No mês passado, Felipe Neto usou o Twitter para atacar o deputado federal Marco Feliciano (PSC/SP). Ao comentar sobre o atentado em Orlando, que matou 50 pessoas em uma boate gay, chamou o pastor de “lixo humano”, responsabilizando-o por propagar o ódio aos gays. A resposta do parlamentar foi chama-lo para um debate ao vivo.
O vídeo desse encontro foi ao ar nesta terça (5) e a versão editada tem 45 minutos, fugindo da tradição do material de curta duração que tornou Felipe um dos youtubers mais populares do país. A expectativa do encontro é que haveria troca de ofensas, algo que o jovem tem costume de fazer. Contudo, ele surpreendentemente pediu desculpas a Feliciano, reconhecendo que não pode confundir uma pessoa com as ideias que ela defende.
Articulado, Neto insistiu que não era “porta-voz” da comunidade LGBT, mas usou de vários argumentos conhecidos do movimento para defender o casamento gay. Por sua vez, Marco precisou usar tanto da Bíblia quanto da Constituição para justificar seu posicionamento tanto como deputado quanto como pastor.
Mostrando não entender exatamente como funcionam os três poderes, o youtuber insistia que os deputados “falharam”, e por isso o STF estaria certo em ter rompido com o preceito constitucional e passado, na prática, a legislar sobre o assunto. Mesmo usando as leis atuais para embasar seus argumentos, Feliciano foi acusado de “misturar as coisas” e usar sua fé como “escudo”.
Ele explicou que seus posicionamentos como deputado não são baseados em opiniões, mas na legislação vigente. Deixou claro ainda que representa os evangélicos, a maior parte de seu eleitorado. “Eu falo por esse povo”, resumiu.
Felipe, contudo, tentou ensinar teologia ao pastor, fazendo uma dicotomia entre os ensinamentos de Jesus e de Paulo sobre a questão da homossexualidade. Alegou ainda que existe falta de consenso entre os evangélicos sobre o assunto, citando a existência de igrejas “inclusivas”. Curiosamente, tentou classificar alguns ensinamentos da Bíblia como “desaproveitáveis” para os dias de hoje.
O posicionamento do deputado cristão foi alertar para o perigo da jurisprudência aberta pelo Supremo Tribunal Federal ao autorizar que pessoas do mesmo sexo possam realizar união instável. Deixando claro que, pessoalmente, não se opõe à união estável, mas sim ao reconhecimento civil dela. Lembrou ainda que, em outros países, os movimentos LGBT querem forçar as igrejas a realizar cerimonias de casamento gay, algo inaceitável para ele.
A maior parte do vídeo mostra Felipe Neto e Marco Feliciano debatendo sobre pontos de vista religiosos sobre os gays. Em determinado momento, o pastor fez uma declaração controversa, dizendo que quem usa Levítico para pregar contra o casamento gay “é ignorante”. Mencionou ainda conhecer vários homossexuais e que a maioria optou por isso após terem sido abusados ou passado por sérios problemas na vida.
“A homossexualidade é ensinada. Ensine a criança o caminho que se deve andar, que ela vai andar por ele”, resumiu. O parlamentar voltou a repetir que não é homofóbico, lembrando que não mata e nem ofende pessoas LGBT.
Na parte final da conversa, o tema foi a acusação de Felipe Neto que “a igreja virou negócio” e por isso deveria pagar impostos, algo que é anticonstitucional. Citando a experiência no bairro carioca onde nasceu e cresceu, o youtuber tentou colocar todos os pastores na vala comum de “aproveitadores da fé alheia”.
O deputado lembrou a ele que essa não é a regra e que as igrejas são responsáveis por uma série de programas de cunho social. Além disso, essa intervenção do Estado nas instituições religiosas como “auditorias” fere o princípio do Estado laico.
Felipe Neto encerrou a entrevista, dizendo: “foi esclarecedor, foi interessante, supreendente em alguns pontos”. Diferentemente de Gregório Duvivier, que se negou a debater quando foi convidado por Feliciano durante o programa Pânico.
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