OS MOSQUITOS MAIS PERIGOSOS DO MUNDO
O maior responsável por mortes de seres humanos é um animal minúsculo. Em todo o mundo existem 3,5 mil espécies de mosquitos. Um panorama dos mais letais, a serem evitados de todo jeito. Mais de 1 milhão de pessoas morrem a cada ano de doenças transmitidas por mosquitos — fato que torna esses insetos os seres mais mortíferos do mundo. Aprenda mais sobre os gêneros mais nocivos, seus habitats, padrões de alimentação e áreas de disseminação.
Anopheles, transmissor da malária
Existem mais de 460 espécies do gênero Anopheles, também conhecido como o “mosquito da malária”. Cerca de 20% delas são capazes de propagar entre humanos o plasmódio, protozoário causador da doença. A fêmea dissemina a malária quando pica uma pessoa infectada para sugar seu sangue e passa o parasita letal às vítimas seguintes.
Este gênero de mosquito é facilmente identificável pelas listras pretas e brancas nas asas. Ele está disseminado por praticamente todo o mundo, com exceção da Antártica. Embora hoje em dia a malária se restrinja às zonas tropicais, sobretudo a África Subsaariana, muitas espécies de Anopheles gostam de climas mais frios e se reproduzem neles. Focos de água parada, limpa e sem poluição são paraísos reprodutivos para o Anopheles.
A malária é uma doença sanguínea que não é contraída no simples contato com indivíduos infectados, mas pode ser transmitida por meio de agulhas contaminadas ou transfusões de sangue. Há mais probabilidade de sintomas graves ou fatais em idosos, pacientes com o sistema imunológico debilitado, crianças, gestantes e viajantes originários de regiões onde a doença não ocorre e, portanto, menos resistentes a ela.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma criança morra de malária a cada minuto, em nível global, apesar de o total de casos ter caído 47% nos últimos 15 anos. Foram desenvolvidos medicamentos antimalária, mas ainda não existe uma vacina contra a doença.
Aedes, transmissor da dengue, encefalite japonesa, zika e febre amarela
O Aedes é o mais invasivo dos três gêneros mais nocivos de mosquitos. Ele é transmissor frequente de infecções virais como a dengue, febre amarela e zika. Assim como o Anopheles, o Aedes é originário de regiões tropicais e subtropicais, mas pode ser encontrado atualmente em todos os continentes, exceto a Antártica. Ele se distingue por marcas brancas e pretas bem perceptíveis nas pernas e costas. Ao contrário dos demais, o gênero Aedes tem atividades diurnas.
Antes presente exclusivamente em habitats aquáticos,ele se adaptou aos ambientes rurais, suburbanos e urbanos. A OMS aponta que o Aedes se espalhou da Ásia para a África, as Américas e a Europa nas últimas décadas, sobretudo devido ao comércio de pneus usados, com a água da chuva concentrada em muitos deles propiciando a postura de ovos.
Encefalite japonesa: Transmitida a seres humanos, porcos domésticos e pássaros selvagens, a encefalite japonesa é uma infecção viral que resulta numa inflamação do cérebro. Em geral os pacientes apresentam febre moderada ou dores de cabeça, mas nos casos severos a infecção pode ser fatal.
Febre amarela: Segundo a OMS, mosquitos do gênero Aedes são responsáveis pelo contágio de quase 200 mil pessoas por ano com a febre amarela. Essa infecção viral hemorrágica aguda se manifesta nas áreas tropicais e sub-tropicais da América do Sul e África. Mais de 30 mil pessoas não vacinadas sucumbem anualmente a ela.
Dengue: Após a infecção, os portadores da dengue se tornam transmissores e multiplicadores, tendo os mosquitos como vetores. O vírus circula na corrente sanguínea humana por dois a sete dias, período em que o paciente poderá apresentar febre. Uma vez recuperado, ele se torna permanentemente imune à cepa do vírus da dengue que contraiu.
Vírus zika: Apenas uma em cada cinco pessoas infectadas pelo vírus zika apresenta sintomas que podem incluir náusea, irritabilidade, urticária, conjuntivite e fortes dores nos músculos e articulações. Em casos mais raros, é necessário hospitalização.
Embora menos de 0,01% de todos os casos registrados até o momento tenham sido fatais, o vírus representa risco sanitário grave. Os Centros de Controle e Prevenção (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos divulgaram que o zika estaria relacionado a picos de microcefalia, defeito congênito caracterizado por uma caixa craniana menor do que o normal, além de eventuais danos cerebrais permanentes.
No início de fevereiro de 2016, a OMS declarou emergência sanitária global devido à grande incidência de microcefalia no Brasil. Segundo os CDC, em 2015 foram registrados no país 30 vezes mais casos de zika do que nos demais anos desde 2010. Em consequência, o órgão desaconselhou as gestantes de viajarem tanto para o Brasil como para a Colômbia, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, Suriname e Venezuela.
Ainda não existe tratamento contra o zika, mas a empresa alemã Genekam desenvolveu um teste que revela a existência de patógenos do zika em amostras de sangue.
Culex, transmissor da febre do Nilo Ocidental, encefalite japonesa, elefantíase e possivelmente zika
Conhecido como mosquito caseiro comum, o Culex geralmente prefere sugar o sangue de pássaros ao humano, saindo para se alimentar ao amanhecer e entardecer. O gênero, que inclui mais de mil espécies, não é considerado tão perigoso para a saúde humana quanto o Anopheles e o Aedes.
Apesar de não ser o principal transmissor de moléstias potencialmente fatais como a malária, febre amarela ou a dengue severa, o inseto de cor parda pode disseminar uma variedade de outras doenças bastante graves, como a febre do Nilo Ocidental, elefantíase e encefalite japonesa.
Febre do Nilo Ocidental: Ao longo da última década, houve um acréscimo das ocorrências desta febre, sobretudo em países onde seu agente patogênico não era tão comum, como os Estados Unidos, Grécia e Rússia. O vírus é característico de zonas temperadas e tropicais. Os que o contraem em geral ignoram que estão infectados, pois ele não costuma provocar sintomas. Atualmente não existe uma vacina contra a febre do Nilo Ocidental.
Elefantíase: Enquanto os surtos de febre do Nilo aumentaram, caiu o número de casos de elefantíase. Esta doença causada por vermes nematoides e transmitida por mosquitos já fez dezenas de milhões de vítimas pelo mundo, deixando muitas incapacitadas. Mais frequente na África, Ásia e Pacífico, a contaminação com o parasita provoca danos severos aos sistemas imunológico e linfático. Doença dolorosa e desfigurante, em parte dos casos a elefantíase permanece despercebida por muitos anos.
Vírus zika: Embora o Aedes seja o único vetor comprovado do vírus zika, os cientistas estudam agora se o Culex não seria também responsável pelo aumento do número de infecções. O fato de esse gênero de mosquito ser 20 vezes mais frequente no Brasil do que as espécies de Aedes explicaria a intensidade do surto no país. Pesquisadores da Fiocruz observam que, se o Culex for realmente um transmissor do zika, conter o vírus poderá ser “mais difícil do que se pensava”.
FONTE: Deutsche Welle
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