PRIMEIROS ANOS
William Carey nasceu em 17 de agosto de 1761, em Paulerspury, na província de Northampton, Inglaterra.
Ainda que sua infância tenha ocorrido em um ambiente rural que não refletia as grandes coisas que Deus realizaria através de sua vida. Carey tinha uma insaciável sede de conhecimentos e uma indomável perseverança para alcançar seus objetivos. Qualquer livro que caía em suas mãos era devorado e assimilado. Ele chegou ao ponto de familiarizar-se na adolescência com o latim e, enquanto trabalhava como sapateiro, aprendeu grego.
De fato, sua oficina de sapateiro foi também o local onde Deus o moldava para o trabalho preparado para ele. Ali adquiriu um profundo conhecimento de Bíblia e também de geografia universal e de religiões comparadas. Tudo o que seria de grande utilidade nos anos vindouros.
CONVERSÃO
Um dos companheiros de oficina na sapataria era William Ward, pertencente a um dos grupos dissidentes da Igreja Anglicana. As discussões entre os dois jovens eram prolongadas, defendendo cada um seu ponto de vista. Entretanto, Carey percebeu que a fé de seu amigo era muito mais arraigada que a sua e, atendendo a um convite para assistir a uma de suas reuniões, entrou em contato com a igreja a que seu amigo pertencia. Ali, ocorreu sua conversão que modificaria toda a sua vida.
O fato de estas igrejas dissidentes serem simpatizantes da revolução americana foi outro fator para que Carey se identificasse com tais igrejas, pois possuía a mesma ideia. A conservadora Igreja Anglicana se opunha por princípio a qualquer modificação no "status" das colônias na Nova Inglaterra.
CRESCIMENTO
Depois de sua conversão conheceu a dois destacados batistas, John Ryland e Andrew Fuller, sendo batizado pelo primeiro e tornando-se membro de uma Igreja Batista. Em pouco tempo, devido a seu crescimento e dons, Carey passou a ser solicitado como pregador por distintos grupos pequenos. Por isso, foi convidado a tornar-se pastor da igreja de Moulton.
INFLUÊNCIAS NOTÁVEIS
Em 1781, casou-se com Doroteia Placket com a qual teve uma numerosa família. Nesse tempo, Carey já conhecia latim, grego, hebraico, italiano, alemão e francês. Porém, a paixão de Carey eram as missões. Vários fatores influenciaram sua vocação:
· O avivamento que estava sacudindo a Inglaterra por meio do ministério de John Wesley preparava o terreno para o movimento missionário;
· Um tio de Carey era marinheiro e com uma grande gama de experiências em outros países, que lhes despertou o interesse pelas viagens e para conhecer outras culturas;
· Foram parar em suas mãos os diários de John Eliot e David Brainerd (ambos missionários entre os índios);
· Outro livro que influenciou decisivamente a Carey foi: "As viagens do capitão Cook", no qual o descobridor inglês narra suas aventuras pelas ilhas do Pacífico.
Todos estes fatores representaram um papel importante no futuro missionário, porém, em especial, a Bíblia deixava claro a responsabilidade dos cristãos em levar as boas novas aos que ainda não havia escutado.
ESPERE GRANDES COISAS DE DEUS,
FAÇA GRANDES COISAS PARA ELE
No dia 30 de maio de 1792, diante de uma convenção de pastores batistas, pregou seu famoso sermão baseado em Isaías 54:2,3: “Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás...”.
A proposição deste sermão era: “espere grandes coisas de Deus, faça grandes coisas para ele”. Apesar das indiferenças de alguns dos presentes, John Ryland entre outros, o impacto do sermão foi tal, que ali começou o que mais tarde foi chamado de Era das Missões Modernas. No dia 13 de junho de 1793, Carey partia para a Índia.
PAGANISMO NA ÍNDIA
A extensão do cristianismo na Índia estava reduzida praticamente aos europeus que ali viviam por interesses comerciais. A pobreza, ignorância e superstição eram muito difundidas. O sistema de castas tinha raízes imemoriais. Exemplos de tais costumes pagãos eram: arremessar crianças no rio Ganges, como oferenda ao rio sagrado e ou viúvas na fogueira onde o marido recém-falecido estava sendo incinerado.
PRIMEIROS ANOS COMO MISSIONÁRIO
Por seis anos, Carey esteve trabalhando em uma plantação de índigo ao norte de Calcutá. Ali aprendeu bengali e traduziu o Novo Testamento para essa língua. Além disso, preparou uma gramática e um dicionário da mesma. A facilidade para os idiomas que possuía, chegou a ser uma abençoada forma de realizar sua tarefa.
Todavia, ao mesmo tempo em provações vinham sobre sua família: seu filho de cinco anos morreu em consequência de febres contínuas, enquanto sua esposa não se adaptava às dificuldades no novo país.
O TRIO DE SERAMPORE
Em 1800, Carey mudou-se para Serampore onde permaneceria por trinta e nove anos. Ali, uniu-se a outros dois missionários que estariam com ele até o final de sua vida. Essa parceria ficaria conhecida como "O Trio de Serampore". Um deles era William Ward, especialista em imprensa, e o outro Joshua Marshman, especialista en linguística. Sem dúvida, este trio missionário foi uma das mais sólidas e frutíferas equipes missionárias.
TRADUZINDO A BÍBLIA
A estas alturas, Carey já dominava o bengali, o sânscrito e outros idiomas da região e entre suas prioridades estratégicas estava a tradução da Bíblia para a língua materna daqueles povos. Em trinta anos, a Bíblia foi traduzida para seis línguas, sendo Carey o responsável pela tradução para o bengali, sânscrito e marathi.
Além disso, o Novo Testamento foi traduzido para vinte e três línguas e porções escolhidas das Escrituras para outras línguas. Sem dúvida, o trabalho da tradução da Bíblia foi fundamental na obra de Carey na Índia.
A JORNADA DIÁRIA DE UM TRADUTOR
De uma de suas cartas, podemos fazer uma ideia de como era um dia qualquer em seu trabalho de tradução:
Levantei-me esta manhã às quinze para as seis, li um capítulo na Bíblia hebraica, e passei o tempo em oração particular a Deus até as sete. Logo, dirigi o culto familiar com os criados em bengali.
Enquanto preparavam o chá, li um pouco em persa com um manshi e, antes de almoçar, fiz o mesmo, mas em hindustani. Quando acabei de almoçar, fui trabalhar com um pandit na tradução do texto de Ramayana em sânscrito. Às dez horas, fui ao Colégio onde estive até as duas.
Voltei para casa, examinei uma prova da tradução de Jeremias para o bengali, o que fiz até a hora de comer. Depois de comer, traduzi para o sânscrito, com a ajuda do pandit principal do Colégio, a maior parte do capítulo oito do evangelho de Mateus.
Depois das seis, sentei-me um pandit telingi para aprender este idioma. Às sete, comecei a reunir uns poucos pensamentos na forma de um sermão e preguei até as sete e meia. Havia cerca de quarenta pessoas presentes. Depois do sermão, sentei- me e traduzi o capítulo onze de Ezequiel para o bengali até quase às onze da noite.
A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA MATERNA
Um dado significante que nos mostra o tamanho de sua sensibilidade quanto a esse assunto é: Quando foi nomeado professor de idiomas no Colégio Fort William em Calcutá, onde se formariam os principais futuros dirigentes da Índia, Carey percebeu de que as classes superiores estavam acostumadas ao sânscrito e tinham o bengali como língua vulgar, associada às castas mais baixas da nação. Por isso, traduziu seus materiais de ensino do inglês para o sânscrito, consciente da necessidade de alcançar às pessoas no idioma de seu coração.
Com a idade de setenta e três anos, Carey deixava a Índia e esta vida. Com referência a primeira, ele havia dito: "Nunca tive a ideia de regressar a Inglaterra... meu coração se casou com a Índia".
Acesso em 17 de fevereiro de 2012, às 18:40 horas
Traduzido por Marcos Paulo da Silva Soares
Usado com permissão.