Lei oral
Primeira página da edição de
Vilna do
Tractate Berachot,
Talmude babilônico,
folio 2a.
Originalmente, o estudo acadêmico do
judaísmo era oral. Os
rabinos expunham e debatiam a lei (isto é, a
Torá) e discutiam o
Tanakhsem o benefício das obras escritas (além dos próprios livros bíblicos), embora alguns possam ter feito anotações privadas (
meguilot setarim), por exemplo, a respeito das decisões de cortes. A situação se mudou drasticamente, no entanto, principalmente como resultado da destruição da comunidade judaica no ano de
70 d.C., e os consequentes distúrbios nas normas legais e sociais judaicas. À medida que os rabinos foram forçados a encarar uma nova realidade — principalmente a dum judaísmo sem um
Templo (para servir como centro de estudo e ensino) e uma
Judéia sem
autonomia — surgiu uma enxurrada de discursos legais, e o antigo sistema de estudiosidade oral não pôde ser mantida. Foi durante este período que o discurso rabínico passou a ser registrado na escrita.
[1][2] A primeira lei oral registrada pode ter sido na forma dos
Midrash, na qual a discussão
haláquica está estruturada como comentários
exegéticos sobre o
Pentateuco. Uma forma alternativa, porém, organizada pelos tópicos de assuntos, em vez dos versos bíblicos, tornou-se dominante por volta do ano
200 d.C., quando o rabino
Judá HaNasi redigiu a
Mishná (משנה).
A Lei Oral estava longe de ser monolítica ,variando enormemente entre diversas escolas. As duas mais famosas eram a Escola de
Shammai e a Escola de
Hillel. No geral, todas as opiniões, mesmo as não-normativas, eram registradas no Talmude.
A
Mixná ou
Míxena, também chamada de
Mishná, é uma compilação de opiniões e debates legais. As declarações contidas na Mixná são tipicamente concisas, registrando as opiniões breves dos
rabinos debatendo algum tópico, ou registram apenas um veredito anônimo, que aparentemente representava uma visão consensual. Os rabinos registrados na Mixná são chamados de
Tannaim.
Na medida em que suas leis estão ordenadas pelo assunto dos tópicos, e não pelo conteúdo bíblico, e a Mishná discute cada assunto, individualmente, de maneira mais extensa que os
Midrash, e inclui uma seleção muito maior de assuntos
haláquicos. A organização da Mishná tornou-se, desta maneira, a estrutura do Talmude como um todo. Porém nem todos os tratados da Mishná possuem uma
Guemará correspondente. Além disso, a ordem dos tratados do Talmude difere, em muitos casos, da do Mishná.
Além da Mishná, outros ensinamentos
tanaíticos eram correntes na mesma época, e por algum tempo depois.
[carece de fontes] A
Guemará frequentemente se refere a estas declarações tanaíticas, para compará-los àqueles contidos na Mishná e para apoiar ou refutar as proposições dos
Amoraim.
[carece de fontes] Todas estas fontes tanaíticas não-mishnaicas são denominadas de
baraitot (singular
baraita, ברייתא - literalmente "material de fora", se referindo às obras externas ao Mishná).
[carece de fontes]
Nos três séculos que se seguiram à redação da
Mishná, os
rabinos de
Israel e da
Babilônia analisaram, debateram e discutiram aquela obra. Estas discussões foram a
Guemará(גמרא). A palavra significa "completude", em
hebraico, do
verbo gamar (גמר), "completar", "aprender". A Guemará se focaliza principalmente na elucidação e elaboração das opiniões dos
Tannaim. Os rabinos do Guemará ficaram conhecidos como
Amoraim (no singular
Amora, אמורא).
Boa parte da Guemará consiste de análises
legais. O ponto de partida para a análise é, costumeiramente, uma declaração legal existente em determinada Mixná. A declaração é então analisada e comparada com outras declarações, numa
troca dialética entre dois disputantes (frequentemente anônimos, por vezes metafóricos), que são chamados de
makshan ("questionador") e
tartzan ("respondendor"). Outra função importante da Guemará é identificar a base bíblica correta para determinada lei apresentada na Mishná, assim como o processo lógico que a conecta com outra: esta atividade era conhecidade como
talmud, muito antes da existência do Talmude como texto.
Estas trocas formam os componentes básicos da Guemará; o nome dado a cada passagem é
sugya (סוגיא; plural
sugyot). Uma
Sugya costumeiramente contém uma elaboração cuidadosamente estudada e detalhada de uma declaração mishnaica.
Em determinada
sugya, declarações escriturais, tanaíticas e amoraicas, são trazidos para reforçar as diversas opiniões. Ao fazê-lo, a Guemará levanta
discordâncias semânticasentre os
Tannaim e os
Amoraim (frequentemente direcionando o ponto de vista para uma autoridade mais antiga, no sentido de como ele teria respondido a questão), e comparando as visões mishnaicas com as passagens da
Baraitá. Raramente os debates são encerrados formalmente; em muitos casos, a palavra final determina a lei prática, embora existam diversas exceções a este princípio.
[editar]Halaca e Agadá
O Talmude contém um material vasto, que aborda assuntos de naturezas muito diversas.
[carece de fontes] Tradicionalmente, as declarações talmúdicas podem ser classificadas em duas categorias amplas, as declarações
haláquicas e
agádicas.
[carece de fontes] As declarações haláquicas são aquelas que se relacionam diretamente com as questões da prática e lei judaica (
Halaca), enquanto as declarações agádicas são aquelas que não tem qualquer conteúdo
legal, sendo de natureza mais
exegética,
homilética,
ética ou
histórica
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