o flagrante estado de "impertubabilidade" que pode levar ao orgulho. No Salmo 30. 6 o poeta afirma: "Eu dizia na minha prosperidade [shālâ]: Não vacilarei jamais". Derek Kidner (1981, p.148) afirma que a raiz hebraica que dá origem a palavra prosperidade nesse versículo refere-se às "circunstâncias fáceis, ao ponto de vista despreocupado, ao descuido e à complacência fatal" (Jr 22.21; Pv 1.32). Provérbios 1.32 revela com muita propriedade que "a prosperidade dos loucos os destruirá". O Salmo 30 descreve o louvor pelo recebimento da cura divina e pelo livramento da morte: "Senhor, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-e a vida para que não descesse ao abismo" (v.3). A salmodia foi composta logo após o restabelecimento da saúde física do salmista. Neste poema, o rapsodo fala a respeito de sua prosperidade e de como sentia-se seguro, tranquilo e impertubável até que a calamidade adentrou nos umbrais de sua frágil vida e seu orgulho e confiança na riqueza foram abatidos. A confiança na estabilidade da prosperidade cede lugar à confiança inabalável na bondade divina: "Ouve, Senhor, e tem piedade de mim; Senhor, sê o meu auxílio" (v.10). O patriarca Jó também alude ao "descanso" e "tranquilidade" advindas da prosperidade e como de súbito foi apanhado pelas adversidades: "Descansado [shālâ] estava eu, porém ele me quebrantou" (Jó 16.12a). Paulo, muito tempo depois orienta ao jovem pastor Timóteo para que exorte os ricos a não porem a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente dá todas as coisas (1 Tm 1.17). A prosperidade anunciada por meio do vocábulo shālâ pode produzir, como afirma o teólogo Victor Hamilton, "despreocupação" (Ez 23.41; Pv 1.32). Portanto, esse termo afirma o perigo que subjaz na prosperidade. Esta não deve substituir a confiança em Deus e nas santas promessas das Escrituras.

5. Dāshēm: a prosperidade abundante. Este termo é mais frequente nos textos poéticos do que nos prosaicos. Logo, trata-se de um vocábulo poético e idiomático hebreu. Literamente significa "engordar", "ser gordo" e, consequentemente, "ser próspero". Em nossa obra,Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD) explicarmos detalhadamente o hebraísmo "gordura" nas páginas 212, 213, 214 e 215. O Salmo 63.5, por exemplo, diz: "A minha alma se farta, como de tutano e de gordura [dāshēm]; e a minha boca te louva com alegres lábios". O hebraísmo dāshēm, isto é, gordura, descreve duas verdades concernentes à prosperidade: suficiência e sentimento de bem-estar advindo da prosperidade. Em Gênesis 41 aprendemos que as vacas gordas representam prosperidade, suficiência, abundância e felicidade (vv.26,29), enquanto as magras, necessidade, escassez, fome e tristeza (vv.27,30). Imagens como essas eram frequentes no Crescente Fértil. Nos períodos áureos, o gado, sempre gordo, refletia a prosperidade da terra, trazendo alegria a seus proprietários, enquanto o rebanho magro refletia a miséria e infortúneo. Desde então, os judeus, nada afeitos a termos abstratos, preferiram designar a prosperidade utilizando-se de imagens como gordura, vacas gordas e tutanos (gordura do interior dos ossos). Veja, por exemplo, a bênção de Isaque sobre o seu filho: "Assim, pois Deus te dê do orvalho do céu, da gordura da terra, e da abundância de trigo e mosto" (Gn 27.28 Edição Contemporânea de Almeida). Na tradução, a ARA (Almeida Revista e Atualizada) omite o hebraísmo "gordura da terra", mas traduz por "exuberância da terra". Embora o termo hebraico em Gênesis seja outro, participa do mesmo campo semântico de dāshēm, gordura, assim como o vocábulo chādal, isto é, ser gordo ou próspero. Este termo, por sua vez, diz respeito a prosperidade abundande, que salta aos olhos e traz extrema felicidade e contentamento (Pv 11.25; 13.4)

José e Uzias: Paradigmas da prosperidade

José e Uzias: Paradigmas da prosperidade

A prosperidade no Antigo e Novo Testamento. No Antigo Testamento a palavra hebraica para prosperidade é tsälëach. O vocábulo significa "ter sucesso", "dar bom resultado", "experimentar abundância" e "fecundidade". Já em o Novo Testamento, o vocábulo usado é euodóö, que significa "ir bem", "prosperar", "ter sucesso". Na Almeida Atualizada, a palavra "prosperidade" aparece vinte e três vezes, enquanto na Corrigida onze (Sl 30.6; 35.27; 73.3; 122.7; Pv 1.32; Ec 7.14; Jr 22.21; At 19.25; 1 Co 16.2). Se acrescentarmos as palavras "próspero" e "próspera" teremos muitas outras ocorrências nas duas versões. Portanto, a Bíblia tem muito a ensinar a respeito da prosperidade.
A prosperidade exemplificada na vida de José. No Antigo Testamento, o termo é usado para referir-se ao sucesso que Deus deu a José no Egito (Gn 39.2,3,33). Se tomarmos a vida de José como exemplo, poucos diriam que a trajetória do menino sonhador foi de sucesso: odiado pelos irmãos, vendido aos ismaelitas, escravo e encarcerado no Egito. Quem afirmaria que José foi um homem próspero? A Bíblia. No conceito da teologia da prosperidade e triunfalista, José somente foi bem-sucedido no final da carreira. Mas, anteriormente ele não era abençoado por Deus? Era. Mas apenas os que compreendem o que de fato é a verdadeira prosperidade são capazes de compreender o sucesso em meio ao ódio, castigos e prisões (Gn 45.5,7-9). O plano dos irmãos de José era matá-lo, porém Deus interveio conservando-lhe a vida (Gn 37.20-22). Os mercadores ismaelitas poderiam vendê-lo para qualquer outra tribo ou povo, mas por que o Egito? Porque Deus o estava conduzindo até a terra dos faraós. No Egito, poderia ser vendido a qualquer nobre, mas por que a Potifar? Porque era na casa de Potifar que ele enfrentaria a mais dura prova até ser levado ao governo do Egito. Deus estava em todas as circunstâncias guiando os passos de José (Sl 37.23). A prosperidade na vida de José não é medida pelo grau de privilégios que ele desfrutou até ser governador, mas em cumprir a vontade de Deus em todas circunstâncias e vicissitudes.
A prosperidade exemplificada na vida de Uzias. A Escritura afirma que Uzias "buscou o SENHOR, e Deus o fez prosperar"(2 Cr 26.5). No contexto bíblico, a verdadeira prosperidade material ou espiritual é resultado da obediência, temor e reverência do homem a Deus. Uzias fez o que era justo aos olhos do Senhor e, como recompensa, Deus lhe deu sucesso em tudo o que fazia. José era justo, mas a sua retidão não lhe trouxe prosperidade imediata. Uzias, no entanto, enquanto permaneceu fiel ao Senhor prosperou em tudo o que fez. Porém, a Escritura afirma que o coração de Uzias se exaltou e transgrediu este contra o Senhor, perdendo toda honra que o Eterno houvera concedido (2 Cr 26.16-23).
Na vida de Uzias observamos a prosperidade condicionada à obediência, temor e reverência a Deus (2 Cr 26). O rei era próspero enquanto permanecia fiel ao Senhor. Na vida de José, observamos justamente o contrário. Ele permaneceu fiel por toda a vida, mas esta fidelidade não se traduziu em bênçãos e sucesso material imediatos. Uzias começou bem e terminou mal. José começou odiado e como escravo e terminou como governador do Egito. O equilíbrio entre os dois exemplos é a fidelidade a Deus. Seja fiel a Deus em todas as circunstâncias!