domingo, 16 de agosto de 2020

De 2 milhões a mil: peregrinação muçulmana a Meca sofre alterações por pandemia

 




Muçulmanos observaram os primeiros rituais de um Hajj —peregrinação anual a Meca— histórico nesta quarta-feira (29), com cerca de mil peregrinos aderindo a "bolhas de segurança" e medidas de distância social em meio ao medo do novo coronavírus.

Enquanto o Hajj normalmente reúne uma multidão enorme, convergindo em torno do altar mais sagrado do islamismo, a peregrinação deste ano conta com fiéis circulando a Caaba seguindo círculos concêntricos marcados no chão. Peregrinos separados por metros usam máscaras e caminham em ritmo controlado.

Número limitado de peregrinos caminham em torno de sagrado altar do islamismo

Número limitado de peregrinos caminham em torno do mais sagrado altar do islamismo em Meca

Foto: Ministério de Imprensa Saudita/Ap (29.jul.2020)

O Tawaf-Al-Qudum, rito de passagem em grupo na cidade sagrada de Meca, foi diferente de tudo que os muçulmanos assistindo às procissões pela televisão já tinham visto antes. Em média, mais de dois milhões de fiéis participam do Hajj, que é considerado um dos cinco pilares do Islã.

Peregrinos internacionais foram barrados do Hajj deste ano. Os selecionados para participar são estrangeiros que residem na Arábia Saudita e sauditas natos entre as idades de 20 e 50 anos.

Peregrinos mantêm distanciamento enquanto circulam altar em Meca

Peregrinos mantêm distanciamento enquanto circulam altar em Meca

Foto: Ministério de Imprensa Saudita/AP (29.jul.2020)

"Estamos tentando aplicar o conceito de 'bolhas de segurança', em que cada peregrino terá um ambiente em seu entorno que é tão livre e seguro quanto possível de qualquer risco, então tudo que é necessário para os Hajjis é seu equipamento de proteção pessoal. Produtos de higiene serão fornecidos sem custo", disse Abdullah Assiri, assistente do vice-ministro de Saúde Preventiva no Ministério da Saúde saudita, à CNN.

Na Grande Mesquita, lacunas separavam os tapetes de oração dos fiéis, quando normalmente o ritual acontece ombro a ombro com outros religiosos. Todos esses peregrinos já passaram por uma quarentena rigorosa e um processo de avaliação de saúde, de acordo com as autoridades do país.

"Há alguns rituais do Hajj em que realmente não podemos separar [os peregrinos], porque eles têm de estar no mesmo lugar ao mesmo tempo, então tivemos que preparar esses lugares de maneira que o distanciamento social seja mantido e também para disponibilizar equipamentos de proteção individual", disse Assiri. 

(Texto traduzido, veja o original em inglês

Agentes de segurança ao lado da entrada da Grande Mesquita de Meca

Agentes de segurança ao lado da entrada da Grande Mesquita de Meca fiscalizam distanciamento

Foto: Ministério de Imprensa Saudita/AP (29.jul.2020)

 

 

Em 15 dias, Pantanal supera queimadas registradas em agosto de 2019


Fabricio Julião*, da CNN, em São Paulo
16 de agosto de 2020 às 10:04 | Atualizado 16 de agosto de 2020 às 11:01


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De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 15 dias o Pantanal teve quase o dobro de focos de queimadas em comparação com o mês inteiro de agosto em 2019.

Os focos de queimadas ativos detectados na região até a metade de agosto deste ano correspondem a 3.121, enquanto todo o mês do ano passado contabilizou 1.690.


Ao comparar dias isolados, o aumento fica ainda mais desproporcional. A data com índices mais altos de queimadas detectadas no Pantanal foi o último sábado (15), com 521. Já em 2019, o dia 18 teve o registro mais alto, 214 - menos da metade da data com a maior taxa no mês em 2020, que ainda está na metade. 

2019 terminou com 10.025 queimadas no bioma, sendo o ano com mais focos registrados desde 2005, que teve 12.536. Até o momento, 2020 contabiliza 7.339 focos de queimadas na região, 4.174 a mais do que o ano passado no mesmo período.

Operação Pantanal realizada pelos bombeiros tenta controlar as chamas na mata

Operação Pantanal realizada pelos bombeiros tenta controlar as chamas em vegetação

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso

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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

OTA BENGA: O JOVEM NEGRO QUE FOI EXPOSTO EM ZOOLÓGICO DOS EUA

 Sob humilhações e torturas, Benga atraia inúmeros visitantes por dia durante o século 20

VICTÓRIA GEARINI PUBLICADO EM 07/06/2020, ÀS 09H00

Retrato de Ota Benga
Retrato de Ota Benga - Wikimedia Commons

Um dos piores casos de racismo da História aconteceu durante o século 20, nos Estados Unidos: em 1906, um zoológico localizado em Nova York exibiu o jovem africano Ota Benga em uma jaula.

Nascido em 1883, Ota era membro do povo Mbuti, que vivia nas florestas próximas ao rio Kasai, no antigo Estado Livre do Congo. Uma das características mais marcantes desses povos eram suas baixas estaturas (motivo pelo qual também sofriam bastante preconceito). 

Antes de ir para os EUA, o jovem já havia sobrevivido a dois massacres cometidos por forças belgas, sendo mantido como escravo. Aos 23 anos, já havia perdido duas esposas, uma foi assassinada e a outra morreu após ser picada por uma cobra.

Assim, junto com mais oito jovens africanos, foi exposto em uma mostra chamada "Os Homens Selvagens Permanentes do Mundo", na Feira de St. Louis. 

Já em 1906, Verner levou Ota para Nova York, onde entrou em contato com o diretor do Zoológico do Bronx, William Temple Hornaday. Frequentemente o rapaz era colocado em uma jaula com macacos e apresentado como se fosse canibal.

Benga em imagem rara / Crédito: Divulgação

 

Em sua jaula, junto com seus dados pessoais, havia o seguinte aviso: "exibido todas as tardes durante setembro". A exploração atraiu, no total, mais de 40 mil visitantes por dia ao zoológico.

Mais tarde, graças ao emprego que conseguiu em uma fábrica de tabaco, em Lynchburg, começou a planejar sua volta para a África. No entanto, sofrendo com a depressão, se suicidou em 1916, aos 32 anos. 

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-ota-benga.phtml

SAMUEL VERNER: O MISSIONÁRIO QUE EXPLORAVA ESCRAVOS EM ZOOLÓGICOS HUMANOS

 


O escravocrata estadunidense foi responsável por explorar pessoas negras que capturava no Congo

VICTÓRIA GEARINI PUBLICADO EM 18/07/2020, ÀS 21H15

Samuel Verner, missionário prebisteriano
Samuel Verner, missionário prebisteriano - Wikimedia Commons

Samuel Phillips Verner foi um escravocrata e missionário estadunidense responsável por explorar negros escravizados em zoológicos humanos nos Estados Unidos. Entre um dos nomes mais conhecidos está de Ota Benga, que foi capturado por Verner e exposto no zoológico do Bronx. 

Missionário na África

Nascido em 14 de novembro de 1873, Samuel Phillips Verner foi criado em uma família presbiteriana da Carolina do Sul e estudou na Columbia. Posteriormente, formou-se na Universidade da Carolina do Sul e, após sofrer um colapso mental, passou a trabalhar em ferrovias.

Cerca de um ano depois foi convidado para trabalhar ao lado de seu tio, AL Phillips, em Tuscaloosa, no Alabama, onde passou a lecionar no Instituto Stillman. Após ler as obras de David Livingstone e Henry Morton Stanleyem sobre viagens à África, ele entrou em contato com a família de Samuel N. Lapsley, o primeiro missionário presbiteriano a morrer no Congo. 

Em 1895, sob as ordens do secretário das Missões Estrangeiras da Igreja Presbiteriana, Dr. SH Chester, Verner mudou-se para o continente africano. Ao lado de Joseph Phipps, o missionário embarcou no RMS Roquelle em direção a Matadi, no Congo. No país, ele estudou a língua tshiluba.

Samuel Verner no Congo / Crédito: Wikimedia Commons

 

Embora a pesquisadora Pamela Newkir questione o controverso acidente de Verner no Congo, acredita-se que, em dezembro de 1897, ele tenha caído em uma armadilha feita para animais. O acidente lhe causou uma grave lesão, pois a estaca que o perfurou estaria envenenada. O missionário teria sido socorrido por um de seus assistentes que o teria levado até uma curandeira local. 

Segundo Pamela Newkir, Verner teria se relacionado, ainda, com uma mulher congolesa em Luebo, deixando pelo menos dois filhos. Em 1898, com o pretexto que pretendia ensinar inglês, Verner levou três congoleses para os Estados Unidos. Um ano depois, renunciou ao trabalho missionário no país. 

Os zoológicos humanos

No entanto, no início dos anos de 1900, Verner voltou para o continente africano, a fim de trazer mais escravos para os Estados Unidos. Na época, escreveu diversos artigos e foi considerado pela sociedade escravocrata um especialista do colonialismo africano. 

O missionário foi responsável, ainda, por contrabandear animais selvagens da África, que vendeu para os jardins zoológicos estadunidenses. Amigo do primeiro diretor do Parque Zoológico de Nova York, William Temple Hornaday, Verner contrabandeou diversos chimpanzés para Hornaday. 

 Ota Benga, em 1904 / Crédito: Wikimedia Commons

 

Em 1904, Verner capturou pessoas africanas para serem expostas na Feira Mundial de St. Louis. Posteriormente, Ota Benga tornou-se conhecido nos Estados Unidos após ser exposto como "atração" no zoológico do Bronx. De acordo com os escritos de Verner, o rapaz teria sido encontrado perto da confluência dos rios Kasai e Sankuru, onde era mantido em cativeiro pelo povo Baschilele. 

Ao retornar para os Estados Unidos, Verner vendeu Benga para o zoológico do Bronx, mas alegou em seus artigos que o rapaz era livre. Na época, o missionário disse que não ganhou nenhuma quantia financeira com a exposição de Benga no zoológico. Em 1906, o garoto foi libertado pelo prefeito da cidade de Nova York. 

Após o caso de Benga, Verner entrou na obscuridade, vindo a falecer no dia 9 de outubro de 1943. Anos depois, seu neto, Phillips Verner Bradford, publicou um livro sobre a trajetória de Ota Benga

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/samuel-verner-o-missionario-que-explorava-escravos-em-zoologicos-humanos.phtml

ESQUARTEJAMENTOS, MUTILAÇÃO E ESCRAVIDÃO: HÁ 134 ANOS, NASCIA O ESTADO LIVRE DO CONGO

 Entenda a formação de um reino privado no coração da África, dominado pelo próprio rei da Bélgica

ANDRÉ NOGUEIRA PUBLICADO EM 01/07/2019, ÀS 08H00

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Crédito: Reprodução

Na Europa, o século XIX foi marcado pelo frenético desenvolvimento da indústria com a busca por mercados consumidores e fontes baratas de matéria-prima. Foram alguns dos principais motivos da ignição do neocolonialismo sobre África e Ásia.

O Congo foi um dos casos mais fortes de crueldade e racismo durante o colonialismo europeu.

A missão de exploração, capitaneada pelo jornalista Henry Stanley, foi o primeiro marco da entrada europeia no Congo. O galês partiu do Zanzibar e subiu rios para adentrar ao continente e localizar o notório Dr. Livingstone, um importante explorador britânico.

Durante sua missão, Stanley conseguiu traçar a hidrografia da região e mapear os cursos úteis entre os rios do interior do continente. Voltou vitorioso e tinha planos em mente: ocupar e explorar a nova região encontrada, levando a civilização para as pessoas que lá viviam.

Stanley / Créditos: Wikimedia Commons

 

O tempo foi marcado pelos primeiros movimentos de entrada no continente. Além das feitorias portuguesas e das explorações científicas, não havia grande interesse em iniciar empreendimentos coloniais sérios no local. Os planos de Stanley para dominar a região do Alto do Rio Congo foram ignorados e quase não foram para frente.

Entretanto, Leopoldo II, monarca da Bélgica, era uma figura dúbia. Ao mesmo tempo em que era conhecido pela imagem do galã heroico, alto, imponente, inteligente e sensual, também era fadado pela minoridade no campo da política continental, sendo peixe pequeno no cenário europeu e líder de um quase insignificante país de pequeno porte.

A missão de Leopoldo era engrandecer a Bélgica através da colonização do terceiro mundo, mas suas iniciativas pessoais falharam e o estado belga não tinha interesse no plano.

O monarca tentou comprar uma província da Argentina, a ilha de Bornéu, partes da China, Vietnam e Japão e até tentou tomar as Filipinas da Espanha, tudo em vão. O governo constitucional da Bélgica barrou inúmeras iniciativas. E os interesses de Leopoldo nos planos de dominação do Congo de Stanley, o fizeram acompanhar o caso de perto e pensar numa solução para o impasse político.

Como consequência, o rei pensou numa forma de lançar o seu projeto de dominação: se o governo belga não demonstrasse interesse na ocupação de uma colônia congolesa, ele poderia, como cidadão europeu, adquirir aquelas terras.

Leopoldo II / Créditos: Wikimedia Commons

 

Leopoldo II colocou em prática uma iniciativa pela dominação da região, promovendo conferências para a produção de mapas e articulações estratégicas na região africana - além de contratar Stanley para financiar seu empreendimento colonial (afinal era o único europeu disposto a financiá-lo). O jornalista, que conhecia a região, comandou o processo de ocupação e foi responsável pela construção de linhas férreas que adentravam ao continente.

Assim começou a ocupação prática da região do Congo, que ficou estipulada como Estado Livre do Congo, e com status de propriedade privada do rei Leopoldo II. A determinação oficial de criação do Estado Livre se deu em 02 de maio de 1885, época em que já estavam começando os fervores colonialistas no restante da Europa.

A dominação de Leopoldo criou um furor no interior do continente, principalmente com a Inglaterra, que tinha pretensões de dominação em escala global e já havia iniciado empreendimentos militares de expansão da então Colônia do Cabo (atual África do Sul), comandada por Cecil Rhodes.

Bandeira do Estado Livre do Congo / Créditos: Wikimedia Commons

 

O Estado Livre do Congo era uma das principais fontes de borracha, diamantes e marfim para a Europa, se tornando uma importante fonte de riquezas rapidamente. Ao mesmo tempo, a colônia ficou marcada pelo uso de métodos brutais de trabalho e impedimento da participação política dos não-europeus.

Esquartejamentos, mutilação, escravidão, chibata, sequestro de crianças, destruição de vilas, assassinatos em massa e trabalho infantil eram alguns dos traços do regime de trabalho implantado por Leopoldo. Até para a época, a brutalidade usada no Congo era tamanha que só podia ser comparada com a colonização alemã, exemplo de desumanidade na época.

Casos de crueldade no Congo / Créditos: reprodução

 

Quando a verdade sobre a situação trabalhista e humanista no Congo chegou à imprensa ocidental, se iniciou uma campanha contra o domínio do rei. O objetivo principal das campanhas era enfraquecer o poder belga para a dominação da região por outras potências, mas a polêmica humanitária foi suficiente para o inicio de pressões humanitárias, tirando-o das mãos de Leopoldo II.

Ao fazer isso, a posse das terras tornou-se interesse público e responsabilidade do Parlamento belga. Com isso, o Estado Livre do Congo passou a ser considerado Congo Belga, oficialmente terras ultramarinas, uma colônia propriamente dita.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/1885-nascia-ha-134-anos-o-estado-livre-do-congo.phtml

O HORROR DO ESTADO LIVRE DO CONGO EM IMAGENS

 Durante anos, o país africano foi propriedade privada do rei Leopoldo II. A extrema brutalidade contra os nativos fizeram o episódio ser conhecido como o ‘Holocausto esquecido da África’

FABIO PREVIDELLI PUBLICADO EM 06/11/2019, ÀS 16H09

Um colonizador belga exibe congolês com a mão amputada
Um colonizador belga exibe congolês com a mão amputada - Wikimedia Commons

No final de 1884, potências europeias se uniram para dividir a África entre si, no entanto, um pedaço no centro do continente não foi deixado nem aos africanos (como aconteceu com a Etiópia e Libéria) e nem aos Estados Colonialistas.

Muito pelo contrário, essa área gigantesca foi reconhecida como propriedade privada pertencente única e exclusivamente ao rei Leopoldo II. A determinação que aconteceu na Conferência de Berlim (de 15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885) permaneceu até o início do século 20.

Entretanto, esta condição peculiar não foi a razão pela qual o Estado Livre do Congo se tornaria reconhecido. O motivo foi muito mais sombrio e sangrento: a extrema brutalidade e falta de compaixão com que a população local era tratada fizeram com que muitos historiadores chamassem o episódio de “Holocausto esquecido da África”.

Confira imagens chocantes sobre esses casos.

Um congolês amarrado nas mãos e nos pés sendo chicoteado / Crédito: Wikimedia Commons

 

Uma ilustração do HM Stanley, “O Congo e a fundação de seu estado livre; uma história de trabalho e exploração" (1885) / Crédito: Wikimedia Commons

 

Escravidão no Congo, o Estado Livre do Congo era uma colônia administrada exclusivamente com fins lucrativos e tornou-se o local de alguns dos piores excessos e atrocidades da colonização européia na África / Crédito: Getty Imagens

 

Viajante britânico assistindo a um escravo sendo espancado, República Democrática do Congo, 1898 / Crédito: Getty Imagens

 

Crianças congolesas mutiladas / Crédito: Wikimedia Commons

 

Escrevos segurando as mãos decepadas de outros congoleses / Crédito: Wikimedia Common
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/o-horror-do-estado-livre-do-congo-em-imagens.phtml