sábado, 8 de junho de 2013

AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA




AS PRIMEIRAS TRADUÇÕES DA BÍBLIA



As traduções tem origem nas necessidades do culto. Originalmente eram feitas leituras dos textos bíblicos, na maior parte das vezes improvisadas, e destinavam-se a esclarecer para os ouvintes o sentido original dos textos da Escritura. Com o tempo passaram a ser escritas e organizadas em livros completos correspondentes às grandes unidades bíblicas.

Depois dos manuscritos, a próxima forma mais importante das Escrituras, que dá testemunho da sua antiguidade são as versões. A versão é uma tradução do idioma original de um manuscrito em outro idioma. Existem inúmeras versões, mas apenas algumas serão consideradas como exemplo para estudos.

A SEPTUAGINTA
Como consequência dos setenta anos de cativeiro na Babilônia, e em virtude da forte influência do aramaico, a língua hebraica enfraqueceu-se. Todavia, fiéis a tradição de preservar os oráculos em sua própria língua, os judeus não permitiam que os livros sagrados fossem traduzidos para outro idioma. Alguns séculos mais tarde, porém, essa atitude exclusivista e ortodoxa teria de dar lugar a um senso mais prático e liberal. Com o estabelecimento do império de Alexandre o Grande, a partir de 331 a.C., a língua grega popularizou-se ao ponto de tornar imprescindível que para ela se fizesse uma tradução das Sagradas Escrituras.

Segundo o escritor Aresteas, a tradução grega foi feita por setenta e dois sábios judeus (daí o nome “Septuaginta”), na cidade de Alexandria, a partir de 285 a.C., a pedido de Demétrio Falario, bibliotecário do rei Ptolomeu Filadelfo. Concluída trinta e nove anos mais tarde, essa versão assinalou o começo de uma grande obra que, além de preparar o mundo para o advento de Cristo, deveria tornar conhecida de todos os povos a Palavra de Deus. Na igreja primitiva, era essa a versão conhecida de todos os crentes.

Sem exceção, todas as traduções latinas da Bíblia tomaram por base a Septuaginta, sendo ela referencia básica para a Igreja, perdendo esta qualidade a partir da tradução de Jerônimo.

PENTATEUCO SAMARITANO
Descoberto em Damasco, na Síria, o Pentateuco Samaritano não é uma versão do texto bíblico, mas sim um dos tipos textuais existentes no período do Segundo Templo ao lado do texto hebraico da LXX (Septuaginta) e do tipo hebraico do Texto Massorético.

Sua história está ligada umbilicalmente a história dos samaritanos, um dos habitantes mais antigos de Israel desde a destruição do reino do Norte. Atualmente seu centro religioso se encontra na cidade de Nablus (Siquém), na região da antiga Samaria.

Sua existência era desconhecida pelo mundo ocidental até 1616, quando foi descoberto em Damasco, na Síria, por Pietro della Valle.

TRADUÇÕES SIRÍACAS
Segundo os pesquisadores, Teodoro, bispo de Cyrrhus, em 423 d.C., junto com um grupo de estudiosos, teria organizado uma versão da Bíblia em língua siríaca denominada de Antigo Siríaca. O texto do Antigo Testamento desta versão se baseia principalmente nos Targuns e os Evangelhos de fontes gregas, provavelmente dos manuscritos Codex Alexandrino e Bezae.

TRADUÇÃO LATINA
Nos primórdios da igreja cristã, as literaturas predominantes entre os cristãos era o grego, embora fosse o latim o idioma oficial do Império Romano.

Antes do aparecimento da Vulgata Latina, os pais da igreja se utilizavam da Vetus Latina (literalmente antigas Versões Latinas), que não era uma versão latina especifica, mas um conjunto de textos bíblicos latinos que os Pais da igreja latina usavam antes da Vulgata Latina ser produzida.

A “HEXAPLA”
Nem todos os livros do Antigo Testamento, infelizmente, foram bem traduzidos na Septuaginta, razão pela qual Orígenes, por volta de 228 d.C., compôs a Hexapla, ou versão de seis colunas, contendo a Septuaginta e as três traduções gregas do Antigo Testamento efetuadas por Áquila do Ponto, Teodoro de Éfeso e Símaco de Samaria, feitas respectivamente em 130, 160 e 218 d.C. Além destas, constavam nas duas últimas colunas o texto hebraico e o mesmo texto em grego. Esta grandiosa obra, constituída de cinquenta volumes, perdeu-se provavelmente quando os sarracenos saquearam Cesaréia em 653 d.C.

A VULGATA LATINA
Em 382 d.C., o bispo Dâmaso encarregou São Jerônimo de traduzir da Septuaginta para o latim o livro dos Salmos e o Novo testamento, o que ele fez em três anos e meio. Mais tarde, um novo bispo assumia a direção da Igreja em Roma e percebia, com inveja, a grande cultura e a influência de Jerônimo. Este, perseguido e humilhado se dirige a Belém, na Terra Santa, e ali estuda e trabalha durante trinta e quatro anos na tradução de toda a Bíblia para a língua latina. Jerônimo escreveu ainda vinte e quatro livros de comentários bíblicos, um conjunto de biografias de eremitas, duas histórias da Igreja Primitiva e diversos tratados. Mais tarde, a Bíblia de Jerônimo ficou conhecida como “Vulgata” (vulgar), sendo usada hoje pela Igreja Católica Romana como a autêntica versão das Escrituras Sagradas, apesar de muitos eruditos a acharem pobre e até a acusaram de conter falhas graves.

Nenhum comentário: