sábado, 8 de junho de 2013

CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA SAGRADA




CRÍTICA TEXTUAL DA BÍBLIA SAGRADA

DEFINIÇÃO
Crítica de um documento é o exercício de julgamento de uma pessoa sobre todas as questões envolvidas na compreensão de seu significado, verificação de sua verdade e apreciação de seu valor. A crítica é essencialmente uma disciplina de apreciação, não um compromisso de encontrar falhas, e não necessariamente destrutivas. As questões que o estudo crítico levanta relacionam-se com as fontes delineadas e o uso que se faz delas, a identidade do escritor, credenciais, propósito e o estilo e estrutura literária do próprio documento.

O dialogo entre alguém que aceita a leitura crítica da Bíblia e outro que crê na inspiração e na integridade da Bíblia é difícil, porque cada um parte de concepções diferentes. O crítico radical da Bíblia pressupõe que a Bíblia é apenas uma obra literária como qualquer outra, como tal devendo ser julgada pelos padrões da crítica histórica e literária; ademais, segundo esses críticos, existe uma evolução religiosa, pelo que as explicações naturais de fenômeno bíblico devem substituir as sobrenaturais. Esses críticos veem a Bíblia como um livro escrito por autores humanos, ignorando, portanto a função do Espírito Santo na inspiração dos autores da Bíblia.

AS BASES FILOSÓFICAS E TEOLÓGICAS DA CRÍTICA BÍBLICA
A filosofia idealista de Immanuel Kant (1724-1808), combinada com as ideias de Schleiermacher, Hegel e Ritschl, formou um respaldo filosófico favorável a uma abordagem critica da Bíblia. Kant fez dos ensinos de Locke sobre a sensação e de Descartes sobre a razão as chaves do reconhecimento de fenômenos da natureza mas propôs em sua Crítica da Razão Pura (1781) que o homem não poderia conhecer a Deus ou a alma, classificados por ele como dados do mundo do “noumena”, pelo sentido ou pela razão. Sua formação pietista levou-o a afirmar o sentido do dever ou consciência moral do homem, chamados por ele de “imperativo categórico”, como base da religião Kant concluiu em Crítica da Razão Prática (1788) que, como o homem tem um juízo moral, há um Deus que produz esse juízo. Os postulados da alma e da vida imortal são essenciais para que os homens que obedecem aos ditames da consciência sejam recompensados, uma vez que geralmente os bons não recebem galardão nessa vida.

Kant nega que o homem possa conhecer o mundo dos “noumena”. Não há portanto, lugar em seu sistema para uma revelação histórica e objetiva de Deus na Bíblia, considerada por ele um livro de história, escrito pelo homem, devendo como tal ser analisado pela crítica histórica como qualquer outro livro. Não há lugar para Cristo, o homem-Deus, no sistema kantiano. O homem em seu livre arbítrio e sua noção imanente daquilo que é certo, torna-se criador de uma religião pela qual desenvolve a moralidade nele inerente. Há uma linha lógica de continuidade entre o idealismo kantiano e o liberalismo moderno, para o qual cada um tem dentro de si a “centelha do divino” que precisa cultivar para alcançar uma boa conduta moral e a consequente imortalidade. Com essas ideias, Kant ajudou na formação de uma estrutura filosófica para a crítica bíblica e a moderna teologia liberal.

A CRÍTICA BÍBLICA
O racionalismo do Iluminismo e a filosofia idealista da era romântica foram, pois, os pais de uma crítica da Bíblia que visa destruir a natureza sobrenatural da Bíblia como revelação e que transforma a Bíblia num relato da evolução subjetiva da religião na consciência humana.

A alta crítica, ou crítica histórica ou literária, ou, como também é conhecida, a introdução bíblica, geralmente associada a essas ideias destrutivas, é simplesmente o cuidadoso estudo do pano de fundo histórico de cada livro da Bíblia; a baixa crítica, ou crítica textual, é uma tentativa de determinar se o texto que temos é aquele que saiu das mãos do autor. A baixa crítica tem conseguido assegurar ao texto da Bíblia um alto grau de fidelidade a fim de que estejamos seguros de ter os escritos dos autores originários da Bíblia. Por isso nenhuma doutrina ou ensino ético da Bíblia pode ser questionado nem pelo crítico mais radical. É a alta crítica, e não a baixa, que tem destruído a confiança de muitas pessoas na revelação divina da Bíblia.

A popularização da alta crítica é associada ao nome de Jean Astruc (1684-1766), médico francês do século XVIII, que em 1753 dividiu o livro de Gênesis em duas partes. Ele propôs o uso de dois documentos como fontes, por ter encontrado o nome Elohim (Deus) empregado em vários lugares e Javé (Senhor) em outros. Johann G. Eichhorn (1752-1827), outro crítico, responsável pela afirmação de que ao Bíblia deveria ser lida como um livro humano e analisado com recursos humanos, deu a tais estudos o nome de alta crítica.

Eichhorn notou outras características literárias; o uso dos nomes de Deus levou-o a crer que não somente o Gênesis mas o Hexateuco (Gênesis a Josué) eram documentos compostos. Em 1853, Hupfield foi o primeiro a sugerir que o Pentateuco era obra de ao menos dois autores, em vez de uma narrativa composta de muitas fontes por Moisés.

A “Alta Crítica” ou “Crítica Histórica”, estando ligado ao exame dos vários livros da Bíblia do ponto de vista de sua história. Por exemplo, trata da idade, autoria, formas literárias, estágios de composição e autenticidade canônica. Traça sua origem, preservação e integridade, mostrando seu conteúdo, caráter geral e valor. É uma disciplina que vem ajudando muito na comprovação de um cânon genuíno da Escritura. Algumas vezes a expressão “Alta Crítica” tem sido considerada extremamente prejudicial para uma atitude adequada e reverente para as Sagradas Escrituras. Isso se aplica quando o erudito perdeu de vista a inspiração da Palavra e a substituiu por sua própria atitude de ceticismo e incredulidade.

A Alta Crítica, no uso popular, designou um grupo particular de teorias que supõem que vários livros bíblicos não são o que parecem. As duas teorias mais frequentes são:

1)
 A Hipótese de Desenvolvimento relacionada ao Pentateuco. Esta é uma hipótese de trabalho, desenvolvida pelos eruditos alemães Graf e Wellhausen, que é hoje comumente ensinada como o ponto de partida para o estudo bíblico acadêmico.

Esse estudo começa com a suposição de que os cinco livros de Moisés são uma composição de quatro fontes distintas: duas narrativas históricas (J e E); Deuteronômio (D); e um documento relacionado principalmente com adoração e ritual (P, que teria sido composto por sacerdotes). Wellhausen acreditava que o padrão de adoração de Israel se desenvolveu de santuários e locais para um único templo em Jerusalém, que se tornou o único lugar onde os sacrifícios poderiam ser oferecidos. Dessa forma, Pforam escritos, pelo menos em parte, para reivindicar a aprovação de Moisés para essa organização. Wellhausen datou J e E na antiga monarquia, uma vez que eles refletem a aceitação inquestionável de santuários locais. Ele identificou Deuteronômio como o livro da Lei encontrado no templo durante as reformas de Josias (621 a.C.; 2Rs 22.8-20) e o descreveu como um tratado pseudomosaico do século VII impondo a centralização da adoração. O documento P ele situou após o exílio, durante o tempo em que, segundo sua teoria a compilação final estava sendo feita à mão e conduzida sob a direção de Esdras.

De acordo com essa visão, nenhum material dos cinco livros foi escrito por Moisés; D e P foram posteriores a Moisés e expressavam ideias de que Moisés (uma figura muito obscura, na mente de Wellhausen) podia jamais ter tido. De modo não surpreendente, a negação especulativa da autoria mosaica e sua afirmação de que a figura de Moisés foi usada enganosamente para promover uma posição não mosaica foram sustentadas para levantar graves questões sobre autoridade da Bíblia. Pode a autoridade divina ligar-se à ficção mascarando fatos?

2)
 Data do Século II Proposta para o Livro de Daniel. Esta segunda teoria pode ser datada por um escritor anticristão de século III chamado Porfírio. Ele sustentava que Daniel foi escrito quando Antíoco Epifânio estava perseguindo os judeus e que seu propósito era encorajar os perseguidos. Não aceitando que Daniel seja profecia de predição, a teoria trata dos panoramas dos impérios terrenos nos capítulos 2, 7, 8 e 11 como sendo escritos após o evento para manter a confiança de que Deus esteve o tempo todo no controle, e logo traria aflição a Antíoco e levantaria seu próprio reino de forma visível. Para o livro ter esse efeito, entretanto, ele teria de ser aceito como uma produção do século VI na qual os capítulos sobre visões foram escritos pelo próprio Daniel. Aqui novamente estava uma teoria envolvendo mentira e falsidade em questões de fato que nega a uma parte da Bíblia a autoridade da verdade.

Outras teorias, que são às vezes citadas como exemplos da mais alta crítica são igualmente problemáticas.

REFUTAÇÃO A CRÍTICA BÍBLICA
Os escritores bíblicos sempre assumem que, porque Deus é verdadeiro e as Escrituras são sua Palavra para nós, todas as afirmações bíblicas são verdadeiras. Os adeptos da Alta Crítica que acham que há boas razões para concluir que, por exemplo, as cartas que usam o nome de Paulo e reivindicam sua autoridade apostólica não foram escritos por ele ou que outros capítulos incluídos nos livros que usam os nomes dos profetas não foram escritos ou conhecidos por aqueles profetas, ou que narrativas que dão a entender serem fatos (p.ex., Adão e Eva, os patriarcas, o Êxodo, as histórias de milagres dos Evangelhos) são realmente ficção, devem defender a retirada deles do cânone bíblico. O fato de eles pensarem assim demonstra não só irreverência para com as Escrituras, mas também falta de entendimento quanto à sua natureza.

Há clara evidência no mundo da erudição de que as teorias da Alta Crítica já escritas são desnecessárias e, na verdade, artificiais. Elas foram criadas com um fundo de preconceito contra a soberania divina, os milagres e desejo por explicação naturalísticas do aparentemente sobrenatural. Atualmente essas correntes teológicas são menos fortes. Embora a hipótese de Wellhausen ainda seja frequentemente ensinada aos iniciantes como se fosse uma certeza, profissionais do todas as escolas de pensamento a estão presentemente questionando de todos os ângulos. A autenticidade de todas as cartas de Paulo, todos os livros proféticos do Antigo Testamento, toda a história do Gênesis e dos Evangelhos e, na verdade, todos os fatos da Bíblia que foram questionados em qualquer época do passado são atualmente defendidos pelos eruditos com pelo menos tanta convicção quando pareciam no ceticismo para os céticos.

Mas isso não quer dizer que o apropriado trabalho de crítica bíblica, tanto a Alta quanto a Baixa, está encerrada ou que algum dia será. A forma da mente revelada de Deus está presente nas expressões de seus escritores humanos, e, portanto, o trabalho de exploração em todos os ângulos do que eles escreveram deve continuar. As técnicas da crítica são as ferramentas para essa tarefa. Até a metade do século XX, os eruditos bíblicos eram vistos pelos críticos principalmente como coletores, guardiões e servos de tradições, e o interesse critico centralizava-se nas suas fontes e nas formas literárias de seus materiais. Mas recentemente, o interesse centralizou-se nos escritores como pensadores e comunicadores por seu próprio direito, e as técnicas principalmente cultivadas foram aquelas relacionadas com a crítica literária e social, investigando como o conhecimento dos assuntos sobre os quais os escritores estavam escrevendo condicionou o que eles diziam.

Todas estas são linhas adequadas e necessárias de investigação, e não devemos nos desencorajar na sua procura pelo fato de que, às vezes, surgem respostas erradas. As teorias que formamos, contudo devem sempre ter em vista aquilo que os teóricos da “Alta Crítica” esquecem que as Escrituras Sagradas são a verdadeira e fidedigna Palavra de Deus.

EVIDENCIAS PARA TEXTOS BÍBLICOS
O crítico bíblico sincero utiliza-se de três fontes principais de evidência para determinação das palavras exatas, as mais próximas dos manuscritos originais. Além de examinar os manuscritos e versões, o crítico também deve usar outra fonte valiosa, os escritos dos Primeiros Pais da Igreja.

OS PAIS DA IGREJA
Esses homens foram grandes líderes, teólogos, professores e eruditos dos primeiros séculos depois de Cristo. Eram cristãos dedicados que escreveram sermões, comentários e harmonias. Eles defendiam ardentemente a fé contra as incursões pagãs e heresias.

Estes homens citaram livremente a Bíblia, não só mencionando todos os 27 livros do Novo Testamento, mas virtualmente cada versículo destes 27 livros. Geisler e Nix, no livro “Introdução Geral à Bíblia”, afirmam: “Cinco pais apenas, de Irineu a Eusébio, possuem quase 36 citações do Novo Testamento”.

Há alguns anos, Sir David Dalrymple estava jantando com um grupo de letrados, quando alguém perguntou se, caso todo o Novo Testamento fosse destruído no século IV, seria possível formá-lo de novo a partir dos escritos dos Pais da Igreja dos séculos II e III. Dois meses depois ele disse a um dos participantes: “A pergunta despertou minha curiosidade e como possuía todas as obras existentes dos Pais da Igreja dos séculos II e III, comecei uma pesquisa. Até agora encontrei o Novo Testamento inteiro, exceto 11 versículos”.

O testemunho dos escritos dos Pais da Igreja quanto à autenticidade do texto é de suma importância. Primeiro, por causa de sua devoção a Deus e à sua Palavra, eles foram extremamente cuidadosos ao copiar as Escrituras. E segundo, por terem vivido tão perto dos dias apostólicos. É provável que tivessem tido acesso a manuscritos que não existem mais hoje. Há possibilidade de que alguns tivessem acesso aos próprios originais.

OS ROLOS DO MAR MORTO
Os Rolos do Mar Morto, descobertos, provavelmente, em 1947 por beduínos árabes chegaram às mãos dos estudiosos no fim daquele ano e no começo de 1948. As descobertas se realizaram nas cavernas nos penhascos margosos que distam entre um e dois km ao oeste da extremidade nordeste do Mar Morto, localidade esta que é conhecida pelo nome árabe de Cunrã (Qumran), perto de uma fonte copiosa de água doce chamada Ain Fexca (Feshkha). Esta localização à margem do deserto de Judá faz com que às vezes haja a expressão “Rolos de Ain Fexca”, ou “Rolos do Deserto de Judá”.

Os rolos foram vistos por vários estudiosos na parte posterior do ano 1947, e alguns deles confessam que na época, menosprezaram-nos como sendo falsificações. Um dos professores que reconheceram a verdadeira anti­guidade dos rolos foi o falecido Professor Eleazar L. Sukenik da Universidade Hebraica, e ele conseguiu mais tarde comprar alguns deles. Outros rolos foram levados para a Escola Americana de Pesquisas Orientais em Jerusalém, onde o Diretor interino, Dr. John C. Trever, percebendo seu grande valor, mandou fotografar os pedaços que foram levados a ele. Uma das suas foto­grafias foi enviada ao Professor William F. Albright, que imediatamente declarou que esta foi “a descoberta a mais importante que já tinha sido feita no assunto de manuscritos do Antigo Testamento”.

Escritos pelos essênios, entre o primeiro século antes e o primeiro século depois de Cristo, as partes bíblicas deste rolo nos fornecem manuscritos centenas de anos mais antigos que quaisquer outros. Partes de cada livro do Antigo Testamento foram encontradas, com exceção de Ester. De especial interesse são os rolos do livro do Profeta Isaías, porque um dentre os dois documentos é o livro completo do grande profeta. Trata-se de um manuscrito hebraico de Isaías Mil anos mais antigo do que qualquer outro já descoberto. De maneira notável, os rolos confirmam a exatidão do texto mossorético do Antigo Testamento.

OS PAPIROS DAS TUMBAS DO EGITO
De grande interesse para os eruditos bíblicos é uma certa quantidade de papiros descobertos recentemente (1931) nas tumbas do Egito. Estes têm sido frequentemente considerados os de benefício mais importantes para a crítica textual do Novo Testamento, desde que Tischendorf anunciou a descobertas dos Códices Sinaíticos. Esses papiros foram adquiridos por um colecionador de manuscritos, A. Chester Beatty. Outros se encontram na Universidade de Michigan e nas mãos de particulares. Eles contêm partes do Antigo Testamento em grego: trechos consideráveis de Gênesis, Números e Deuteronômio, e trechos de Ester, Ezequiel e Daniel. Três manuscritos do grupo são livros do Novo Testamento: porções de trinta folhas dos Evangelhos e Atos, oitenta e seis folhas das Epístolas Paulinas e dez folhas da parte do meio do livro de Apocalipse. Esse material é de maior importância, pois data do século III, ou antes. O texto é de tão alta qualidade que se compara aos Códices Vaticano e Sinaítico.

O fragmento de John Rylands é um pequeno pedaço de papiro com apenas 38,96 cm por 6,4 cm. Embora tão pequeno, é reconhecido como o manuscrito mais antigo de qualquer parte do Novo Testamento. Está escrito de ambos os lados e contém uma parte do Evangelho de João: 1.31-33,37,38. Foi obtido em 1920.

Em 1956, Victor Martin, professor de filologia clássica na Universidade de Genebra, publicou um códice de papiro do Evangelho de João: o Papiro Bodmer II. Este incluía os capítulos 1.1 até 14.26, sendo datado de 200 d.C. Trata-se provavelmente do livro mais antigo do Novo Testamento.

CONCLUSÃO
Qualquer que seja a variante das leituras descobertas pelos críticos textuais, é um fato reconhecido que nenhuma delas de maneira alguma altera a doutrina cristã.
Os críticos Wescott e Hort, Erza Abbot, Philip Scraff e A. T. Robertson avaliaram cuidadosamente as evidencias e concluíram que o texto do Novo Testamento é mais de 99% puro.

A BÍBLIA EM PORTUGUÊS




A BÍBLIA EM PORTUGUÊS


DOM DINIZ
“Venturoso, ou “bem-aventurado”. A despeito de este titulo ter sido atribuído a D. Manuel como principal incentivador das grandes navegações, mais bem-aventurado que este rei português foi um de seus antecessores, D. Diniz (1279-1325), por ter sido a primeira pessoa a traduzir para a língua portuguesa o texto bíblico, tornando assim possível a futura grande navegação dos leitores de língua portuguesa pelo imenso mar da Palavra de Deus.

Grande conhecedor do latim clássico, e leitor da versão da Bíblia, a Vulgata Latina, D. Diniz resolveu enriquecer o português traduzindo as Sagradas Escrituras para o nosso idioma, tomando como base a Vulgata Latina. Embora lhe faltasse perseverança e por isso só tenha conseguido traduzir os vinte primeiros capítulos do livro de Gênesis, esse seu esforço o colocou numa posição historicamente anterior a alguns dos primeiros tradutores da Bíblia para outros idiomas, como João Wycliff, por exemplo, que só em 1380 traduziu as Escrituras para o inglês.

Fernão Lopes, disse em seu curioso estilo de cronista do século XV, que D. João I (1385-1433), um dos sucessores de D. Diniz no trono português, “fez grandes letrados tirar em linguagem os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos e as Epístolas de Paulo, para que aqueles que os ouvissem fossem mais devotos acerca da lei de Deus” (Crônica de D. João I, 2ª parte). Esses “grandes letrados” eram vários padres que também se utilizaram da Vulgata Latina em seu trabalho de tradução.

Enquanto esses padres trabalhavam, D. João I, também conhecedor do latim, traduziu o livro de Salmos, que foi reunido aos livros do Novo Testamento, traduzidos pelos padres. Seu sucessor, D. João II, outro grande apoiador das traduções do texto bíblico, mandou gravar no seu cetro a parte final do versículo 31 de Romanos 8: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, atestando assim o quanto os soberanos portugueses reverenciavam a Bíblia.
Como nessa época a imprensa ainda não havia sido inventada, os livros eram produzidos em forma manuscrita, fazendo-se uso de folhas de pergaminho. Isso tornava sua circulação extremamente reduzida. Por ser um trabalho lento e caro era necessário que ou a Igreja Romana ou alguém muito rico assumisse os custos do projeto. Ninguém mais indicado que os nobres e os reis.

Outras figuras da monarquia de Portugal também realizaram traduções parciais da Bíblia. A neta do rei D. João I e filha do Infante D. Pedro, a Infanta D. Filipa, traduziu do francês os Evangelhos. No século XV surgiram publicados em Lisboa oEvangelho de Mateus e porções dos demais Evangelhos, um trabalho realizado pelo frei Bernardo de Alcobaça, que pertenceu a grande escola de tradutores portugueses da Real Abadia de Alcobaça. Ele baseou suas traduções na Vulgata Latina.

Primeira Harmonia dos Evangelhos em língua portuguesa, preparada em 1495 pelo cronista Valentim Fernandes, e intitulada da Vita Christi, teve os seus custos de publicação pagos pela rainha Dona Leonora, esposa de D. João II. Cinco anos após o descobrimento do Brasil, D. Leonora, mandou também imprimir o livro de Atos dos Apóstolos e as epístolas universais de Tiago, Pedro, João e Judas, que haviam sido traduzidos do latim vários anos antes por frei Bernardo de Brinega.

Em 1556 foi publicado em Lisboa uma gramática hebraica para estudantes portugueses. Ela trazia em português como texto básico o livro de Obadias.

A TRADUÇÃO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA
Coube a João Ferreira de Almeida a grandiosa tarefa de traduzir pela primeira vez para o português o Antigo e o Novo Testamento. Nascido em 1628, em Torre de Tavares, nas proximidades de Lisboa, João, quando tinha 12 anos de idade, mudou-se para o sudoeste da Ásia. Após viver dois anos na Batávia (atual Jacarta), na ilha de Java, Indonésia, Almeida partiu para Málaca, na Malásia, e pela leitura de um folheto em espanhol acerca das diferenças da cristandade converteu-se do catolicismo a fé evangélica. No ano seguinte começou a pregar o evangelho no Ceilão (hoje Sri Lanka) e em muitos pontos da costa Malabar.

João não tinha 17 anos de idade quando iniciou o trabalho de tradução da Bíblia para o português, mas lamentavelmente perdeu seu manuscrito e teve de reiniciar a tradução em 1648.

Por conhecer o hebraico e o grego, Almeida pôde utilizar-se de manuscritos dessas línguas. Utilizou em sua tradução o Textus Receptus, do grupo bizantino. Durante esse exaustivo e criterioso trabalho, ele também se serviu das traduções holandesas, francesas, italiana espanhola e da Vulgata Latina.

Em 1676, Almeida concluiu a tradução do Novo Testamento, e naquele mesmo ano remeteu o manuscrito para ser impresso na Batávia, mas o lento trabalho de revisão a que a tradução foi submetia levou João a retomá-la e enviá-la para ser impressa em Amsterdã, na Holanda. Finalmente em 1681 surgiu o primeiro Novo Testamento em Português, trazendo na primeira página os seguintes dizeres:

“O Novo Testamento, isto é, Todos o Sacro Santos Livros e Escritos Evangélicos e Apostólicos do Novo Concerto de Nosso Fiel Salvador e Redentor Jesus Cristo, agora traduzido em português João Ferreira de Almeida, ministro pregador do Santo Evangelho. Com todas as licenças necessárias. Em Amsterdã, por viúva de J. V. Someren. Ano 1681”.

Milhares de erros foram detectados nesse Novo Testamento de Almeida, muitos deles produzidos pela comissão de eruditos que tentou harmonizar o texto em português com a tradução com a tradução holandesa de 1637. O próprio Almeida identificou mais de dois mil erros nessa tradução, e outro revisor, Ribeiros dos Santos, afirmou ter encontrado um número bem maior que dois mil erros.

Logo após a publicação do Novo Testamento, Almeida iniciou a tradução do Antigo Testamento, e ao falecer em 6 de agosto de 1691, havia traduzido até Ezequiel 41.21. Em 1748, o pastor Jacobus op den Akker, da Batávia, reiniciou o trabalho interrompido por Almeida, e cinco anos depois, em 1753 foi impressa a primeira Bíblia completa em português, em dois volumes. Estava, portanto, concluído o inestimável trabalho de tradução da Bíblia por João Ferreira de Almeida.

Apesar dos erros iniciais, ao longo dos anos estudiosos evangélicos têm depurado a obra de João Ferreira de Almeida, tornando-a a preferida dos leitores de língua portuguesa.

A TRADUÇÃO DE FIGUEIREDO
Nascido em 1725, em Tomar, nas proximidades de Lisboa, o padre Antonio Pereira de Figueiredo, partindo da Vulgata Latina, traduziu integralmente o Novo e o Antigo Testamento, gastando dezoito anos nessa laboriosa tarefa. A primeira edição do Novo Testamento saiu em 1778, em seis volumes. Quanto ao Antigo Testamento, os dezesseis volumes de sua primeira edição foram publicados de 1783 a 1790. Em 1819 veio a luz a Bíblia completa de Figueiredo, em sete volumes, e em 1821 ela foi publicada pela primeira vez em um volume único.

Figueiredo inclui em sua tradução os chamados livros apócrifos que o Concílio de Trento havia acrescentado aos livros canônicos em 8 de abril de 1546. Esse fato tem contribuído para que a sua Bíblia seja ainda hoje apreciada pelos católicos romanos nos países de fala portuguesa.

Na condição de exímio filólogo e latinista, Figueiredo pôde utilizar-se de um estilo sublime e grandiloqüente, e seu trabalho resultou em um verdadeiro monumento da prosa portuguesa. Porém, por não conhecer as línguas originais e ter-se baseado tão-somente na Vulgata Latina, sua tradução não tem suplantado a preferência popular pelo texto de Almeida.

OUTRAS TRADUÇÕES
Outras traduções em língua portuguesa, realizadas em Portugal, são dignas de menção:

- Os quatro Evangelhos, traduzidos em elegante português pelo padre jesuíta Luiz Brandão.

- No inicio do século XIX, o padre Antonio Ribeiro dos Santos, traduziu os Evangelhos de Mateus e Marcos.

É fundamental salientar que todas essas obras, exceção feita a tradução de Figueiredo, sofreram ao longo dos séculos, implacável perseguição da Igreja Romana, e de muitas delas só escaparem um ou dois exemplares, hoje raríssimos. A Igreja Romana também amaldiçoou a todos os que conservassem consigo essas “traduções da Bíblia em idioma vulgar”, conforme as denominavam.

CÓDICES, MANUSCRITOS BÍBLICOS




CÓDICES, MANUSCRITOS BÍBLICOS

MANUSCRITOS
Alguns escritos originais, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, se perderam ao longo dos séculos por vários motivos. Os textos que temos hoje são cópias tiradas de outras cópias até chegarem à formatação atual.

O termo manuscrito vem do latim manus, “mão”, e scriptus, “escrita”, a saber, um documento escrito a mão. Essa palavra, como é usada hoje, está restrita àquelas cópias da Bíblia feitas no mesmo idioma em que foram originalmente escritos.

Os escritos originais, autênticos, saídos das mãos de um profeta ou apóstolo, ou de um amanuense, eram chamados de autógrafos. Devido às perseguições que houve antes e depois de Cristo, os escritos sagrados originais desapareceram. Entretanto, existem várias cópias a também traduções das Escrituras que sobreviveram aos muitos ataques.

Devido ao seu zelo, os estudiosos judeus (escribas, zugot, tanaítas etc.) conseguiram preservar inacreditavelmente suas tradições textuais. Os milhares de manuscritos hebraicos, com sua confirmação pela Septuaginta e pelo Pentateuco samaritano, e as várias outras comparações de fora e de dentro do texto, dão apoio surpreendente à confiabilidade do texto do Antigo Testamento.

Da mesma maneira, a fidelidade do texto do Novo Testamento é um fato, contando com evidencias esmagadoras para apoiar sua confiabilidade.

Contando apenas as cópias gregas, o texto do Novo Testamento é preservado em aproximadamente 5.686 porções manuscritas parciais e completas que foram copiadas a mão a partir do século I até o século XV. Alem dos manuscritos gregos, há várias traduções partindo do grego. Contando com as principais traduções antigas em aramaico, copta, árabe, latim e outras línguas, há 9 mil cópias do Novo Testamento. Isso dá um total de mais de 14 mil cópias do Novo Testamento. Além disso, se compilarmos as milhares de citações dos pais da igreja primitiva dos séculos II a IV pode-se reconstruir todo o Novo Testamento com exceção de onze versículos.

CLASSIFICAÇÃO DOS MANUSCRITOS
Os manuscritos estão divididos em duas classes:

1- Unciais (do latim uncia, polegada). São assim chamados por serem escritos em grandes letras maiúsculas sobre velinho delgado. Trata-se dos manuscritos mais antigos.

2- Cursivos. Vieram mais tarde os manuscritos cursivos, que receberam esse nome por serem escritos com letras "cursivas" ou a mão. Datam do século X ou século XV d.C. Dos 4.500 manuscritos existentes, cerca de 300 são unciais e o restante, cursivos.

OS ESCRITOS EM CODEX
A partir do quarto século depois de Cristo, os livros cristãos passaram a ser escritos em codex, palavra derivada de caudex, que era uma tabuinha coberta de cera na qual se escrevia com um estilete metálico. Reunidos por um cordão que passava por orifícios feitos no alto dos exemplares, à esquerda, os códices ficavam em forma de livro, portanto bem mais práticos de serem manuseados que os antigos rolos.

OS GRANDES CÓDICES UNCIAIS
Até o século IX os manuscritos unciais eram os únicos utilizados no Novo Testamento. Foram catalogados 268 manuscritos unciais do Novo Testamento. Por serem mais antigos, são considerados as fontes mais importantes no estudo do Novo Testamento. Quanto mais antiga a cópia, mais próxima da composição original ela está e menos erros dos copistas apresentam. A maior parte do Novo Testamento é preservada em manuscritos feitos a menos de duzentos anos após o original, sendo alguns livros do Novo Testamento de pouco menos de cem anos após a sua composição.

SINAÍTICO – Códice Alef
Produzido em cerca de 325 d.C., contem todo o Antigo Testamento grego, além das epístolas de Barnabé e parte do Pastor de Hermas. Foi encontrado pelo sábio alemão Constantino Tischendorf, em 1844, no mosteiro de Santa Catarina, situado na encosta do Sinai. Tischendorf viu 129 páginas do manuscrito numa cesta de papel, para serem lançadas no fogo. Percebendo o seu enorme valor, levou-as para a Europa. Nesse mesmo ano, ele descobriu 43 folhas de velino contendo porções da Septuaginta (I Crônicas, Jeremias, Neemias e Ester). Este pesquisador descobriu que as páginas desse manuscrito eram utilizadas pelos monges para acender o fogo.

Em 1859 ele voltou ao mosteiro e encontrou as páginas restantes. Doada por seu descobridor a Alexandre II, da Rússia, essa preciosidade foi posteriormente comprada pela Inglaterra pela vultosa quantia de cem mil libras esterlinas. Está no Museu Britânico desde 1933, e é considerada a testemunha mais importante do texto bíblico por sua antiguidade, precisão e ausência de omissão.

Junto com o Vaticano, o Sinaítico é considerado um dos dois manuscritos mais importantes existentes. Ele é o único que contém o Novo Testamento completo.

ALEXANDRINO – Códice A
De meados do quarto século d.C., contem o Antigo Testamento grego e quase todo o Novo Testamento, com omissões de 24 capítulos de Mateus, cerce de quatro de João e oito de 2 Coríntios. Contém ainda a Primeira Epístola de Clemente de Roma e parte da Segunda. É o melhor testemunho existente do texto do Apocalipse. Em 1708 esse códice foi dado de presente ao patriarca de Alexandria, que lhe deu a designação que ostenta até hoje. Está no Museu Britânico.

Foi provavelmente escrito em Alexandria, no Egito. Não chega a alcançar o elevado padrão dos manuscritos Vaticano e Sinaítico.

VATICANO – Códice B
Este famoso uncial em velino, datado do inicio do século IV, está escrito em grego e contém o texto completo da Septuaginta, com exceção dos livros dos Macabeus e da Oração de Manassés. Datado do século IV (350 ou 325 d.C).

Não era conhecido pelos estudiosos textuais até 1475, quando foi catalogado na Biblioteca do Vaticano, em Roma, pertencente à Igreja Católica Romana. Contém 759 folhas, sendo 617 no Antigo Testamento e 142 no Novo Testamento.

Esse manuscrito é considerado como a melhor cópia conhecida do Novo Testamento. É interessante notar que não incluiu Marcos 16.9-20, porém o escriba deixou mais de uma coluna vazia nesse lugar, como se conhecesse esses versículos, mas estivesse indeciso quanto a incluí-los o não.

EPHRAEMI RESCRIPTUS – Códice C
Também conhecido como códice polimpsesto. Este manuscrito continha todo o Antigo e Novo Testamento. Conservam-se atualmente só os textos de Jó, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria, Eclesiástico e Cântico dos Cânticos, e do Novo Testamento ainda preservam-se parte do todos os livros, exceto 2 Tessalonicenses e 2 João. Suspeita-se que se originou em Alexandria, no Egito, e é datado do início do século V (por volta de 450).

Este manuscrito foi raspado, por isso é chamado de polimpsesto. O texto sagrado foi apagado par que nesses pergaminhos se escrevessem os sermões de Ephraem, pai da igreja do século IV, por essa razão foi chamado de Manuscrito Ephraemi Rescriptus.

Por meio de solução química, o Dr. Tischendorf foi capaz de decifrar as escritas quase invisíveis dos pergaminhos. Esse manuscrito está conservado na Biblioteca Nacional de Paris.

BEZAE – Códice D
Também chamado de Códice de Cambridge, datado por volta do século V ou VI. Este é o mais antigo manuscrito conhecido em dois idiomas; é um códice Greco-latino. A página esquerda é grego, enquanto o texto correspondente em latim fica do lado oposto, à direita. Foi descoberto em 1562, por Teodoro de Beza, teólogo francês, no mosteiro de Santo Irineu, em Lyon na França. Com algumas omissões, contêm os Evangelhos e Atos, os primeiros na ordem chamada ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos. Em 1581, Beza o entregou a Universidade de Cambridge.

Há, ainda, vários outros códices de menor importância, expostos em museus e bibliotecas de vários países do mundo. Somente de livros do Novo Testamento, completos ou em fragmentos, conhece-se hoje 156.

LECIONÁRIOS
Esses manuscritos incluem um grupo de materiais chamados "lecionários". O termo "leitura" refere-se a uma passagem escolhida na Escritura, destinada a ser lida nos serviços públicos. Assim sendo, um lecionário é um manuscrito especialmente arranjado e copiado com este propósito. Alguns eram unciais e outros cursivos. A maioria deles foi extraída dos Evangelhos, mas existem alguns de Atos e das Epístolas. Os estudos mostram que eles foram copiados com mais cuidado do que um manuscrito comum; portanto, fornecem cópias excelentes para comparações. Mais de 1800 lecionários foram enumerados.

OS ROLOS DO MAR MORTO
Em se tratando de manuscritos em rolos, o mais antigo e mais importante de todos foi encontrado casualmente em 1947 por um beduíno, numa bem dissimulada gruta nas proximidades de Jericó, junto ao Mar Morto. Examinado pelo professor Sukenik, da Universidade Hebraica de Jerusalém, revelou-se pertencer ao terceiro século antes de Cristo. Contém o livro completo de Isaías e comentários de Habacuque, além de outras informações sobre a época em que foi escondido. É mais conhecido como o Rolo do Mar Morto.

AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA




AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA



As traduções tem origem nas necessidades do culto. Originalmente eram feitas leituras dos textos bíblicos, na maior parte das vezes improvisadas, e destinavam-se a esclarecer para os ouvintes o sentido original dos textos da Escritura. Com o tempo passaram a ser escritas e organizadas em livros completos correspondentes às grandes unidades bíblicas.

Depois dos manuscritos, a próxima forma mais importante das Escrituras, que dá testemunho da sua antiguidade são as versões. A versão é uma tradução do idioma original de um manuscrito em outro idioma. Existem inúmeras versões, mas apenas algumas serão consideradas como exemplo para estudos.

A SEPTUAGINTA
Como consequência dos setenta anos de cativeiro na Babilônia, e em virtude da forte influência do aramaico, a língua hebraica enfraqueceu-se. Todavia, fiéis a tradição de preservar os oráculos em sua própria língua, os judeus não permitiam que os livros sagrados fossem traduzidos para outro idioma. Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal. Com o estabelecimento do império de Alexandre o Grande, a partir de 331 a.C., a língua grega popularizou-se ao ponto de tornar imprescindível que para ela se fizesse uma tradução das Sagradas Escrituras.

Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por setenta e dois sábios judeus (daí o nome “Septuaginta”), na cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C., a pedido de Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Concluída trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo para o advento de Cristo, deveria tornar conhecida de todos os povos a Palavra de Deus. Na igreja primitiva, era essa a versão conhecida de todos os crentes.

Sem exceção, todas as traduções latinas da Bíblia tomaram por base a Septuaginta, sendo ela referencia básica para a Igreja, perdendo esta qualidade a partir da tradução de Jerônimo.

PENTATEUCO SAMARITANO
Descoberto em Damasco, na Síria, o Pentateuco Samaritano não é uma versão do texto bíblico, mas sim um dos tipos textuais existentes no período do Segundo Templo ao lado do texto hebraico da LXX (Septuaginta) e do tipo hebraico do Texto Massorético.

Sua história está ligada umbilicalmente a história dos samaritanos, um dos habitantes mais antigos de Israel desde a destruição do reino do Norte. Atualmente seu centro religioso se encontra na cidade de Nablus (Siquém), na região da antiga Samaria.

Sua existência era desconhecida pelo mundo ocidental até 1616, quando foi descoberto em Damasco, na Síria, por Pietro della Valle.

TRADUÇÕES SIRÍACAS
Segundo os pesquisadores, Teodoro, bispo de Cyrrhus, em 423 d.C., junto com um grupo de estudiosos, teria organizado uma versão da Bíblia em língua siríaca denominada de Antigo Siríaca. O texto do Antigo Testamento desta versão se baseia principalmente nos Targuns e os Evangelhos de fontes gregas, provavelmente dos manuscritos Codex Alexandrino e Bezae.

TRADUÇÃO LATINA
Nos primórdios da igreja cristã, as literaturas predominantes entre os cristãos era o grego, embora fosse o latim o idioma oficial do Império Romano.

Antes do aparecimento da Vulgata Latina, os pais da igreja se utilizavam da Vetus Latina (literalmente antigas Versões Latinas), que não era uma versão latina especifica, mas um conjunto de textos bíblicos latinos que os Pais da igreja latina usavam antes da Vulgata Latina ser produzida.

A “HEXAPLA”
Nem todos os livros do Antigo Testamento, infelizmente, foram bem traduzidos na Septuaginta, razão pela qual Orígenes, por volta de 228 d.C., compôs a Hexapla, ou versão de seis colunas, contendo a Septuaginta e as três traduções gregas do Antigo Testamento efetuadas por Áquila do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, feitas respectivamente em 130, 160 e 218 d.C. Além destas, constavam nas duas últimas colunas o texto hebraico e o mesmo texto em grego. Esta grandiosa obra, constituída de cinquenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarracenos saquearam Cesaréia em 653 d.C.

A VULGATA LATINA
Em 382 d.C., o bispo Dâmaso encarregou São Jerônimo de traduzir da Septuaginta para o latim o livro dos Salmos e o Novo testamento, o que ele fez em três anos e meio. Mais tarde, um novo bispo assumia a direção da Igreja em Roma e percebia, com inveja, a grande cultura e a influência de Jerônimo. Este, perseguido e humilhado se dirige a Belém, na Terra Santa, e ali estuda e trabalha durante trinta e quatro anos na tradução de toda a Bíblia para a língua latina. Jerônimo escreveu ainda vinte e quatro livros de comentários bíblicos, um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da Igreja Primitiva e diversos tratados. Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo ficou conhecida como “Vulgata” (vulgar), sendo usada hoje pela Igreja Católica Romana como a autêntica versão das Escrituras Sagradas, apesar de muitos eruditos a acharem pobre e até a acusaram de conter falhas graves.

AS ORIGENS DA BÍBLIA SAGRADA





AS ORIGENS DA BÍBLIA SAGRADA
A Bíblia, um livro que tem continuado vivo através dos séculos e indispensável aos Servos do Rei Jesus.

O termo Bíblia tem origem no grego "Biblos" e somente foi usado a partir do ano 200 d.C. pelos cristãos. E um livro singular, inspirado por Deus. Diversos Escribas, Sacerdotes, Reis, Profetas e Poetas a escreveram, num período aproximado de 1.500 anos. Foram mais de 40 pessoas e notadamente vê-se a mão de Deus na sua unidade. Estes textos foram copiados e recopiados de geração para geração em diversos idiomas, tais como: Hebraico, Aramaico e Grego; até chegar a nós.

Verificou-se através do Método Textual, que 99% dos textos mantêm-se fiel aos originais, é certamente uma obra divina. As partes mais antigas das Escrituras encontradas são um pergaminho de Isaías em hebraico do segundo século a.C. descoberto em 1947 nas cavernas do Mar Morto, e um pequeno papiro contendo parte do Livro de João 18.31-33,37,38 datados do segundo século d.C.

A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e versículos. Para facilitar sua leitura e localização de "citações" o Prof. Stephen Langton, no ano de 1227 d.C. a dividiu em capítulos. Até o ano de 1551 d.C. não existia a divisão denominada versículo. Neste ano o Sr. Robert Stephanus chegou à conclusão da necessidade de uma subdivisão e agrupou os textos em versículos.

Até a invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um livro extremamente raro e caro, pois eram todos feitos artesanalmente (manuscritos) e poucos tinham acesso às Escrituras.

O povo de língua portuguesa só começou a ter acesso à Bíblia de uma forma mais econômica a partir do ano de 1748 dC, quando foi impressa a primeira Bíblia em português, uma tradução feita a partir da "Vulgata Latina".

É composta de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, mais de 773.000 palavras e aproximadamente 3.600.000 letras. Gasta-se em média 50 horas (38 Velho Testamento e 12 Novo Testamento) para lê-la ininterruptamente ou pode-se lê-la em um ano seguindo estas orientações: 3,5 capítulos diariamente ou 23 por semana ou ainda, 100 por mêsem média.

Encontra-se traduzida em mais de 1000 línguas e dialetos, o equivalente a 50% das línguas faladas no mundo. Há uma estimativa que já foi comercializado no planeta milhões de exemplares entre a versão integral e apenas o Novo Testamento. Mais de 500 milhões de livros isolados já foram comercializados. Pesquisas afirmam que a cada minuto 50 Bíblias são vendidas, perfazendo um total diário de aproximadamente 72 mil exemplares!

Datado de samaritano no Monte do Templo. Gerizim




Datado de samaritano no Monte do Templo. Gerizim

Extensas respostas para as questões levantadas nesta carta pode ser encontrada em três livros publicados no JSP série ( Judéia e Samaria Publications, volumes 2, 7 e 8 ), e em artigos adicionais, todos em Inglês.
Mais especificamente, a dinastia de governadores que governaram Samaria, no período persa e que se originou no remanescente israelita em Samaria após a Assíria conquista é e era conhecido pelo nome assírio "Sambalate." Nós sabemos de Sambalate, no tempo de Neemias, Sambalate que aparece nos papiros de Wadi Daliyeh, Sambalate das letras Elefantina, e Sambalate desde a época de Alexandre, o Grande. Durante o curso do período persa, que se estendeu por cerca de 200 anos, houve, sem dúvida, governadores adicionais por este nome.
As perguntas que os estudiosos ocupados até o início das escavações no Monte. Gerizim foram: Quando era o templo no Monte. Gerizim construído? E quando o casamento da filha de Sambalate com o neto, ou irmão, do Sumo Sacerdote em Jerusalém ocorrem em tempo de Neemias (Neemias 13:28) ou no tempo de Alexandre, um século mais tarde? As respostas a estas duas perguntas nos leva à resolução da questão central sobre as relações Samaritano-judeus, ou seja, quando é que a grande divisão entre eles ocorrem? É razoável presumir que o estabelecimento do templo no Monte. Gerizim marcou a separação dos caminhos entre eles: Os judeus oraram e santificados Jerusalém, enquanto os samaritanos e orou em santidade atribuída ao Monte. Garizim.
As escavações arqueológicas no Monte. Gerizim provou de forma inequívoca que o templo no monte foi construído em meados do século V aC, isto é, muito provavelmente antes da chegada de Neemias em 445 aC A datação do templo é baseado na arquitetura datada com certeza para o período persa , o carbono-14 testes que foram realizados em centenas de milhares de ossos de sacrifícios de animais kosher que foram descobertos no recinto sagrado, e os vasos de cerâmica e moedas que são datadas do século V aC Um templo adicional foi construída sobre o primeiro templo durante o reinado de Antíoco III, c. 200 CE
Os testemunhos do século V indicam categoricamente que Josephus errou em sua atribuição da casa até a época de Alexandre, o Grande, imediatamente após a sua conquista da Terra de Israel. O racha entre os samaritanos e os judeus ocorreu após o estabelecimento do templo no monte Garizim, e, portanto, seria difícil aceitar a declaração de Josefo sobre o casamento de Nicaso, a filha de Sambalate, o irmão do sumo sacerdote em Jerusalém. Parece que as palavras de Neemias sobre esta questão estão corretas. Nós não sabemos em que fontes de Josefo contou, além do Livro de Neemias. Josefo escreveu a história desse período cerca de 500 anos mais tarde, eo seu testemunho é confiável.
A questão de por que Neemias não faz nenhuma menção a este templo incomodado muitos pesquisadores no passado. A resposta é que as fontes judaicas ignorado a existência do templo no Monte. Garizim, mesmo após a destruição do Monte. Gerizim e Jerusalém. O estabelecimento de templos não era uma ocorrência rara no período persa, por exemplo, o templo que os judeus construídos em Elefantina, e um templo também poderia ter sido estabelecido na Babilônia.