A teologia destrói a fé
Um dia desses fui procurado por um jovem obreiro que me abordou com o seguinte argumento: professor aprendi em minha antiga igreja que a teologia destrói a nossa fé. Hoje, estou em outra denominação e tenho desejo de estudar teologia, mas tenho medo! O jovem então definiu me perguntando: é verdade que a teologia destrói mesmo a fé das pessoas?
Subitamente lhe respondi: Sim meu irmão, a teologia destrói a fé das pessoas! E prossegui: a teologia destrói sua fé medíocre e flácida e lhe dá uma fé verdadeira e ampla. A teologia destrói a sua fé sem base e sem vida e lhe dá uma fé avivada e contagiante. A teologia destrói a sua fé duvidosa, limitada, frágil, anêmica e temerosa e lhe proporciona uma fé superior e fortalecida.
Infelizmente algumas pessoas herdaram um conceito de teologia tão desequilibrado que chega a se tornar até mesmo antibíblico.
É importante saber que a causa da existência de principais vitalidades na esfera cristã, se deu justamente por causa de teólogos com fervor espiritual e de uma teologia comprometida com a Verdade.
Quero aqui apresentar os três gigantes momentos da questão em destaque: A Reforma Protestante, A Bíblia para todo o povo e a Expansão do Evangelho de Cristo.
Se hoje existe a Igreja Evangélica, os Movimentos Evangélicos, Os Grupos Musicais na Igreja, As Agências Missionárias, Os pastores, Ministros e tudo que envolve o protestantismo, a causa e efeito maior foi justamente a ação de teólogos, que movidos pelo poder de Deus e conhecimento profundo nas Escrituras Sagradas, denunciaram na época a decadência da Igreja Romana, e buscaram a restauração da Igreja de Cristo, que estava num caminho de podridão, desvio doutrinário e decadência espiritual por parte da visão deturpada de seus “líderes”.
Os nomes que fizeram parte dessa grande “reação” foram de Martinho Lutero (1483-1546), John Calvino (1509-1564), Úlrico Zwínglio (1484-1531), John Knox e muitos outros que incrivelmente eram Teólogos com a mais acadêmica formação em teologia.
Lutero era Doutor em Teologia e professor de uma grande universidade, Calvino foi um teólogo tão expressivo que se tornou responsável pela sistematização doutrinária e pela expansão do protestantismo reformado. Zwínglio foi considerado o “pai do protestantismo reformado”. John Knox por sua vez se tonou o teólogo da Escócia. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote, possivelmente em 1536.
Todo esse mover de Deus por meio dos Teólogos e da teologia ficou conhecido como Reforma Protestante. As igrejas evangélicas (históricas, pentecostais, neopentecostais, comunidades cristã, etc.) são todas dessa mesma raiz, salvo é claro os pequenos movimentos desde a Idade Média, que bem antes rejeitavam as práticas romanas.
Como pode então a teologia destruir a fé das pessoas?
Outra grande verdade que exponho aqui é a questão das Traduções da Bíblia. Elas chegaram a nossas mãos! A Igreja Romana havia proibido a leitura da Bíblia aos leigos, ao povo. Por centenas de anos a Bíblia era uma exclusividade dos bispos, padres e autoridades do clero. Nem mesmo a Escritura nas diversas línguas era possível, pelo contrário, um ato desse seria uma grande “blasfêmia”, “heresia” de acordo com a Igreja Romana.
Mais uma vez homens dotados de teologia e de profundo conhecimento bíblico se colocam á disposição de Deus para serem instrumentos de bênçãos para o mundo. Deus começa então um novo mover, as várias traduções da Bíblia se tornam um marco na história da Igreja Evangélica.
Os reformadores defendiam as Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática para todos os cristãos. Bem antes da Reforma Deus já havia iniciado essa grande obra, movendo o coração de um homem chamado John Wycliffe (1328-1384).
Esse era professor da Universidade de Oxford e Teólogo de expressiva erudição, considerado um dos precursores da Reforma Protestante. Wycliffe trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe. A tradução de Wycliffe foi perseguida, ironizada, ridicularizada pelo romanismo, mas Deus levantou adiante outro teólogo chamado Willian Tyndale. A obra na pára.
Lutero mesmo traduziu as Escrituras para o alemão. A sua tradução foi tão importante para o povo do seu país que estudiosos têm considerado Lutero como o pai da língua alemã. Um primo de Calvino traduziu a Bíblia para o Francês.
A famosa versão King James, considerada a mais “perfeita” tradução foi produzida na Inglaterra, o sínodo de Dort, na Holanda, promoveu a tradução para o holandês. Meio século mais tarde, mas ainda como fruto da Reforma, João Ferreira de Almeida traduziu a Bíblia para a língua Portuguesa. Desde então, centenas de línguas têm recebido o texto Sagrado.
Tudo isso está interligado á expansão do Evangelho de Cristo em todo o mundo. Por meio de uma igreja saudável e doutrinariamente ortodoxa, cheia de vida, restaurada, o poder de Deus e da chama do Evangelho pelas nações do planeta têm sido vistos a cada dia.
Isso foi o poder de uma Teologia verdadeiramente fiel e bíblica. Ela jamais destruirá a fé das pessoas, mas as conduzirá como sempre fez, ao compromisso e conhecimento do Deus Verdadeiro. A única teologia que destrói a fé das pessoas é aquele que fere a Verdade, é a teologia interesseira, sem vida e sem os propósitos da Palavra.
No demais, lembremos das palavras de Calvino: “Os erros jamais podem ser arrancados do coração humano, enquanto não for nele implantado o verdadeiro conhecimento de Deus.” [João Calvino, As Institutas – edição Clássica, Vol I, pag. 74, Ed Cep]
Nenhum comentário:
Postar um comentário