Nesses tempos de grande crescimento numérico uma coisa deveria ocupar a nossa mente: como fazer para pastorear efetivamente esse povo que chega? Podemos correr para formar homens que vão atrás das ovelhas e que cumpram um papel de assistência ao povo sem preocupar com algumas coisas fundamentais. Precisamos de homens que nos ajudem a manter as pessoas na igreja, é verdade, mas que tipo de homens estamos formando? Podemos estar formando servos fiéis sem, contudo ensiná-los a ser pessoas que estejam constantemente diante do Senhor, como filhos amados, como uma noiva dedicada ao noivo. Podemos estar gerando servos e não pessoas de relacionamento, como um filho é com o Pai. Paulo explica para nós qual é a sua meta no seu trabalho pastoral: "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo." (2CO 11:2) O povo que Paulo preparava não era simplesmente servos, mas pessoas comparadas a noiva, virgem pura para um marido, e isso fala de relacionamento e não de serviço. O que devemos fazer é formar obreiros cuja prioridade maior seja o estar diante de Deus e não o fazer coisas para o Senhor. No juízo o que vai importar não são as coisas que fizemos, e sim se ele nos conheceu. "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?" "E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai?vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (MT 7:22,23) Precisamos mudar, urgentemente, o foco do nosso trabalho. Ao invés de formar servos, devemos formar pessoas de relacionamento com o Senhor. Essa é Sua ênfase. "E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar," (MC 3:14) Por causa da pressa em formar trabalhadores e por causa da pressão do crescimento não pastoreamos como devemos fazer e isso cria um rebanho adolescente, no sentido de que pode adoecer. Depois de um tempo passamos a exercer um ministério de crise. Isto é, pastoreamos no prejuízo. Explicando, o nosso ministério passa a ser o de correr atrás de pessoas que estão se esfriando, se afastando ou que se perderam. Existe uma forma de pastoreamento sem ser essa? O livro de Ezequiel, capítulo 34, mostra o Senhor como um pastor preocupado com seu rebanho na mão de pastores que não cuidavam bem do rebanho. Nesse capítulo ele diz como iria pastorear o rebanho. Algo que deve ser notado é que o Senhor se refere ao rebanho como seu 14 vezes. Isso deve ser visto não como força de expressão, mas como uma afirmação de Deus de que o rebanho não pertence aos pastores, mas ao Senhor, portanto a forma de cuidar deve ser de acordo com a forma de Deus cuidar. O capitulo pode ser dividido em três partes básicas: 1 - do versículo 1 até o 10 - Juízo contra os maus pastores 2 - do versículo 11 até o 16 - O pastoreamento do verdadeiro pastor 3 - do 17 até o 31 - juízo e promessas. Na primeira parte ele fala contra os pastores que degolavam o cevado, vestiam-se da lã, comiam a gordura, mas não apascentavam as ovelhas.
O JUÍZO
O problema não era o que faziam com o rebanho, mas o que não faziam, e o normal é que o trabalhador receba por aquilo que faz. Paulo diz que o que planta espera usufruir dos frutos. Aqueles pastores não pastoreavam, mas comiam do rebanho. "Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.
As fracas não fortalecestes, e a doente não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza." (EZ 34:2?4) O texto fala de ovelhas fracas, doentes, quebradas, desgarradas e perdidas. Num primeiro momento entendemos que são situações nas quais estão diversas ovelhas. Mas, poríamos pensar também que pode ser graus, ou estágios possíveis da vida de uma ovelha. Ou seja, uma ovelha fraca é aquela que está suscetível às doenças. Ela pode, por causa de sua fraqueza, ou debilidade, se tornar doente. Uma ovelha que está num estado de doença, isto é, um estado continuado ou crônico, pode entrar nua situação de quebra ou trauma psicológico. A tendência dessa ovelha é se fechar, se recolher em si mesma, tornando-se arredia, mesmo dentro do rebanho, (ou nas reuniões) desgarrando-se do convívio das outras ovelhas, repito, ainda participando de reuniões. É aquele tipo de situação em que percebemos o recolhimento, ou afastamento, da pessoa e quando lhe perguntamos como está ela responde com monossílabos. Perdida! Esse é o último estágio, quando a ovelha se afasta fisicamente do rebanho. Infelizmente, a maior parte do nosso trabalho é correr atrás de ovelhas que se perderam, e isso é o que o Senhor quer também. Ele disse aos seus discípulos que fossem atrás das ovelhas perdidas da casa de Israel. Mas, não é o caso de mudarmos a nossa abordagem, trabalhando nas ovelhas de tal forma que não fiquem fracas e assim passem por todo um desencadeamento de problemas? Precisamos entender que, se fortalecermos a fraca ela não adoecerá, não se quebrará, não se desgarrará e não se perderá. O pastoreamento do Senhor "Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; e livrá-las-ei de todos os lugares por onde andam espalhadas, no dia nublado e de escuridão. E tirá-las-ei dos povos, e as congregarei dos países, e as trarei à sua própria terra, e as apascentarei nos montes de Israel, junto aos rios, e em todas as habitações da terra." (Ez 34:12,13) Se existe uma palavra de juízo contar os pastores que pastoreiam mal, e se nós queremos pastorear da forma que Deus pastoreia, devemos prestar atenção no trabalho que Ele disso que iria realizar. Ele disse que iria introduzir o povo na sua própria terra, pastorear nos montes de Israel, junto às correntes das águas e nos lugares habitados. Sua própria terra Entendo que a primeira coisa se refere a levar o povo para uma situação de estabilidade quanto a moradia. O povo não mais seria nômade, vagando de um lado para o outro, mas estaria no seu próprio lugar. Uma situação que causa fadiga é o fato de não estarmos em nosso lugar, não pertencermos ao lugar onde estamos, numa situação de coisa provisória, de momento passageiro, estar no meio de um povo sem pertencer a ele. O escritor aos Hebreus nos exorta "... a não deixar a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando?nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." (HB 10:25) A palavra congregação não se refere a uma reunião, mas a rebanho. O termo significa ser da mesma grei. Pertencer a um rebanho. Um fator que trás tranqüilidade a alguém é estar no meio de seu povo, de sua família. A ovelha precisa se sentir em meio à sua família. O próprio Senhor disse que faria com que o solitário habitasse em família. Congregar, portanto, não é participar de reuniões e sim pertencer a um rebanho. O Senhor não nos fez para estarmos em solidão, pois, quem anda em solidão busca seu próprio interesse e insurge contra a verdadeira sabedoria. E ele disse que não é bom que o homem esteja só. O bom pastoreamento deve visar, entre outras coisas, que as ovelhas tenham o sentimento e a vida de corpo, onde ela sinta que pertence a um povo e sente que tem família.
Montes de Israel
Na história de Israel existem alguns montes que se tornaram símbolos de experiências vividas com Deus e são figura de relacionamento ou acontecimentos. Quando nos referimos a um desses montes estamos, na realidade, nos referindo à experiência, ou a um fato acontecido ali. Só para mencionar alguns: Abarim (Nm 27:12); Ararat (Gn 8:4); Basã (Sl 68:15); Betel ( 1Sm13:2); Carmelo (1Rs 18:19); Oliveiras (Mt 21:1); Ebal (Dt 11:29); Efraim (Js 17:15); Gileade (Gn 31:21); Gerizim (Dt 11:29); Gilboa (1Sm 28:4); Hermon (Dt 3:8); Hor (Nm 20:22); Horebe (Ex 3:1); Líbano (3:25); Mizar (Sl 42:6); Moriá (Gn 22:2); Nebo (Dt 32:49); Pisga (Nm 21:20); Seir (Gn 14:6); Sinai (Ex 16:1); Sião (2Sm5:7); Tabor (Jz 4:6). O que podemos aprender com a frase A pastorear nos Montes de Israel é que o Senhor vai nos levar a ter as experiências parecidas, ou iguais, às que o povo Hebreu teve nesses montes. Desses montes podemos separar alguns, que considero de importância capital na vida do povo de Deus, sobre os quais o povo vai ser pastoreado:
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