Em um dos capítulos mais tristes da humanidade, negros sequestrados eram alvo de horrores
Os navios negreiros levaram mais de 11 milhões de africanos para as Américas. Em caravelas ou barcos a vapor, europeus, americanos e até mesmo outros africanos atravessavam o oceano Atlântico com trabalhadores escravos, geralmente homens de 8 a 25 anos.
No final do sistema de tráfico, a partir de 1850, o critério era bem menos rigoroso: eram levadas mulheres grávidas, bebês e pessoas de idade. Não existiam barcos feitos só para isso, então mais de 60 modelos diferentes foram adaptados. Mas, nos últimos anos, com muitos países proibindo esse comércio, os barcos ficaram menores e mais rápidos.
Quando a viagem demorava mais que o planejado e os mantimentos começavam a rarear, a tripulação jogava ao mar os que julgava ter menos potencial: doentes e crianças. Milho, feijão, arroz eram preparados em imensos tachos no deque superior, e planejados para economizar o máximo possível.Às vezes não havia o suficiente, e se passavam dias entre as refeições. Por outro lado, os escravos também frequentemente faziam greve de fome, e eram então chicoteados e forçados a comer.
Com sorte, baldes faziam as vezes de privada – e ficavam lá por um bom tempo, pelo horror que os marinheiros tinham ao deque dos cativos. O mesmo acontecia com os mortos, que podiam passar dias, num calor de mais de 40 graus, até serem removidos.
A maioria dos que não conseguiam terminar a viagem – até 25% em alguns casos – perecia por disenteria ou outras doenças.Navios negreiros eram menores que cargueiros comerciais comuns. Isso servia para que pudessem adentrar os rios africanos, atrás do “produto”. Após a proibição britânica, alguns deles também passaram a atuar como piratas, quando a patrulha ou outras adversidades não permitiam-lhes cumprir a missão original.
Exíguas. Um homem adulto era algemado num espaço de no máximo 1,80 metro de comprimento, 40 centímetros de largura e 1 metro até o teto. Isso com sorte: alguns navios tinham tão pouco espaço que não permitiam virar de lado, quanto menos sentar.
As mulheres tinham mais espaço e às vezes viajavam no deque superior, mas lá elas corriam o risco de ser atacadas pelos marinheiros. Eles eram trocados por produtos sem muito valor na Europa, como armas, aguardente, muito apreciados pelos chefes das tribos. E rendiam muito: um escravo era vendido, em média, por 40 mil reais, em valores atuais.
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