segunda-feira, 1 de abril de 2013

Sociologia da religião




Sociologia da religião

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sociologia da religião busca explicar empiricamente as relações mútuas entre religião e sociedade. Os estudos fundamentam-se na dimensão social da religião e na dimensão religiosa da sociedade.

Índice

  [esconder
·         2 Jacques Attali
·         3 Bertrand Russel
·         4 Ver também
·         5 Referências
·         6 Bibliografia

[editar]Sociologia da religião no Brasil

O marco referencial da consolidação da sociologia da religião como campo autônomo de pesquisa no Brasil é a publicação da obra "Católicos, Protestantes, Espíritas", deCândido Procópio Ferreira de Camargo, em 1973.[1] Nomes de referência no Brasil: Edison Carneiro, Beatriz Muniz de Souza, Antônio Flávio Pierucci, Reginaldo Prandi, dentre outros.

[editar]Jacques Attali

[editar]Do judaísmo ao cristianismo

Jacques Attali argumenta em Les Juifs, le Monde et l'Argent que com a chegada de Jesus Cristo e o posterior desenvolvimento do cristianismo há uma revolução na atitude perante o dinheiro. Esta clivagem tem muito a ver com a mesma clivagem existente dentro do judaísmo ao tempo de Jesus entre Saduceus (judeus estabelecidos, conservadores) e Fariseus e Essênios (com uma atitude mais revolucionária, igualitária, ascética).
Se, para o judaísmo, possuir o dinheiro é uma forma de estar em posição de evitar a violência e de resolver possíveis problemas futuros, já para a nova religião nascente, o dinheiro é algo de sujo e problemático (a mesma atitude de algumas das facções do judaísmo mencionadas).
Nas palavras de Attali:
Paralelamente aprofundam-se as diferenças entre as duas doutrinas económicas. Quer no Judaísmo como no Cristianismo acredita-se nas virtudes da caridade, da justiça e das ofertas. Mas para os Judeus, é desejável ser rico, enquanto que para os Cristãos é recomendado ser-se pobre. Para uns, (os Judeus) a riqueza é um meio para melhor servir Deus; para os outros, (os Cristãos) ele impossibilita a salvação. Para uns, o dinheiro pode ser um instrumento do bem; para os outros os seus efeitos são sempre desastrosos. Para uns, qualquer pessoa pode gozar do dinheiro bem ganho; para os outros ele queima-lhe os dedos. Para uns, morrer rico é uma bênção, desde que o dinheiro tenha sido adquirido moralmente e que se tenha cumprido com todos os deveres para com os pobres da comunidade; para os outros, morrer pobre é uma condição necessária da salvação.
É assim que Mateus (no episódio Jesus e o jovem rico), escreve sobre Jesus: “Digo-vos mais uma vez: é mais facil a um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a um rico entrar para o céu” (19, 24). E se Lucas conclui a Parábola do Mordomo Infiel por uma frase ambígua: Façam-se amigos do dinheiro da desonestidade (16, 11), ele acrescenta ainda “façam o bem e emprestem sem nada esperar em troca” (6,35).
De facto, como vimos, para os Judeus, receber juros do dinheiro não é imoral; e se não é permitido fazê-lo entre Judeus é por uma questão de solidariedade, e não por interdição moral. O dinheiro é, como o gado, uma riqueza fértil e o tempo é um espaço a valorizar. Pelo contrário, para os Cristãos, como para Aristóteles e os Gregos, o dinheiro, como o tempo, não produz em si qualquer riqueza, ele é estéril; e fazer comércio de dinheiro é um pecado mortal. Esta obsessão pela esterilidade do dinheiro reenvia também para o ódio pela sexualidade, interdita fora do casamento. Para a nova Igreja, nada deve ser fértil que não tenha sido criado por Deus. Fazer trabalhar o dinheiro é fornicar.
Sem dúvida é preciso ver nestas diferenças o traço de um conflito muito antigo entre essénios e saduceus, e o desejo dos apóstolos de ganhar o apoio dos mais pobres entre os Judeus.
As ofertas dos Judeus às suas comunidades são limitadas a um quinto das suas receitas. Pelo contrário, encoraja-se os Cristãos a doar sem limites à Igreja. Enquanto que as comunidades judaicas devem redistribuir integralmente estas doações aos pobres (ver Templo de Salomão) a Igreja pode conservar o dinheiro, pelo menos em parte, para ela mesma a fim de de criar pelo esplendor as condições do assombro e da salvação dos homens. Para ela, o dinheiro, que não produziria juros, pode produzir a graça se ele transitar pela Igreja. Toda a potência eclesiástica do futuro advém desta reversão da relação com o dinheiro.
...
Mesmo se neste espírito, alguns teólogos do Cristianismo antigo como Clemente de Alexandria, glorificam uma ética económica muito semelhante à da moral do Pentateuco, os primeiros Cristãos encontram argumentos nestas passagens dos Evangelhos para apoiar a tese de que entre os Judeus tudo se mede em dinheiro, tudo se troca: mesmo o tempo, mesmo a carne humana, mesmo Deus! O Judeu, dizem eles, o qual vendeu o Messias por dinheiro, está pronto a tudo comprar e a tudo vender. O mercado é a sua única lei. O anti-judaísmo Cristão é imediatamente inseparável da condenação económica.
[editar]Citações cristãs anti-dinheiro
"Todo o homem rico é, ou injusto na sua pessoa, ou herdeiro da injustiça e da injustiça de outros" (Omnis dives aut iniquus est, aut heres iniqui) - São Jerónimo.
"Quem quer se tornar rico tomba nas armadilhas do demónio, e se entrega a mil desejos não apenas vãos mas perniciosos, que o precipitam por fim no abismo da perdição e da condenação eterna" São Timóteo, 6
"Ou tu és rico e tens o supérfluo, e nesse caso o supérfluo não é para ti mas para os pobres; ou então tu estás numa fortuna mediocre, e então que importa a ti procurar aquilo que não podes guardar ?" São Bernardo
"Mas a moral do evangelho vai ainda mais longe; porque ela nos ensina que quanto mais um cristão é rico, mais ele deve ser penitente; ou seja, mais ele se deve deduzir das doçuras da vida; e que estas grandes máximas de renúncia, de escrutínio, de desapego, de crucificação, tão necessárias à salvação, são muito maiores para ele do que para o pobre" Louis Bourdaloue, jesuíta francês do século XVII.
"E não podemos dizer também que quase todos os ricos são homens corruptos, ou antes, perdidos pela intemperança das paixões carnais que os dominam? Porquê ? Porque têm todos os meios do ser, e que não usam as suas riquezas que não seja para saciar as suas brutais avarices. Vítimas reservadas à cólera de Deus, engordados dos seus próprios bens! Quantos é que conheceis que não sejam assim ? Quantos é que vós conheceis que, na opulência, tenham aprendido a dominar o seu corpo e a o limitar em restrição ? Um rico continente ou penitente não será uma espécie de milagre ?", Louis Bourdaloue, jesuíta francês do século XVII.
"Uma virgem pode conceber, uma estéril pode dar à luz, um rico pode ser salvo: estes são três milagres nos quais as escrituras sagradas não nos ensinam outra coisa que não seja que Deus é omnipotente. Pois é verdade, ó rico do mundo, que a tua salvação não é nada fácil, ela seria impossível se Deus não fosse omnipotente. Consequentemente, esta dificuldade passa bem distante dos nossos pensamentos, já que é necessário, para a ultrapassar uma potência infinita. E não me digas que estas palavras não te dizem respeito porque talvez não sejas rico. Se não és rico, tu tens vontade de o ser; e estas maldições sobre a riqueza devem cair não tanto sobre os ricos mas sobretudo sobre aqueles que o desejam ser. É para esses que o apóstolo pronuncia, que eles caem na armadilha do diabo e de muitos desejos malvados, que precipitam o homem na perdição. ... Também o apóstolo tem razão quando diz que o desejo de riqueza é a raiz de todos os males; Radix omniumm malorum est cupiditas". Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704), bispo, teólogo e escritor francês, sermão em Metz a 4 de Outubro de 1652.

[editar]Do catolicismo para o protestantismo - nova reversão

Jacques Attali vê com o advento da Reforma Protestante uma nova reversão na relação para com o dinheiro, repondo entre os protestantes do mundo ocidental (norte e oeste da Europa) o entendimento que os Judeus faziam do dinheiro. Este regresso aos princípios económicos do Judaísmo caracteriza a sociedade moderna.
Attali acusa Max Weber de não ter reconhecido na ética que possibilitou o novo mundo dos negócios capitalistas, a ética judaica. Attali escreve: "Weber não vê que os Judeus inventaram a ética bem antes dos Gregos ou dos puritanos" ..." e que para eles (os Judeus) a actividade económica é um meio essencial de ir ter com Deus".

[editar]Bertrand Russel

Confirmando algumas destas ideias de Attali, encontramos um trecho de Bertrand Russel, em "Filosofia do Mundo Ocidental", no capítulo "A política de Aristóteles":
Desde o tempo dos gregos até hoje, a Humanidade, ou pelo menos a parte economicamente mais desenvolvida dela se divide entre devedores e credores; os devedores são contra os juros e os credores são a favor. Quase sempre, os detentores de terras são devedores, enquanto que os comerciantes são credores.
Os filósofos, com poucas excepções, concordam com os interesses financeiros da sua classe. Os filósofos Gregos pertencem à classe dos proprietários de terra ou trabalhavam ao seu serviço. Por isso, eles recusavam os juros.
Os filósofos da Idade Média eram homens da Igreja; o património da Igreja constituia-se sobretudo de terras; eles não viam pois razão para rever as ideias de Aristóteles.
A sua antipatia contra a usura foi ainda reforçada pelo Anti-semitismo, já que o capital fluido (ou seja em dinheiro, facilmente transmissível) estava em grande parte na posse de Judeus...
Com a Reforma Protestante, a situação muda. Muitos dos protestantes mais convictos eram comerciantes, para quem o empréstimo de dinheiro a juros era muito importante... Por isso, os juros foram aceites, primeiro por Calvino e depois por outros protestantes. Finalmente, a Igreja Católica viu-se forçada a seguir o exemplo deles, já que as velhas proibições já não se enquadram no mundo moderno.

[editar]Ver também

Referências

[editar]Bibliografia

CAMARGO, Cândido Procópio Ferreira de. Católicos, Protestantes, Espíritas, Petrópolis: Vozes, 1973.
HOUTART, François. Sociologia da religião. São Paulo: Ática, 1994.JARDILINO, Jose Rubens Lima; SOUZA, Beatriz Muniz de; GOUVEIA, Eliane Hojaij. Sociologia da religião no Brasil. Educ, 1999.PIERUCCI, Antônio Flávio. Igreja: contradições e acomodação. São Paulo: Brasiliense / CEBRAP, 1978. 188 p.
PIERUCCI, Antônio Flávio; PRANDI, R. A realidade social das religiões no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996. 294 p.
SOUZA, Beatriz Muniz de; MARTINO, Luis Mauro Sá. Sociologia da religião e mudança social São Paulo: Paulus , 2004.
TEIXEIRA, Faustino. Sociologia da religião. Petrópolis: VOZES, 2003.
WACH, Joachim; CANCIAN, Attilio. Sociologia da religião. São Paulo: Paulinas, 1990.
PRANDI, Reginaldo, Os Candomblés de São Paulo, Hucitec, 1991

História das religiões




História das religiões

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Símbolos das religiões
A História das Religiões é uma ciência humana para o estudo das religiões, ou melhor conjuntos de práticas e crenças, ritos e mitos. Essa disciplina fez sua aparição em universidades oficiais, na segunda metade do século XIX, no desenvolvimento das ideias seculares , o debate sobre a separação entre a Igreja e o Estado e do desenvolvimento dasciências sociais.

Índice

  [esconder
·         1 Definição
·         2 História
·         3 Obras clássicas
·         4 Bibliografia
·         5 Ligações externas

[editar]Definição

A história das religiões aborda o fenômeno religioso a partir de uma postura não-denominacional, em uma perspectiva histórica, antropológica, mas também, no tempo e no espaço. É neste contexto, estreitamente ligado a outras disciplinas das ciências sociais, a começar com a etnologia, história e filologia. Disciplinas como irmãs, a história das religiões é uma ciência de observação baseada na análise dos dados, bem como a comparação.
Esta disciplina também possui outros nomes, como Ciências da Religião, que vem do alemão Religionswissenschaft, primeiro um conceito cunhado por Friedrich Max Müller, um famoso orientalista, mitologista e estudioso das tradições indo-europeias do século XIX. Na altura, o estudo das religiões parece estar enraizada na romântica romântico. Também encontra-se muitas vezes o termo estudo comparativo das religiões, sobretudo no mundo de fala inglesa.

[editar]História

O exercício da história das religiões tem sido sempre comparativo. Em tempos antigos, já desde Heródoto, a civilização grega observava costumes e tradições dos outros povos (os egípcios, persas, judeus). Plutarco, no primeiro século de nossa era, escreveu uma série de obras que poderiam ser chamados mitologia comparativa. Posteriormente, osPadres da Igreja, que irão comparar as diferentes religiões (e para forjar o conceito de paganismo) para explicar o surgimento e a superioridade do Cristianismo. Trata-se dos conceitos descritos neste quadro feito pelos Padres da Igreja (por exemplo, Daylight, imitação ou mal), que servirá para explicar, após a descoberta do novo mundo, o estranho hábito dos índios de se reunir e que se assemelham aos dos pagãos antes do Cristianismo. A comparação será, então, realizada em três níveis [carece de fontes]: o Velho, e os selvagens. Assim, a "História apologética" do dominicano Bartolomeu de las Casas (século XVI) e "As formas hábitos silvestres dos americanos, em comparação com os primeiros dias", do jesuíta Joseph François Lafitau (século XVIII). Estamos ainda em uma apologética. A história das religiões está crescendo a partir do lado do Cristianismo em relação a outras religiões.
No século XIX, no final do processo lançado pela deconfessionalização dos filósofos do Iluminismo, a história da religião vai lentamente se tornar uma verdadeira disciplina científica, livre do jugo da religião, justamente, a fim de melhorar o objeto de estudo. A história das religiões é diferente, em primeiro lugar, das disciplinas teológicas, mesmo que cresça também uma profunda revisão das tradições. Será marcada pela Estudos Orientais e da Pré-História, com Riane Eisler, Margaret Mead, Marija Gimbutas, a descoberta do sânscrito, crítica bíblica (Ernest Renan), a religião pagã (babilônica, egípcia, grega, romana), com Jane Ellen Harrison e Mircea Eliade, mas também e sobretudo pela antropologia anglo-saxônica (Robertson Smith, Edward Tylor, James George Frazer, Merlin Stone) e da escola sociológica francesa (Emile Durkheim, Marcel Mauss, Henri Hubert).
No século XX, a história das religiões será influenciada por abordagens psicológicas (Sigmund Freud, Carl Gustav Jung, Karol Kérény, Melanie Klein), fenomenológica (Rudolf Otto, Mircea Eliade), ou a figura da mitologia comparativa (Joseph Campbell, Georges Dumézil) ou em antropologia social (Claude Lévi-Strauss).
Hoje em dia, muitas associações e organizações incluem especialistas em diferentes campos da história das religiões. Diferentes abordagens, a partir de uma escola para outra ainda são praticadas, mas o exercício da comparação e perspectiva histórico-antropológica são mais frequentemente requeridas [carece de fontes].

[editar]Obras clássicas

·         Müller, Karl Otfried [1], Prolegomena zu einer wissenschafltichen Mythologie, mit einer antikritischen Zugabe, Göttingen, 1825.
·         Müller, Friedrich Max, Einleitung in die Vergleichende Religionswissenschaft, Strassburg, 1874
Smith, William Robertson, The Religion of the Semites, 1889 (2e éd. 1894).
·         Frazer, James George, The Golden Bough. A Study in Comparative Religion, 2 vol., Londres/ New York, 1890 (trad. française: Le Rameau d'or, 4 vol., Paris, 1981-1984.) ; cf. Ackerman, R., J.G. Frazer. His Life and Work, Cambridge UP, 1987.
·         Durkheim, Emile, Les formes élémentaires de la vie religieuse. Le système totémique en Australie, Libraire Félix Alcan, 2e éd, Paris, 1925 (spécialement livre I, chap. 1; livre III, chap. 5), (réédition Quadrige, Paris, PUF, 1998).
·         Freud, Sigmund, Totem et tabou, Totem et tabou. Quelques concordances entre la vie psychique des sauvages et celle des névrosés(1912-1913), trad. M. Weber, Paris, Gallimard, trad. M. Weber, Paris, Gallimard, 1993.
·         Caillois, Roger, L’homme et le sacré, Paris, 1939.
·         Hubert, Henri, et Mauss, Marcel, «Essai sur la nature et la fonction du sacrifice», dans M. Mauss, Oeuvres, Paris, édition de Minuit, 1968, pp. 195-354.
·         Jung, Carl Gustav, Psychologie et religion, Paris, 1958.
·         Eliade, Mircea , Traité d'histoire des religions, Paris, 1949.
·         Eliade, Mircea, Le mythe de l’éternel retour, Paris, 1949.
·         Eliade, Mircea, Le sacré et le profane, Paris, 1965.
·         Lévi-Strauss, Claude, Mythologiques, 4 vols., Paris, Plon, 1964-1971.
·         Lévi-Strauss, Claude, Anthropologie structurale, Paris, Plon, 1958.
·         Lévi-Strauss, Claude, Anthropologie structurale deux, Paris, Plon, 1976.
·         Puech, Henri-Charles (dir.), Histoire des religions, Paris, Gallimard, 1970
·         Dumézil, Georges, Mythes et épopées, 3 vol., Paris, 1968-1973.
·         Burkert, Walter, Homo Necans, Berlin, 1972.
·         Leroi-Gourhan, André, Les religions de la préhistoire, Paris, 1964.
·         Meslin, Michel Pour une science des Religions, 1973.

[editar]Bibliografia

·         Philippe Borgeaud, Aux Origines de l'histoire des religions, Paris, 2004.
·         Maurice Olender, Les langues du Paradis, Paris, 1993.

[editar]Ligações externas

Ciência da religião





Ciência da religião

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Ciência da religião é a área de investigação sistemática que tem, como base, uma estrutura multidisciplinar formada a partir do enfoque ao fenômeno religioso por várias ciências, como a sociologia, a filosofia, a antropologia, a história, a psicologia e a teologia.

Índice

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·         1 Definição
·         2 Objetivo
·         3 Precursores
·         4 Estrutura Curricular
·         6 Ligações externas
·         8 Referências

[editar]Definição

Ciência da religião é a disciplina empírica que investiga sistematicamente religião em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso de seus representantes com o ideal da neutralidade frente aos objetos de estudo. Não se questiona a "verdade" ou a "qualidade" de uma religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente idênticos". É especificamente este princípio metateórico que distingue a ciência da religião da teologia.

[editar]Objetivo

O objetivo da ciência da religião é fazer um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais do mundo religioso, bem como um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de religiões particulares, uma identificação de seus contatos mútuos e a investigação de suas inter-relações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de fenômenos religiosos concretos, o material é exposto a uma análise comparada. Isso leva a um entendimento das semelhanças e diferenças de religiões singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O reconhecimento de traços comuns entre as diferentes religiões, por parte do cientista da religião, permite a definição de elementos que caracterizam universalmente o fenômeno religioso, ou seja, como um fenômeno antropológico universal.

[editar]Precursores

O interesse pelo estudo das religiões remonta a Hecateu de Mileto (546-480 a.C.) e Heródoto (485-420 a.C.). O orador romano Cícero (106-43 a.C.) analisou, por sua vez, o fenômeno religioso em sua obra "Sobre a natureza dos deuses" (De Natura Deorum), adotando uma perspectiva mais filosófica que científica ao criticar o epicurismo.
Antes de a ciência da religião se tornar um campo de estudo (como observado nos Estados Unidos, principalmente na década de 1960), muitos intelectuais haviam explorado a religião sob várias perspectivas. Um deles foi o famoso psicólogo e filósofo pragmático William James. Dentre suas publicações, destaca-se "Variedades da Experiência Religiosa" (1902), na qual examina a religião sob o ponto de vista psicológico e filosófico e cuja influência perdura até os dias de hoje. Em seu ensaio The will believe and other essays in popular philosophy (1897), William James defende a racionalidade da fé.
O sociólogo e economista Max Weber estudou a religião sob a perspectiva socioeconômica em seu famoso ensaio "A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1904-1906), considerada por muitos como a obra mais importante do século XX[1].
Émile Durkheim, considerado o pai da sociologia moderna, publicou, em 1912, uma das mais importantes análises da religião como fenômeno social em sua obra "As formas elementares da vida religiosa".

[editar]Estrutura Curricular

A ciência da religião tem uma estrutura multidisciplinar. Trata-se de um campo de intersecção de várias subciências e ciências auxiliares. A história das religiões, a sociologia da religião e a psicologia da religião são as mais referidas. Mas há outras, como, por exemplo, as neurociências [2] e a geografia da religião (também chamada "economia da religião"), uma matéria que atualmente ganha força na Universidade de Tübingen, na Alemanha.

[editar]Ciências da religião no Brasil

No Brasil, na área da ciência da religião, são, frequentemente, citados as teorias e os resultados da etnologia e da antropologia. A maioria dos programas acadêmicos na área são oferecidos por universidades com afiliação religiosa. Na estrutura educacional brasileira da educação básica, não é ensinada a disciplina ciências da religião, porém a educação religiosa é um componente do ensino fundamental que contempla elementos das ciências da religião.

[editar]Ligações externas

·         Hierofania e Ecologia [1]
·         Experiência do Sagrado e Fenomenologia da Religião [2]

[editar]Referências Bibliográficas

·         DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa. Tradução de Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Paulus, 1989.
·         Usarski, Frank: Constituintes da Ciência da Religião. Cinco ensaios em prol de uma disciplina autônoma, São Paulo: Paulinas, 2006
·         Usarski, Frank (org.): O espectro disciplinar da Ciência da Religião, São Paulo: Paulinas, 2007.
·         WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Tradução de Pietro Nassetti, São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.

Referências