Os evangélicos não
respeitam ateus?
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· No dia 14 de novembro do site da
Revista Época publicou o artigo “A dura vida dos ateus em um Brasil cada
vez mais evangélico”, de autoria da jornalista Eliane Brum. O texto tenta mostrar ao leitor
que os ateus são tratados com intolerância pelos evangélicos do Brasil.
Eliane Brum reproduziu em sua parábola, o diálogo travado entre um
taxista evangélico e sua passageira, uma jornalista ateia. O texto vem
rendendo-lhe críticas por parte de evangélicos, devido à maneira como a questão
foi tratada por ela.
O economista e pastor Rubens Teixeira, da Assembleia de Deus no Rio de
Janeiro, postou em seu blog um vídeo no qual contesta o artigo escrito pela
jornalista.
Para ele, a jornalista foi infeliz e
expôs os próprios ateus, pois, por conter na essência do texto um preconceito
contra os evangélicos, ela deixou brechas para alguns fazerem um péssimo e
generalizado juízo contra os ateus.
Abaixo a íntegra da gravação:
“Eliane Brum, li sua matéria intitulada “A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico” publicado no site da Revista Época, em 14/nov/11. De imediato, respeito suas opiniões lá contidas e a sua fé de que Deus não existe, embora discorde dela. Digo que o ateísmo é uma forma de fé, por não se conseguir provar que Deus existe ou não, e, cientificamente, é possível a prova da existência ou não de algo, ao contrário do que muitos afirmam. Basta lembrar dos símbolos de ‘existe’ e ‘não existe’, muito usados na física, na matemática e em outras ciências. Tenho certeza que Deus existe. Eu falo sempre com Ele e Ele comigo. Assim, eu creio que Deus existe por fé. Você crê que Ele não existe, também por fé.
Abaixo a íntegra da gravação:
“Eliane Brum, li sua matéria intitulada “A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico” publicado no site da Revista Época, em 14/nov/11. De imediato, respeito suas opiniões lá contidas e a sua fé de que Deus não existe, embora discorde dela. Digo que o ateísmo é uma forma de fé, por não se conseguir provar que Deus existe ou não, e, cientificamente, é possível a prova da existência ou não de algo, ao contrário do que muitos afirmam. Basta lembrar dos símbolos de ‘existe’ e ‘não existe’, muito usados na física, na matemática e em outras ciências. Tenho certeza que Deus existe. Eu falo sempre com Ele e Ele comigo. Assim, eu creio que Deus existe por fé. Você crê que Ele não existe, também por fé.
Imagine que moramos em uma rua, eu, você e muitas outras pessoas e
alguém passa a anunciar que na primeira casa da rua agora mora o senhor José.
Nós podemos acreditar que é verdade, mentira ou desprezarmos o tema, mas, se
formos honestos, nada poderemos afirmar se não conferirmos. Assim é Deus. Você
pode acreditar que Ele existe ou que ele não existe. Mas para afirmar, tem de
conferir. Afirmarmos sem conferirmos pode ser interpretado como uma atitude
leviana. Ele não existirá ou deixará de existir apenas por conta da nossa
opinião.
Imagine que as igrejas afirmam que Deus existe e várias pessoas vão lá e
confirmam tal afirmativa, que tiveram experiência com Ele, foram curadas, foram
confortadas, transformadas, enfim. Essas pessoas estariam mentindo? Será? Você
não acha que as pessoas que buscam uma experiência com Deus, se verificassem
que isso fosse uma farsa não sairiam denunciando a enganação?
Se Deus não existisse, as igrejas seriam o maior laboratório de
comprovação da inexistência dEle, pois elas anunciam Sua existência. As pessoas
que para lá se dirigem com o objetivo de encontrar Deus, se concluíssem que
isto não fosse verdade, sairiam das igrejas afirmando que Deus não existe ao
serem frustradas no desejo de conhecê-Lo.
Eu sigo o Evangelho de Jesus Cristo. O significado de evangelho, para
nós, é boas novas. Acho extraordinário e isso me encoraja a compartilhar com as
pessoas que eu gostaria que o conhecesse. Por isto os evangélicos, felizes com
o que seguem, gostam de compartilhar com ouras pessoas. Lógico, até o limite
que o ouvinte se disponha a ouvir. Não pode ser algo forçado.
Em sua parábola, você diz que certa jornalista puxou conversa com um
taxista. Ora, quem procura conversar com alguém que está calado, deve ter a
disposição de ouvir o interlocutor, do jeito que ele é. Se você inicia um
diálogo para ouvir o que você gostaria, é melhor fazer o crivo de qual sejam as
opiniões do seu interlocutor e, percebendo contrariedades, encerrar a conversa,
o quanto antes. Do contrário, muito provavelmente você vai ouvir algo que
discorda. Se você não gostar de ser contrariada, o melhor é manter o silêncio preventivo.
Não podemos nos sentir desrespeitados só porque fomos contestados.
Nós evangélicos, cremos que estaremos salvos da condenação eterna pelos
nossos pecados, através de Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para nos
garantir a salvação. Não é pelas obras que estaremos salvos. O taxista estava
certo ao fazer esta afirmação. A forma de falar, cada um tem a sua. Como você
demonstrou seu estilo neste artigo, o taxista e as demais pessoas também têm os
seus.
A jornalista de sua parábola disse que não quer ser salva. Acho que o
termo salvação denota escape de algo ruim. Não sei realmente a extensão dessas
palavras. Não sei como argumentar com relação a isso. Ela realmente não quer
mesmo ser salva? Declarou isto por ironia? Seria respeitoso? Se não formos claros,
tolerantes e respeitosos, pareceremos dois surdos, de costas, conversando.
Para compor sua parábola, você selecionou uma pessoa simples e concluiu
coisas que o taxista não estava dizendo. Ele dizia uma coisa e a jornalista,
estabelecendo hipóteses, seguiu a conclusão que favorecia seu desfecho. Ou
seja, avocou para si o direito de dizer qual é a opinião do taxista, sem
preocupar-se exatamente qual seja a mensagem que ele pretendia passar e qual o
contexto que ele considerava em suas mensagens. Quando agimos assim, além do
preconceito, estamos demonstrando pouca sensibilidade ao que as pessoas pensam.
É como se nós é quem dizemos o que as pessoas estão pensando, não elas mesmas.
Não é isto um comportamento inadequado para um pensamento honesto, tolerante e
justo?
Quando alguém fala algo para nós, devemos identificar como esta pessoa
contextualiza e o que ela pretende que nós entendamos, não o que nós queremos
entender para concluirmos o que queremos, em especial quando nossas palavras
agridem uma ou mais pessoas. Você disse que Jesus pregava tolerância. Sim,
tolerância às pessoas, não aos erros. Seria bom você meditar sobre este tema: tolerância.
Quando convidamos alguém para ir à igreja, é um ato de carinho e
consideração. Não uma ofensa. Quando alguém sente-se ofendido, é uma inversão
de sentido que parte de quem se ofende. Já imaginou se eu me ofendesse quando
um católico me convidasse a ir em sua igreja? Ou mesmo se um agnóstico me
chamasse para uma reunião? Ele está me chamando para um ambiente nobre para
ele.
A tolerância e o respeito ao direito dos ateus e crentes, de um modo
geral, de crer ou não crer em algo, é uma premissa do evangelho. A aceitação do
evangelho só tem valor se for voluntária. A Bíblia fala isto. Portanto, quem
faz diferente está errado.
Tenho muitos vídeos na internet falando sobre temas variados. Algumas
pessoas podem discordar de opiniões que apresento nos vídeos. Isto é normal.
Contudo, pessoas que se identificam como ateus, por vezes, me ofendem, com
argumentos frágeis, genéricos e de forma arrogante, demonstrando preconceito,
por intermédio de vídeos, e-mails ou Twitter. Contudo, há outros que se
identificam como ateus que mandam e-mails contestando-me, sem me ofenderem.
Apenas apresentam suas opiniões. Fico feliz ao recebê-los. Não me sinto
ofendido.
Assim, as ofensas a mim dirigidas pela internet não me dão o direito de
dizer que os ateus são intolerantes, arrogantes ou preconceituosos. Posso dizer
que são alguns poucos, mas conheço muitos outros que toleram e respeitam a
minha fé. Eu também os respeito. Eles têm o direito de acreditar no que
quiserem e eu também. Busco confirmações de tudo que eu acredito. Eu mesmo
investigo e atesto o que acredito, falo e sigo a respeito da minha fé.
Aumento ou diminuição do número de crentes ou ateus, não ameaça nem
privilegia um ou outro grupo para fins de liberdade de opinião, expressão ou
religiosa. Conflitos de opiniões há entre famílias, amigos, colegas,
torcedores, etc. Você elegeu um dos muitos temas, focos naturais e históricos
de discordâncias, colocando a discordância como forma de preconceito ou ofensa,
quando as coisas não são bem assim. Há mais discussões, debates, brigas e até
mortes, no Brasil, por conta de rivalidades no futebol do que entre religiosos
e ateus. Você exagerou um pouco aí, não acha?
Com relação às mudanças sociológicas, culturais, sabemos que no mundo
inteiro, no espaço e no tempo, isso é uma dialética continuada. Não há muito o
que fazer, apenas tentar influir da melhor maneira, sempre com tolerância e
respeito.
Evangélicos pentecostais, neopentecostais, tradicionais, são todos
evangélicos. Um evangélico reconhece outro pela sua profissão de fé, não pelo
nome da sua igreja. Você associa os neopentecostais ao capitalismo. E os ateus,
seriam o que, socialistas? Qual seria a melhor associação fé versus sistema
político-econômico? Tem algo a ver esta análise? Acho que ficaram confusas as
coisas aí. Tudo bem. Vamos deixar para lá este ponto.
Em seu texto, você afirma que vender produtos religiosos para ateus é
como vender gelo para esquimó. Não, não é. Esquimó provavelmente não compraria
gelo porque ele tem em excesso o produto que lhe seria vendido. Por outro lado,
ateus não possuem artigos religiosos por falta de interesse, não por terem em
excesso. Há uma diferença fundamental aí. Comparação boa seria, por exemplo,
você dizer que oferecer drogas, vícios ou prostituição para evangélicos é o
mesmo que oferecer esgoto como alimento para alguém saudável.
Com relação a ser ateu ou agnóstico, acho que ateus afirmam que Deus não
existe, sem provar. Possuem uma forma de fé. Agnósticos, não afirmam se Deus
existe ou não. Acho mais razoável ter dúvida do que afirmar algo sem ter
comprovação, a menos que seja por fé, que deve fundamentar-se em algo, pelo
menos para si mesmo. Aos agnósticos, eu aconselho a continuarem investigando
sobre a existência de Deus.
A matéria faz referência a muitos prêmios jornalísticos que você
recebeu. Cumprimento-a por cada um deles. Contudo, você faz uma afirmação ao
final que me deixa muito preocupado, em especial porque a sua profissão lida
com informação. Você afirma que “Se Deus existe, que nos livre de sermos
obrigados a acreditar nele”.
Ora, se Deus existe, por dever de verdade, devo afirmar que Ele existe.
Se eu admito a hipótese de Ele existir e quero o direito de dizer o contrário,
ou seja, o que não seria verdade, deixa de ser uma dúvida, um questionamento,
mas sim um pleito por um direito de negar uma verdade. Isto é algo inadmissível
para a ciência, para a fé e, profissionalmente, extremamente pernicioso quando
se trata da profissão de jornalista, como para todas as demais.
Como tenho um ânimo muito forte de achar que você é uma pessoa que luta
para ser honesta e ter boa fé, só me resta ser generoso e acreditar firmemente
que você tenha se colocado muito mal neste seu artigo. Você generalizou uma
leitura preconceituosa contra evangélicos e deixou muitas brechas para alguns,
desprevenidos, fazerem um péssimo e generalizado juízo contra os ateus, ainda
que de forma injusta para muitos.
Parabéns pelas suas qualidades! Muito obrigado pela sua atenção!
Rubens Teixeira – http://holofote.net
Perguntas rápidas para ateus e secularistas
sensatos
Buscar-me-eis e achareis quando me buscarem de todo o coração.
Jr. 29.13
Nada nas ciências prova a impossibilidade da ocorrência de
milagres. Muito bem. Então por que o ceticismo diante dos inúmeros relatos de
milagres? Não passam de relatos? Ok. E as conclusões da ciência, não são
baseadas nos relatos das experiências? Por que crer nos relatos inusitados de
uns poucos cientistas e não crer em milhares de depoimentos que fortalecem-se
uns aos outros ao longo de séculos?
Muitos secularistas atribuem as mais diversas motivações
psicológicas para a crença em Deus. Principalmente para a crença no Deus dos
cristãos, que, segundo estes, é bom, justo, e ao fim da história humana,
eliminará o mal para sempre. Você tem certeza que para o ateísmo não há nenhuma
motivação psicológica reconfortante, como por exemplo, a crença de que ao fim
de sua vida terrena você simplesmente deixará de existir e não terá que prestar
contas a nenhum Ser Superior que tudo sabe sobre você é que é perfeitamente
justo e santo?
Por que afirmar a causalidade como uma lei da ciência e da
investigação científica, e negá-la justamente quando busca explicar a origem do
universo, apelando para o acaso? Não seria esse “acaso causador” uma enorme
confluência de causas, que, necessariamente, evocam uma ordem transcendente e
imaterial anterior à existência do universo?
Por que negar a existência da verdade absoluta e não parar de
vociferar contra a mentira imperante? Qual seria a lei científica que
explicaria, dentro da sua alma e da sua mente, essa sede de justiça?
A lei da verificabilidade empírica não é empiricamente
verificável, e nem o princípio da falseabilidade de Popper é falseável. Ainda
assim, são defendidos pelos secularistas e anti-religiosos como preciosos
alicerces da plena manifestação da racionalidade humana, a ciência moderna.
Você tem certeza de que sua casa não está construída sobre areia movediça?
Por que afirmar o primado da ciência sobre a religião e a
filosofia, se até para se definir o que é ciência, os métodos cientificamente
válidos (para não falar no próprio conceito de valor e validade) é preciso
recorrer à filosofia, e para se fazer ciência com honestidade precisa-se
evocar, inescapavelmente, questões sobre moralidade encontradas sobretudo na
tradição religiosa?
As ciências, apesar da dimensão forense de algumas áreas, lidam
simplesmente com fatos mensuráveis, repetíveis e quantificáveis. Como propor um
fundamento adequado para a sociedade moderna baseando-se apenas na ciência, uma
vez que a ética, o direito, a arte, as relações humanas, além de todo um vasto
campo de conhecimento e de questões decisivas para a saúde existencial de cada
ser humano só podem ser analisados à luz de áreas de investigação que lidem com
aspectos qualitativos? Se o que é bom, o que é belo, o que é verdadeiro, ou
mesmo o que é útil, não é assunto das “ciências duras”, por que considerá-las
superiores às ciências que podem responder a questões de relevância muito maior
para indivíduos e sociedades?
Por que não enfatizar os questionamentos sobre a “solução do
bem”, um bem tão presente e imperante na ordem da realidade e mesmo dentro da
sua alma a ponto de te incomodar com o “problema do mal”?
Por que não aceitar a explicação cristã de que o mal “ainda será
plenamente destruído” mas aceitar a desculpa cientificista de que “a ciência
não explica, mas ainda explicará” alguns fenômenos?
Por que evocar o método indutivo – partir dos efeitos para
conhecer as causas – na ciência, e desprezá-lo numa reflexão mais profunda
sobre a presença humana no universo, especialmente pelo fato de que se no mundo
existem pessoas, a pessoalidade, como não poderia existir uma Pessoa, um Deus
pessoal que é a Causa primeira de toda a pessoalidade existente e evidente?
A proposta de Pascal é simples e contundente: se a fé cristã é
verdadeira, vale a pena ser cristão nesta vida e conquistar a eternidade com
Deus; se a fé cristã for falsa, apenas perdeu-se algo (o que é discutível)
nesta vida finita. Se a cosmovisão materialista realmente tem algo de racional,
deve reconhecer que há mais há ganhar do que há perder tornando-se cristão.
Você não acha que a proposta de Pascal torna-se ainda mais forte se levarmos em
conta a debilidade e falta de abrangência dos postulados cientificistas e materialistas
aqui discutidos?
Filósofos cristãos apresentaram ao longo da histórias diversas
formas de argumentos que provam (ou ao menos inferem e dão plausibilidade
intelectual) pela via racional a existência de Deus. Se a mentalidade
secularista, atéia e que se diz apegada à razão e à ciência é tão superior
intelectualmente, por que até hoje nenhum destes argumentos – enumero uns aqui:
o cosmológico, o ontológico, o teleológico e o moral – não foram refutados de
forma decisiva pelos filósofos ateus?
Um mundo no qual se percebe ordem e a existência da pessoalidade
só pode ter como Causa Primeira um Ordenador que deve necessariamente ser
pessoal. Por que não crer que essa Pessoa Onipotente pôde não só criar o mundo,
mas também se revelar ao homem e manter sua revelação especial – as Sagradas
Escrituras – intacta e acessível aos homens até hoje? Por que Ele não poderia
fazer isso?
Você tem certeza de que está mais interessado em descobrir a
verdade sobre estas questões fundamentais e decisivas do que este Deus
Onipotente e sabidamente amoroso (é o que afirmam milhões de cristãos) em
transformar sua vida se você O procurar com determinação e honestidade?
Sinceramente? Eu duvido.
Autor: Edson Camargo
Fonte: Gospel+ Divulgação: www.juliosevero.com
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