terça-feira, 22 de março de 2016

Manifesto evangélico diz que há “excessos” na Lava Jato

Missão na Íntegra lança documento em favor do PT e contra o impeachment

O ministério Missão na Íntegra, que reúne pastores brasileiros adeptos da chamada Teologia da Missão Integral, lançou esta semana o que chama de “Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito”. Entre os primeiros a assinar estão Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Carlos Queiroz e Ricardo Bitun.
O material está sendo divulgado na internet para arrecadar assinaturas de pastores e membros de igrejas evangélicas. Até o momento são mais de 500 nomes.
O abaixo-assinado virtual, de forma velada, defende o governo do PT e manifesta-se contra o impeachment da presidente Dilma.
O material será protocolado no Congresso Nacional e o grupo prepara um outro documento, com críticas à condução de investigações da Operação Lava Jato, que deve ser entregue ao Conselho Nacional de Justiça.
Iniciam alegando que temem que o acirramento provocado pelas manifestações públicas “venha custar vidas humanas”. Curiosamente, esses líderes ignoram que nas passeatas contra Dilma que reuniram mais de 6 milhões de pessoas dia 13 não houve quebra-quebra nem discursos pedindo a morte de ninguém.
Contudo, foi amplamente noticiado que nas manifestações “pró-PT” do dia 18, houveram discursos ameaçando Sérgio Moro e nos grampos telefônicos falas sobre “incendiar o Brasil”.
Ainda que o Manifesto admita que “a corrupção e a impunidade têm sido problemas endêmicos na sociedade brasileira. E que a indignação de todos nós contra isso é justa e profética”, ataca “a postura midiática tendenciosa com divulgações editadas dos processos investigativos”.
Seus signatários dizem que não concordam “que os ritos necessários para o juízo legal sejam adulterados apenas para atender ao clamor público”. Em seguida, pedem “à nação, e em especial aos nossos irmãos em Cristo, muita cautela e serenidade, e que o desejo de justiça não nos torne injustos”.
Passa então a traçar um paralelo com o julgamento de Jesus, deixando claro que os “gritos de ‘crucifica-o’ são motivados, muitas vezes, por gente mal intencionada e isso pode nos trair e nos levar a julgamentos precipitados”.
Embora reitere que “a voz das ruas deve ser ouvida, mas o limite é a Constituição Brasileira”, ignora que o rito do impeachment é uma provisão constitucional e não foi rechaçado nem pelo STF nem pela Câmara dos Deputados.
Finalizam dizendo que “o voto e a escolha da maioria devem ser honrados, como reza a lei. Cabem às instituições, designadas democraticamente para tal, a garantia do Estado de Direito, a fim de que quaisquer cidadãos tenham seus direitos respeitados”.
Na página do Facebook do Missão na Íntegra, os comentários mostram que muitos evangélicos não aceitam os termos do documento.
“Acabam por prestar um grave desserviço ao evangelho! Começando pelo título. De antemão já deixo claro um grave dissabor com a dita “missão”, no meu ver pautada pela pseudointelectualidade humanista, secularismo exacerbado e flertes heréticos”, desabafa um dos comentaristas.
Uma evangélica disparou: “Ao que parece Ariovaldo e Ed esqueceram o primeiro mandamento… Tornaram-se idólatras do Estado…. que vergonha!”.
Alguns deram os parabéns pelo material, mas ficou nítida a polarização de opiniões. Houve quem simplesmente usasse a hashtag preferida dos petistas #Naovaitergolpe.
Um dos pastores que se manifestaram publicamente condenando o manifesto foi Renato Vargens, eleusou seu perfil no Facebook para escrever: “Lamento profundamente constatar que o documento não condena o maior sistema de corrupção descoberto em nossa história, e que de forma velada manifesta-se a favor da permanência no poder de um partido que lesou o Brasil em bilhões de reais”.
Os evangélicos que esperavam um posicionamento equilibrado de líderes evangélicos podem se identificar mais com a “Declaração sobre a atual conjuntura sociopolítica da nação”, material elaborado por vários líderes e teólogos durante o Congresso de Teologia Vida Nova.

Íntegra do “Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito”

Manifesto de Evangélicos pelo Estado de Direito – Iniciativa do Missão na Íntegra
Nestas últimas semanas, a nação brasileira tem vivido momentos de aflição, angústia e ódio. A ausência de serenidade e cautela, nesta hora crítica, tem despertado muita preocupação e tememos que o acirramento provocado venha custar vidas humanas.
Conquanto tenhamos entre os membros de nosso movimento, como em todo o universo evangélico, as mais diversas opiniões políticas, ideológicas e opções partidárias, há em comum a pregação da tolerância, da paz e da justiça, conforme a orientação das Escrituras Sagradas. Desejamos, neste manifesto, nos posicionar a respeito desses acontecimentos.
Todos os signatários deste manifesto declaram que:
  • como cristãos, rejeitamos e denunciamos com veemência a corrupção, a iniquidade, a impunidade e o ataque ao Estado Democrático de Direito. Esses desvios fazem com que o pão não esteja na mesa do pobre, e deixem os enfermos e os órfãos desamparados.
  • entendemos que a corrupção e a impunidade têm sido problemas endêmicos na sociedade brasileira. E que a indignação de todos nós contra isso é justa e profética. Contudo, rejeitamos igualmente toda indignação pecaminosa que suplante o ordenamento jurídico, que aja com parcialidade e dissemine o ódio e o desejo de vingança entre os brasileiros.
  • somos favoráveis a que todos, em quaisquer posições que ocupem ou de quaisquer camadas da sociedade, denunciados na forma da lei por possíveis crimes, sejam investigados e julgados. Porém, só se faz justiça civil pela aplicação rigorosa e exclusiva da lei. Não concordamos que os ritos necessários para o juízo legal sejam adulterados apenas para atender ao clamor público.
  • rejeitamos a postura midiática tendenciosa com divulgações editadas dos processos investigativos. Essa prática irrefletida apenas tem promovido dias de aflição e angústia para os brasileiros, além de propagar o ódio e a intolerância com quem pensa de forma diferente sobre a condução dos processos. Por isso, nós pedimos à nação, e em especial aos nossos irmãos em Cristo, muita cautela e serenidade, e que o desejo de justiça não nos torne injustos.
  • sabemos que os gritos de “crucifica-o” são motivados, muitas vezes, por gente mal intencionada e isso pode nos trair e nos levar a julgamentos precipitados. Entendemos que condenar alguém, antes que todo o processo investigativo seja concluso, antes que se dê amplo direito de defesa, e antes que um tribunal dê sua sentença final, constitui um perigoso precedente para que quaisquer poderes, seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, excedam os seus limites constitucionais.
  • exigimos respeito ao voto. Toda eleição é uma convocação e um embate entre eleitores, e o voto é o suporte da legitimidade. Se a escolha dos eleitores corre o risco de ser invalidada, tem de haver um processo segundo o ordenamento jurídico, logo, isso tem de ocorrer de forma isenta e sob o império da Lei. O mandato outorgado pelo povo, por meio do voto, não pode ser levianamente questionado.
  • rejeitamos todo ódio. O ódio, constatado muitas vezes nos discursos de figuras públicas, incita a violência e isso, segundo a nossa fé, é diabólico e não pode ser admitido entre os que constituem a Igreja do Senhor Jesus em solo brasileiro. Cabe a todo cristão a tarefa de ter paz com todos, seja em serviço ao próximo, seja em tolerância com quem pensa diferente, sendo capaz de amar e interceder por seu oponente. Intercessão que, rogamos, seja feita por nossa nação.
  • defendemos que as investigações devam continuar, que as provas sejam coletadas e os responsáveis sejam arguidos pelos tribunais, conforme o estabelecido nas leis brasileiras. Que não haja privilégios para qualquer pessoa investigada, independente de posição ou partido político.
  • defendemos a democracia como valor inexorável da Nação e não aceitaremos que nada possa interferir no Estado de Direito. Queremos que a institucionalização seja observada e que prevaleça a serenidade necessária para que o estado democrático seja preservado.
  • reiteramos que “a voz” das ruas deve ser ouvida, mas o limite é a Constituição Brasileira. Cremos que todos devem ser investigados, mas dentro das garantias constitucionais. Que o voto e a escolha da maioria devem ser honrados, como reza a lei. Cabem às instituições, designadas democraticamente para tal, a garantia do Estado de Direito, a fim de que quaisquer cidadãos tenham seus direitos respeitados.


  • Minha adaptação : Esse bando  de impostores travestidos de evangélicos  defendendo governo corrupto .

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