A lei de blasfêmia no Paquistão faz a minoria cristã se tornar ainda mais refém da maioria muçulmana. Foi isso que aconteceu com um pastor paquistanês que buscou refúgio no Brasil.
Masih vivia em uma cidade no Estado de Punjab, no sudeste do Paquistão, sendo pastor de uma igreja presbiteriana com aproximadamente 3 mil membros.
Mas certa vez ele foi procurado por um muçulmano que tentou convertê-lo por três vezes. Pela negativa, ele acusou o pastor de ofensa e entrou na justiça querendo receber US$ 70 mil (cerca de R$ 220 mil).
Foram quatro anos de processo até que o juiz conseguiu baixar o valor da multa para um preço que Masih pudesse pagar.
Mas o caso não parou aí. “O meu acusador chamou um bando de fanáticos que me atacaram na minha casa. Me bateram na frente dos meus filhos e da minha esposa. Quando cansaram, disseram que iriam me acusar de blasfêmia”.
A acusação de blasfêmia pode levar uma pessoa à morte, principalmente em Punjab, estado onde a lei é mais severa e a maior prova é o que fazem com Asia Bibi que desde 2010 enfrenta o medo de ser executada a qualquer momento.
O pastor S. Masih, 41 anos, precisou deixar seu país e veio sozinho para o Brasil deixando lá sua esposa e seus filhos.
“Não escolhi o Brasil. Eu não conhecia nada daqui. Tinha pedido visto para a Tailândia, porque era mais perto e mais fácil, mas minha avó morreu na época e o visto venceu. Mas eu precisava sair”, disse ele em entrevista à BBC Brasil que fala português.
Ele chegou ao nosso país em 2013 e foi acolhido pela igreja presbiteriana e hoje atua como pastor na igreja do bairro da Penha, na zona leste de São Paulo.
“Ele teve uma boa aceitação na igreja. Quando escutam a história dele, as pessoas o acolhem bem. Masih acaba conscientizando os fiéis sobre o que acontece com os cristãos em outros lugares do mundo”, disse o Amaury Costa de Oliveira, que há cinco anos acompanha as igrejas perseguidas na Ásia e Oriente Médio e que se interessou pela história de Masih.
Mas agora o pastor tenta juntar dinheiro para visistar sua família no Paquistão e trazer sua esposa e filhos para o Brasil. Ele também precisa ver sua mãe que está doente, seu pai morreu ano passado e a distância deixou o pastor abalado.
“O dia que ele faleceu me machucou muito. Você deixa seu pai, ele te dá um abraço e um beijo de despedida, com a promessa de um reencontro em breve. Mas ele não estará mais lá. A perseguição destrói tudo dentro de você.”
Através da ONG Preparando o Caminho o pastor Amaury está buscando arrecadar o dinheiro para que o pastor possa voltar ao seu país e trazer sua família.
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