O caso do atirador na boate gay em Orlando serviu para fomentar na última semana um imenso debate na mídia sobre crimes de homofobia.
Estranhamente, ignora-se o fato que, segundo o próprio Omar deixou claro nas gravações que fez à polícia, sua motivação era religiosa. Jurando lealdade ao Estado Islâmico, ele afirma que o atentado era uma retaliação pelos bombardeios dos EUA ao Afeganistão, onde ele nasceu.
Mesmo assim, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, a imprensa motivada pelo discurso politicamente correto do presidente Obama, evitou associar os termos “islã” e “terrorismo” ao caso. Sem um grande esforço de lógica, parte da mídia passou a culpar os cristãos pelas mortes. Protestos foram inclusive feitos nas redes sociais e na frente da Catedral da Sé, em São Paulo.
Como geralmente acontece, o programa dominical Fantástico da Rede Globo, abordou de forma tendenciosa um assunto que está em evidência. Ao tentar mostrar casos de intolerância aos homossexuais no Brasil, apresentou uma série de estatísticas alarmantes, como: “Só em 2015, o Disque 100 recebeu quase 2 mil denúncias de agressões contra gays. Desde o início de 2016, 132 homossexuais já foram assassinados no Brasil”.
Cerca de um terço da matéria foi voltada a questão da legislação brasileira sobre o assunto. O destaque maior foi para o Projeto de Lei 7582/2014, apresentado pela deputada Maria do Rosário (PT/RS) em parceria com o Conselho Nacional LGBT, que tipifica e criminaliza os crimes de ódio e intolerância, bem como de incitação a esses crimes, dentre eles os motivados pelo preconceito e discriminação contra LGBTs. A pena prevista é “Prisão de um a seis anos e multa”.
Como a lei não usa termos específicos, ela sequer traz o termo “homofobia”. O artigo 5º afirma, que incorre em crime quem: “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito, por meio de discurso de ódio ou pela fabricação, comercialização, veiculação e distribuição de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda, por qualquer meio, inclusive pelos meios de comunicação e pela internet, em razão de classe e origem social, condição de migrante, refugiado ou deslocado interno, orientação sexual, identidade e expressão de gênero, idade, religião, situação de rua e deficiência”.
No Fantástico, a jornalista Renata Ceribelli afirma “Deputados evangélicos são contra o projeto de lei”. Logo em seguida, apresenta a entrevista com o deputado pastor Marco Feliciano (PSC/SP). Ele esclarece que não é contra o projeto de lei, apenas que a proposta “não consegue definir o que é homofobia”.
Enfatiza que, nos termos atuais, “não consegue separar o preconceito da liberdade de expressão”. Conclui dizendo que quando a linguagem for revista e esclarecida “Aí vamos criminalizar a homofobia”.
Não por coincidência, a figura de Marco Feliciano é colocada num contexto onde se debate crimes de ódio e homofobia, numa tentativa de associá-lo ao tema. Logo após as mortes em Orlando ele foiapontado como um dos incentivadores disso no Brasil, embora não exista nenhum tipo de comprovação que o tenha feito em algum momento.
Discurso copia repressão americana
A estratégia da esquerda no país por várias vezes une questões religiosas e de gênero. No caso da lei que o Fantástico defendeu como boa para o país, fica claro que os termos propositalmente amplos poderiam criar problemas sobretudo para os evangélicos.
Ou seja, se uma igreja possui, por exemplo, um programa de rádio ou TV (mesmo que pela internet) e se pronuncie contra a homossexualidade, poderá ser denunciada. Se disser algo que possa ofender um praticante de religião afro-brasileira, vale a mesma premissa.
A ideia de ‘discurso de ódio’ é mais um termo emprestado dos americanos. Em 2007, uma lei aprovada na Califórnia afirmava que o ensinamento bíblico era essencialmente “discurso de ódio”.
Não por coincidência, além de mostrar isso claramente em seus programas, a Globo usou o portal G1 para publicar uma matéria no sábado (19) onde deu voz a Ilan Meyer, pesquisador sênior de lei para políticas públicas e orientação sexual da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Ele afirma: “na comunidade cristã evangélica dos Estados Unidos, por exemplo, você pode aprender coisas terríveis ao ir à igreja toda semana.”
A reportagem tenta mostrar ainda que existe uma tolerância de ramos do Islã ao público LGBT, o que é, no mínimo, tendencioso.
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