sexta-feira, 15 de março de 2013

Cinturão da bíblia




Cinturão da bíblia

A última reportagem mostra a região onde o poder da fé influencia a educação, a ciência e, claro, o voto. Veja também como os eleitores de Nova Orleans se recuperam das feridas do Katrina.
Reportagem: Rodrigo Alvarez e Sérgio Telles
Edição: José Alan Dias e Dario de Oliveira
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Cinturão da Bíblia, uma vasta região do sudeste dos Estados Unidos. Ali, o poder da fé é tão grande que influência a educação, a ciência e, claro, o voto.

Na última reportagem da série americanos, os repórteres Rodrigo Alvarez e Sérgio Telles chegam a esse mundo onde as idéias e a política pararam no tempo, e como Nova Orleans sintetiza o desejo de renascimento da maior democracia do mundo.

Duas semanas de caminhada. A esta altura o marceneiro e o pintor pegariam qualquer trabalho. Era só encontrar… Mas e agora que a economia está braba, que a casa caiu?

“Não temos trabalho, não existe trabalho. Você entende o que eu estou dizendo? O homem estragou tudo. O governo estragou tudo”.

George e Edsel perderam o emprego juntos e decidiram seguir juntos pela estrada.

Eles param de cidade em cidade, e nada de oportunidade. “Você pode nos dar carona até a próxima cidade?”, perguntam.

Hoje apareceu carona. Caiu do céu. “Que Deus o abençoe. Deus está me levando para Hollywood”, agradecem.
“Não é Hollywood”, afirma o repórter.

No aperto do carro, eles reclamam dos imigrantes ilegais. Reclamação freqüente de quem acha que mexicanos e companhia roubam trabalho de americanos.

E o marceneiro resignado, meio sem saber por que, torce pelo veterano de guerra, o senador John MCcain.

“De qual candidato gostam?”.
“Acho que daquele velho, o prisioneiro de guerra. John McCain”
“Melhor que Barack Obama?”
“De onde ele vem? Ele apareceu do nada...”.

A gente se despede dos andarilhos. Boa sorte!

Seguimos pelo caminho das cruzes. No Alabama, ninguém pergunta por Deus. A dúvida aqui é onde ele não está. O estado é parte do cinturão da Bíblia, o sudeste americano onde acredita-se na presença divina até no voto.

São terras republicanas onde John MCcain tem larga vantagem. Peggy Harmon e o marido usaram o dinheiro da poupança para construir a igreja. Belíssima, aliás.

Não apareceram fiéis e o pastor foi embora. “Estamos procurando por um pastor”. Peggy pensou em vender a igreja até que ouviu uma voz dizendo: "Siga adiante, continue sua missão".

A dona da igreja é uma das mais conservadoras entre conservadores. Foi criada numa terra onde loja de armas faz até liquidação.

Ela entende que o direito de se armar está previsto na Bíblia. “Você tira nossas armas e os homens do diabo vão encontrá-las. Mas a pessoas de bem não terá direito de ter arma”. 

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