A Revista Galileu, pertencente ao grupo Globo, estampou numa capa recente a reportagem “Má-fé”. Como é de praxe em publicações do seu nicho, o objetivo evidente era denunciar prejuízos sociais atrelados à fé evangélica.
A reportagem, assinada por Juliana Deodoro, já possui uma instigação desnecessária na chamada interna. Em letras garrafais, a sentença “Jesus Salva” vem acompanhada de um “e parcela no cartão”.
O viés principal, entretanto, não é a ênfase imprópria de certas denominações à questão financeira. O tema só aparece em segundo plano, geralmente para reforçar a desqualificação que a reportagem constrói.
A linha mestra de condução da denúncia é o modo como evangélicos advindos principalmente de igrejas neopentecostais, algumas vezes orientados por suas lideranças pastorais, abandonam tratamentos médicos à espera de cura, temerosos de que sua confiabilidade no tratamento médico seja evidência de falta de fé.
Assim, para alcançar o favor divino, desistem de se tratar, no entanto, quando não são curados e a doença se agrava, voltam para retomar o tratamento, onerando mais o Estado do que se não tivessem permitido o agravamento da enfermidade.
A denúncia é visível na própria capa da publicação, na parte inferior, em letras menores:
“Igrejas neopentecostais incentivam fiéis a negligenciar tratamento médico – e quem paga a conta é o Estado”.
O argumento da revista é simplista e hipócrita. Mas antes de nos fixarmos em contraditá-lo, é importante esclarecer certos pontos:
Feitos estes apontamentos, não podemos nos furtar em apontar quão oportunista é a argumentação dos progressistas. Acusam ser absurdo que cristãos recorram ao Estado quando sua saúde piora, depois de terem trocado a sequência do tratamento pela crença, no entanto, eles mesmos defendem com fervor bandeiras que caracterizam graves problemas de saúde pública e que, logo, também desaguam no Estado.
Observe que na capa da mesma edição, no canto superior direito, há a chamada de uma reportagem chamada Dossiê Aborto. O tal dossiê se trata de oito páginas de reportagem militante em favor da liberação da interrupção da gravidez.
Engraçado o pessoal da Galileu estar tão preocupado com a oneração do sistema de saúde pública, ao mesmo tempo em que defende uma causa que certamente o sobrecarregará…
E com uma sobrecarga que poderia ser evitada com a utilização dos contraceptivos já existentes, já que nos casos de abuso sexual o aborto já é concedido…
Fazer o Estado pagar por abortos de quem fez sexo consensual não geraria uma oneração muito mais deletéria, pessoal da Galileu?
O aborto é uma bandeira atrelada a uma causa cara aos progressistas: a liberação sexual, afinal, a gravidez indesejada é uma de suas consequências.
Outra são as doenças venéreas.
Quanto mais gente pratica sexo com multiplicidade de parceiros, maior é a propagação de doenças transmitidas sexualmente. Mais gente doente significa mais gente recorrendo ao Estado, para atendimentos, medicamentos e coquetéis.
Isso não os preocupa, jornalistas da revista Galileu?
Vocês também são entusiastas defensores da causa homossexual. Não temos dados seguros no Brasil, por isso tomarei emprestado os dados dos EUA, onde homens gays são apenas 2% da população, mas 52% dos infectados por HIV.
Tal prevalência não comprova que os hábitos sexuais deste grupo são onerosos?
É claro que estas indagações não demoverão os ativistas que atuam nas redações de revistas e jornais, espumando de ressentimento e ódio materialista.
Entretanto, é importante esclarecer que este tipo de manifestação, que tenta, pretensamente, racionalizar a crítica e colocá-la dentro de um recipiente lógico, dizendo que afeta a sociedade como um todo, não passa de um engodo argumentativo, utilizado somente quando o espantalho a ser atacado convém.
O problema, para eles, não é este grupo de cristãos onerar ou não o Estado.
O problema é serem cristãos.