Foi divulgado nesta quinta-feira (11) a íntegra de um vídeo gravado no lobby do hotel de São Paulo onde se hospedou Patrícia Lélis durante os dias em que afirmou ter sido sequestrada. Na conversa, gravada por Emerson Biazon, fica evidente que o chefe de gabinete de Marco Feliciano, Talma Bauer, estava negociando o silêncio da jovem.
Ao mesmo tempo que põe definitivamente por terra a versão da estudante de jornalismo em depoimento à polícia. Além de não estar sendo vítima de coação e cárcere privado, ela demonstra estar envolvida em uma negociação de valores que denota extorsão. Embora não seja dito explicitamente para que serviria os 50 mil reais mencionados, fica claro que ela só recebeu parte do dinheiro.
A Coluna Esplanada, blog de política que vem divulgando fotos, áudios e vídeos sobre o caso desde o início do mês, mostra agora um vídeo de 12 minutos no mínimo comprometedor. Bauer conta como já “resolveu” problemas de outros pastores.
O assunto conversado entre ele, Patrícia e Emerson é o repasse de dinheiro a Artur Mangabeira, que serviu como intermediador da negociação em nome da jovem. Ao saber que fora enganada, Lelis dispara: “O valor é os dez (sic)…. pilantra, quer passar a perna em mim? Eu quero ele morto!… Eu quero pegar ele, quero arrastar a cara dele no chão”.
Depois, ela pede que o assessor do deputado faça alguma coisa para vingar a suposta traição. Ele afirma que não irá matar, mas apenas “dar uns tapas”. A certa altura é dito que o montante era para que Feliciano ‘a deixasse em paz’.
O jornalista Leandro Mazzini, que assina a Coluna Esplanada vem insistindo desde o início que Patrícia Lelis pediu R$ 300 mil ao deputado, que seriam pagos em 6 parcelas de 50 mil.
Vídeo desmentiria Feliciano
Em outro vídeo divulgado pelo jornalista e provavelmente gravado por Emerson Biazon, é possível ver Talma Bauer passando seu celular para Patrícia, dizendo “É o Marco”. No início, ela demonstra contrariedade em falar com o deputado, mas acaba concordando.
A roupa que a estudante veste é a mesma que aparece usando no segundo vídeo gravado por ela “desmentindo” que tenha sido agredida ou assediada pelo parlamentar.
Compare:
Embora a qualidade do áudio seja ruim, é possível ouvi-la dizendo “Oi, Feliciano”.
Em se confirmando que se tratava de uma ligação do próprio deputado, seria uma contradição direta com a versão dele sobre todo esse caso, dada na única ocasião que se manifestou publicamente sobre as acusações contra si. No vídeo, divulgado no sábado (6) ao lado da esposa, ele diz que não tinha conhecimento das atividades do seu chefe de gabinete.
Na ocasião, afirma que as denúncias eram uma invenção da estudante, e que a perdoava. Também pediu que as pessoas não o condenassem “antes do tempo”.
Polícia sabe que Patrícia mentiu
Nos dois Boletins de Ocorrência registrados, um em São Paulo e outro em Brasília, as versões dados por Patrícia Lélis dos fatos vem sendo desmentidas pelas evidências que foram divulgadas pela imprensa.
O delegado Luís Hellmeister, que lidera a investigação na capital paulista, descarta a possibilidade que a jovem foi mantida refém em um hotel e forçada a gravar os vídeos negando que Feliciano tenha tentado violentá-la.
O delegado diz ainda que imagens das câmaras do hotel onde ela se hospedou em São Paulo mostram Bauer, abraçando a jornalista no saguão. Em outro momento, a jovem recebe a visita do namorado. Após analisar essas imagens e áudios, o delegado é categórico: “Ela passa a ser investigada. Ela mentiu para burro aqui”.
Segundo o policial, há comprovação que nas datas que dizia estar sob sequestro, Patrícia foi ao shopping fazer maquiagem e compras. Também esteve na Avenida Paulista passeando com o namorado. Há fotos da jornalista no carro onde gravou o primeiro vídeo e numa churrascaria com Bauer, sempre em clima amistoso.
O deputado pastor Marco Feliciano tem preferido não se manifestar sobre o caso, mas diante dos novos fatos, fica evidente que ele deve explicações do motivo pelo qual seu assessor entregou o dinheiro a ela se não havia nada de anormal. Também precisa esclarecer por que teria continuado falando com ela depois de todas as acusações já serem públicas.
A investigação do suposto estupro está sendo realizada em Brasília. Não existem novas evidências do caso. A polícia já pediu as imagens do prédio ocupado pelo parlamentar, onde Patrícia garante ter sido assediada.
O advogado dela, José Carlos Carvalho, mantém o argumento que sua cliente foi coagida a todo momento, inclusive durante os momentos em que aparece nos vídeos e áudios gravados por ela e por Emerson mostrando os encontros com Bauer.
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