sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013




A Falácia dos Argumentos Ateístas








Eu mesmo sou, é claro, um tipo de ateísta. Ainda assim, nunca deixou de me incomodar como muitos argumentos realmente ruins são usados por outros ateístas. (Para não mencionar os que eu próprio já usei!) Aqui vai uma lista de alguns deles.

Sem evidências = Sem Deus

Argumento: Os teístas não podem fornecer evidências convincentes da existência de Deus. Portanto, Deus não existe/os teístas estão errados ao acreditarem em Deus.
Explicação: Este é, às vezes, chamado de argumento evidencialista do ateísmo. Basicamente, ele afirma que, na ausência de evidências em favor de Deus, deve-se acreditar que ele não existe.
Paródia: Os ateístas não podem fornecer evidências convicentes da não-existência de Deus. Portanto, Deus realmente existe/os ateístas estão errados ao não acreditarem nele.
Refutação: Este argumento comete a falácia formal do apelo à ignorância, por presumir que a falta de provas da existência de Deus equivale a uma prova contra sua existência. Na verdade, a única coisa que a falta de evidências realmente permite é falta de crença em Deus, não a afirmação de que Deus não existe. Além do mais, mesmo se não houver absolutamente nenhuma evidência a favor da existência de Deus, isso não significa que os teístas são estúpidos. O teísmo, para muitos, poderia ser uma crença tão fundamental que não é sequer teoricamente sujeita à prova. Criticar uma crença com base em evidências, portanto, é semelhante a criticar, digamos, a crença na existência de outras mentes (o que, da mesma forma, definitivamente não é demonstrável).

Provar é mais fácil que desprovar

Argumento: É mais fácil provar a existência de algo que provar sua inexistência. A fim de provar que algo existe, é preciso apenas mostrar um caso de sua existência; já para provar que algo não existe, é preciso vasculhar cada parte da realidade. Portanto, cabe sempre aos teístas provar que Deus existe — e como eles não podem fazê-lo, Deus não existe.
Explicação: Um modo de tentar lançar o ônus da prova sobre os teístas, pois é supostamente mais fácil (em teoria) provar o teísmo do que o ateísmo.
Paródia: É mais fáil provar que existe somente uma maçã podre neste saco do que provar que há mais de uma. Então, na ausência de provas de que há mais maçãs podres, devemos concluir com certeza de que há somente uma no saco.
Refutação: A facilidade em provar uma crença não tem qualquer relação com a plausibilidade dessa mesma crença, e certamente não muda o ônus da prova. Este argumento, bem como o de “Sem evidências = Sem Deus”, é apenas uma tentativa sorrateira de justificar e cometer a falácia de apelo à ignorância.

O teísmo é anticientífico

Argumento: A ciência descarta a existência de um Deus, pois Deus não pode ser observado epistemologicamente.. Portanto, é anticientífico acreditar em Deus.
Explicação: Muito direto. A crença aqui é de que a ciência é fundamentalmente atéia, e, por conseqüência, o teísmo deve ser anticientífico. (A maioria dos proponentes deste ponto de vista seriam bem rápidos em acrescentar, “E já que o teísmo é anticientífico, não passa de lixo supersticioso”.)
Paródia: A ciência descarta a questão de se uma mão vence outra no pôquer. Portanto, é anticientífico vencer no pôquer, e os jogadores de pôquer são apenas idiotas supersticiosos.
Refutação: Na verdade, a ciência não nega a existência de Deus mais do que nega as regras do pôquer. Deus, como o pôquer, é simplesmente uma idéia para a qual a ciência não é importante. De fato, todas as questões metafísicas são, por sua própria natureza, inabordáveis pela ciência. Esta não descarta a existência dessas coisas; ela apenas reconhece que elas não estão sujeitas à investigação científica. Conseqüentemente, a crença em Deus não é anticientífica, no sentido de que seja contrária à ciência.

Os teístas são maus

Argumento: A crença em Deus tem produzido incontáveis guerras, inquisições, e outros tipos de tormento. Portanto, a crença em Deus deveria ser rejeitada.
Explicação: O exemplo mais comum de apelo emocional. O teísmo tem levado a atrocidades; logo ele deve ser considerado falso.
Paródia: A ciência levou à criação da bomba atômica, bem como a incontáveis outros implementos de destruição em massa. Estes, por sua vez, têm causado grandes dores e sofrimentos às pessoas ao longo da história. Portanto, a ciência deve ser rejeitada.
Refutação: Mesmo se fosse verdade que o teísmo sempre levasse a atrocidades (e não é) isso não afetaria em nada a questão de ele ser ou não verdadeiro.

Onde está Deus?

Argumento: Deus não pode ser encontrado em lugar algum do universo. Deus não tem tamanho nem massa. Logo, Deus não é uma coisa, e por isso não pode existir.
Explicação: Este argumento basicamente diz que, por Deus não ser um objeto físico, ele não pode existir.
Paródia: A lógica não pode ser encontrada em lugar algum do universo. A lógica não tem tamanho ou massa. Logo, a lógica não pode existir.
Refutação: Este argumento se baseia no materialismo, que é o ponto de vista metafísico de que apenas os objetos físicos existem realmente. Até aí nada de mais — não há nenhuma razão a priori pela qual o materialismo deva ser falso. Mas é um argumento muito, muito ingênuo contra o teísmo, já que os próprios teístas obviamente não aceitam o materialismo como verdadeiro! A fim de que a proposição acima fizesse sentido, o ateísta teria de provar que é o materialismo que está com a razão; algo essencialmente impossível.

Deus não tem sentido

Argumento: A palavra “Deus” é tão vaga e ambígua, que não se refere a uma única coisa. Pergunte a um hindu o que é Deus, e ele lhe dirá algo completamente diverso do que diria um cristão, porque não há dois “Deuses” exatamente iguais. Logo, Deus deve ser descartado, simplesmente porque ele não significa nada para quem diz que ele existe.
Explicação: Isso é por vezes chamado de ateísmo lingüístico. A idéia báica é que, já que “Deus” é supostamente um termo sem sentido, não se pode acreditar validamente em Deus mais que se poderia acreditar em, digamos, “squarfs” e “turlims”.
Paródia: A idéia de que “existe uma maçã vermelha” é tão vaga e ambígua que não se refere a uma única coisa. Pergunte àquele sujeito o que é uma maçã vermelha, e ele apontará para uma fruta de um formato particular e um matiz particular de vermelho; ao passo que um outro sujeito apontará para uma fruta com um matiz diferente de vermelho, já que não existem duas maçãs perfeitamente iguais. Logo, a existência de uma maçã vermelha deve ser descartada, pois não significa nada dizer que existe tal fruta.
Refutação: É claro que a palavra “Deus” é, se vista sem maiores definições, muito vaga e ambígua para significar muita coisa. Mas o argumento ateísta acima se fundamenta num equívoco sutil: ele diz que, uma vez que o termo muito genérico “Deus” não tem um significado suficientemente preciso, nada que possa ser chamado de Deus pode realmente existir. Na verdade, contudo, é inteiramente possível ter definições específicas de Deus que realmente fazem sentido. Os hindus têm uma definição específica de Deus; os cristãos têm outra; os judeus, outra; e assim por diante. Tudo o que a ambigüidade do termo genérico “Deus” significa é que um ateu, em vez de falar de “qualquer Deus”, deve lidar com concepções individuais de Deus. Essas concepções particulares podem certamente ter sentido próprio, e ser, por conseqüência, imunes ao desafio do “ateísmo lingüístico”.



Discutindo a existência de Deus



Deus. Nunca se discutiu tanto sua existência. Livros, apostilas, palestras, congressos, simpósios, cabe tudo no combate à existência de Deus. Acabo de ler “Deus – Um Delírio”, do biólogo Richard Dawkins. Ele pesquisou durante muitos anos a existência de Deus. Aliás, o título do livro, que grafa Deus com “D” maiúsculo, já é um indicativo positivo de sua incerteza sobre a não existência de Deus.
Como cristão convicto, gostei muito da obra de Dawkins. Afinal, ele me fez ser mais cristão do que era. Fico interessado na literatura ateísta. Nela, encontro respostas que me convencem cada dia mais sobre a existência de Deus. É uma espécie de remédio que causa efeito contrário.
Numa era em que o chamado “orgulho ateu” se espande e atinge mentes que outrora eram teístas, é muito importante a discussão no sentido contrário. Os ateus têm, em geral, argumentos carregados de um doutrinamento metafísico que chega a ser enfadonha uma leitura mais detalhada.
Dawkins, do fundo de seu intelecto tenta, à toda prova mostrar que suas teses se confirmam nas chamadas desavenças mentais, típicas, na sua versão, dos “crentes” fervorosos. Diz ele, a religião é a prova da irracionalidade. Crer em Deus, na concepção de Dawkins, é algo que denota falta de inteligência, absoluta ignorância. Concordo, em parte, com o biólogo. Claro que toda fé sem propósito, sem uma lógica, baseada em sentimentos provocados, deve ser combatida.
Mas, em se tratando de ateísmo, tem algo que me fascina. Fico impressionado como os ateus lutam, brigam, discutem, se esforçam para provar que Deus não existe. Uma luta homérica se trava desde as civilizações mais remotas.
Nos tempos do Pentateuco, essa discussão já era presente. Sabemos pela bíblia que vários deuses foram criados e adorados. Haviam guerras de deuses. A mitologia é rica em deuses. Porém, há um Deus que subsiste a todas as guerras e discussões. Há um Deus que supera todas as discussões, todos os desafios. É exatamente este Deus, que os cientistas, os ateus e os incrédulos de forma geral querem desbancar.
O texto ateísta como disse, nos leva a crer cada vez mais na potência e onipotência deste Deus. Tais textos são recheados de questionamentos absurdos e contraditórios. Dawkins se indigna com a fé cristã ou muçulmana. Ele escreve em 528 páginas argumentos que não se sustentam. Mais do isso, tais argumentos são derrubados pela própria disposição de Dawkins em escrever a obra. Ele, a exemplo de outros ateus, mantém a discussão sobre a inexistência de Deus, manifestando verdadeira contrariedade pela existência deste Ser.
Recentemente, lendo um jornal me deparei com um artigo assinado por Henrique César Pinheiro. Para variar, Henrique, em seu artigo contestava a existência de Deus. Ele deixava claro, que crê na existência do céu. Ele diz: “Por minhas observações para o céu irão poucos”. Ora, crer no céu e descrer na existência de Deus, com certeza, não é coerente. Mas, o simples fato de crer na existência de um céu, com certeza irá levá-lo a crer no Dono do céu.
O que chama a atenção, e me faz crer ainda mais, em Deus, é o fato de haver tanta discussão em torno dEle. Ninguém, em sã consciência, racional (como dizem ser os ateus) discute algo que não exista. Seria ilógico e irracional perdermos anos de pesquisas para discutirmos algo que não existisse. Se a não existência de Deus fosse uma realidade, logo não precisaríamos discutir o assunto.
*Jair Viana
*É jornalista e radialista em São José do Rio Preto – SP


Nenhum comentário: