segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O ERRO DE RUSSELL

O ERRO DE RUSSELL

O blog do jornalista Paulo Lopes, reconhecidamente antirreligioso e ateísta, publicouo seguinte post sobre o filósofo e mametático Bertrand Russel, reconhecido como um dos ateus mais célebres da contemporaneidade. A afirmação do blog, baseado nas assertivas de Russel, é que "não pode haver inversão do ônus da prova" quanto ao desafio de os cristãos/teístas terem de provar a existência de Deus. Logo abaixo colocamos o post, na íntegra, e, mais abaixo, demonstramos porque o pensamento de Russel é falho


Bertrand Russell
O filósofo e matemático Bertrand Russel
O filósofo Bertrand Russell costumava dizer que são os crentes que devem provar que Deus existe, e não os ateus que ele inexiste. Não pode haver inversão do ônus da prova, reforçava. Russell é o pensador ateu do século passado mais influente nos atuais dias. Seus argumentos, como o acima, têm sido uma espécie de cartilha dos chamados "novos ateus", que com orgulho "saem do armário" e se destacam por sua militância, deixando os religiosos atônitos, porque não estavam acostumados com esse tipo de coisa.

No artigo “Existe em Deus”, Russell criou uma analogia entre um bule de chá e Deus para dizer que o ônus da prova da existência de Deus, ou seja lá do que for, cabe a quem dá credibilidade a essa suposta existência.

Ele escreveu: “Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender que é papel dos céticos refutar os dogmas apresentados – em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um bule de chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada.”

De família aristocrata, Bertrand Arthur William Russell  foi conde, o terceiro da linhagem Russel. Ele nasceu no dia 18 de maio de 1872 em Ravenscroft, no País de Gales. No auge, portanto, do poderio econômico e político de Império Britânico. Morreu no mesmo país no dia 2 de fevereiro de 1970. Sua vida pessoal foi atribulada, embora na juventude tenha sido tímido e solitário. Passou uns tempos nos Estados Unidos e se casou quatro vezes, o que, na época dele, era uma excentricidade, mais do que hoje. Sua primeira mulher foi a americana Alys Pearsall Smith, uma Quaker de 17 anos.

Russell foi um dos fundadores da filosofia analítica, cuja sustentação é a lógica formal e a ciência. Escreveu ensaios sobre história, política, economia, educação, ética, problemas sociais. Foram mais de 20 livros e centenas de artigos para a imprensa. Tornou-se um divulgador da ciência. Em 1950, Russel ganhou o Nobel de Literatura "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento", de acordo com a avaliação da Academia da Suécia.

Ele já era então uma referência moral. Criticou, por exemplo, a guerra do Vietnã e as armas nucleares. Durante a Primeira Guerra Mundial pregou o pacifismo. A sua perspectiva sempre foi humanista. Escreveu em sua biografia ter oscilado quando jovem entre o agnosticismo e o ateísmo. Aos 18 anos, ele se assumiu como ateu ao se colocar a seguinte questão: “Quem criou Deus?” Concluiu que, se alguém viesse a provar a existência de Deus, teria também de explicar quem criou Deus, e assim sucessivamente, algo sem fim, sem lógica.

No mesmo livro, com base na experiência de sua vida, propôs dez princípios, que seguem em livre tradução:
1 - Não tenha certeza absoluta de nada.

2 - Não considere que valha a pena esconder evidências, pois elas inevitavelmente virão à luz.

3 - Nunca tente desencorajar o pensamento, pois assim com certeza obterá sucesso. 

4 - Quando encontrar oposição, mesmo que seja de seu cônjuge ou de suas crianças, esforce para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, porque uma vitória que dependente da autoridade é irreal e ilusória.

5 - Não tenha respeito pela autoridade dos outros, porque há sempre autoridades contrárias.

6 - Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões vão lhe suprimir.

7 - Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, porque todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.

8 - Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, porque, se valorizar a inteligência, chegará a um acordo proveitoso e profundo.

9 - Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.

10 - Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
Fonte: Paulo Lopes

NOTA: Mas, será que é impossível que se prove a inexistência de algo? Não, exatamente!! Desde que dadas as prerrogativas necessárias sobre a) do que se tenta provar a inexistência; b) por quais métodos; c) em quais parâmetros, observa-se que a prova da inexistência de algo não é incoerente e, tampouco, absurda, como afirmam alguns neoateus. Por exemplo: digamos que estamos procurando fósseis de Megalossauros em determinada área, pois suspeita-se que aquela área seja um antigo depósito de fósseis. Bem, delimita-se a área de busca em questão. Isto é fundamental, pois é concebível que qualquer método de medição/aferição não circunscreva uma determinada área. Uma vez delimitada a área de busca, estabelecem-se os parâmetros, através dos quais as busca será feita. Com sondas, escavações, análise espectrômica, etc. Ora, definidos o local de busca, os métodos e os parâmetros em que a busca se processará, então conclui-se, objetivamente, se há ou não fósseis naquela determinada área. O dr. William L. Craig respondeu similarmente a uma questão parecida:
 Outro erro fundamental de Russel foi o de querer, ao que tudo indica em seus escritos, provas materiais para algo que é puramente metafísico. Da mesma maneira que não se pode provar materialmente a existência da essência de uma cadeira ou do que quer que seja, não se pode afirmar que Deus não existe porque não podemos prová-lo materialmente. Isso é um engodo. Deus á, para usarmos linguagem filosófica medieval, "ato puro". Sua perfeição consiste justamente no fato de ser ilimitado, ou, em outras palavras, abranger toda a realidade possível. É por isso que afirmamos que, em qualquer "mundo possível", Deuscontinuaria sendo Deus, posto que toda e qualquer realidade dependem dele para exisitr. Como uma "Causa Necessária", Deus existe necessariamente, sem a necessidade deque algo preconize sua existência - isto, justamente pelo fato de Deus ser um ens necessitans, um "ser necessário". Desta forma, a pergunta "quem criou Deus?" é absurda em si mesma, pois auto-anula-se logicamente. É o mesmo que perguntarmos: qual o fim da sequência infinita dos números naturais? Ou ainda: qual o "fator de redondeza"do quadrado de lado 3?" (não importa se o quadrado tem lado 3, 4, 25, 7893, 9093876539, ou, de fato, qualquer tamanho, posto que é um quadrado e, num quadrado, não há "fator de redondeza". Requerer provas materiais de algo que perpassa quaisquer limites de realidade física é sinal de confusão mental e desconhecimento das regras básicas da dedução. Podemos deduzir objetos, formas e, é claro, o ser natural, a partir de inferências lógicas do nosso modo defensivo. Este foi um erro de Russel... mas, por toda a sua história, o erro torna-se ainda espetacular, pois Russel não era um livreiro ou simples leitor de jornais e periodista... mas um homem cotado para ser, talvez, e aclamado no mundo todo por sua oposiçãohistoricamente neoateísta, que foi matermático e filósofo, e pregava a razão como algo que deveria modelar, inclusive, o pensamento, não deve perfilar como um dos "homens mais sábios" que já exisitiram. Russelerrou ao não encarar melhor a natureza dos próprios problemas em questão, confundindo-se até em questões que possuem auto-contradições triviais. Essa eu não entendi, sr. Russel!!....rsrsrsrs.

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