segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Cristãos são presos no Irã por tomarem a ceia

11 iranianos foram detidos enquanto participavam de culto

O Conselho Nacional de Resistência do Irã (NCRI) está denunciando a prisão de um grupo de 11 pessoas que estavam realizando uma reunião ‘não autorizada’ em uma casa na cidade de Isfahan, região central do país.
Agentes do Ministério de Segurança e Inteligência invadiram o local armados com pistolas no momento em que era servida a Ceia do Senhor. De acordo com testemunhas, foram confiscadas Bíblias e toda literatura cristã da pequena igreja doméstica.
Não há informações do paradeiro dos cristãos presos, e apenas 10 foram identificados: Amin Ahanin, Mohammad Alyasi, Fatemeh Amini, Edmund Khachaturian, Mohammad Malek Khatai, Mohsen Khoobyari, Arash Qodsi, Hamed Sepidkar, Samaneh Shahbazi-Far e Maryam Zonubi. Não se sabe se a décima primeira pessoa também foi presa. As autoridades iranianas não forneceram nenhuma informação sobre a situação deles.
A casa, que funcionava como uma igreja subterrânea, está fechada. Há o temor que todos os presos possam ser executados. A conversão ao cristianismo é proibida no país e passível da pena de morte.
Diversos relatórios do Secretário-Geral das Nações Unidas, do relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Irã e do Departamento de Estado EUA, indicam que a repressão dos cristãos intensificou-se durante a presidência de Hassan Rohani, apesar da pressão de órgãos internacionais.
Em geral, as autoridades fazem acusações de cunho político contra os cristãos, numa associação na tentativa de se justificar os abusos nas cortes internacionais. As denúncias mais comuns incluem “ação contra a segurança nacional”, “contato com inimigo estrangeiro ou grupo antiregime” e “conspiração com inimigos estrangeiros”.

Maior ação deste ano

A prisão dos 11 cristãos foi a maior do tipo deste ano. Embora a repressão seja comum, geralmente apenas os pastores são presos. A última grande operação anunciada no país foi em 25 de dezembro do ano passado, quando nove cristãos foram presos numa igreja doméstica na cidade de Shiraz, na região sul do país.
Eles estavam reunidos para celebrar o Natal quando policiais invadiram o local, levaram todos os presentes e confiscaram todos os seus itens pessoais. Os horrores a que são submetidos os cristãos presos no Irã ficaram mundialmente conhecidos pelos relatórios do pastor Saeed Abedini, que ficou mais de três anos atrás das grades e só foi liberto pela intervenção do governo dos EUA. Com informações de Iran News

sábado, 20 de agosto de 2016

“Segredo da igreja é a oração”, afirma pastor de 120 mil membros

Para a maioria das igrejas do mundo o “ponto alto” da semana é o culto de domingo. Porém, na Igreja Presbiteriand Myungsung, em Seul, capital da Coréia do Sul, há 35 anos o encontro dominical é apenas mais um. Com 120 mil membros, eles se reúnem todos os dias da semana, com cultos que começam antes das 6 da manhã e sempre lotados.
Não é difícil ver filas se formando na entrada do templo, enquanto milhares ocupam o local, outras centenas esperam do lado de fora para a próxima celebração. Não importa se é madrugada ou o clima está frio, eles aguardam o sinal para correr para dentro e começar a louvar.
A Igreja Myungsung faz quatro cultos por manhã todos os dias da semana. Seon Gyoo Kim, um dos anciãos, que trabalha ajudando a organizar as filas rotineiras, explica: “Os cristãos não podem viver sem a fé e a oração, nem por um momento. Acredito que a oração da madrugada é bênção de Deus para nós. Então, fico feliz em assistir o culto, mesmo que precisemos esperar algum tempo para isso”.
Desde que o pastor Samhwan Kim fundou a igreja, em 1980, ela continua crescendo ano a ano.
Aos 70 anos, ele continua liderando dois cultos matinais por dia. Explica que esse “sucesso” se deve à oração contínua e um compromisso inabalável com a verdades cristãs históricas. “O poder da igreja está no Evangelho da Bíblia e na tradição que herdamos dos antepassados. Se preservarmos esses valores, o mundo irá nos seguir e poderemos liderar nossa geração”, ensina Kim.
Explica ainda que eles já plantaram 24 igrejas e enviaram mais de 500 missionários para atuar em 63 países. A igreja também sustenta um lar para crianças, um hospital, além de outros trabalhos sociais.
Conhecedor do poder da oração, ele e sua igreja continuam intercedendo pela Coréia do Norte, onde vivem muitos parentes dos membros. Eles acreditam que Deus pode fazer um grande milagre no país vizinho.

Orações unificadoras

É pratica da Igreja Myungsung orarem fervorosamente pela reunificação durante os cultos. Entre os membros, está um grupo de refugiados norte-coreanos que conseguiu fugir. Um deles é Hyejin Lim, que revela: “No norte, os cristãos são torturados. Geralmente são identificados por causa de seus joelhos. Eles possuem marcas na articulação devido ao longo tempo que passado ajoelhados para orar”.
Revela ainda que, após serem descobertos, imediatamente acabam enviados para campos de concentração ou de trabalhos forçados.
“A Coreia do Norte está em desespero, mas ao mesmo tempo temos nossa esperança em Cristo”, declarou o pastor Kim. Ele explica que vêm clamando a promessa de Isaías 9:2 que diz: “O povo que andava em trevas, viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz”.
“Acredito que o Evangelho deve chegar a eles para causar transformação. Precisamos de oração para salvar a Coreia do Norte”, exclamou. “Deus vai operar… Ele vai libertar aquela terra e realizar o milagre de abrir o caminho no deserto para a unificação do Norte e do Sul.”
A Coreia era um único país, após a guerra na década de 1950, foi dividida em duas partes. Oficialmente, a paz nunca foi assinada. Enquanto a Coreia do Sul tornou-se um estado moderno, com economia pujante, a Coreia do Norte continua sendo um dos países mais isolados da Terra. Apoiados pela antiga URSSA, o governo comunista é centralizado em uma família de ditadores, que sempre reprimiu o povo e hoje ameaça o mundo com a possibilidade de um holocausto nuclear. Com informações de CBN
Confira reportagem (em espanhol):


Refugiados que se converteram querem ser missionários

Centenas de refugiados que já foram perseguidos pelos terroristas do Estado Islâmico encontraram um novo propósito de vida depois de conhecer a Jesus e agora desejam voltar compartilhar com todos o amor de Cristo.
Segundo um relatório da Mission Network News, nos últimos 18 meses, mais de 140 refugiados vindos da cidade de Faluja, no Iraque, se converteram e abandonaram o Islã.
O presidente da Missão Frontiers, Bob Blincoe, explicou que agora, muitos desses novos cristãos querem voltar para sua cidade de origem e compartilhar sua nova fé com seus vizinhos, familiares e amigos.
Blincoe explica que eles sabem que “não há futuro nas tendas de refugiados nas chamadas cidades de refúgio perto da fronteira”. Complementa dizendo que “eles agora têm uma missão, e estão radiantes com o que receberam do Senhor. Eles foram batizados, o que é um grande sinal”.
O missionário conta que, quando se converteram, muitos ficaram especialmente comovidos quando ouviram pela primeira vez as palavras de Jesus em Mateus 11:28: ‘Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.”
Ao falar sobre o número recorde de conversões, o líder da Frontiers conta que ouviu muitas histórias de muçulmanos a quem Jesus se revelou através de visões. Ele destaca o testemunho de uma mulher chamada Layla, que fugiu do Iraque com o marido e os filhos.
“Eles fugiram a pé, conseguindo fugir da morte certa na mão dos soldados jihadistas. Chegaram até a Cidade de Refúgio apenas com a roupa do corpo e uma mochila pequena com alguns pertences… Lá, Deus deu a esta mulher a visão de um homem que iria lhe contar sobre Jesus”, narra.
Blincoe diz que isso acontece “muitas vezes como a preparação para que as pessoas escutem a Palavra do Senhor”. Ele continua a narrativa: “No dia seguinte, um homem que estava distribuindo comida no acampamento chegou até a tenda de plástico onde ela estava com a família e se ofereceu para lhes ensinar a Bíblia”.
Ele explica que várias missões estão interessadas em oferecer treinamento para que “esses crentes possam voltar de onde saíram e levar a Palavra a partes do Iraque onde nenhum missionário pôs o pé antes”.

Avivamento entre ex-muçulmanos

De fato, em todo o Oriente Médio, ex-muçulmanos desiludidos com a violência dos extremistas islâmicos, acabam sendo tocados pelo amor e compaixão demonstrados pelos cristãos.
Um líder do ministério cristão na região dos curdos disse à Christian Aid Mission que tem havido “um grande avivamento entre os ex-muçulmanos da região, acrescentando que testemunhou pessoalmente muitas dessas conversões.
“As pessoas estão com muita fome de saber sobre Cristo, especialmente quando ouvem sobre milagres, curas, misericórdia e amor”, enfatizou ele em entrevista ao The Gospel Herald. Explica que seu ministério não tem conseguido atendar todos os muçulmanos iraquianos que o procuram para saber mais sobre Cristo e a Bíblia.
“As ações terríveis de grupos com o Estado Islâmico acabaram nos fazendo um grande favor. Eles espalham a morte como regra, dizendo que está tudo no Alcorão. Portanto, agora não precisamos falar muito, apenas dizemos a verdade”, encerra.

Preciso ir à igreja?

Capa CH 51
Capa da revista cristianismo Hoje


Convertido ao Evangelho em 1980, o advogado carioca Hélio Vagner Zagaglia, hoje com 58 anos, foi membro de algumas igrejas evangélicas na maior parte desse período – e membro daqueles atuantes, de frequentar cultos quatro vezes por semana e participar de diversas atividades na esfera eclesiástica. Ao longo dessa caminhada, contudo, alguma coisa mudou em sua mente e no coração. “Depois de 30 anos naquela rotina, confesso que não tinha mais paciência com tudo relacionado ao ambiente religioso”, lembra. A decisão de sair da igreja não foi tão difícil, uma vez que surgiu a partir de convicções pessoais. “Na verdade, a escolha de não mais frequentar uma igreja, que tomei há uns dez anos, ocorreu após uma ampliação da compreensão do termo congregar. Pela simples leitura do Evangelho, entendi que isso, para Jesus, não é apenas ir à igreja”. Na opinião do advogado, qualquer lugar – “Seja o bar da esquina, o prédio do Fórum em que trabalho ou a praia onde surfo” – é propício à comunhão com Deus e junto àqueles que partilham da mesma fé. “O próprio Senhor afirmou que estaria presente quando dois ou três se reunissem em seu nome”, cita.

Quanto às advertências que ouviu, na época, ele se sente tranquilo. “Essa história de que brasa fora do braseiro se apaga e que eu ficaria sem cobertura espiritual longe da igreja perdem sentido, diante da consciência de quem eu sou e de quem Jesus é para mim”, afirma Zagaglia. Ele faz questão de dizer que não tem nada contra a postura daqueles que acham fundamental congregar em uma igreja, no sentido convencional do termo; apenas, não sente mais necessidade disso. “Observo todas as práticas ditas como disciplinas espirituais muito mais agora do que antes – e creio que a razão disso não está em pertencer a uma igreja ou não, mas sim, em uma mudança de entendimento acerca dos significados de tais práticas pela leitura do Evangelho, que faço, por puro prazer, todos os dias.”


O advogado Hélio é parte de um contingente de, pelo menos, 9,2 milhões de evangélicos brasileiros que não mantêm mais vínculos com nenhuma igreja. Os números, aferidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referem-se ao Censo 2010 e está desatualizados –ainda assim, já representam quase 20% do total de evangélicos do país. A particularidade que chama a atenção dos estudiosos e líderes, além do gigantismo da cifra, é a mudança de perspectiva. Antes, o crente que saía da igreja era o chamado “desviado”, visto como alguém que cedera aos apelos do mundo, quase um apóstata. Agora, não: há cada vez mais pessoas que, como Zagaglia, não querem mais fazer parte dos róis de membros das organizações eclesiásticas porque não acham mais necessário, mas garantem continuar crendo na Bíblia e observando as condutas consideradas adequadas a um cristão. É gente que, simplesmente, não tem mais interesse em congregar – a creem que estão muito bem assim.

“Apesar de eu não participar mais das atividades religiosas, nem concordar com maioria das doutrinas da igreja, não me considero afastado da minha relação com o divino. Não perdi minha fé”, afirma o designer industrial David Oliveira Silveira Junior, de 32 anos. Ele deixou para trás 25 anos de vivência na igreja onde fora nascido e criado e se pergunta por que precisaria continuar ali, observando liturgias e comportamentos que “não faziam mais sentido”. David explica que esse processo nunca foi premeditado. “Sendo filho de um pastor, eu só me percebi à vontade para sair quando senti que essa saída era justamente a vontade de Deus, por mais contraditório que isso parecesse.”

Ele e muita gente não veem qualquer contradição entre jogar para escanteio uma das práticas basilares da fé reformada – a inclusão no corpo de Cristo através de sua expressão mais visível na terra, que é a Igreja – e seguir o caminho do Evangelho de forma independente. “Hoje, sinto-me mais próximo e conectado com a natureza da minha espiritualidade. Muito menos santo, muito mais humano”, completa. “Parte dos evangélicos têm adotado o Believing without belonging (“Crer sem pertencer”), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental”, destaca o doutor em Sociologia Ricardo Mariano, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Para ele, o aumento do número de protestantes e pentecostais que se dizem sem vínculo institucional é resultado tanto do individualismo como da “busca por autonomia diante de igrejas que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados.”

“IGREJA CANSA”

Os motivos podem ser os mais variados (problemas de relacionamento, desgaste com modelos eclesiásticos engessados e líderes autoritários, cansaço com o chamado ativismo religioso etc). Há, também, demandas mais sutis. “Noto que o comportamento dos cristãos, em particular o dos evangélicos, tem mudado bastante a esse respeito”, diz o psicólogo Antônio Carlos Volpi, que atende como voluntário na Associação Batista Beneficente e Missionária do Ceará. A prioridade, ali, são os atendimentos voltados à ação social, mas ele conta que também conversa com muitos crentes que lhe contam porque desistiram de frequentar igrejas. “Quase todos falam de um esgotamento de expectativas, um ‘fim de linha’ sem um motivo específico. Quando desenvolvemos o diálogo, percebemos que são pessoas que não têm mais objetivos na vida cristã comunitária – e, diante das novas abordagens mais individualistas da fé, não se constrangem em seguir esse caminho espiritual independente”. Desse modo, continua Volpi, a figura de um pastor, ou líder, perde sua importância. “Eles dizem que podem buscar a Deus sem intermediários ou aparatos litúrgicos. É difícil refutar um argumento desses”, reconhece.

Mas, se o termo “igreja” deriva do grego ekklesia, que pode ser traduzido como “ajuntamento de pessoas”, “assembleia” ou, ainda, “chamados para fora”, fica difícil concordar com aqueles que defendem que a verdadeira Igreja de Cristo está dentro de cada um de nós, como diz a gerente de vendas Ágatha Nascimento. Ela é uma das várias pessoas ouvidas pela reportagem acerca da necessidade, ou não, de o cristão fazer parte de uma igreja. Depois de se converter na Igreja do Nazareno do Castelão, em Fortaleza (CE), há 12 anos, ela passou por outras denominações. Agora, segue o Evangelho sem carteirinha de membro, mas com o que declara uma fé “inabalável” em Jesus. “Posso fechar a porta do meu quarto e falar direto com o Pai”, argumenta, citando uma célebre passagem bíblica onde Jesus destaca o poder da oração. “Posso cantar louvores e meditar na Palavra em casa, com minha família. Sinceramente, não me sinto obrigada por Deus a fazer parte de uma congregação. Sinceramente, tenho uma fé mais forte do que muita gente que está lá.”

Em que pese a declaração Extra ecclesiam nulla salus (“Fora da Igreja, não há salvação”), de Cipriano de Cartago, por volta do ano 250 da Era Cristã, as reuniões em templos só começaram a surgir a partir da conversão do imperador romano Constantino, no século 4, quase 300 anos depois que o Cristianismo surgiu. Até então, era nas casas, no campo e até nas catacumbas que os seguidores de Jesus se reuniam em seu nome – isso, quando podiam se encontrar, tal era a perseguição que sofriam. No mais das vezes, a fé era vivida e praticada individualmente ou, no máximo, no seio familiar. E, se a verdadeira adoração – aquela, “em espírito e em verdade” – pode ser feita em qualquer lugar, conforme afirmou o Filho de Deus, a experiência transcendental da fé prescinde do ajuntamento de fiéis. Isso, contudo, não anula a essencialidade da igreja, muito pelo contrário, no entender do pastor, missionário e escritor Sandro Baggio. Ele é um dos coordenadores do Projeto 242, uma igreja de perfil informal e alternativo em São Paulo, com marcada vocação para as manifestações artísticas e a atuação comunitária. “Esse cansaço com a igreja é verdadeiro. A igreja, muitas vezes, cansa, mesmo!”, admite.

Para ele, o excesso de programações, cultos, treinamentos e atividades, além da expectativa de que todos estejam engajados em tudo, o tempo todo, como demonstração de seu compromisso com a visão da igreja e seu vigor espiritual, cedo ou tarde leva ao esgotamento espiritual. “O que mudou foi que muitos, uma vez cansados com sua experiência de pertencimento a uma igreja local, passaram a interpretar que a fé cristã pode ser vivida solo. Isso é um tremendo equivoco, quando comparado ao ensino bíblico. Não há, em local algum das Escrituras, um projeto de espiritualidade que não esteja engajado com uma comunidade de fé. O cristão sem igreja é fruto do individualismo da cultura ocidental.”

Em suas apurações e entrevistas para elaboração do livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), a jornalista Marília de Camargo Cesar encontrou gente que abandonou os bancos da igreja depois de serem exploradas, manipuladas e desrespeitadas por líderes inescrupulosos ou teologias equivocadas. “Porém”, avalia, “muitos que não sofreram com tais experiências saem porque acreditam poder cultivar uma comunhão individual com Cristo, sem necessidade de participar de cultos e celebrações formais”. Marília, que é evangélica, reconhece que pode parecer muito confortável buscar a Deus na solitude. “Ali, somos só nós e Deus, sem conflitos indesejáveis com terceiros.”

Mas, são justamente esses conflitos e a necessidade de se compartilhar realidades distintas e dividir os fardos, orando e lutando uns pela fé dos outros, que leva o crente ao que Paulo chamou de “desenvolvimento” da salvação, ela diz. “Muitos dos que saem das igrejas passam a se reunir em pequenos grupos, onde a Palavra é ensinada e uns oram pelos outros. É uma alternativa bastante saudável e, eu diria, quase a mesma coisa que frequentar uma igreja”. A autora, porém, entende que participar de uma igreja ou pequeno grupo é essencial para a caminhada do cristão. “É somente nesse ambiente de contato com pessoas diferentes que nós podemos ser lapidados, amadurecer e crescer no conhecimento da Palavra do Senhor.”

RELAÇÃO FRÁGIL

O cientista social Ricardo Bitun, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, lembra que no protestantismo, historicamente, o pertencimento a uma igreja sempre foi algo básico e muito valorizado. A confissão denominacional fazia parte da consciência cristã do indivíduo, estando ligada à sua identidade espiritual. “O caminho do exercício de uma fé solitária, ou a busca por um algo novo espiritual que o indivíduo não encontra mais na igreja, é tentador e encontra eco em nossa cultura moderna”, opina Bitun, que também é pastor da Igreja Evangélica Manaim, em São Paulo. Porém, esse novo jeito de ser Igreja, não necessariamente através de vínculos de pertencimento, envolve certos perigos, conforme alerta. “Se pensarmos na igreja apenas como o local físico onde nos reunimos, cantamos, temos relacionamentos pessoais e ouvimos pregações, domingo a domingo, mais cedo ou mais tarde nos decepcionaremos com sua rotina”.

“A Igreja, embora não nos salve, é capaz de nos proporcionar os meios da graça. Quem se agrega ao noivo, que é Cristo, não pode deixar de achegar-se à sua noiva, a Igreja”, defende o pastor e escritor Claudionor de Andrade, consultor teológico da Casa Publicadora das Assembleias de Deus. No Credo dos Apóstolos, ressalta, há um trecho que chama a atenção de todos quantos o leem: “Creio na comunhão dos santos”. Claudionor destaca, ainda, a passagem de Atos 2, segundo a qual os primeiros cristãos estavam sempre juntos e perseveravam, unânimes, no templo, e um dos textos mais citados quando se questiona o valor da igreja: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações, e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima” (Hebreus 10.25).

“Não creio, sinceramente, que os crentes que escolhem sair da igreja estão abandonando o Senhor”, reconhece o presbítero André Luis Garcia Sanchez. “O que percebo é que o tempo e a solidão promovem certo esfriamento da fé, das práticas espirituais, do serviço ao Senhor e ao próximo. Essas brechas fazem com que muitos que tentam viver uma fé longe do corpo de Cristo sofram e até abandonem o Evangelho, em algum momento”. Autor do blog Esboçando ideias e de estudos bíblicos que veicula pela internet, além de professor da Escola Bíblica Dominical em sua congregação, a Igreja Presbiteriana Bela Jerusalém, em Ribeirão Preto (SP), Sanchez tem contato com muitas pessoas – inclusive, aquelas que tentam substituir a comunhão na igreja por assistir cultos online, fazer ação social ou manter contatos eventuais com outros crentes, em ambientes extraeclesiásticos. “Nossa experiência tem mostrado certa fragilidade nesse tipo de ação.”

Em seu livro Gente cansada de igreja (Hagnos), o doutor em História e pastor batista Israel Belo de Azevedo aborda a falta de compromisso, um dos traços da pós-modernidade, como um dos motivos que leva o cristão a deixar sua igreja. “Isso tem a ver com a crise de modelos que vivemos. Uma das marcas do nosso tempo, afinal de contas, é a ausência de compromisso”. Desde 1999, ele pastoreia a Igreja Batista Itacuruçá, uma congregação de classe média no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Vez por outra, é procurado por alguém que demonstra o interesse em sair da comunidade. “Ouço justificativas as mais diversas, desde a busca por novas experiências pessoais, expectativas não atendidas e até dificuldade de adequação a determinadas categorias, além de certo desânimo”, enumera. “Penso que cabe a cada um fazer sua própria avaliação e nem sempre colocar a responsabilidade pelo afastamento nos outros”. Israel Belo enfatiza que a Igreja, mesmo essa que temos visto no século 21, é o meio que Deus escolheu para fazer conhecidas sua multiforme sabedoria e sua vontade ao mundo. “Ela tem uma tarefa, e é preciso que fique atenta ao exercício dessa tarefa. Somente assim, a Igreja vai manter sua razão de ser perante os que estão fora – e, também, para os que estão dentro dela.”

“Eu já fui uma dessas pessoas cansadas de ir à igreja”, testemunha o técnico em mecânica automotiva Joberson Lopes, de 38 anos. Criado na Assembleia de Deus em Brasília, ele começou a se perguntar, por volta dos vinte anos de idade, se valia à pena continuar ali. A imagem pregada lá, de um Deus mau e dominador, além de uma série de “baboseiras religiosas”, como o rigor excessivo em usos e costumes, tirou seu foco. “Preferi ficar em casa ate achar um lugar coerente com minhas convicções”. O tempo e o amadurecimento se encarregaram de mudar sua ótica. “Por eu ter passado por esse caminho, posso dizer que precisamos entender o que é ser Igreja e perceber as diferenças entre ela e a institucionalização religiosa.”

Hoje vivendo na Califórnia (EUA), ele trabalha junto a adolescentes mexicanos pela agência Jovens com Uma Missão (Jocum), depois de ter passado por várias cidades brasileiras e feito missões até na Tanzânia. Joberson, a mulher e os dois filhos frequentam agora a Free Evangelical Church, na cidade de Hamilton. “Muitas pessoas deixam de ir à igreja com motivos coerentes, mas optam pela solução errada”, pontua. “Prezo liberdade e admiro o livre arbítrio, e creio que há pessoas que podem ter plena fé e comunhão com o Senhor sem a necessidade de participar, toda semana, de cultos na igreja. Eu já vivi um tempo assim. O perigo disso é quando somos enganados por nós mesmos, sem percebermos que não conseguimos, sozinhos, manter a disciplina de procurar o Jesus que amamos. Assim, vamos nos afastando, lentamente, de uma comunhão saudável e proveitosa com Deus.


Entrevista com Faustino Teixeira 

Para o doutor em Teologia e professor no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG) Faustino Teixeira, a contestação aos modelos convencionais de Igreja é um fenômeno global. Para ele, a multiplicação e diversificação das instituições acarreta, em última análise, mudanças perceptíveis na noção de pertença religiosa – inclusive, a decisão do fiel de não permanecer ligado a uma igreja. “É possível, e viável, que uma vida espiritual madura e autêntica possa ser vivida igualmente em caminhos alternativos”, aponta. O intelectual conversou com CRISTIANISMO HOJE:

CRISTIANISMO HOJE – Na sua opinião, quais os motivos pelos quais tantos evangélicos, atualmente, se afastam da Igreja, optando por viver a própria fé de maneira individual?

FAUSTINO TEIXEIRA – Esta questão da crise das instituições religiosas não é um traço particular brasileiro. O que se verifica é algo singular: uma multiplicação e diversificação das instituições portadoras de sentido e, ao mesmo tempo, uma menor fidelidade a elas. São mudanças bem perceptíveis no campo das filiações tradicionais. De fato, há um cansaço crescente com respeito às instituições tradicionais, uma certa “desafeição” com respeito aos caminhos mais oficiais. Os “evangélicos não determinados” já representam hoje, no Brasil, um percentual de 21,8% do contingente evangélico, algo em torno de 5% de toda a população brasileira. São evangélicos que não se enquadram nos canais tradicionais, sendo chamados por alguns de “evangélicos genéricos”, ou “evangélicos sem igreja”. É algo que indica uma diversificação na própria pertença evangélica.

A recente e crescente contestação aos chamados modelos convencionais de igreja tem adquirido contornos de pós-modernidade, mas pode-se dizer que é fenômeno essencialmente contemporâneo?

As religiões continuam marcando sua presença, não tenho dúvida sobre isso, mas agora de forma distinta, com metamorfoses bem evidentes. E, ao lado das religiões, vemos o crescimento de espiritualidades laicais, que não se encaixam no tradicional perfil religioso. A sede de espiritualidade é, talvez, um dos fenômenos mais característicos de nosso tempo. Ela traduz uma resistência viva aos caminhos da modernidade, pontuada pelo anonimato, pela aceleração impressionante, acompanhada de individualização e burocratização. O avanço da modernidade não produziu um recuo da religião, mas uma outra forma de exercício da dinâmica religiosa. As religiões permanecem, bem como as espiritualidades – em estado crescente –, transformando-se sob o impacto da individualização e da globalização. Como lembrou o historiador francês Frédéric Lenoir, a busca pelas respostas a um mundo de incertezas permaece acesa, mas não mais como no passado, “no seio de uma tradição imutável ou mediante um dispositivo institucional normativo”.

Os cristãos que, simplesmente, optaram por seguir sua caminhada de fé longe da igreja se perguntam para quê precisam dela. A seu ver, ela não é mais necessária nesse contexto atual?

No meu modo de ver, a saída essencial está na busca de uma nova espiritualidade, que saiba conjugar com sabedoria o humus profético e a vida espiritual. Não creio, sinceramente, que o único caminho seja o da vinculação institucional. É possível, e viável, que uma vida espiritual madura e autêntica possa ser vivida igualmente em caminhos alternativos. A vida espiritual é essencial, e que possa ser vivida de maneira cada vez mais holística, integrando o ser humano nessa linda cadeia da vida, em todas as suas formas. Mais importante que a declaração de crença ou ou exercício de exclusividade na pertença religiosa é a disposição dialogal e a capacidade de acolhida do mundo da alteridade.

Crer sem pertencer

São muitos os motivos alegados por aqueles que já não veem na igreja nenhuma essencialidade à sua vida espiritual. Por outro lado, quem não abre mão da frequência regular aos cultos e atividades eclesiásticas faz questão de ressaltar a importância disso para a saúde da fé. CRISTIANISMO HOJE conversou com algumas pessoas sobre o assunto:

“Um dos motivos pelos quais optei pela caminhada cristã fora da igreja foi o alto custo financeiro imposto aos membros das comunidades cristãs. A liderança, neste quesito, não admite discutir o assunto. As regras mudaram: ao invés da fé genuína, o que se exige é uma filiação quase clubista. A instituição não pode tomar o lugar da Igreja, corpo místico de Cristo, nem sufocá-la. Hoje, fora da igreja, posso dizer que vivo minha fé de forma tão intensa quanto na época em que congregava. Minha vida espiritual ficou menos mística e mais racional, mas igualmente verdadeira e sincera”

Edina Cabral, 56 anos, comerciante, que durante mais de 25 anos foi membro de uma igreja evangélica do Rio de Janeiro

“Não entendo como um crente em Jesus pode escolher o caminho solitário, longe da comunhão dos santos. É claro que as igrejas têm problemas, mas as pessoas que alegam isso não se afastam de suas famílias ou locais de trabalho – os quais, certamente, também têm muitos problemas. Para mim, quem age assim não quer admitir que precisa voltar à prática do primeiro amor, que sempre acontece dentro de uma igreja”

Ricardo Augusto Morais, 28 anos, técnico em informática em membro da Igreja Metodista Wesleyana

“A instituição religiosa não é a Igreja, nem ao menos a representa. O corpo de Cristo se compreende não pelo conjunto, mas pelo que está entre cada indivíduo. Exerci o cargo de pastor batista durante 16 anos. Hoje, vivo a ideia de servir ao Salvador e me conecto a ele pela semeadura do Evangelho durante a caminhada da vida, com os pés no chão e longe das manifestações humanas centralizadas ou descentralizadas. Mantenho comunhão com irmãos que também são Igreja, pois faço separação entre esta e a instituição. Sigo a simplicidade do mesmo caminho que foi sugerido por Cristo, na via de Emaús”

João Ruth, 48 anos, é jornalista, apresentador de TV e mora em Cotia (SP)

“Respeito a experiência com Cristo de cada um, já que a conversão é um fenômeno que deve ser vivido individualmente. Posso falar por mim – e, na minha opinião, é impossível viver uma vida cristã, em sua plenitude, longe da igreja e dos irmãos na fé. Conheço muitas pessoas que entraram por esse caminho e depois voltaram machucadas ou com a fé muito abalada. Sinceramente, não aconselho isso a ninguém. Se nenhuma igreja nos serve, o problema está em nós mesmos”

Washington Luiz C. Junior tem 32 anos e é membro da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, em São Paulo, desde a adolescência

“Quando a pessoa começa a se sentir autossuficiente em sua fé, passa a criticar tudo. A igreja e os seus membros já não servem mais, pois se sentem em um ‘outro patamar’ espiritual. A igreja tem seus problemas, mas é através dela que chegamos ao conhecimento do Evangelho. Ela nos fortalece na fé e nos estimula a seguir nos caminhos de Deus”

Maria Luiza Freitas Xavier, professora, crente da Assembleia de Deus em Porto Alegre (RS)

“Eu nunca saí da igreja, mas passei por longo período de crise dentro dela. Precisei encontrar um novo jeito de viver a igreja. Além disso, entendi que as piores coisas do mundo, assim como as melhores, podem ser encontradas nela. Só que eu também descobri que as coisas mais belas do ponto de vista existencial – mudanças radicais de vida, para melhor – acontecem com maior intensidade na igreja. Por isso, ela recuperou, na minha cabeça, seu lugar de agência de transformação no mundo”

Marson Guedes é psicólogo e membro da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo

“Sou cristã e não preciso ir à igreja para continuar seguindo a Cristo. Antes, não pensava assim; só que, a certa altura, tudo aquilo – a estrutura toda, as cobranças financeiras, a pressão por um envolvimento que eu já não queria mais – perdeu o sentido. Quando parei de frequentar os cultos, muitos dos chamados irmãos da fé, que eu tinha como amigos, cortaram relações comigo, como se eu pudesse lhes transmitir algo contagioso. Não sou mais membro de nenhuma igreja, embora, de vez em quando, visite algumas. Jesus continua sendo o Senhor de minha vida. Não sei se, um dia, voltarei a ser membro de uma igreja, mas hoje eu e minha família não sentimos a menor falta disso”


Sônia Rafaella Tourinho da Rocha, 33 anos, é autônoma e foi membro da Igreja Pentecostal da Rocha Eterna, em Campos (RJ), de onde saiu depois de exercer o cargo de evangelista e diaconisa

“No meu ponto de vista, ficar em casa não torna ninguém afastado da fé, mas é perigoso porque a pessoa pode acabar criando um evangelho próprio. Considero importante frequentar a igreja não só pelo fato da manutenção da fé como, também, pelo convívio com um conjunto de pessoas diferentes. Assim, temos de nos adaptar uns aos outros e, juntos, aprender a seguir a Cristo, apesar de nossas diferenças”
Natan Chagas, 28 anos, é auxiliar operacional e membro da Igreja Missionária Evangélica 

Filadélfia, com sede em Curitiba (PR)

“Não frequento mais uma igreja evangélica. O que vivi e aprendi nela constituiu uma base sólida para minha fé. E só. Agora, estou em busca de uma relação com Deus livre de formalidades, regras, aparatos estereotipados. Cansei de me dedicar e sustentar sistemas que, muitas vezes, só servem a interesses e vaidades pessoais. Quem disse que ministério de louvor, departamentos disso e daquilo e pastores são indispensáveis? Quem disse que os melhores relacionamentos pessoais acontecem dentro da igreja? Sei que há milhões de pessoas boas e sinceras dentro das igrejas. Mas o meu Jesus, aquele que me salvou, está acima disso tudo”

Alexandre Faria de Araújo foi membro da Igreja Ministério Apascentar de Nova Iguaçu (RJ)


Porta de saída

- 87% dos brasileiros se declaram cristãos
- 22,2% (cerca de 45 milhões de pessoas) da população brasileira são evangélicos
- 9,2 milhões deles se dizem “sem vínculo denominacional”


Fonte: IBGE

Fé cristã é atacada em comercial de TV na Índia

Empresa hindu relaciona cruz a produtos estrangeiros que não deveriam estar no país


Fé cristã é atacada em comercial de TV na Índia


Empresa hindu relaciona cruz a produtos estrangeiros que não deveriam estar no país


O “guru” Baba Ramdev decidiu atacar a fé cristã no mais recente comercial de televisão da sua empresa, a Patanjali. A companhia, que comercializa produtos alimentícios e de higiene, tentou mostrar Jesus como algo indesejado na Índia, fazendo uma associação dele com as empresas estrangeiras que atuam no país.
Ramdev é uma figura controversa em seu país, que acredita ter o poder para realizar milagres. Sua antipatia pelo cristianismo é conhecida.
O Global Council of India Christians, organização que representa diversas denominações no país, teme que o uso da cruz para simbolizar algo nocivo seja apenas mais um ataque dos nacionalistas hindus, que pedem pela purificação do país, eliminando a influência cristã.
Eles estão anunciando um plano de eliminar o cristianismo no país até 2021. Um relatório da ONG Mumbai Catholic Secular Forum registrou que “A índia viu 355 incidentes de violência, incluindo 200 grandes incidentes, durante o ano passado”. Na média, isso significa um ataque por dia.
“Se desejam promover os seus próprios produtos e opor-se aos competidores estrangeiros não deveriam usar a cruz para isso. É desnecessário atacar o cristianismo”, explicou Jerry Paul, um dos líderes do Sarva Isai Mahasabha, um movimento cristão indiano. Caso a Patanjali Food Limited, dona da marca, não retire o a propaganda do ar, eles farão uma campanha nacional de boicote.
De modo geral, a comunidade cristã indiana não gostou de ver seu símbolo sagrado associado a uma crítica aos produtos estrangeiros. “É chocante que a cruz, que simboliza Jesus, seja mostrada neste anúncio”, insiste Jerry.
David Francis, um líder cristão, lamentou o ocorrido. Ele diz que a comunidade cristã é pacífica e que não fará protestos, mas questiona se o mesmo ocorreria se fossem usados outros símbolos religiosos para fazer essa associação com produtos de empresas estrangeiras.

O comercial

No anúncio de pouco mais de 30 segundos, um grupo de indianos aparecem irritados, promovendo uma espécie de “limpeza” de todos os produtos vindos do exterior. Na tela, surge a data de 1906, quando se fortaleceram os movimentos pela independência da Índia do domínio inglês. Tenta mostrar que a influência deles foi prejudicial para a população indiana.
Em seguida, se erguem cruzes, que simbolizam o domínio dos estrangeiros, algo que deve ser combatido. Os produtos são apresentados no final. Sua maior qualidade é serem produzidos na Índia.
As três cruzes são uma referência ao brasão da Companhia Britânica das Índias Orientais, empresa de comércio ligada à coroa inglesa que foi fundada em 1600 e se expandiu para o sul da Ásia. Contudo, a associação é historicamente incorreta, uma vez que a Igreja Cristã de Mar Toma, muito forte no sul da Índia tem quase dois mil anos de presença em solo indiano. Segunda a tradição, foi fundada pelo apóstolo Tomé, que levou o evangelho de Jesus para aquela região no primeiro século.
O doutor Sandeep Bharadwaj, que representa legalmente a Patanjali, acredita que os cristãos não podem ignorar que “aquele era o símbolo da bandeira [da Companhia Britânica]”. Para ele, não é uma questão religiosa.
“Aqueles que reclamam do anúncio devem lembrar que a Companhia Britânica das Índias Orientais não apenas nos subjugou. Eles também dividiram o país em muitas partes. Isso também deve ser dito”, afirmou. Com informações de CBN e HuffPost

Sírios querem “ressuscitar” língua falada por Jesus

Centro cultural é o primeiro do gênero no país

Sírios querem “ressuscitar” língua falada por JesusSírios querem "ressuscitar" língua falada por Jesus
Um dialeto antigo do aramaico, a língua falada por Jesus, vai ser ‘ressuscitada’ na Síria, onde uma escola foi criada para este propósito.  A sede fica na cidade de Qamishli, perto da fronteira com a Turquia, onde serão formados professores de assírio neo-aramaico ou siríaco, como o idioma é conhecido.
O Centro Ourhi é dirigido pelo cristão Jan Malfon. Ele explica que o local “é responsável pela formação de professores especializados na língua siríaca, pois assim poderão ensinar assuntos diferentes nesta língua”. Acrescenta que a ideia de ressurreição se deve aos prognósticos da UNESCO que ela se tornaria uma língua morta como um efeito colateral da guerra no país.
Antes dos confrontos no país tomarem proporções nacionais, em 2011, era ilegal na Síria dar aulas em qualquer outra língua que não o árabe. Esta é a primeira vez que a comunidade assíria terá seu própria centro de cultura e de linguagem.
“Aprender a língua siríaca-assírio iria nos ajudar a entender melhor nossa cultura e história, para podermos passar esse conhecimento para as próximas gerações e garantir-lhes a aprender sua língua materna”, disse Mirna Saliba, um aluno que está aprendendo siríaco.

Linguagem milenar

A Igreja Assíria do Oriente é um ramo antigo do cristianismo, com raízes que remontam à expansão descrita no livro de Atos. Os cristãos assírios têm origens na Mesopotâmia antiga – um território que agora está espalhado pelo hoje é o norte do Iraque, nordeste da Síria e sudeste da Turquia.
Ao longo dos últimos anos, no entanto, centenas de milhares de cristãos fugiram da região, temendo a guerra e os massacres do Estado Islâmico (EI).
Qamishli foi atingida por uma série de ataques de militantes nos últimos meses. Os jihadistas do EI assumiram a responsabilidade de três atentados na cidade em dezembro, onde morreu mais de uma dúzia de pessoas. Em junho, um homem-bomba matou três pessoas numa explosão que se acreditava ter como alvo o chefe da Igreja Ortodoxa Síria. Com informações Christian Today

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Cristão é morto enquanto pregava no Egito

Cristão é morto enquanto pregava no EgitoCristão é morto enquanto pregava no Egito





Militantes do Estado Islâmico (EI) executaram um líder cristão enquanto ele pregava na cidade de Alarixe, no Norte de Sinai, no Egito.
O crime ocorreu recentemente e foi divulgado no Brasil pelo ministério Portas Abertas, que acompanha a perseguição religiosa no mundo e presta apoio aos missionários.
O nome do líder morto é Raphael Moussa, que foi atacado depois de ministrar um culto na igreja local. Segundo testemunhas, o grupo extremista chegou declarando a jihad e logo mataram o líder religioso.
A morte de Moussa mostra o cenário comum nos países onde o EI tem avançado, colocando em risco a vida de todos os kaafirs (não muçulmanos) que passam a ser agredidos, tomados como escravos ou mortos pelos terroristas.
Os cristãos do Sinai estão vulneráveis diante deste cenário onde a violência não para de crescer.
A região é hostil aos cristãos, tanto é que os líderes egípcios estão tentando controlar os discursos religiosos nas mesquitas para impedir que sejam estimulados novos ataques à comunidade cristã.
Com essa atitude o governo tenta combater o radicalismo islâmico que é o principal responsável pelos ataques. Mas há pouco resultado nessas ações e a morte do líder mostra que há muito a ser feito para impedir que os cristãos, principalmente as mulheres, continuem se tornando vítimas de ataques.
Segundo o Portas Abertas, a maior reclamação dos cristãos é que os policiais egípcios não colaboram na defesa dos cristãos, tornando a impunidade um motivo a mais para que os extremistas pratiquem crimes.